Capítulo 2
Capítulo II
Um sorriso verdadeiro, um diário roxo, uma historia estranha
Selene seguiu os outros alunos da Grifinória até a Sala Comunal. Como sempre, sorriu e respondeu às perguntas dos colegas educadamente, mas longe de ser amigável. Logo eles notaram que ela não era de muito papo e a deixaram em paz. Ela olhou para o quadro da Mulher Gorda, curiosíssima, e se perguntou o porquê de aquele quadro estar bem ali. Sua pergunta foi respondida por Neville Longbottom, um garoto bochechudo e dentuço, que tentava, em vão, acertar um tipo de senha.
- Ah… Rabo de Cavalo… não?! Ok… Rabo de Tatu! Como não? Então só deve ser… Rabo de Coruja!
"E coruja lá tem rabo!" pensou Selene, achando aquela cena muito patética.
A Mulher Gorda balançou os cachos com energia, negando. Parecia um pouco vermelha, fazendo Selene se lembrar das grandes maçãs vermelhas que comera no café da manhã. Eram quase idênticas com a cara da mulher.
- Garoto, espere algum outro colega chegar! Já é a terceira vez só hoje que você esquece a bendita senha! Oh, e quem é você, jovem? Não lembro desse rostinho passar por aqui antes…
Selene abriu a boca para falar, mas alguém respondeu por ela. Era Harry Potter, o estranho garoto de cabelos arrepiados e olhos incrivelmente verdes, mesmo por detrás daqueles óculos.
- Ela é nova na escola, senhora. Seu nome é Agrotis… não é?
Selene levantou o queixo e disse em tom um tanto desafiador:
- Prefiro Selene, é mais melodioso. E prefiro também eu mesma responder as perguntas que me são feitas.
Harry deu um meio sorriso para a garota. Ela era tinhosa!
- A senha é Rabo de Hipogrifo – disse ele, sem tirar os olhos da menina, que olhava com indiferença para a parede.
- Oh, graças a Merlin! – exclamou a mulher, que abriu passagem para os três grifinórios.
Neville logo saiu correndo, seguido pelos lentos e elegantes passos de Selene, Harry às suas costas, observando o movimento do cabelo dela. Ela era fascinante… e o deixara fascinado.
Ele observou os olhos de surpresa e admiração da menina, ao entrar no salão.
- Bonito, não é? – comentou ele, lançando um olhar meigo para Selene.
Ela o encarou, o leve brilho arrogante de seus olhos num azul intenso dançando alegremente.
- Sim, um bonito lugar. Não pensei que um castelo tão velho e amalucado poderia sustentar uma beleza dessas.
Harry levantou as sobrancelhas. Castelo velho e amalucado? Ah, realmente Malfoy enchera a cabeça da menina de historias mirabolantes. E ele iria tratar de desfazer tais idéias.
- Selene, vamos nos sentar ali, junto com meus amigos! Está na hora de você nos conhecer melhor.
A jovem se viu sendo arrastada até um canto com quatro confortáveis poltronas, onde duas já estavam ocupadas pelo garoto ruivo e sardento, Rony Weasley, e a menina de cabelos cheios, que lia um livro de no mínimo duas mil páginas, Hermione Granger.
- Gente, olha quem eu trouxe para conversar, e esclarecer certas coisas – ele acrescentou olhando profundamente para o rosto da garota.
Hermione levantou os olhos do livro para Selene e sorriu, sincera.
- Puxa, que bom que veio se juntar a nós! Queria mesmo perguntar a você algumas coisas sobre a Grécia. Dizem que os melhores bruxos da História nasceram ou passaram algum tempo lá!
Selene se limitou a balançar a cabeça. Esses eram o tal "Trio" que Draco tanto falara. Pelo que ele disse, eram pessoas terríveis, que já prejudicou Draco e a Sonserina diversas vezes. Apesar de que a aparência deles não permitia tal julgamento. Ela se jogou na poltrona mais distante do Trio, e os observou de soslaio, sem deixar seu sorriso polido apagar.
Ela olhou para Hermione, que piscava para ela, louca para saber tudo sobre a Grécia. Bem, não custava nada lhe saciar a sede de curiosidade. Então começou a contar sobre sua escola, e sobre tudo mais.
Enquanto isso, Rony puxou Harry para um lado e começou a enche-lo de perguntas.
