Sob suspeita...



- Não podemos mais aceitar algo do gênero Ministra! – dizia Robert Jenkins enquanto gesticulava – Trouxas estão morrendo por todos os lados, a indícios de uma força negra no leste e sul da Inglaterra.



- Sem mencionar a chuva de carta de pais revoltados com a situação na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts! – Agora era Agatha Vougan quem tomava a palavra – Temos de tomar alguma providência.



Otacília Panabaker, atual ministra da magia fora nomeada logo após o assassinato do antigo Ministro pelo Auror Charlus Potter. Ela então apoiara os cotovelos sobre a mesa, e juntara a ponta dos dedos pensativa. Não é que ela não soubesse o que estava acontecendo, ela sabia, mas por algum motivo estranho, sua mente sempre tomava caminhos diferentes quando o assunto era Hogwarts.



- Precisamos tomar uma atitude... – novamente Jenkins tomara a palavra - ... depois da morte daquela menina, que ainda não foi totalmente esclarecida. É questão de tempo até mais alguma criança...



- Não diga uma coisa dessas... – ralhou Vougan tentando afastar esse pensamento, porém a Ministra parecia ainda irredutível.



- Carrow tem capacidade suficiente para resolver esses pequenos problemas... – respondeu ela de forma automática se levantando - ... oras... – agora então dera uma gargalhada que tanto Vougan como Jenkins trocaram olhares - ... como ele pode ter culpa por uma menina boba beber veneno?



A ministra então dera alguns passos para sua direita e então esbarrou sem querer no canto da mesa. Tanto Vougan quanto Jenkins a olharam com certa curiosidade, mas então a bruxa em sua frente empertigara-se novamente e encara os dois.



- A jovem que morreu em Hogwarts... – disse Jenkins por fim - ... não bebeu nenhum veneno... – então ele ficara ainda mais sério - ... não se sabe ao certo a causa da morte...



- Hummm... – gemera a ministra empinando o nariz e encarando os dois - ... veneno, feitiço... seja lá o que tenha acontecido com ela não importa agora... não vai traze-la de volta ou vai? – Então andara novamente parecendo contrariada ou incomodada pelo que o bruxo acabara de dizer – Ela infelizmente estava obcecada por passar nos seus NIEMs e isso já basta para fazer uma criança enlouquecer. Não culpe o educador de renome pela má criação dos pais. – Então ela virou-se para os dois bruxos que estavam diante dela – Se servir para vocês pararem de me perturbar com coisas sem sentindo, eu convoco Amycus Carrow para uma reunião ainda hoje. Satisfeitos?



Tanto Jenkins quanto Vougan encararam a mulher a sua frente. Desde Jenkins iniciara no Ministério, nunca pensou que fosse ficar tão enojado a trabalhar para o governo mágico. Apenas meneou a cabeça concordando assim como sua colega e então se retiraram da sala.



O corredor do ministério da magia parecia tão sombrio quanto se tivesse descido até as masmorras. Começara a andar com Agatha em seu encalço estava se questionando se realmente tudo o que estava acontecendo seria realmente verdade.



- Você não está pensando em fazer alguma besteira ou esta? – disse a mulher que praticamente estava correndo para acompanha-lo. Então mais que depressa ele pegara a varinha e puxou-a para o elevador.



- Espere um minuto... – disse ele fazendo um gesto com a varinha para que pudessem conversar sem que alguém os ouvisse.  A meses estava se sentindo observado e com isso, tudo o que ele fazia era verificado pelos “nomeados” da nova Ministra para que não houvesse “traição”. Já tinha visto muitos de seus colegas de trabalho, vários deles na verdade serem mandados para as masmorras e sofrerem interrogatórios intermináveis. Inclusive muitos até tinham desaparecido. Ele só não sabia dizer se haviam sido demitidos ou... – Bem, eu sei que você assim como eu está estranhando o comportamento de nossa Ministra não?



- E não é de se suspeitar? – respondeu a bruxa agora dando um profundo suspiro - ... bruxos que haviam sido condenados, ou que estavam em Azkaban sendo nomeados a cargos públicos e de renome aqui no Ministério? Sem o mínimo de suspeita? É uma corrupção sem o mínimo de vergonha na cara se me permite dizer.



- Bem... então isso quer dizer que não sou o único a perceber que decididamente, tudo o que houve com os Potters... as acusações contra seus companheiros aurores também pode ter sido um esquema para que bruxos como Carrow e Avery se ocupassem de seus cargos... – disse ele agora mais baixo enquanto subiam para o Atrio, era arriscado falar sobre isso em pleno ministério da magia mas se ele se encontrasse com a colega fora do trabalho, tinha certeza de que aí sim poderiam ser os próximos a sofrerem com interrogatórios - ... Oh como vai Sr. Clarckson... um belo dia para fazer esses relatórios de compras não?



Ele então sorriu disfarçadamente e continuou andando juntamente com sua colega até chegar ao corredor onde havia o seu escritório. Assim que entraram, novamente ele fizera o mesmo floreio para abafar o som e bloquear qualquer ruido que saísse daquela sala e novamente fizera outro floreio muito mais elaborado para identificar se havia alguma espécie de objeto mágico que funcionasse como escuta. Rapidamente ele notou um pequeno megafone cair debaixo de sua estante e correr com o que parecia 4 pernas bem pequeninas rumo a porta. Agatha, sua colega rapidamente lançara um feitiço que o imobilizou e Jenkins então pisou sobre ele várias vezes o reduzindo a pedaços.



- É disso que eu estou falando... – disse ele, agora recolhendo os pedaços do pequeno megafone e os incinerando com um feitiço de chamas - ... porque estariam escutando nossas conversas? Porque estariam nos vigiando se trabalhamos para eles? Entende onde eu quero chegar? Eu realmente achava que esse Ministério fosse incorruptível, mas cheguei a conclusão de que as forças das trevas de algum jeito se embrenharam nessas paredes e infelizmente, Charlus Potter não era tão maluco assim.



- Também tenho pensado bastante nisso... – respondeu a mulher sentando-se na cadeira a sua frente - ... meu Boris chegou em casa contando certas atrocidades que eu realmente não o deixei voltar a escola depois do natal, no inicio eu pensei que fosse coisa de criança, mas...



- Não minha cara... – agora era o bruxo que sentava em sua cadeira e pegava um maço de folhas e começava a mexer neles casualmente como se eles estivessem trabalhando ou averiguando alguma informação - ... minha Rosa falou exatamente a mesma coisa, e bem, ela disse que não queria sair da escola justamente por medo de que eu sofresse alguma perseguição no trabalho... sendo do Ministério e não a mandar para escola que está sob supervisão do ministério mostraria que eu duvidava...



- Que menina inteligente... – respondeu a bruxa agora com um sorriso - ... como ela conseguiu ter esse tipo de pensamento?



- Diz ela que muitos de seus colegas, geralmente os mais “encrenqueiros” como o filho do Potter e seus amigos estavam lutando dentro da escola contra os métodos arcaicos do diretor...  – Agora ele lhe entregava algumas das folhas e lhe mostrava fingindo compara-las com outras - ... eu ainda lhe adverti a não entrar nesses grupos ou pelo menos se manter calada ou ela com certeza enfrentaria o mesmo que os Potters...



- Fiquei sabendo que o casal morreu a poucos dias... – respondeu ela com certo pesar - ... não quero nem imaginar o que o pobre garoto está passando... na verdade, não consigo imaginar como eles podem ter passado por isso.



- Exatamente por isso minha colega... – disse ele pegando mais dois pergaminhos e os abrindo diante dela - ... sei que não podemos agir abertamente contra nossa Ministra, mas estou tentado a procurar Alastor e ter uma conversa franca.



- Pois é... acho que essas Maluquices as quais eles o taxavam não eram tão malucas assim... – disse ela agora fechando uma pasta e entregando ao bruxo. – No que depender de mim, farei meu melhor.



- Ótimo minha cara... quanto mais bruxos enxergarem o que anda acontecendo aqui... mais poderemos colocar pressão na Ministra.... – disse ele agora pegando o carimbo e batendo com força num pedaço de pergaminho em branco e entregando a amiga em sua frente. Tinham que manter as aparências se quisessem retomar a ordem no Ministério novamente, já que aquilo estava se tornando um verdadeiro circo.



A bruxa então pegara o pergaminho, a pasta com papéis em branco parecendo documentos e se despediu do bruxo. Definitivamente o Ministério da Magia estava tomado pelo Caos, e ela tinha certeza de que assim como ela, mais e mais bruxos também estavam percebendo. O único problema nisso, era que infelizmente não tinham poder suficiente para se voltar contra. A não ser que quisessem sumir sem deixar vestígios da face da terra.



