Corrida Animal
Capítulo Oito – Correria Animal
Whatever you want
You’re so fucking special
I wish I was special
Rony abriu bem os olhos e tentou aguçar os ouvidos. Gaarder não passava de um bruxo mal disfarçado, aquilo era ridículo! Enquanto encarava o dono do hotel, desarmado, o velho fitou-os um por um.
-O que você poderia querer com Hermione? – atirou Rony. – Não é você que está por trás...
-Talvez a Srta. Granger não seja o meu objetivo, moleque – retrucou Gaarder, parecendo mal humorado. – Mas você deve entender que eu preciso de proteção contra as Artes das Trevas... Sendo que elas protegem um dos maiores tesouros de poder mágico do mundo.
Ele olhou para Carlinhos de relance.
-Talvez vocês já tenham ouvido falar da máscara de Grindewald... – Gaarder falou consigo mesmo. – Mas é improvável.
Rony lamentou amargamente ter dormido durante a aula de História da Magia que contara em detalhes sobre como Dumbledore derrotou Grindewald em 1945. Com certeza adormecera antes que Binns pudesse mencionar qualquer máscara.
Mas aparentemente seu irmão sabia o que isso significava.
-A máscara não passa de um fóssil do bruxo que ela escondeu, Gaarder – Carlinhos sibilou, embora ele mesmo não tivesse plena certeza do que dizia. – Você não pode esperar conseguir mais poder com aquela velharia...
Nicolai ainda não se pronunciara desde que Gaarder começara seu discurso.
-Fazer... Fazerr anos que eu conhecer vacê, e nunca... O que vacê poderria querer com Arrtes das Trrevas?
-Vou lhe dizer o que posso querer. – Gaarder vociferou, com uma raiva repentina se denunciando em seu tom, com o olhar revezando-se entre os três bruxos. – Posso querer o que sempre foi meu, se aquele maldito Dumbledore não tivesse destruído todos os tesouros do meu pai.
Certo, pensou Rony, então as coisas podiam piorar. Gaarder não só era um vilão disfarçado, mas também era filho de um bruxo das trevas. Será que eles não poderiam ir logo buscar Hermione?
Melhor dizendo...
Será que Hermione não poderia vir logo buscá-los?
-Muito bem, Gaarder, pare com isso – murmurou Carlinhos, que parecia entender bem mais do que Rony o que estava acontecendo. – Grindewald não deixou herdeiros.
-Você não está tão bem informado quanto imagina, rapaz. – Gaarder replicou, quase como estivesse ofendido. – Devo lembrar que a penúltima batalha entre meu pai e Dumbledore foi na Polônia?
-Não, não deve. – retorquiu Carlinhos, que ainda parecia mais inclinado diante da teoria do velho não ser mais do que um maluco.
-Minha mãe era uma bruxa de família importante. Ela foi uma servidora de Grindewald... Uma militante do Esquadrão Vermelho, e foi escolhida entre milhares de servas para dar à luz aquele que reacenderia o poder de Grindewald... Mas para isso, eu preciso da máscara que é minha por direito. Mas ela está protegida em algum lugar da Romênia, sob dezenas de camadas de feitiços negros de proteção... E eu só posso alcançá-la se sobreviver a tudo, protegido por peles de Yets.
Rony sentiu seu estômago congelar.
-E o que Hermione tem a ver com... – começou, mas Gaarder gargalhou antes que ele pudesse terminar.
-Ela é apenas um teste, moleque. – e com isto apontou a varinha displicentemente para o ruivo. – Ela é uma mulher amaldiçoada, por aquele tolo que imaginou que poderia ser imortal se estivesse em todos os lugares. Hawstings e van Pels a descobriram, numa varredura pela Europa à busca daqueles que carregavam maldições.
-Mas Herrrrmione não poderrr serr amaldiçoada! – esganiçou-se Nicolai. – Ela serrr boa... Serrr gentil, e serrr da Orrdem...
-Da Fênix? – completou o outro, andando lentamente de um lado para o outro. – Exatamente por isso. Aquele-Que-Se-foi tirou todas as boas emoções dela. E com isso, suas energias. A mulher é quase alérgica a sentimentos... Se ela amasse, não suportaria... Bem como aconteceu com quem a amaldiçoou.
Rony sentiu as orelhas ficando cada vez mais vermelhas.