- Cara, como você conseguiu trazer essa menina para cá? Melhor, como você conseguiu falar "oi" para ela? Você não consegue chegar em alguma garota sem ficar gaguejando e falando besteira! O que aconteceu, hein? É alguma poção? Magia Negra?
Harry lançou um olhar nada amistoso para Rony. Como assim, gaguejando e falando besteiras?
- Olha Rony, eu não sou tão tapado assim, tá? A Selene precisa de ajuda, o Malfoy já envenenou a mente dela contra Hogwarts e, com certeza, contra nós também. Nós temos que dizer a verdade, sacou? Ou prefere que ela pense para sempre que somos tudo de ruim que o Malfoy provavelmente disse?
- Ahan, saquei… – Rony lançou um olhar malicioso para o amigo. – Nada como conquistar uma menina, ainda mais se for a paquera do Malfoy! – O ruivo desatou a rir, deixando Harry corado.
- Rony, eu mal conheço a menina! – falou Harry quase gritando, arregalando os olhos. Agora ele estava realmente sem jeito.
- Ta, tá… não está mais aqui quem falou.
- Ótimo. Agora vamos tentar conversar de verdade com ela.
Harry e Rony voltaram sua atenção para as duas garotas, que agora conversavam sobre os deuses do Olimpo; Hermione falava sua admiração por Hermes, enquanto Selene dizia que gostava muito de Selene, a Deusa da Lua.
- Sempre achei que Ártemis fosse a Deusa da Lua – disse Hermione, surpresa.
- Ah, sim, muitos se confundem. A Deusa Ártemis, na verdade, é deusa da Luz da Lua, e também da caça. Por ela ser um tanto mais famosa que a Deusa Selene, acabaram confundindo as coisas. Mas é sempre assim, até para a gente, que é de lá… fica meio difícil sabe quem é quem, quem é filho de quem, etc. São muitos deuses.
Harry queria logo agir. Interrompeu a discussão das duas sobre qual deus era mais bonito: Hermione dizia ser Dioniso, enquanto Selene defendia Apolo.
- Er… Selene, já te explicaram como Hogwarts funciona?
Ela olhou para Harry e balançou a cabeça.
- Sim, Draco Malfoy, creio que o conhece, me contou tudo. Por quê?
- Ah… Porque seria mais correto falar com os monitores de sua casa – Harry apontou para Hermione e Rony. – Quer dizer… não que ele não seja monitor… mas é da Sonserina. E, sabe, nós não nos damos muito bem, por isso talvez ele tenha… ah… ocultado alguma informação ou distorcido outra.
- Ele tem razão, Selene – disse Hermione, tomando o ar de monitora. – Ele não pode contar tudo daqui, porque não sabe de nada dos grifinórios. Mas se quiser, pode esclarecer alguma duvida conosco.
Selene observou o Trio. Ela levantou uma sobrancelha, e resolveu arriscar uma pergunta.
- Por que vocês gostam de perturbar a aula de Poções?
Os três olhou para a menina, surpresos. Malfoy realmente pegou pesado!
- Nós não perturbamos a aula do Morcegão! – começou Rony, nervoso. – Ele é que odeia todo mundo, principalmente a Grifinória, e não nos deixa em paz! Principalmente o Harry e o Neville! E ainda por cima ele protege todos os Sonserinos, e Malfoy é o seu preferido!
Harry colocou a mão na testa e Hermione lançou um olhar mortífero para Rony. Selene agora parecia menos disposta a ouvir as explicações deles. Ela balançou a cabeça, suspirou e já estava se levantando quando Harry falou.
- Espera, Selene, sei que o Malfoy falou coisas totalmente diferentes pra você, mas você tem que acreditar na gente! Ele e a sua gangue que ficam perturbando as aulas dos professores. Principalmente na do professor de Trato das Criaturas Mágicas.
Selene se virou abruptamente para Harry.
- Você esta falando do Hagrid?
- Sim, estou. Conhece o Hagrid?
A Menina olhou para Harry e um sorrisinho começou a brotar de seus lábios.
- Ora, como não! Ele foi a primeira pessoa que me recebeu aqui na Inglaterra!
- Ah, ele é um grande amigo nosso! – disse Hermione, alegremente.
- Sério? – perguntou a menina.
Os três balançaram a cabeça afirmativamente. Então Selene sorriu. Não foi um daqueles sorrisos polidos e sem emoção que ela lançara até agora. Era um sorriso iluminado, feliz, jovial, ainda com aquela pontinha arrogância. Era um sorriso verdadeiro.
