Trégua.
*Tiago*
Tentei conversar com Electra depois daquilo, mas ela simplesmente ignorava e continuava a conversar com as amigas. Isso foi durante duas semanas, até que chegou o sábado.
Ela tinha acordado cedo e eu a estava esperando no final da escada do dormitório. Quando ela apareceu escondi um embrulho atrás das minhas costas.
- Bom dia, princesa!- sorri, ela ignorou e desviou de mim, hoje você não vai escapar estrela. Entrei na frente dela de novo- Mau humor, hein?
- que você quer, Potter?- perguntou impaciente.
- apenas conversar.
- fale.
- bem, queria pedir desculpas pelo que fiz. Prometo que nunca mais vou jogar um feitiço daqueles no ratinho.
- ratinho?- levantou as sobrancelhas.
- Smith- corrigi.
- é o máximo que você consegue, né?
- por ora, sim.
- está bem, Potter- sorri- vou abrir uma exceção, mas só hoje, e só porque vou ter que passar bastante tempo com você.
- vou aproveitar bem - dei um beijo em sua bochecha e entreguei o embrulho-. Feliz aniversário, estrelinha- ela sorriu-. Vamos?
O café da manhã foi extremamente agradável. Quando o correio coruja chegou, três enormes corujas desceram com um embrulho enorme na frente de Electra. Era o presente da mãe, quando o abriu era uma Firebolt 2000. Todos ficaram impressionados já que era o modelo mais novo.
- sua mãe não estava brincando quando disse que iria comprar uma vassoura nova- comentou Al e Lena concordou.
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- vocês dois iram caçar gira-giras com Hagrid na Floresta Proibida- disse Filch quando fomos cumprir a detenção- a Prof.ª Chang está precisando de no mínimo 10 ferrões. Não voltem com menos, seus diabretes.
- como é amável - murmurou Electra, sarcástica-. Por que chamam de Floresta Proibida se nos obrigam ir até lá?
- está com medo, paixão?- perguntei sorrindo, óbvio que não- não se preocupe, pode me abraçar se quiser.
- não, bobão- respondeu- só acho estranho que nos obriguem a ir a um lugar que eles mesmos chamam de proibido. - paramos em frente à cabana de Hagrid, a porta se abriu.
Ele sorriu amável e falou para entrarmos enquanto ele preparava os materiais que iríamos precisar.
- como isso é nostálgico- disse ele- Black e Potter. Como isso pode acontecer?- pegou alguns frascos vazios nas prateleiras- Depois de tanto tempo. Tanto tempo. Parece que foi ontem que vi aqueles dois chegando. Aprontando de tudo. E agora vocês estão aqui- soltou uma risada-, aprontaram na primeira semana de aula. Eu te disse, Electra. Você tem muito de Sirius. E você, Tiago, não tem o que dizer, é a própria imagem do seu avô- terminou de juntar os materiais- espero que vocês se dêem bem.
- eu também, grande Hagrid- disse, sorrindo, eu também-. Vamos?
- peguem isto- ele entregou dois frasquinhos de vidro para ela e dois para mim-, coloquem os gira-giras aí.
Quando entramos na Floresta Proibida um pouco da minha felicidade foi drenada, sabia o porquê, dementadores, na parte mais escura e vazia da floresta, alguns tinham sido expulsos para lá depois que se juntaram a Voldemort na guerra. Infelizmente ainda precisavam da maioria em Azkaban, então não puderam ser eliminados.
- ali!- apontou Electra, não consegui ver nada.
- onde?
- espere- ela olhou em volta- ali- apontou novamente, perto de Hagrid- está muito escuro. Lumos- a ponta de sua varinha acendeu, mas a densidade da escuridão naquela parte da floresta era muito grande- Lumos Máxima- a luz brilhou mais forte. Vi um pequeno inseto passar ao meu lado- aquilo, viu?- como diabos essa garota viu isso no escuro?
- feitiço convocatório?
- se conseguirmos acertar o alvo. - entendi o que ela quis dizer, o gira-gira passava em uma velocidade muito alta, mal dava para ver um risquinho.
Depois de uma hora, tínhamos capturado 15 gira-giras, a maioria era de Electra, que ao mesmo tempo em que segurava o sol, encontrava os gira-giras e fazia o feitiço convocatório. Mas estávamos numa parte muito profunda da Floresta, e Electra estava ainda mais envolvida pela escuridão. Hagrid tinha ficado para trás.
- o que tá acontecendo?- perguntou Electra, a luz de sua varinha finalmente enfraqueceu.
- vem cá- chamei, não queria perdê-la de vista- o que você está sentindo?- torci para não ser o mesmo que eu.
- tristeza- respondeu se aproximando, droga-. Desesperança, talvez.
- dementadores. - seus olhos se arregalaram- Acho que estamos muito perto de onde eles ficam.
- como voltamos?
- não sei por onde viemos, só precisamos ter certeza, para não acabarmos chegando ainda mais perto. Alguma ideia?
- acho que sim. Feitiço Quatro Pontos?- sua voz estava mais baixa e fraca.
- Black, por que você esta assim?- é obvio que os dementadores estão próximos demais, idiota. Ela tá a mais de uma hora segurando uma espécie de sol, que tecnicamente duraria no máximo 5 minutos, discuti internamente.
- não é nada- sua voz mudou instantaneamente, ficou mais firme e alta, próxima a como normalmente era- só me ajude aqui, por favor.
- claro, paixão- tentei-. O que precisar.
- me abrace.
- como?- meu dia de sorte!
- você me ouviu- disse
- sempre soube que pediria isso, Black- a abracei. Uma onda de calor se espalhou pelo meu corpo, parecendo me fortalecer de novo-. Deixa comigo- ela não reclamou, ergui minha varinha- Point me- murmurei, minha varinha girou e apontou para mim, norte, ao norte da floresta estariam os dementadores, na parte mais escura. - Precisamos ir para frente.