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- Ei toma cuidado ae... – dizia Sírius enquanto Peter e Remus praticamente o jogavam no sofá. Depois da interferência de Minerva McGonagall a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas – Meu corpinho aqui tá sensível...



- E desde quando? – respondeu Remus – Eu não sei em quem eu tenho mais vontade de bater... em você ou no James.



- Por falar nisso... – disse Peter ainda ofegando, Sírius era duas vezes maior do que ele, e apesar da ajuda de Remus, ele ainda era pesado - ... onde diachos está ele?



Remus então dera um suspiro, logo depois que Carrow tentara torturar o pobre Frank, ele deixara Alice com o amigo e tentara voltar para a sala de aula, mas os alunos já tinham sido dispensados e é claro, James e Sírius eram os únicos que estavam tendo uma “conversinha amigável” com o diretor em sua sala. OBVIAMENTE não seria exatamente uma conversinha, e se Sírius já estava daquela forma lamentável, tinha receios de como estaria James a àquela altura.



- Acho melhor você tentar procura-lo Peter... – alertou Remus - ... tente descobrir onde ele está, se está nas masmorras...



- Ok... – respondeu prontamente o garoto, mas antes que ele alcançasse a porta, um James Potter bastante machucado adentrou na sala o que fez até mesmo Sírius se levantar e correr antes que o amigo caísse.



- Aquele... aquele... – começou Sírius visivelmente revoltado com a respiração entre cortada - ... eu juro que vou fazer alguma coisa...



- NÓS... – enfatizou o monitor ajudando Sírius a acomodar um James Potter bem machucado sobre o sofá. - ... nós temos que fazer alguma coisa antes que McGonagall também seja chutada daqui...



- Nisso eu... – dissera James agora fazendo uma careta - ... eu tenho de concordar com o Moony... a próxima da Lista de Carrow é a Mimi... argh...



- Eles quebraram seu braço??? -  Perguntou Peter agora encarando James que apenas fizera uma careta.



- Acho melhor leva-lo é pra ala hospitalar... – disse Remus preocupado, mas James apenas meneou a cabeça negativamente.



- Eu não quero dar esse gostinho para aquele maldito... é apenas uma luxação... – respondeu James fazendo uma nova careta enquanto se ajeitava na poltrona - ... ainda mais agora que o chefinho dele vai estar terrivelmente de mal humor...



O garoto então tentara dar uma gargalhada, mas gemera logo em seguida. Sírius meneou a cabeça enquanto Remus apenas cruzava os braços.



- Que história é essa galhudo? – perguntou Sírius agora sentando-se ao lado de James fazendo uma careta – Acho que aqueles filhos da mãe me quebraram uma costela...



- É melhor você ir ver isso... – comentou Peter com cara de preocupado. Foi então que ouviram barulho na porta e já ficaram alertas.



Dificilmente alguém vinha até a sala “marotica”, pelo menos era o que eles imaginavam até Sarah escancarar a porta.



- Juro que vou transformar vocês quatro em espetinhos... – dizia ela se debatendo, estava coberta de pó que lembrava muito purpurina. Demorou alguns segundos para ela notar que estava sendo observada. – Imaginei que estariam aqui... – então passou seus olhos rapidamente por James e então encarou Remus - ... algum de vocês por acaso lembrou de trazer um kit de poções da enfermaria?



- Então quer dizer que esse seu brilho todo é só para ser minha enfermeira? – perguntou Sírius com sorrisinho maroto o que fez com que Remus apenas pigarreasse em resposta.



- É talvez... – respondeu a garota meneando a cabeça olhando em volta, em momento algum olhara para James, mesmo já o tendo visto, porém tentou agir o mais normalmente e racionalmente possível. Fora então para os fundos da sala para verificar se encontrava algum kit de primeiros socorros, caso contrário, teria de ir até seu quarto para pegar - ... já virou hábito eu servir de enfermeira particular de vocês ultimamente... - então novamente olhou para onde Sírius estava e na mesa ao lado havia uma pequena maleta. – Por que não me disseram que estava aqui...



Mais que depressa fora a poltrona onde Remus estava próximo e o encarou, ele não parecia estar ferido, MAS como era de se esperar ele apenas sorriu sem jeito. Sarah então habilidosamente pegara dois vidrinhos, um com uma infusão verde escuro e separou a um canto. E então olhou para Sírius e então por fim para James.



- Então... quem vai ser o primeiro a ter os ossos remendados? – Sírius então encarou James que encarava por algum motivo o tampo da mesa e timidamente levantou o braço. – Ótimo! Pode tirar a camisa.



Instantaneamente James saíra do seu torpor e encarou Sírius que ficara alguns segundos tentando processar a informação. A garota apenas estava parada encarando o garoto.



- Anda logo Sírius... se não derem as caras pelo castelo em meia hora... Carrow vai achar que realmente fez algum estrago... – disse ela agora pegando o frasco verde e embebendo um pano com a poção - ... Ahhh tenha santa paciência, eu já vi muito mais de você do que seu peitoral... anda logo ou eu mesmo arranco essa blusa de você!



Sarah pode perceber que, pela primeira vez em todos esses anos em Hogwarts era a primeira vez que via Sírius Black com o rosto rubro. Tentou segurar o riso enquanto dava uma piscadela para Remus.



- Isso mesmo Padfoot... se não derem as caras pelo castelo, Carrow vai ficar ainda mais insuportável achando que seu corretivo fez efeito... – disse o garoto agora parecendo sério – Peter vá na frente e peça para Olivia ver como está o Frank, assim que a Sarah acabar com o Sírius vou descer com ele e verificar o salão principal.



A garota então voltou sua atenção a Sírius que agora já estava sem a camisa e apenas olhando para um James visivelmente desconfortável.



- É sério leoa... eu estou bem... – tentava dizer ele, mas Sarah não lhe dera chance para algum questionamento.



- Eu não perguntei se você estava bem... – disse ela o fazendo virar de costas para ela e examinando o alto de suas costelas  -  Doi aqui? – ela então tocou em uma parte vermelha começando a ficar arroxeada e ele fizera uma careta mas não respondera então Remus que estava de frente para ela e Sirius confirmou com a cabeça – É, pelo jeito sim... – novamente ela olhou para as costas do rapaz e vira outra marca arroxeada, na verdade, a maior parte do tronco de Sírius estava cheia de hematomas. – Por acaso você anotou a placa do Noitebus que te atropelou? Não sei se toda a poção que eu tenho aqui vai resolver todos os seus hematomas.



- Bom... se é pra ter uma enfermeira particular como você... – disse ele agora galante - ... vou ter sempre algum para que tome conta de mim.



A jovem que então passava a solução sobre um corte no ombro de Sírius apertou propositadamente o que fez com que ele se contorcesse.



- Outh... não faça isso Leoa... – reclamou Sírius massageando o ombro dolorido - ... sou um cão ferido...



- Você já passou por coisas piores e sobreviveu... – disse ela agora com um sorriso - ... vai precisar tomar uma poção para ossos quebrados... então de jeito de arrumar uma com a Madame Ponfrey.



- Ok Srta Perks...  – Respondeu o garoto ainda fazendo uma careta e colocando a blusa novamente, então olhou para a garota com a maior cara de inocente que conseguiu - ... Vou precisar ver a Srta outra vez para novo atendimento?



- Muito provavelmente... – disse ela cruzando os braços na frente do peito - ... você não consegue ficar longe de “acidentes” ...



Sírius então fizera uma cara de “cachorro abandonado” que fez com que ela achasse graça. Meneou a cabeça e então Remus a encarou. Provavelmente se perguntando se era seguro deixar ela e James sozinhos na mesma sala. James por sua vez não havia dito ou se quer se mexido desde que ela havia entrado na sala. Foi então que ela se voltou a ele o fazendo levar um susto.



- Além... de tudo isso... – disse ela apontando para o rosto machucado do rapaz - ... algum osso quebrado?



James apenas meneou a cabeça negativamente, e ela então arqueara uma sobrancelha e respirou fundo visivelmente em suas costas, havia uma mancha horrível e vermelha, provavelmente haviam lhe cortado, mas ele não queria lhe dizer. Remus vendo a situação decidiu que era melhor saírem da “linha de tiro” antes que fossem estuporados por tabela.



- Ok... Sírius acho melhor irmos até a enfermaria procurar aquela poção pra ossos que a Sah mencionou... – Sírius ao contrário parecia muito curioso para saber o que aconteceria a seguir, porém fora meio que “forçado” a sair da sala.