*******
Já passava da meia noite, até que Harry e os outro terminassem a historia. Selene ficou impressionada, mas não disse nada. Se despediu dos meninos e subiu junto com Hermione até o dormitório. Selene se despediu de Hermione também, e cada uma foi para sua cama.
Ao chegar, viu suas malas ao pé da cama, e sorriu. Tinha muito o que contar. E não iria esperar pela manhã. Vestiu seu pijama, e começou a revirar suas malas. Lá estava ele, seu belíssimo diário. Era um caderno simples, muito grosso, de capa de couro roxa, a cor favorita da menina. Runas prateadas em grego diziam O Diário de Selene Agrotis, Vol. III . Como aqueles diários guardaram e ainda guardam seus segredos, seus desejos, a incompreensível história da sua vida, e agora, com mais essa reviravolta, precisava daquele diário mais do que qualquer outra coisa na vida. Ele era seu melhor amigo. E seu único confidente.
Sentou-se na cama com as pernas cruzadas, passou os dedos pelas runas e sussurrou:
- Livro da minha vida, que sabe tudo o que eu sei, que vê tudo o que eu vejo, que aceita tudo o que penso, mostre suas paginas a mim, e deixe-me contar um pouco mais da minha historia.
As runas brilharam fracamente, e o caderno se abriu, suas finas folhas de pergaminho se abrindo para a Selene. Ela os folheou e parou em um ponto, onde as linhas estavam em branco. Fazia tempo que não escrevia, muito tempo mesmo… Coisas mais do que importantes
aconteceram em sua vida, e ela tinha que passar para seu diário. Pegou a pena e, pensando por um instante, começou a escrever.
*******
Dia 1° de Outubro. Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts
Em algum lugar da Grã-Bretanha, eu espero.
Muitas coisas aconteceram comigo, desde a última vez que escrevi nessas linhas. Minha vida mudou novamente, e mudou radicalmente.
Na última vez que escrevi aqui, falei sobre o estranho sonho que tive, das duas mulheres no Sagrado Templo de Ártemis. Bem, há um mês atrás esse sonho fez algum sentido.
Era uma linda manhã, e Sacerdotisa Perséfone, a Mestra Oráculo, e eu estávamos levando as oferendas matinais para o Sagrado Templo de Ártemis, quando acabei caindo e ferindo minha mão. Perséfone segurou a mão ferida para me levantar, mas então algo aconteceu com ela.
Seu rosto ficou horrendamente distorcido, os olhos vidrados para o horizonte. Um grunhido gutural e quase maligno saiu de sua garganta, em vez da melodiosa voz de passarinho que sempre possuíra. Sua mão apertava a minha com tanta força, que meus dedos arroxearam.
Eu estava com medo, mas, quando aqueles olhos esbranquiçados olharam diretamente para mim, fiquei apavorada. Tentei desviar do olhar, mas meus olhos não me obedeciam, como todo o meu corpo.
Então, ela falou.
"Eu vejo a dor, eu vejo o mal, eu vejo a revolta
Mas tens que voltar para a Origem
O passado não pode se tornar presente
O mal não pode se repetir para a Nova Vida
Tens que voltar à Origem
O castelo dos Quatro Animais Nobres
O passado terá que acabar lá
Assim como começou
Para só assim a verdadeira Vida começar."
Eu estava em prantos. Estava aterrorizada, e quando Perséfone caiu no chão, os olhos ainda vidrados, não tinha forças nem para gritar. Desmaiei.
Fiquei nesse estado por três dias, delirando e gritando nomes estranhos, segundo as curandeiras. Mas Perséfone ficou pior. Sua energia foi totalmente drenada, quase não tinha forças para respirar. As curandeiras me disseram que estavam fazendo tudo o possível, mas era muito provável que ela não sobrevivesse. Como simples palavras, num transe comum entre Oráculos, poderia ter tal poder? Olhei para minha mão, já cicatrizada. Foi meu sangue que fizera aquilo com ela, mas por quê? São dúvidas que ainda não esclareci.
Saí do Templo da Cura extremamente abalada, mas decidida a falar com o Sumo-Sacerdote da Academia, Prometeu Sidus. Além de um grande Oráculo, era um homem sábio e me diria qual caminho tomar.