Caminhamos em silêncio, em parte porque Electra estava fraca, seu corpo tremia e ela andava devagar. Por outro lado não queríamos chamar atenção.
- Por Merlin!- exclamou Hagrid quando nos viu- Não sabem o quanto me assustaram- vamos embora. Já está muito tarde para vocês ficarem aqui- Electra estava finalmente voltando ao normal-. Minha nossa!- olhou para ela- O que aconteceu?
- ela usou magia demais- respondi- e chegou muito perto dos dementadores.
- eu vou ficar bem, só não curto muito dementadores- disse ela- obrigada, Tiago. Agora, - me soltou e pegou os frascos- conseguimos 15 gira-giras.
- eu consegui 5, é o dobro do que foi pedido na metade do tempo dado. Está perfeito. Vamos.
Quando voltamos para a Torre da Grifinória Electra desabou na poltrona. Dei um chocolate para ela.
- o que aconteceu, Electra?- perguntei de novo- não sabia que os dementadores te afetavam tanto.
- desculpa, eu só atrapalhei.
- você achou a maioria dos gira-giras, iluminou a parte mais densa da floresta, achou um jeito de voltarmos e acha que atrapalhou?- sorri- Você é muito modesta, princesa.
- quando ia dementadores estavam mais perto fiquei mais fraca- disse ela- aquela luz deveria durar mais.
- até onde eu sei aquela luz dura 5 minutos. Mas diga, por que os dementadores te afetaram daquele jeito.
- um beijo...
- como assim um beijo?- perguntei, mas ela caiu no sono. Duvido que ela quisesse um beijo, deve ser outra coisa.
Como eu não podia entrar no dormitório feminino decidi dormir na sala comunal com ela, ajustei sua poltrona do jeito mais confortável e coloquei um cobertor sobre ela.
Acordei 5h50min no dia seguinte. Electra ainda dormia na poltrona, seus lábios não se tocavam e seu corpo estava relaxado.
Levantei e fui arrumar algumas coisas no dormitório. Quando voltei, meia hora depois, Electra abriu os olhos e olhou para os lados. Quando percebeu onde estava levantou num pulo e me viu.
- o que aconteceu?- perguntou
- você pegou no sono- expliquei- e como eu não posso entrar no dormitório feminino e não podia te levar para dormir no meu quarto decidi ter ajeitar aqui mesmo.
- ah- olhou para a janela- que horas são?
- 6h20min- respondi-acho melhor você ir se arrumar.
- é- concordou-. É melhor- e subiu as escadas do dormitório
Subi também, pois estava despenteado e com calção e uma camiseta. Felipe dessa vez estava acordado, quando me perguntou onde eu passei a noite respondi que tinha passado ali, só tinha acordado mais cedo e feito minha cama.
- nada comum você acordar cedo, meu rei- disse ele- muito menos fazer a cama.
- coisas estranhas acontecem todos os dias- disse concordando- talvez eu ganhe um Hipogrifo para jogar Quadribol
Coloquei uma nova camiseta e a calça, enrolei frouxamente a gravata e coloquei o sapato. Quando descemos algumas garotas nos esperavam lá embaixo.
Por fazermos parte do time de Quadribol, éramos os mais populares do segundo ano, meu nome também me destaca então era comum garotas do primeiro e segundo dando em cima de mim e de Felipe.
- meninas- cumprimentei, Ela não estava naquele bolinho, estraga prazeres- como vão?
Algumas meninas desceram do dormitório, entre elas Electra, ela me viu cercado pelas garotas e passou sem falar nada. Felipe e eu fomos tomar café planejando o que iríamos aprontar.
Ela ia me falar sobre o que tinha acontecido na Floresta Proibida, mas acredito que a trégua tenha passado. Afinal ela nem ao menos falou comigo.
A diretora McGonagall fez os anúncios de sempre e começamos a comer. Como era domingo não tínhamos nenhuma aula. Felipe e eu fomos para o 3° andar e enchemos de aranhas inofensivas. Felipe fez um feitiço para que crescessem um pouco.
- vamos, Tiago- chamou ele- daqui a pouco Amos vai aparecer.
Descemos para o saguão, Pirraça estava aprontando lá, joguei para ele uma bomba de tinta.
- bom proveito- lhe disse
Encontrei Al conversando com Hugo e Rosa, nossos primos.
- e aí? – cumprimentei.
- e aí, Tiago?- acenou Rosa
- beleza?- Hugo tinha o brilho malicioso do tio Jorge. Mas minha tia o tinha proibido de aprontar, pelo menos enquanto a poeira não baixasse da última vez que aprontamos com a Sonserina. Ele estava mais calmo agora.
- que vocês estão aprontando?
- nada, priminho- respondeu Rosa. Ela era muito comportadinha, tinha o jeito da mãe. Tanto que fora para a Corvinal ao invés da Grifinória, como era costume dos Weasley- é que eu vi Strilbold entrando escondido na direção.
- talvez ele tivesse sido chamado pela Diretora McGonagall- disse Al- não tem motivos para entrar escondido.
- ele estava escondido- insistiu- ele não estava entrando tranqüilo. Ele ficava olhando para os lados e pisando suave.
- quando foi isso?- perguntei.
- ontem, pouco antes do jantar.
- é, realmente estranho. Vamos fazer assim, se a gente ver ele fazendo algo errado transformamos ele em uma galinha- Hugo riu-. Não se preocupe priminha. A gente fica de olho nele.
- tá bom, espertinho.
Coloquei o braço em volta do pescoço dela e fomos para o Jardim.
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