Sarah então pegara a pequena maleta de “primeiros socorros” e levou até onde James estava sentado. Já estava cansada das brigas e estava realmente decidida a não lhe dar motivos para que discutisse com ela. Se fosse em outras circunstâncias ela deixaria que ele mesmo se cuidasse, mas na atual situação, não sabia se ele estaria em seu juízo perfeito para fazer alguma coisa coerente. Estava procurando o frasquinho quando ouvira lhe falar.



- Não precisa fazer isso Sah... – disse ele sem erguer os olhos ou lhe encarar. - ... eu... – então fizera uma careta quando tentou se ajeitar no sofá - ... eu... posso dar um jeito.



- Aham... estou vendo... – respondeu Sarah continuando a olhar na caixinha até achar um pequeno vidro na cor púrpura. Ela então pegou um pequeno pedaço de algodão, o embebedou com a poção e sentou-se do lado do garoto de modo que conseguisse aplicar a poção - ... dá pra ver o quanto você consegue dar um jeito. - Delicadamente tirou os óculos dele e os entregou ao garoto – Melhor se preparar... isso vai arder e muito...



O mais suavemente que conseguiu, ela foi aplicando a poção sobre o corte profundo que havia no supercílio de James. Ele obviamente fizera uma careta, porém não chegou a demonstrar a dor que realmente sentia. Ela só não sabia dizer se era porque ele não sentia tanto ou, estava tentando se passar por forte em sua frente.



- É sério... – disse ele novamente - ... você não precisa fazer isso...



- Você quer calar a boca e me deixar te ajudar pelo menos uma vez? – respondeu ela um tanto mais áspero do que pretendia. – Eu sei que pedir ajuda “fere seu orgulho maroto” mas já passou da hora de você perceber que não está sozinho!



Tão logo terminara a frase, a garota percebera que falara o que não devia. Obviamente a velha Sarah Leah Perks estava de volta o que fez com que ele segurasse delicadamente sua mão a fazendo parar de aplicar a poção. Por alguns minutos incontáveis perdera-se nos olhos de James.



- Está com o corte feio nos lábios... – disse ela desviando os olhos e olhando novamente na maleta de poções - ... acho que vai precisar de algo mais forte para cicatrizar...



- Achei que você queria ser um Auror... – começou ele novamente tentando se ajeitar no sofá puído e gemendo instantaneamente - ... mudou para o ramo da Medicina Bruxa?



- Conserto ossos quebrados e costuro cortes desde que era pequena... – respondeu ela dando de ombros e tirando um vidrinho rosa de dentro da maleta - ... ou esqueceu que era o coringa do time de quadribol do meu avô. – Então voltou-se para o garoto que lhe encarava, ela então fizera uma pausa e logo continuou com o seu raciocínio – Além disso... – pegou então um pedacinho de algodão e colocara em um pequeno palito de madeira - ... é sempre bom para um auror conhecer poções, principalmente as medicinais.



Delicadamente ela mergulhou no líquido rosa e começara a aplicar sobre o canto esquerdo dos lábios de James. Este fizera uma careta de desagrado. Não fizera por maldade, sabia exatamente que as poções para cicatrizar muitas vezes embora eficientes, eram dolorosas.



- Tira a camisa... – disse ela guardando o vidrinho e procurando outro. Quando o encontrou virou-se para ele que ainda a encarava – Deixa disso James... anda tira essa camisa... preciso ver como está esse corte... – ele então fizera uma careta e ela o encarou séria - ... eu vou precisar usar minha varinha em você?



Quando o garoto arqueou seu corpo para frente acabara deixando escapar um gemido e então Sarah ficou alerta. Ajudou-o então a tirar a camisa de flanela que estava sobre a camiseta e pode vê-la bastante úmida.



- E não era nada sério, não é? – disse ela levantando-se e pegando a caixinha sentou-se as costas do garoto para que pudesse dar jeito naquela ferida que ao seu ver parecia bem dolorosa e profunda. – Vai precisar tirar essa camisa também...



James prontamente até tentou, mas gemera de dor e parara no meio do caminho. Sarah então o ajudou a tira-la e por estar empapada de sangue, achou melhor joga-la fora.  Sem mencionar que havia vários hematomas por toda as costas do garoto. Não conseguira parar de imaginar pelo que ele deveria ter passado todo esse tempo longe da escola. Lentamente começara a limpar a ferida o que fez com que James se contorcesse levemente. Ela ficara em silêncio e talvez por isso James então resolvera puxar assunto.



- Deve estar se segurando para não me dar um avada... – comentou ele e ela não lhe respondeu - ... Sah, eu... eu...



- Já lhe disse isso James... a fase de ficar zangada com você já passou... – respondeu ela passando a poção no corte, realmente já estava cansada de discussões, cansada de brigas, estava realmente sem forças para isso. Estava realmente decidida a deixar que James partisse, mesmo que levasse parte de seu coração, estava na hora dela começar a viver e pensar mais em si. Esticou uma atadura e então passara os braços pelas laterais do garoto em um “abraço”, pois a bandagem não queria ficar presa somente pelo adesivo, era preciso enfaixa-lo se quisesse que a poção fizesse o efeito esperado, fora então que sentira que ele segurou seus braços a fazendo o “abraçar” por assim dizer pelas costas”



- Não faça isso... – ouviu-o dizer e então tentara puxar os braços, mas ele os segurava com ambas as mãos -... não me trate com essa indiferença... não vou ser capaz de suportar...



- Preciso terminar isso James...  – Disse ela sentindo o coração bater tão rápido em seu peito que tinha certeza de que ele estaria sentindo, pois estava involuntariamente com o rosto colado as costas do garoto. Ele então lentamente fora virando de frente para ela, ainda segurava uma de suas mãos.



- Eu quero que grite comigo... preciso que chame de idiota, de arrogante e irresponsável... – disse ele a encarando. Seus olhos agora marejados fizeram com que ela percebesse o quanto a falta de seus pais o tinha atingido.



-  Você já tem consciência de tudo isso... – respondeu ela finalmente em meio a um suspiro - ... porque então eu preciso jogar isso na sua cara!



- Preciso saber que ainda se importa... – respondeu ele e Sarah novamente sentiu borboletas em seu estomago.



- Se não me importasse eu estaria aqui? – disse ela o encarando e forçando o garoto a se virar para que pudesse terminar de passar as bandagens.  – Além disso foi você quem me disse que... - a garota então parou por alguns minutos, lembrar do dia em que haviam terminado ainda doía, embora tivessem tido certas recaídas no percurso, ainda o amava e isso já era um fato. Mas estava decidida a levar sua vida sem ele, se era isso o que ele queria, bem, era isso que ela iria fazer.



- Eu sei... – respondeu ele em meio a um suspiro, se ele estava arrependido, bem ela não sabia dizer. O garoto tinha passado por tanta coisa que, infelizmente ela o entendia. Ela havia passado pelo mesmo e na verdade ainda estava passando. Não saber sobre seus avós a corroía por dentro. Foi quando sentiu uma gota cair sobre sua mão enquanto passava a atadura. E então percebeu que pela primeira vez, ele estava sendo o garoto que realmente era. Ainda receosa, fizera a única coisa que podia fazer naquele momento, algo que ela também precisou e que sabia que ele também precisaria. Soltara a atadura e então o abraçou. Sabia que dificilmente gostaria que alguém o visse daquele jeito. Tão vulnerável.



- Não precisa ser uma rocha na minha frente sabia? – disse ela com o rosto apoiado levemente sobre o ombro do garoto. James era praticamente o dobro do seu tamanho e mal conseguia tocar suas mãos uma na outra, mas estaria ali se ele precisasse conversar – Eu sei exatamente o que está sentindo... e também sei o quanto é difícil...



- Como você consegue... – o ouviu dizer com a voz entrecortada e o sentiu segurar seus braços e a fazer o apertar ainda mais.



- Não consigo... – respondeu ela sincera, lembrar dos seus pais, da perda deles e dos seus avós, bem, isso doía no fundo de sua alma. Mas sabia que se eles estivessem vivos, estariam lutando para fazer do mundo um lugar melhor para ela. E se não estavam mais aqui, era porque ela tinha essa função agora. - ... apenas sei que seja lá onde quer que eles estejam, não gostariam de me ver derrotada. – Agora ela dera um suspiro - ... sei que é terrivelmente doloroso, e fere seu orgulho mostrar ao mundo que o “TODO PODEROSO JAMES POTTER” também pode chorar. Mas ninguém é de ferro James... só você quem não se deu conta disso.