Enquanto passava pelo campo, notei os olhares de desconfiança que os outros me lançavam. Provavelmente acharam que eu ataquei Perséfone, tomada por algum transe. Me senti mal, pois eles tinham certa razão… Andei mais rápido, quase correndo, e cheguei à bela porta de marfim da sala de Sidus. Antes mesmo de entrar, ouvi sua voz profunda me chamar.
- Entre, Selene. Estava à sua espera.
Entrei. Ele me apontou uma cadeira e pediu que eu me sentasse.
- Com licença, Mestre – eu disse timidamente. – Necessito de sua ajuda.
Ele sorriu, e uma estranha luz dançou em seus olhos cinzas. Deslizou a mão pela curta barba branca, lançando um olhar indecifrável, fixo em meus olhos, e falou:
- Selene… sei que veio perguntar sobre a predição da Oráculo Perséfone. Mas nem mesmo eu posso saber de tudo. Então, será que poderia repetir o que ela disse, exatamente?
Olhei para ele, surpresa, e ao mesmo tempo temerosa. Repetir? Aquilo? Não conseguia nem lembrar o som da voz de Perséfone, imagine repetir aquelas palavras.
Sidus, provavelmente decifrando minha expressão, proferiu palavras que estranhamente me tranqüilizaram.
- Criança, tem que enfrentar isso, ou não conseguirá seguir adiante, entende?
Balancei ligeiramente a cabeça, concordando. Respirei, tentando ficar calma, e comecei a recitar a terrível predição.
Sidus não me interrompeu em nenhum instante, esperou calmamente a cada parada brusca que eu dava. Quando terminei, ele andou de um lado para o outro, olhando para vários pergaminhos que estavam espalhados em uma mesa.
- Minha jovem, creio que sei do que se trata essa Predição.
- E do que se trata? – perguntei, sem ficar muito surpresa, é claro, sabendo o quão sábio Sidus é, mas arregalei os olhos por empolgação.
- Não posso dizer.
- Como? Como não? – Fiquei tão aflita que deixei de lado meus modos.
- Isso, criança, é um mistério que você tem que desvendar. Sozinha. Não posso dar nada além de uma dica.
- E que dica seria essa, Mestre? – perguntei, desconfiada. Sidus tinha a fama de dizer charadas em vez de soluções concretas. E eu nunca fui muito boa com charadas.
- "Tens que voltar à Origem, o castelo dos Quatro Animais Nobres." O que essa frase lhe diz?
Pisquei algumas vezes, sem entender.
- Bem, me parece que seja o que for que eu estiver procurando, será nesse castelo.
- Sim, sim, mas, Selene, que castelo é esse?
- Ahn… – Olhei para Sidus totalmente confusa. Onde era que ele queria chegar? – Bem… acho que… talvez… onde tenha quatro animais nobres como… vejamos… símbolos?
Ele sorriu animadamente e me olhou fixo nos olhos.
- E onde há um castelo, que teria como símbolo Quatro Animais Nobres?
Passei algum tempo pensando. Onde, na Grécia, poderia existir um castelo com tal símbolo? Muitos, sem dúvida, mas a questão era quais seriam esse animais? Talvez animais com relação ao lugar… mas isso não ajudava em nada. Balancei a cabeça, desanimada.
- Não tenho a menor idéia, Mestre. Existem muitos castelos aqui na Grécia com tal símbolo… com animais nobres, como símbolo.
- Pois levante seus olhos para o que há atrás dos seus limites, minha criança. A Europa é imensa! – Ele apontou para um globo, que girava sozinho lentamente. – Você sabe que lugar é esse. Você o conhece, Selene, de quando era pequena. Ah, antes que esqueça, tenho algo para você.
Do nada, ele me entregou uma pequena gravura, muito real, da minha mãe. Ela estava linda, vestida com o manto tradicional, os lindos cabelos castanhos presos com pérolas.
Olhei para Sidus, e ele sorriu para mim.
- Creio que não temos mais nada para conversar, Selene. Agora, vá para seu dormitório e reflita no que foi dito aqui, hoje. Em breve, tornaremos a nos falar, já com uma pequena parte desse mistério resolvido.
Sorri levemente e ele me acompanhou até a porta. Aquele homem sempre fora muito confuso, mas sabia o que dizia. Subi para meu dormitório, me deu um súbito cansaço. Dormi profundamente, um sono sem sonhos. Graças aos Deuses.