-E ela vai testar as minhas proteções... Porque, ao mesmo tempo, é muito provável que a pele de Yet filtre não apenas a magia negra, e sim toda a magia dela. Talvez até outras magias, que nascem nas mulheres. O caso é, eu não pretendo morrer ao vestir essa pele, então quero testá-la primeiro.
Mas antes que pudesse se virar e recomeçar a caminhada, Rony estava em cima dele.
-Seu maldito filho de uma hipogrifa! – o ruivo exclamou, jogando Gaarder no chão e vendo sua varinha rolar pelo assoalho; mal teve tempo de socar o queixo do dono do hotel, quando o velho estremeceu e provocou um deslocamento de ar misterioso, que jogou Rony dois metros para trás.
-Você não pode atingir o filho de Grindewald apenas tentando espancá-lo! – gritou ele, com um fio de sangue escorrendo da boca. – Eu tenho poderes que você não poderia sonhar, rapaz, e logo terei a minha máscara para...
-Para ir pular carnaval, eu espero. – cortou outra voz arrastada, e Gaarder em seguida viu sua varinha voando até as mãos alongadas e pálidas de Draco Malfoy, parado diante da entrada, que tinha a varinha diretamente apontada para ele. – Petrificus Totalus... Certo, agora se puderem tirar essa barrica da minha frente, por favor...
Carlinhos e Nicolai se apressaram e reaver suas varinhas; Rony se endireitou da queda, levantou-se e encarou Malfoy; o ruivo era mais alto que ele, de modo que Malfoy teve que erguer o rosto para encará-lo.
-Por... – Rony murmurou, mas interrompeu a si mesmo. Em seguida fitou o rosto desdenhoso de Malfoy, calculando se dizia ou não o que lhe passava pela cabeça.
-Ande, pergunte por que um inútil como eu salvou um bando de mocinhos idiotas que quase foram mortos por um maluco megalomaníaco. – resmungou Malfoy, desviando o olhar e guardando a varinha.
Rony virou-se para trás, olhou de relance para Nicolai, que se apressava em fazer uma Chave de Portal, e relanceou mais uma vez em Malfoy.
-Gina pode ter te ensinado muita coisa na guerra. – bufou ele, entredentes e muito a contragosto. – Mas certamente as aulas de boas maneiras ainda não chegaram. Vou falar com ela – acrescentou, virando-se. – e espero que não demore.
Malfoy fitou as costas do ruivo por um instante, piscando. Aquele Weasley desgraçado filho de uma... Filho da mesma mulher que tivera Gina, ele se corrigiu, andando até Nicolai.
*-*-*-*-*-*-*
-Ainda está hesitando em confiar em nós, não é? – Hawstings falou para Hermione, que abrira a boca mas não dissera nada. – Sim, eu estou vendo. Isso nos força a andar mais depressa com as coisas, e talvez não da maneira mais confortável. Silverts! Mate logo esse maldito Yet, por favor!
Hermione tentou pensar com clareza. Mas estava difícil. Tinha que evitar a morte daquele animal desacordado! Mas Silverts aparentemente estava se preparando para o sacrifício. De modo que tudo que ela pode pensar em fazer foi correr até o ruivo mal encarado; mas não conseguiu um bom desempenho, com neve até os joelhos.
-Granger! – Hawstings berrou, erguendo a varinha. – O que está querendo...? Não se meta na frente do Yet, você vai...
Mas ela não deu ouvidos; com um Feitiço Estuporante que crispou um monte de neve, Hermione se posicionou diante do Yet apagado, tentando protegê-lo com os braços; mas, nitidamente ela não fazia diferença alguma, a não ser cobrir pouco mais do que uma para do animal.
-Escute Hawstings! – exclamou ela, com um olhar de apelo para o bruxo loiro. – Eu posso convencer o Yet a me proteger... Existem teorias de que os animais podem escolher o que fazer com seus dons mágicos... Veja os hipogrifos, é só ser educado com eles que eles são os amigos mais leais do mundo mágico! E os Testrálios! Podem transportar humanos se assim quiserem! Eu sei que posso convencer o Yet a me purificar, Hawstings, e seu chefe também... Vocês podem fazer uma aliança! Estimular a multiplicação dos Yets a fim de...
-Ah, basta com isso, Granger. – resmungou o outro, virando os olhos. – Não sou nenhum diplomata, só quero o meu dinheiro. Silverts...
O outro ergueu a varinha também.