Sentiu então o garoto apertar ainda mais seus braços e por algum tempo ficara assim. Podia ter suas desavenças, ele até podia ter lhe magoado, mas, ela tinha sim empatia, e conhecia a dor da perda melhor do que ninguém. Entendia que pela primeira vez na vida daquele maroto, tinha algo que ele não podia controlar. Perdeu a noção de quanto tempo havia passado. A escuridão pairava do lado de fora da janela aquela altura, tinha certeza de que já haviam perdido o jantar, mas não estava ligando para isso. As cicatrizes de James eram ainda mais profundas do que ela podia imaginar e, faria todo o possível para que a dor ficasse menor se conseguisse. Somente quando o ouviu falar que ela se dera conta de onde estava.



- Você ainda tem a rosa? – ouviu a pergunta do garoto e então levantou a cabeça e viu a pequena redoma no alto da estante.



- Hum... – gemeu ela sobre o ombro do garoto - ... com tantas batidas e revistas na torre da Grifinória, eu decidi trazer ela para um lugar mais seguro... sempre me perguntei porque ela não murchou...  



James então arqueara o corpo um pouco para traz de modo que deitasse levemente em seu ombro,  e encostara sua cabeça na dela. Sem querer acabou encostando os lábios no ombro do garoto e tinha certeza de que ele estava com o sorrisinho maroto nos lábios. Mas era a primeira vez que estavam tendo uma conversa franca em meses, ela não iria estragar o momento de talvez resolverem as coisas de uma vez por todas.



- É um feitiço que aprendi com minha mãe... – disse ele em meio a um suspiro - ... uma magia antiga da família dela que... – então ela sentiu que ele fizera uma pausa “forçada” por assim dizer e pigarreou para que a voz saísse mais fácil - ... ela reflete o que uma pessoa sente pela outra... ela encantou uma e deu para meu pai no dia em que se casaram... e bem, somente a alguns dias depois de sua morte foi que a rosa finalmente desapareceu...



Sarah não sabia o que dizer, obviamente ele usara o mesmo feitiço e ela também sabia exatamente o que vinha a seguir.



- É uma magia linda... – disse ela sem perceber.



- Você entendeu, não é? – perguntou ele ainda olhando a rosa no alto da pequena estante – Posso ter tentado de todas as maneiras imagináveis tirar você da minha cabeça e... – Então Sarah o sentiu pegar sua mão esquerda e aperta-la contra o peito - ... daqui... mas... como pode ver naquela rosa... eu não consegui...



A garota não sabia exatamente o que dizer. James Potter estava ali completamente vulnerável falando sobre sentimentos. Era um pouco difícil de processar, até mesmo para ela.



- Então somos dois... – disse ela por fim enquanto baixava sua cabeça e a encostava no ombro do garoto. Estava cansada de guardar o que sentia e isso a consumia. Então se ele podia admitir que a amava porque ela não? Tudo bem que ela tinha certeza absoluta de que, quando saíssem daquela sala, tudo voltaria a ser como era. Ele provavelmente diria que não poderiam ficar juntos, que ela correria risco de morte, enfim todo aquele discurso que ela já conhecia e sabia de cor. - ... não deveria admito... mas... – dizia ela com a voz abafada por estar com o rosto encoberto pelo ombro do garoto.  - ... você pode pelo menos nos deixar ajudar? Seja lá o que for que estiver passando por essa cabeça de pomo...



- Tenho sido um pé no saco.... eu sei disso – disse ele finalmente.



- Tem... se me permite ser sincera... – respondeu a garota - ... e não sabe o quanto foi difícil conseguir enganar Carrow tanto tempo. – Ela então soltara os braços que estavam em volta do garoto e pegara a blusa de flanela que estava ao lado do sofá e entregara a ele - ... não entendo como ele possa ter descoberto...



- Eu... argh... – gemeu o garoto enquanto tentava colocar a camisa novamente, a garota então foi lhe dar uma ajuda - ... acho que tenho uma idéia...



- Que estranho... – disse ela e então James ainda abotoando os botões da camisa a encarou. Ela então se aproximou e puxou a gola para ver o ombro esquerdo – Cadê a tattoo de pomo?



- Tattoo? – perguntou ele sério enquanto ela sentava-se novamente e a encarou confuso.



- É... Wilson espalhou para a escola inteira que você tinha uma tatoo de pomo muito fofa no ombro... – respondeu ela dando de ombros - ... sabe quando teve um encontro privado com você em uma sala vazia do quinto andar...



James até tentou sorrir, mas a dor que sentiu em suas costelas fez com que fizesse uma careta enquanto se ajeitava no sofá.



- Eu... até que tenho uma sim... – respondeu ele com o sorrisinho maroto nos lábios -  mas só tem uma bruxa a quem eu pretendo mostrar...



- Então acho que vai precisar procurar por ai... – disse ela levantando-se e encarando o garoto com a maior cara de inocente - ... a Wilson não dá as caras faz umas boas semanas... – e mostrara a língua para o garoto enquanto passava por ele em direção a porta. James, no entanto, fora mais rápido, pegara seu braço e tentara puxar enquanto se levantava. No entanto esquecera-se da dor, e quando fizera o movimento esta voltou com tudo o fazendo perder o equilíbrio derrubando Sarah sobre o sofá e praticamente caindo com o corpo sobre a garota. Nesse momento a garota notou sobre o peito de James o pendente que havia lhe dado. Era a única e última recordação que tinha do seu pai. Sem querer acabou o tocando e então James sorriu gentilmente.



- Ele nunca saiu de onde o deixou... – respondeu ele - ... e não pretendo tira-lo.



- Eu sei... – disse ela agora o encarando.



Sarah viu os olhos de James se aproximando cada vez mais. Seu coração aos saltos no peito. Cada vez mais e mais sentia o corpo tremer até que então finalmente os seus lábios foram tocados pelos dele. Sabia exatamente onde estava se metendo, mas, não podia negar, sentia falta dele. Das suas piadas marotas. Do seu perfume, até mesmo da mania idiota de soltar e apanhar o pomo de ouro que vivia no seu bolso. Amava aquele maroto e não, mesmo que ele quisesse não poderia tira-lo do coração. O beijo que começara calmo começava a ficar mais exigente. A garota tinha certeza de que James podia ouvir seu coração batendo acelerado. Sentiu levemente uma das mãos do garoto percorrerem sua cintura e parar em seu quadril. Por alguns instantes, perdera o folego, nunca havia ficado assim com James, na verdade nunca havia ficado assim com qualquer outro garoto. Talvez James tivesse percebido que ela estivesse nervosa, lentamente diminuiu a intensidade do beijo, e fora delicadamente os transferindo, percorrendo seu rosto até chegar em seu pescoço. Sarah sentiu cocegas o que fez com que ele sorrisse.



- Se eu lhe pedisse para ficar comigo hoje... – ouviu-o dizer em seu ouvido depositando um beijo delicado no lóbulo da sua orelha -... levaria outra joelhada?



- Humm... – disse ela pensativa dando um suspiro o que fez com que ele a encarasse - ... Depende do que seja seus planos... eu posso até considerar um avada...



- Hummm – gemeu ele fazendo uma cara de que “pensamentos maróticos” e nada exemplares estavam passando por sua cabeça. O que fez com que ela sentisse o rosto corar violentamente. – Acho que vale à pena o risco...



Ela até tentou falar alguma coisa, mas agora ele a beijava gentilmente e a jovem não tinha muito mais o que fazer além de corresponder fervorosamente. Na verdade, qualquer outro comando mental estava nulo naquele momento. Para ela não importava se depois daquela noite, tivessem que tomar rumos diferentes, viveria intensamente cada momento a partir de agora. E aquele momento, era somente deles.



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Já era alta a madrugada quando Algi, finalmente deixou a última sala de aula do quinto andar para enfim poder ajudar na cozinha. Suas perninhas curtas e atarracadas o faziam pender sempre para os lados enquanto caminhava rapidamente pelos corredores. Em dias como os atuais, era imprescindível que fosse rápido e sorrateiro como sempre tinha sido nos becos de Hogsmeade. Sua antiga família fora embora, ou talvez tinham sido mortos, ele não se recordava ao certo. Apenas acordara um belo dia e a casa a qual ele havia anoitecido, não estava mais lá. Bem, não que ele dormisse dentro de casa, dormia no estábulo ao lado junto com os dois cavalos que também haviam sumido.