*******
Uma semana havia se passado e eu ainda não tinha descoberto qual era o tal castelo. Vasculhei toda a Biblioteca, lendo todas as histórias sobre grandes castelos, seus reis e seu povo, mas sem encontrar pista alguma. Pensei que seria menos trabalhoso procurar sobre lendas que envolviam predições, sobre as pessoas mágicas e de animais nobres. Passei três dias procurando, quando encontrei um fragmento das minhas indagações.
Era um simples livro sobre animais mágicos, que peguei por engano. Folheei e vi uma coisa que me surpreendeu. Havia uma pequena lista de animais que eram considerados de alta linhagem. Dois, em particular, me chamaram a atenção, o Leão e a Serpente.
Leão era considerado o rei dos animais, símbolo de força e coragem. A Serpente era um animal astuto, frio. Isso me lembrava algo. Mas não sabia o quê. Mas sabia que, de alguma maneira, aqueles dois animais tinham a ver com minha busca. Mas, estava cansada, então resolvi ir me deitar. O dia havia sido terrível. As meninas agora tinham verdadeiro pavor de mim, não se atreviam a sentar perto. Estava isolada, e só Hemera Troiano me fazia companhia.
Sentei na minha cama e vi a gravura de mamãe. Peguei a caixa onde guardava suas fotos, jóias, tudo que me fazia lembrar dela. Peguei-as e comecei a observar. Minha mãe era linda, risonha, jovial e encantadora. Sorria em todas as fotos e, até onde me lembro, nunca a vi deixar de sorrir. Mesmo quando estava triste, ela sorria, docemente, para mim.
Uma foto me chamou a atenção. Era quando ela estudava, na Inglaterra. Ela, junto com mais três pessoas, todas abraçadas e sorrindo. Pelas expressões, eram os quatro muito amigos. Mas o que realmente me chamou a atenção foi os símbolos das vestes. O de cada um era de um animal diferente. Um Texugo, um Corvo, uma Serpente, e nas vestes da minha mãe, um Leão. Foi então que as palavras de Sidus ressoaram na minha mente. Sorri. Ali estava a resposta! Guardei as fotos imediatamente e saí correndo até a sala do Sidus, alegre. Nem me chatiei quando algumas meninas bobas me chamaram de maluca. Só queria chegar à sala dele o mais rápido possível.
Cheguei na porta de marfim, batendo com impaciência. Ela se abriu e Sidus olhou para mim, sorridente.
- O que conta de novo, criança?
- Mestre, eu descobri! Descobri o castelo!
- Mas isso é maravilhoso. Então me diga, que castelo é esse?
- Se chama Hogwarts, é uma academia de magia Inglesa! Minha mãe estudou lá. Os Quatro Animais Nobres são os brasões das quatro casas de lá!
- Muito bem, Selene, sabia que iria resolver essa questão. E sabe que tem de fazer agora, não é?
Minha alegria sumiu. Sim, eu sabia o que tinha que fazer. Acenti com a cabeça e olhei para ele, desolada.
- Tens que voltar à Origem…– sussurrei. – Mas Mestre Prometeu, não tem outra solução?
Sidus balançou a cabeça, negando.
- Você não pode fugir dessa realidade, Selene. Precisa enfrentar o que quer que esteja guardado para você lá, com coragem, para poder ter uma vida normal. Você quer uma vida normal, não quer?
Vida normal? Nem sei o que é isso, mas concordei. Estava acostumada com minha estranha vida, mas ela começara a tomar rumos que beiravam o perigo.
- Você terá que de ir para Hogwarts, minha querida. Isso pode levar algum tempo, pois as aulas la já começaram. Mas espere, Selene, daqui alguns dias terá uma resposta positiva. Enquanto isso, seria bom você acertar algumas coisas, se despedir de algumas pessoas… Que os Deuses te iluminem, minha criança.
- Obrigada por tudo, Mestre Prometeu.
Ele apenas balançou a cabeça, num gesto um pouco melancólico.
Ao fechar a porta, senti uma súbita sensação de revolta. Uma coisa estranha que não vinha de dentro do meu peito, vinha de outro lugar… vinha de um outro ser. Foi algo rápido como o abrir e fechar de olhos, e marcante como uma cicatriz.
Minha mente só pode estar pregando peças em mim, pensei, estou nervosa, não durmo direito, preciso de um descanso.
Suspirei e tomei o caminho para a aula. Agora, teria muita coisa para resolver.
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