-Lecces...
Mas Hermione não ouviu o restante do feitiço, porque de repente houve um estouro bem atrás de Silverts, e quando ela abriu os olhos, estava diante de uma confusão de pessoas; atrás de si sentiu o Yet se mexendo e despertando, o que normalmente seria algo bom.
Não agora, quando Rony chegara com o salvamento.
-Estupefaça! Petrificus... – era Carlinhos quem estava tratando de enfeitiçar os dois noruegueses; o olhar de Rony girou em volta, desesperado, para encontrar o dela e desanuviar-se. No momento seguinte ela abandonou toda a cautela e saiu de perto do Yet, correndo com passadas altas e fofas até aterrissar com força contra ele.
O efeito foi desastroso; Rony mal teve tempo de prendê-la com os braços e eles tombaram para trás, caindo com toda a força num monte de neve. Nicolai, ao lado deles, esboçou uma risada, mas não houve tempo.
-O Yet! – gritou ele, recuando.
Hermione e Rony se levantaram depressa. O susto com a visão de um Yet enfurecido fez com que ela se esquecesse imediatamente do abraço quente e confortável de Rony.
Carlinhos juntou-se a eles a passos medidos.
-Certo... – começou ele, recuando lentamente com os outros; o Yet se erguera em toda a sua força e tinha os olhos fixos neles, e parecia decidido a alcançá-los. – Deixem comigo, eu posso acalmá-lo... A couraça dele não pode ser melhor do que a de um dragão...
Hermione não tinha certeza, porque Carlinhos começou a lançar todos os feitiços de seus tempos de domador de dragões e nada surtiu muito efeito. Era verdade que o velho truque do Feitiço Conjuctivitus fora um lance de sorte – o Yet tombou para o lado e desviou – mas o irmão de Rony não parecia muito inclinado a tentar.
Foi quando ela percebeu que o Yet estava se aproximando dela, e não dos outros num todo. É claro... Ela já havia lido sobre isso. Hagrid lhe dissera uma vez também, em seus tempos de Hogwarts.
-Ele só quer... Agradecer – murmurou ela, parecendo ela própria chocada com o que percebera. Rony, Nicolai e Carlinhos imediatamente voltaram-se para ela, céticos.
Hermione engoliu em seco, e pedindo a proteção de Merlin e todos os antigos bruxos que pudesse, deu um passo à frente. O Yet parou por um momento e ela chegou a duvidar se seus ossos seriam esmagados depressa ou se ele os torceria lentamente, até que se quebrassem, um de cada vez.
No momento seguinte o Yet curvou-se e estendeu uma pata cheia de garras, que ficou bem diante do nariz da bruxa. Respirando fundo, Hermione segurou a garra com hesitação como se estivesse apertando a mão de um Comensal da Morte. Mas depois de erguer a cabeça e ver que decididamente o Yet não estava interessado em almoçar uma bruxa inglesa, Hermione tocou a pele alva e fofa do animal.
Em seguida, sentiu um arrepio percorrer sua espinha e algo chamuscar os cantos de sua visão; quando desmaiou, soube que já não era mais uma mulher amaldiçoada.
*-*-*-*-*-*-*
-Eu quero saber por que ela não acorda logo!
-Nunca achei que fosse sentir falta de alguém tão impaciente... – resmungou Hermione, despertando lentamente. Não sabia, claro, quanto tempo havia se passado; mas dava para perceber que estava de volta a seu quarto no Hotel Gaarder, coberta confortavelmente e com uma leve dor de cabeça.
Não tivera pesadelos.
Nem visões.
Nem calafrios.
Muito menos acordara no meio da noite.
Estava curada.
Hermione abriu os olhos; Rony tinha um sorriso no rosto, que ficou mais largo ao encontrar o olhar dela. Imediatamente ele estendeu um braço e apertou a mão dela com tanta força que chegou a doer, embora ela permanecesse quieta.
-Hermione!! – ele exclamou, se curvando sobre ela. – Como você está?
-Eu estou bem – ela se apressou a dizer, assustada com a expressão preocupada dele, desejosa de acalmá-lo depressa.
-Mas parece que você passou uns tempos bem complicados. – resmungou Carlinhos, sentado em uma poltrona encostada à parede.
-Eu não estou mais amaldiçoada – ela falou, com estranheza em seu tom. – Não sei como aconteceu... Eu só me lembro do Yet ter se aproximado...