Não entendia exatamente o motivo, afinal sempre fora um Elfo devotado e muito competente. Era um tanto estranho os Toots praticamente desaparecerem sem deixar nenhum vestígio. E também levando a casa onde moravam. Ficara vagando entre um beco e outro até encontrar o diretor de Hogwarts e este lhe oferecer abrigo no castelo. Até então não sabia que podia ser tão bem tratado por algum bruxo. Tinha para com o antigo diretor muito apreço, e agora com esse novo diretor esperava que fosse igualmente, mas conforme os dias foram se passando, as coisas começaram a sair do controle. Por vezes era persuadido a entrar na torre do antigo diretor Dumbledore e surrupiar alguma coisa. Mas mesmo sendo um elfo, e tendo certas liberdades para transitar pelo castelo, desde a saída de Dumbledore sua torre se bloqueara automaticamente. Por mais que ele pudesse entrar na torre, tudo o que tentasse tirar de lá acabava voltando. Ele nunca tinha entendido como a magia dos bruxos funcionava e aliás nem fazia questão de entender, tinha seus próprios truques embora fosse apenas permitido que os usasse para servir aos alunos e professores. Então definitivamente não podia usa-los para se defender de algum bruxo que o atacasse.



“Algi precisa ir rápido para a cozinha...” – pensava ele enquanto adentrava em uma das passagens que levaria aos porões. Procurava evitar ao máximo qualquer contato com alunos e principalmente com os membros do Ministério. Estava quase chegando as cozinhas quando uma sombra enorme apareceu diante dele.



- Então você está aqui seu verme infeliz! – disse a voz impiedosa vindo do vulto.



- Algi conhece o mestre bruxo? – perguntou ele. Mas nem bem havia terminado a frase sentira algo bater com força em seu rosto o jogando contra a parede.



- O que pensa que está fazendo? Não lhe dei permissão para me dirigir a palavra! – e novamente fora jogado para a outra extremidade do corredor.



Sem entender ao certo o que estava acontecendo. O Elfo pensou em se tratar de alguma confusão. Talvez o bruxo o estivesse confundindo com algum outro elfo que estaria prestando serviços a ele.



- Mas Algi não... – e outra vez fora acertado por uma bofetada. Dessa vez sentira o gosto de ferro em sua boca e acabou por ficar calado.



- Não foram lhes dado ordens? – dizia o bruxo com a voz severa – Deviam estar tentando entrar na torre de Dumbledore! O que fazem perambulando pelo castelo?



- Mas Sr.... Algi até tentou... mas as coisas não saem da torre... – resmungou ele e novamente sofrera as consequências.



- Já foram avisados... deem um jeito de esvaziar aquela torre ou eu mesmo exterminar cada um dos elfos desse castelo! – disse novamente o bruxo e então um clarão tomou conta do corredor fazendo o pobre elfo bater com tudo na porta de madeira.



- O que o Sr. Pensa que está fazendo? – uma voz melodiosa e calma ecoou pelo corredor fazendo o bruxo dar um salto.



- Fique fora disso fantasma... – resmungou o bruxo.



- OU O QUE? – Disse a Dama Cinzenta se colocando entre o bruxo e o Elfo – Vai me matar?



O bruxo no entanto ficou sem saber o que dizer a principio. Contudo não deixou-se abater. Apontara a varinha e lançara um raio verde fosforecente que atravessou o fantasma sem nem se quer pestanejar.



- Ahhh faça me um favor... – disse a Dama cinzenta e então assoviou. No mesmo instante uma cabeça surgiu o teto e encarou o bruxo o fazendo cair sentado.



- Algum problema Senhorita? – Pirraça ia descendo vagarosamente pelo teto e encarando o bruxo a ainda no chão.



- Acho que esse Senhor não aprendeu a respeitar os elfos do castelo... -disse ela e então Pirraça encarou-a.



- Por mim... eles podem sumir que não vou sentir a mínima falta... – e deu de ombros, quando o fantasma se virou novamente para Dama Cinzenta. O olhar penetrante e semicerrado indicava que ele havia falado o que não devia. - ... ok, ok, esqueci que você é adepta dos “Elfos livres”!



- Acho melhor você ensinar a esse senhor como tratamos bruxos que não respeitam as regras nesse castelo... – disse ela e então o olhar de Pirraça se iluminou. A boca escancarou em seu rosto mostrando todos os seus dentes de forma ameaçadora.



- Com um imenso prazer Senhorita... – respondeu o poltergeist agora puxando de dentro das vestes o que parecia ser uma corneta.



- HÁ! Até parece que uma buzina vai me impedir... – disse o bruxo agora levantando-se e pegando a varinha.



- ahhhh mas não é uma buzina não... – o olhar de Pirraça ficara ainda mais ameaçador e ele enfim apertou o botão. Um jato de fogo saiu pelo bocal em forma de cone para cima do bruxo que por um triz não ficara chamuscado. – Aahhhh você não gostou do meu bafo de dragão???? – E novamente Pirraça lançara um jorro de chamas que fez o bruxo usar a varinha tentando se proteger.



- Carrow vai ficar sabendo disso! – vociferou o bruxo começando a correr.



- Pode chamar até a Ministra do Hospício se quiser... – dizia Pirraça voando atrás do bruxo corredor a fora - ... vou fazer churrasquinho de bruxo a Moda de Hogwarts!



Dama Cinzenta não podia fazer muita coisa pelo pobre elfo a não ser procurar alguém que pudesse o ajudar. Não costumava sair da ala Oeste mas ia ter de fazer esse sacrifício.



- Fique quietinho amiguinho... – disse ela para o Elfo que gemia próximo a porta - ... vou chamar alguém que possa lhe ajudar.



O mais rápido que conseguiu flutuou pelo teto. Aquele inferno tinha que acabar, já não bastava tentar escravizar os fantasmas agora estavam atacando os pobres elfos? A situação já tinha passado dos limites.



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- Será que finalmente aquele galhudo tomou vergonha naquele fuço de veado? – dizia Sírius enquanto mancava rumo a poltrona em frente a lareira, após saírem da sala marótica deixando James e Sarah sozinhos não os tinham mais visto.



- Veja pelo lado bom... – começou Remus sentando-se do lado oposto - ... se a torre ainda não explodiu... devem finalmente estar tendo uma conversa civilizada.



- Estava mais do que na hora... – respondeu Olivia que se sentava do lado de Remus - ... olha sinceramente eu não sei o que Sarah pode ver naquele imbecíl...



- Ei... não fale assim... só eu posso chamar ele com apelidos carinhosos... além disso, eles tinham muito... e quando eu digo muito... é muitoooo mesmo o que se acertar... – ralhou Sírius fazendo uma careta ao tentar ajeitar-se na cadeira - ... uma bela senhorita como você Hornby, não pode deixar escapar palavras rudes por essa linda boquinha.



Nem bem tinha terminado de falar isso, uma almofada o atingiu diretamente no rosto, ele sabia de onde havia vindo e então soltara a tão famosa risada em forma de latido.



- Tanto que precisaram passar a noite fora? – perguntou Peter inocentemente o que fez com que eles trocassem olhares. – Ohhhhh, agora entendi.



- Não pense besteiras... – ralhou Olivia agora encarando o garoto .



- Olha... eu posso pensar em várias coisas bem interessantes para se fazer com uma leoa como a Perks... – respondeu Sírius e tomara outra almofadada, só que dessa vez de Olivia.



- Você é um caso perdido... – disse a garota meneando a cabeça - ... acho que o único que se salva de vocês quatro é o Remus...



Sírius então trocara olhares com Peter e ambos caíram na gargalhada, até mais do que normalmente faziam. Olivia ficou encarando os dois com os braços cruzados na frente do corpo.



- Er... bem... Se não aparecermos no salão principal para o café da manhã, a coisa vai parecer ainda mais suspeita. – Alertava Remus tentando desviar o assunto– Carrow acha que venceu essa batalha e realmente pode estar só esperando um deslize nosso para mandar McGonagall para fora dessa escola.



- Então é melhor nos arrastarmos até lá... – Falou Olivia ainda sem olhar para Remus. – Mas não pensem que essa conversa acabou.... – Remus passou o braço pela cintura da garota e a conduziu para fora  da torre. Entendia a preocupação de Olivia com Sarah mas se a amiga estava cuidando de James, bem o que ela poderia fazer a não ser dar apoio?



Assim como de costume percorreram os corredores praticamente sem muita vontade. Os elfos da escola estavam cada vez mais escassos e algo dizia que isso não era algo normal. Por anos as pequenas criaturas serviam Dumbledore e os alunos com gentileza e claro, prestatividade, mas nos últimos tempos Hogwarst podia mesmo passar por um castelo mal assombrado.



- Esses corredores ultimamente estão me dando arrepios... – balbuciou Olivia enquanto passavam pelo corredor do quinto andar. Havia ainda algumas marcas da “revolução” que fizeram a alguns dias e um borrão escuro o qual Sírius havia nocauteado seu irmão na pequena batalha, estava “tatuado” na parede. Pirraça havia pintado com uma tinta fosforescente e enfeitiçada as seguintes palavras “Marca de um Imbecil”.



- Me lembre de compensar Pirraça por isso... – disse Sírius a Remus enquanto desciam rumo ao quarto andar. Os alunos que antigamente eram vistos correndo e felizes rumo ao salão principal agora pareciam estar indo para o matadouro. Sírius ainda meio cambaleante devido aos ferimentos da sessão tortura do dia, deixou seu corpo cair sobre o banco ao lado de Vance.



- Ei... toma cuidado ai Black... – ralhou a menina ajeitando o uniforme.



- Foi mal Vance...  – disse o garoto - ... estou todo dolorido e não consigo nem sentar direito.



- É... pra você estar reclamando desse jeito... – respondeu a garota com um sorriso - ... você tem de estar mal mesmo... mas quem não estaria ultimamente...



- Cadê a comida? – perguntou Peter olhando para a mesa. Sírius também pode observar que a mesa estava praticamente vazia.



Olhando mesa por mesa, podia ver que basicamente que estavam iguais. Vazias, com apenas algumas dezenas de alunos. O garoto tinha a mais absoluta certeza de que se tivessem uns 30 alunos lufanos era muito.



- A maioria não voltou depois das festas... – disse Olivia - ... ouvi umas lufanas no banheiro esses dias. Muitos estão com medo do que possa acontecer aqui, e bem, depois da morte daquela texuga...



- É... as coisas só vão piorar a partir de agora... – disse Sírius indicando a mesa da Sonserina que parecia bem animada. - ... o que eles sabem que nós não sabemos?



Sírius podia observar que as cobrinhas estavam muito atentas, fosse o que fosse que estivesse acontecendo, era algo grande, o único problema era que não tinha como saber ao certo. Foi mais ou menos nessa hora que ele tivera uma ideia.



- Ei meu amigo... – disse ele voltando-se para Peter que estava sentado ao seu lado - ... temos acesso livre a cozinha?



- Talvez... – respondeu o pequeno o encarando - ... depois que colocaram aqueles guardas na passagem próximo ao quadro com frutas tive de procurar outros meios de entrar... se é que me entende.



Obviamente o garoto estava se referindo a se transformar em rato e assim entrar na cozinha. Por que motivo então, haviam guardas na cozinha isso não fazia o menor sentido.



- Moony... ei! – falou o garoto e vendo que o monitor não lhe dera atenção pegara uma migalha de pão que estava sobre a mesa e arremessou no garoto que então o encarou - ... você não acha que devíamos dar uma passadinha nas cozinhas?



- E porque raios vocês iriam perturbar os elfos? – perguntou Emme encarando Sírius – Eles já estão tendo problemas suficiente sem ter alunos os perturbando na cozinha.



- Não sabia que era partidária do movimento “Elfos Livres!” – comentou sarcasticamente Sírius a garota que lhe respondera com uma careta – Não quero causar problemas, mas tem de admitir que ... – então mostrou um pedaço de pão duro que havia aparecido sobre o tampo da mesa - ... o serviço ultimamente está deixando a desejar.



Remus por sua vez já ouvira muitos comentários sobre o sumiço dos elfos do castelo, e bem, era algo até preocupante. Eles sempre foram muito bem tratados pelo antigo diretor e agora terem de sofrer nas mãos de um sádico. Não os culparia se eles tivessem fugido, mesmo sabendo que só podiam ser livres se recebessem uma peça de roupa dos seus “donos”.



- Os elfos de Hogwarts servem ao “castelo” não exatamente ao diretor... – respondeu Olivia encarando os meninos e então sorriu - ... eu e Sarah tivemos que cumprir detenção lavando pratos no nosso segundo ano... um elfo chamado Velno nos disse que muitos ali eram descendentes dos que serviram os fundadores, e desde antigamente foram instruídos por seus donos a “servirem os responsáveis pelo castelo” ou seja o diretor, independente de quem fosse.



- Independente de que sádico fosse... – murmurou Sírius olhando agora para a mesa onde estavam sentados o corpo docente. Minerva conversava baixinho e parecia muito séria com Flitwik enquanto uma professora Sprout apenas encarava a mesa dos alunos sem tocar na comida. Carrow então pigarreou e começou seu costumeiro discurso.



Remus por sua vez não prestara muita atenção, ao olhar de Sírius que estava cerrado encarando a mesa da sonserina. Tinha a mais absoluta certeza que o fato de Mayfair o ter feito de cobaia para seus novos feitiços ainda não tinha sido engolida pelo amigo.



- O que você está pensando em fazer? – murmurou Remus encarando Sírius. O garoto deixara escorregar a varinha pela manga de sua capa enquanto Vance se apoiava para servir-se. Com um movimento rápido e sorrateiro lançara o feitiço sem que ninguém percebesse.



- Viscida Aqua! – murmurou o garoto e instantaneamente o sonerino que levava a sua taça a boca bebendo um gole começou a cuspir e praguejar. Interrompendo praticamente o discurso de Carrow.



- Posso saber o motivo da interrupção Sr. Mayfair... – disse o Bruxo tentando passar um ar de pomposa educação, mas Remus percebeu rapidamente que não passava de uma fachada. O olhar de Mayfair pousara diretamente para a mesa da Griffinória.



- Alguém empesteou minha taça! – dizia ele furioso. Seus olhos fixos em Sírius que fingia beber e comer normalmente.  – Não se faça de inocente Black!



- Deixe de frescuras Mayfair... – respondeu o garoto - ... não estou em condições de realizar feitiço algum, e devo esse mérito a vocês e ao nosso ilustre diretor.



- Como você se atreve? – ralhou novamente o sonserino, mas então Carrow tomou a palavra.



- Bem... então Sr. Black não vai se importar se eu confiscar sua varinha e fizer um teste não é? – Disse Amycus com um sorriso sádico novamente brotando nos lábios.



- Não tenho problemas nenhum em mostrar ao senhor... – respondeu o garoto pegando a varinha de dentro do casaco e com uma bela encenação de dor em seu ombro entregara ao bruxo.



- Ótimo...  – respondeu o bruxo agora seu rosto já não era tão amigável -  Prior encantato!



Uma névoa começou a sair da ponta da varinha e serpentear sobre a mesa vermelha da Gryffindor. Aos poucos ela foi tomando forma e uma luz púrpura emitiu um estampido, o garfo e a faca que estavam sobre a mesa serpentearam até o centro onde havia espaço, e pequenos braços e pernas brotaram. Em movimentos silenciosos e começaram a bailar uma valsa sem música.



- Como pode ver Sr. Carrow I – agora era a voz de Minerva que tomou conta do salão - ... essas acusações infundadas para com os alunos de minha casa têm de acabar! Está evidente que o Sr. Mayfair não percebeu que a sua taça devia estar suja...



Remus podia ver nos olhos de Mayfair que se ele pudesse puxaria a varinha para a professora. Carrow no entanto parecia um tanto desconcertado embora tentasse manter a pose de “bom moço”



- O Sr. Tem de concordar... – continuou a professora - ... que infelizmente com o sumiço de nossos elfos, os coitados estão fazendo o trabalho triplicado. Então antes de culparem uns aos outros, sugiro que o Sr. Mayfair, caso queira taças limpas da próxima vez, os ajude com seus serviços.



O monitor viu Sirius se levantar e prontamente olhar para a professora com a sua maior cara de inocente.



- Eu me candidataria professora... – disse ele com o olhar de cão perdido - ... mas como sabe, estou convalescente.



- Muito bem então... – respondeu o bruxo tentando parecer “imparcial” enquanto era observado pelos alunos. - ... então creio que... ambos os alunos possam ajudar os elfos em seus afazeres ... acho que vão gostar de perder seu sábado prestando essa ajuda.



Obviamente Carrow I não iria deixar um dos marotos se safar, mesmo não sabendo como ele havia feito para que a Priori Incantato não tivesse surgido efeito na sua varinha.



- Sugiro então... – disse Minerva - ... que para evitar maiores problemas que o Sr. Black fique com o primeiro período e o Sr. Mayfair no último, assim não teremos mais problemas e não correremos o risco de uma explosão acidental na cozinha.