-O Yet aparentemente assumiu que você tinha salvado a vida dele – explicou o irmão de Rony, fitando-a quase com curiosidade. – Afinal, não é só entre os bruxos que dívidas como essa são importantes. Ele poderia usar os poderes contra as Artes das Trevas para te purificar, se ele quisesse. E ele quis.
O tempo passou depressa naquele dia seguinte: ainda haveria a conferência, afinal de contas. A Noruega perdeu o direito de conselho, depois de desmascarados os dois trambiqueiros. Havia muitas coisas que ela ainda não tinha entendido, principalmente quando Rony lhe contou que Dan estava desacordado ainda e se recuperando do incidente, e que deveria estar de pé apenas no dia da conferência propriamente dita.
Na véspera da segunda parte do encontro entre os países, Hermione jantou sozinha. Até então estivera o tempo todo com muitas pessoas à sua volta: geralmente Nicolai, Rony e Carlinhos. Malfoy preferia sua reclusão, mas pelo que ela viu quando já começava a sobremesa, aquela noite seria uma exceção.
Hermione ergueu o olhar e viu Draco chegar ao restaurante e ir diretamente até a mesa dela. Sem pedir permissão, sentou-se diante dela.
Ela ergueu uma sobrancelha.
-Onde você esteve esse tempo todo?
-Londres. – resmungou ele, olhando para a toalha sobre a mesa. – Resolvendo assuntos.
Mas ela já ouvira falar do salvamento curioso que ele realizara.
-Eu não imaginava que te interessasse salvar todos nós. – comentou ela, desviando o olhar.
-Por favor, não comece com essa pena nobre de heroína – cortou-a ele.
-Eu não vou – replicou ela, séria. – Mas eu imaginei que você fugiria. Ou apenas ficaria esperando o final de tudo no seu quarto.
-Granger, use esse seu cérebro inferior. – ele murmurou. – Eu poderia ter feito isso. Eu queria. Mas então todos eles morreriam e eu teria que voltar para a Inglaterra e avisar o Ministério do que tinha acontecido. Eles viriam até aqui, pediriam explicações, virariam tudo de cabeça para baixo e eu seria mais uma vez O incompetente. Foi muito mais fácil atirar um Petrificus, assuma.
Faria sentido, se a pessoa em questão fosse alguém normal. Não Malfoy.
-E por que te interessava não ser taxado como O incompetente mais? – perguntou, astutamente. – Há algo mais que você pretenda mudar na sua vida, Malfoy?
-Não me analise, Granger. – ele retorquiu, ríspido. – Tudo que você descobriria é que eu passo o tempo todo traindo. Traí o Lord das Trevas, mas antes disso traí Dumbledore. Depois traí suas expectativas. E fiz isso mais uma vez quando você pensou que eu fiz isso por causas nobres.
Ela o fitou, com o queixo sobre as mãos.
-O que está fazendo aqui comigo?
-Recado. – ele murmurou. – Weasley está te procurando. E sugiro que vá logo. Ou ele pode pensar que te seqüestraram mais uma vez.
Hermione se levantou devagar.
-Diga à Gina que quero ser a madrinha.
*-*-*-*-*-*-*
Rony abriu a porta com violência.
-O que você queria? – Hermione não podia negar que estava apreensiva. Desde que despertara (outra vez) era a primeira vez que falavam a sós.
Mas ele puxou-a depressa e a abraçou.
-Você vai participar da conferência amanhã?
-Vou, claro – ela respondeu quando ele a soltou. – Não há mais risco nenhum, afinal os noruegueses e Gaarder já foram levados...
-Vamos embora esta noite – ele pediu.
Ela ergueu as sobrancelhas.
-Por quê?
-Não é mais necessário que você fique, ou é? – ele arriscou. – Carlinhos vai ficar. Malfoy vai ficar com ele também, e Nicolai poderá ajudá-los com a tradução, como ele te ajudou.
Hermione pensou.
-Mas há algum motivo especial para...
-Hum... Tem. – ele fez uma pausa na qual ela franziu a testa. – Eu não quero perder mais tempo.
Silêncio. Ela teve que sorrir.
-E eu sei que sou um lerdo, mas às vezes não é tão simples assim ser um grifinório. – ele continuou, desconfortável com a falta de palavras, dando dois passos para a frente; ela ergueu a cabeça, afinal era tão menor que ele. – Eu quero ficar com você, Hermione. Você quer ficar comigo?