- Bem pensado, professora... – concordou o diretor, mesmo os alunos mais próximos notando que não era exatamente isso que ele queria dizer. – Espero que esteja em condições para pelo menos lavar os pratos na cozinha Sr. Black.



- Darei o meu melhor Sr.... – respondeu o garoto com a maior cara de inocente que conseguiu fazer.



Remus manteve seu semblante sério, mas conseguiu notar que mesmo que inconscientemente, a professora McGonagall tinha mostrado um pequeno sorriso mesmo que quase imperceptível. Carrow I mesmo que contrariado e não querendo demonstrar, olhou em volta mais uma vez e então seguiu caminho pela porta de entrada ao salão com passos firmes.



- Xiiii alguém vai ter uma bela sessão de “desestresse” ... – disse Peter encarando os amigos – não queria ser a pessoa que vai encontrar ele no caminho...



- Muito bem Sr. Black... – eles então viraram e encontraram o olhar de sua professora - ... espero sinceramente que preste muita atenção enquanto estiver na cozinha. Não queremos incidentes, ou pelo menos mais do que já temos.



- Pode deixar comigo... – disse o garoto fazendo uma continência. McGonagall então virou-se em direção a mesa dos professores e se retirou pela porta lateral. Olivia e Emme ficaram encarando de Remus a Sírius sem entender direito o que havia acontecido e então Sírius virou-se para a jovem de cabelos castanhos e olhos verdes e sorriu galante – Aliás minha cara Vance... – então ele passou a varinha por baixo da mesa disfarçadamente - ... obrigada por sua ajuda... não vou me esquecer disso.



- Quer dizer... – murmurou Olivia e Sírius dera um beijo estalado na bochecha de Vance.



- Isso mesmo minha cara Hornby... – respondeu Sírius com um sorriso.



- Você não achou que Black iria dar a sua própria varinha por vontade própria ou achou? – perguntou Remus com um sorriso e Olivia apenas meneou a cabeça – Vocês são terríveis... – disse ela começando a rir.



- E não pense que esse favor foi de graça ouviu? – respondeu Vance guardando a varinha recém entregue – Vai ter de compensar e muito!



- Eu posso dar um jeito nisso... – disse Sírius com um olhar sedutor e dando uma piscadinha.



- Argh... não esse tipo de compensação garoto... – respondeu Vance dando um peteleco - ... estou me referindo a “negócios” e isso quer dizer alguns “itens” que estou precisando enviar e receber se é que me entende...



- Ora... ora... Srta Vance indo pelo caminho dos contrabandistas.... – falou o garoto e ela então sorriu - ... não sabia que estava rebelde a esse ponto.



- Como diria o Remus “Situações extremas pedem medidas desesperadas” – respondeu a menina – Não se preocupe que irei cobrar esse favor quando eu realmente precisar.



- Sabe que estou aqui para pagar qualquer favor que queira... – disse ele e então ela apenas meneou a cabeça e encarou o garoto.



- Você não tem jeito mesmo, não é?



- Eu faço o que posso... – respondeu ele dando uma piscadela.



- E o que não pode também... – completou Remus e Black então caiu na gargalhada. Ter se safado de forma tão brilhante embaixo do nariz do diretor era um feito e tanto, digno é claro de um maroto. Remus sabia que McGonagall mandar seu amigo para a cozinha queria dizer alguma coisa, provavelmente era para ele investigar o sumiço dos pequenos elfos.



- Não me tomes por um bruxo qualquer... meu caro Moony! – respondeu Sírius fazendo a maior e melhor cara de ofendido que conseguiu. – Tenho certeza de que Mimi quer que eu fique de olhos abertos na cozinha... quem sabe até colocar umas “escutas” lá hein?? – então voltou-se para Peter – Ainda tem o nosso suprimento de espionagem meu caro amigo Wormtail?



- Não sei...  – Respondeu o garoto coçando a cabeça - ... desde que a Zonkos fechou em Hogsmeade é difícil conseguir alguma coisa... mas posso ver se consigo algo com outra pessoa.



- Então acho melhor você conseguir o mais rápido possível... – alertou Sírius - ... meus afazeres na cozinha daqui a pouco.... Preciso estar preparado.



Peter então levantou-se assim como Sírius, Remus e Olivia.



- Você não vem Emme? – perguntou a garota.



- Não... podem ir na frente, eu vou passar na Ala hospitalar para ver como está Frank e a Alice... – respondeu a garota fechando um pequeno caderninho.



- Por falar nisso... – Remus agora tomara a palavra - ... como é que ele está?



- Está bem... – respondeu a menina começando a acompanha-los para fora do salão enquanto Peter e Sírius praticamente desapareciam no final do corredor - ... ainda bem dolorido, e diz que tudo o que come parece ter espinhos, mas a Madame Ponfrey disse que vai passar com o tempo.



- Coitado... – comentou Olivia - ... acho que vou até a enfermaria levar alguns doces para Alice se não se importa Remus.



- Não... claro que não... mande um alo para o Frank por mim. – respondeu o garoto dando um beijo no rosto da garota - ... vou ver se encontro os garotos antes que façam alguma besteira.



Sabia que Peter já devia ter se embrenhado por alguma fresta. Correndo como louco, e quase aos tropeços O garoto alcançou Sírius quando este já estava descendo rumo aos porões.



- Porque tanta pressa Moony? – perguntou o garoto. – Achei que ia ver como o nosso ilustre capitão está já que não dá as caras desde ontem a noite.



- Achei mais seguro vir atrás de você do que ir atrás dele... – respondeu Remus escorando-se na parede tentando pegar um pouco de folego - ... além disso, melhor deixar ele por enquanto...



O monitor olhou para o lado e para o outro, Peter não devia estar demorando tanto. Sim ele sempre acabava com a pior parte, ele tinha de concordar. Mas era o único pequeno o bastante capas de passar desapercebido por qualquer brecha que houvesse naquelas paredes. Ele não precisava do mapa para saber onde ir, cansou de perguntar ao amigo como ele conseguia se localizar e ele sempre lhe respondia que “se deixava guiar pelo instinto”. Instinto esse que sempre os alertava para se manterem longe das serpentes.



- Porque é que nosso ratinho está demorando tanto? – disse Sírius vendo alguém se aproximar. Disfarçadamente os dois começaram a conversar e reclamar pela falta de tato dos elfos de trocarem a senha para o acesso a cozinha. O bruxo que então aparecera, vestia as vestes do ministério. Provavelmente mais um dos capangas de Carrow que estava fazendo suas rondas. Ele apenas parou por alguns segundos e encarou os dois. Remus então o cumprimentou com um aceno de cabeça e esticara bem o tronco para mostrar a insígnia de monitor. O homem apenas meneou a cabeça e continuou seu percurso.



- O que foi isso? – perguntou Sírius curioso.



- O fato de estar acompanhado de um monitor meu caro peludo... – disse Remus com um certo orgulho na voz - ... faz com que eu esteja aqui para monitorar seu castigo...



- Nunca mais vou reclamar dessa sua insígnia lobão... – respondeu Sírius. Fora então que viram um pequeno ratinho seguindo para trás de alguns barris e momentos depois um Peter todo arranhado



- É sério Wormital... – começou Sírius – ... se queria inventar uma moda nova, devia ter me pedido ajuda antes... o lance “selvagem” não cai muito bem em você



- Pelas ceroulas de Dumbledore... o que foi que houve com você? – perguntou Remus preocupado.



- Ok... porque ninguém me informou que tem um gato temperamental no dormitório? – perguntou ele praticamente empurrando o pequeno embrulho para Sírius.



- É porque ninguém entra no dormitório feminino... – disse Sírius, nesse mesmo instante o quadro que dava acesso a cozinha girou e uma pequena Elfa saiu.



- Oh... olá senhores... o que posso fazer pelos senhores... – falou ela pomposamente.



- Twingle? – perguntou Sírius espantado encarando a pequena elfa que vestia um pequeno pano rosa parecendo um vestido – Não devia estar no castelo dos Potters?



- Oh jovem mestre Black.... – disse ela o reconhecendo - ... Twingle foi mandada para cá pela senhora.



- Que história é essa? – perguntou Sírius e então Remus tomou a palavra.



- Acho melhor essa conversa ser em outro lugar... – disse ele encarando os companheiros. Rapidamente a pequena elfa entrou na cozinha seguida pelos meninos. A cozinha estava mais vazia do que de costume, haviam poucos elfos e até mesmo o mais ranzinza deles não ligou quando os meninos entraram.



- O que aconteceu com esse lugar... – falou Peter e a Elfa dera um suspiro.



- Os elfos estão com medo meu senhor... – os olhos verdes e esbugalhados dela encheram-se de lágrimas - ... muitos estão desaparecendo...



- É... nós sabemos... – confirmou Remus - ... mas isso ainda não responde o que você faz aqui Twingle.



A elfa então começou a soluçar e escondera seu rosto nas mãos. Os meninos não sabiam exatamente o que fazer. Sírius olhara para Remus indicando que fizesse alguma coisa, porém o garoto olhava para Peter que por sua vez encarava Sírius.



- Er.. você pode nos contar Twingle...  – disse Remus finalmente - ... talvez possamos ajudar você.



- Minha senhora pediu... – começou ela a falar entre um soluço e outro. - ... logo que Jovem Mestre foi para casa, ela instruiu Twingle a vir para Hogwarts e, bem... servir e proteger a jovem senhora...



- Jovem Senhora? – perguntou Remus e então Sírius sorriu.



- Você está falando de Sarah Perks não está? – falou então o garoto -  A Sra. Potter instruiu você a ficar de olho nela e ser sua criada quando ela se fosse.



Novamente a Elfa caiu em prantos entre as mãos.



- Por isso achei o nome familiar quando Sarah disse que um elfo havia lhe ajudado quando viu a lufana morrer – falou Sírius olhando para Remus.



- E os outros elfos dos Potters Twingle... onde é que estão? – perguntou Remus, em sua mente ficara alerta, se por acaso Carrow soubesse de que os elfos dos Potters estivessem no castelo...



- Ciroc e Brutus ficaram tomando conta do castelo... – disse ela limpando o nariz torto e largo com o trapo que havia no corpo – Somente Hooch e Twingle vieram para o castelo. Minha senhora deu ordens específicas para que protegêssemos nossos jovens senhores agora.



- Precisamos falar com James o quanto antes... – disse Remus – Não sei se ele está sabendo desse último pedido da mãe dele...



- Eu tenho que cumprir minha detenção... – disse Sírius - ... Twingle, não é seguro que fique aqui na cozinha... ache o Hooch e se escondam na Torre da Gryffindor.



- Twingle precisa fazer suas obrigações... – falou a elfa mas Remus a interrompeu.



- Então faça suas obrigações na torre da Gryffindor. Sua jovem mestre e o mestre de Hooch estão lá, então você deve obediência a eles. – Então voltou-se para Peter – Leve Twingle e Hooch para a torre da Gryffindor em segurança pelas passagens secretas, em hipótese alguma Carrow pode saber que existem dois elfos domésticos pertencente aos Potter nesse castelo. O garoto então concordou prontamente. – Eu vou atrás de James, não acho que ele saiba que seus dois elfos domésticos estão aqui.



Fosse como fosse, ou quais fossem as razões que os Potters haviam mandado seus dois mais fieis e confiáveis serviçais para o castelo, eles corriam perigo.



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- Você tem certeza do que você ouviu Jorkins? – dizia Anny com um ar duvidoso sentada a um canto da torre da Corvinal. A manhã estava totalmente escura o que dizia que um belo dia chuvoso chegaria.



- Estou te dizendo... Cooper também estava comigo.... ele ouviu tudo – garantiu a menina que falava baixo. O garoto então confirmou com a cabeça. A bela loirinha levara as duas mãos a boca enquanto Pandy apenas encarava os dois de forma enigmatica.



- Tá... – disse ela normalmente como se estivesse falando sobre o clima - ... você quer dizer que ouviu aquelas duas serpentes pençonhentas falando sobre terem matado o nosso professor de História da Magia? – Então Pandy levantou-se e foi até Berta, cheirou o cabelo da menina, pegou sua mão e levantou a manga da mesma – O que você anda fumando por ai?



- Eu não... – ralhou Berta de mal humor. Sabia que sua má fama lhe precedia sempre que publicava algo nos jornais da escola, mas isso não era algo com que ela fosse brincar, Derick também tinha ouvido da própria boca dos sonserinos - ... Quer parar com isso??? – ela então se ajeitou novamente tentando  manter a compostura.



-- Mesmo que isso seja verdade... – começou uma voz masculina do outro lado da sala. Até aquele momento, Berta não havia notado que Erick, o irmão gêmeo de Derick estava na sala também - ... quem lhe garante que os sonserinos não falaram isso porque viram vocês escondidos na passagem?



- Ninguém nos viu cabeça de bagre! – ralhou Derick para o irmão que fizera uma careta e andou até eles – Estávamos vindo de uma aula de Herbologia, a qual temos com os leões, não tinha como essas amebas saberem que estávamos ali.



- Ótimo então sabichão... – retorquiu Erick - ... Como espera provar isso que estão dizendo?



De certa forma Erick tinha razão, Berta sabia que apenas o que tinham ouvido não era prova suficiente, tinha de haver evidências de que eles realmente haviam feito o que diziam ter feito.



- Além disso... – começou Erick novamente - ... peritos foram chamados aqui por Dumbledore na época, acha que dois sonserinos saberiam mais do que experts do Ministério e St Mungus?



A troca de olhares entre seus colegas dizia que por algum momento eles haviam caído em si. Berta no entanto, estava convicta de que os sonserinos não estavam mentindo.



- Ok, eu posso não ter como provar isso “ainda” mas não acho que eles estivessem mentindo sobre isso... – disse a menina agora em pé vendo o olhar desafiador de Erick Cooper bem na sua frente - ... eles até podem não ter matado, mas podem muito bem ter contribuído para isso... e eu não vou descansar até conseguir ir fundo nessa história!



- Tudo bem então... – disse Erick a encarando com seus olhos azuis semicerrados - ... depois não venha reclamar caso a poção exploda na sua cara...



- Ei... ei.. – disse Derick se pondo entre os dois - ... estamos todos no mesmo lado aqui não estamos?



- Nós dois estamos... – respondeu Berta encarando Derick  - ... mas e esse daí?



- O que está insinuando? – perguntou Erick com um ar de ofendido.



- Ahhh tenha vergonha nessa cara... – agora era Pandy quem  tomava a palavra - ... em todas as coisas que fizemos até agora você sempre arrumou uma desculpa para não participar, se está defendendo aquelas minhocas deve estar recebendo alguma coisa delas.... – então ela se pôs de pé e chegou bem perto do garoto que dera um salto - ... é cumplice daquelas cobrinhas por acaso?



- Você bebeu água pestilenta de novo? – perguntou Erick encarando a ruiva. – Pouco me importa o que pensem de mim... mas acho que o diretor está certo quando joga a culpa naqueles leões idiotas... estão sempre tentando ferrar com tudo. E se querem se enfiar nessa onda de imbecis... façam o que quiserem... eu não vou colocar minha vida em risco só porque vocês dois – e apontou para o irmão e Berta - ... ouviram uma mentira nos corredores.



Dizendo isso, Erick saiu da torre com passos firmes e decididos. Berta até estranhou o comportamento do garoto, aliás fazia dias que estava estranhando o isolamento de Erick. Sim ele podia ser um tanto nojento e cheio de frescurites mas nunca o tinha visto aquele brilho estranho no olhar. Chegou até sentir medo do garoto.



- O que foi que deu nele? – perguntou Pandy olhando para os dois – Comeu aquele pão mofado que nos deram de café da manhã?



- Ele tem andando muito estranho esses dias... – Anny comentou enquanto encarava os colegas.



- Estranho não... – disse Pandy – Pra mim anda rastejando com as cobras nos seus ninhos... se é que me entendem...



- Não diga besteiras... – repreendeu Derick - ... estão falando do meu irmão... ele pode ter seus defeitos mas...



- Mas nada Derick... – ralhou Berta - ... por ser seu irmão no mínimo ele devia nos dar apoio, mas pelo visto nós é quem vamos ter de ficar de olho nele...



- Você está suspeitando do meu irmão? – perguntou o garoto incrédulo.



- Perks deixou muito claro que alguém avisou Carrow sobre o que tínhamos planejado com o informativo...  – falou a garota cruzando os braços - ... o único que tem se provado contra a tudo o que fazemos é seu irmão... e a não ser que você queira se juntar a ele e ser excluído da defesa de Hogwarts... acho melhor tomar cuidado no que conta para ele...



Berta detestava ter de bancar a dona da razão e muito menos com Derick, ele sempre tinha sido um amigo devotado e fiel, Erick também até certo tempo atras era de confiança. Não entendia porque o garoto havia mudado tanto. Deixara os amigos com essa dúvida, e tinha certeza de que tanto Pandy quanto Anny também já haviam reparado nessa mudança. Iria ficar de olho no garoto, agora mais do que nunca.


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