Ela abriu bem os olhos. Depois sorriu, pôs uma mão sobre o ombro dele e ficou a ponta dos pés. Olhou-o o nos olhos, chegou o mais perto que podia, depois murmurou:
-Eu te amo, Weasley, não quero ficar com você. Sabe qual é a diferença?
O ruivo passou as mãos pela cintura dela.
-Depois de tudo isso – ele respondeu. – Ninguém entende mais de palavras do que eu.
Depois puxou-a e a beijou.
*-*-*-*-*-*-*
Eles encontraram Dan no corredor, meia hora depois.
-Strotski – murmurou o ruivo, que tinha uma mão na cintura de Hermione. Dan olhou para ela de relance antes de assentir.
-Como você está? – perguntou ela, juntando as sobrancelhas.
Dan suspirou, indicando a si mesmo.
-Estou melhor. – respondeu ele, dando de ombros. – Algumas coisas ainda precisam ser acertadas, mas agora que Gaarder já foi levado, tudo vai ter jeito.
Rony respirou fundo, e Hermione ainda parecia curiosa.
-Você... Você descobriu tudo, não foi? – ela perguntou. – Como?
-Bem, digamos que eu tenho amigos na Noruega – Dan começou. – e eu soube que tinham substituído os dois que viriam de lá... Justamente por Hawstings e van Pels, de uma hora para a outra. Quando todos começaram a chegar, eu fiquei meio perdido para organizar tudo aquilo. Só que eu os vi meio perdidos em algumas discussões sobre o assunto dos Yets... Entretanto, quando você chegou, Hermione, eles pareciam bastante decididos. De uma hora para a outra. Resolvi ir investigando; e claro que percebi o interesse deles em levar os Yets para o país deles. Ultimamente, Nicolai vinha fazendo um ensaio sobre simbologia nórdica, principalmente a antiga celta. Ele quer ser uma das maiores autoridades de Tradução do mundo, e acha que esse seria um trabalho importante. Só comentou comigo também como aqueles símbolos poderiam ser usados para comunicações do mercado negro, e ninguém nunca conseguiria decodificar, ao menos não sem consultar um dos dez ou onze especialistas por aí.
Rony tossiu.
-Por isso então que você enlouqueceu quando eu te mostrei o que tinha encontrado...?
-Ah, sim, com certeza. Não havia motivos para que os noruegueses usassem algo daquele jeito, já que os Yets nunca tiveram relação nenhuma com a cultura nórdica. Eles são típicos da Rússia mesmo, nunca se teve registro nenhum deles em outros lugares. Foi aí que entrou Gaarder.
-É verdade que ele é filho de Grindewald? – Hermione arriscou.
-Temo que seja. – Dan suspirou, desanimado. – Mas para nossa sorte, o herdeiro de Grindewald era dotado de muito poder, mas baixíssima habilidade empreendedora. O que ele queria era de fato a máscara de seu pai, rachada por Dumbledore e enterrada em um lugar qualquer, protegida por camadas e camadas de encantamentos das Artes das Trevas. Se Gaarder conseguisse a proteção de uma pele de Yet, com certeza chegaria imune até o artefato, e então teríamos um bom trabalho.
Fez-se silêncio, e Hermione suspirou também.
-Estamos indo embora esta noite, Dan. – contou ela. – Acha que eu faria falta na conferência depois que tudo acabou?
-Bem, seria interessante tê-la nos debates, sem dúvida alguma. – Dan respondeu, mas parou ao ver Rony se endireitando. – Mas acho melhor que você se afaste e aproveite o final da sua maldição. Afinal, você já cuidou de um bruxo das trevas de tanto. Voldemort causou muita destruição por aqui também.
Rony ergueu as sobrancelhas diante da pronúncia do nome; mesmo depois da morte dele, ainda era um ato ousado fazê-lo. Mas Dan ignorou-o.
-Talvez um dia nos encontremos em Londres – ele murmurou, em tom de despedida. – Estou pensando em ir para lá no verão.
Hermione sorriu, encabulada.
-Será legal, Dan. Traga Nicolai com você...
Mas quando eles viraram as costas e foram saindo, Rony e Hermione sabiam que, mesmo que um dia Dan fosse a Londres, não se sentiria muito bem em procurá-los.
N/A – Agora, o epílogo... Lá estarão as considerações finais!
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