Ato de bondade.... ou não?



O dia amanheceu cinzento. Embora os dias começassem a se tornar mais longo e quentes, a falta de vontade de sair da cama de alguns alunos ainda era mais que evidente. As aulas começaram a ficar ainda mais complicadas a medida que o Exame de Níveis Incrivelmente Exaustívos de Magia se aproximava. Embora Sarah tivesse conseguido poções razoavelmente boas com Twingle, a garota não tivera mais “contato” pessoalmente com ela. Tinha de admitir que pelo menos, seus ferimentos devido ao bendito tombo estava melhorando, mesmo que já não estava certa se Twingle era mesmo real. Também tinha o fato de que Remus e Peter haviam perdido o mapa de James, na confusão de serem pegos durante a “Operação Asas” como Peter adorava chamar, foram submetidos a uma “vistoria” e além do pobre garoto se lamentar por ter perdido sua dignidade, sentia mais falta de suas guloseimas.



- Quer fazer um favor de parar de falar sobre isso? – repetiu Remus enquanto estavam sentados em volta da lareira – Quando James souber que perdemos o mapa, ele vai arrancar nossos pelos com uma pinça...



- Deixa de frescura Moony... – agora era Sírius que parecia bem despreocupado com esse fato - ... usamos tanto esse mapa que já sabemos tudo de cor, aliás, aqueles imbecis não sabem como ele funciona, e cá entre nós tudo o que precisamos está na nossa cachola se é que me entendem.



- Não sei como você consegue estar tão calmo... – disse Olivia - ... James desaparecido, estamos praticamente isolados do resto do planeta com um sádico na direção...



- Minha doce Hornby... – disse Sírius endireitando-se na poltrona enquanto recebia um olhar mortífero de Remus - ... relaxa aí moony, é só um elogio.... com a morte dessa texuga, o nosso diretor está tão preocupado em encobrir seus rastros que vai nos dar algum tempo... não precisamos nos preocupar com as ações dele e de seus comparsas pelo menos por uma semana.



- Meus avós sempre diziam que quanto mais calmo riacho... mais fundo e perigoso ele é... – disse Sarah encarando o garoto.



- Não disse que ele é não é perigoso... mas é estúpido... – respondeu Sírius - ... se ele deixou que seus ajudantes matassem alguém por descuido, é estúpido suficiente para se enrolar mais ainda nesse visgo do diabo que ele plantou...



- Por um lado.. meu amigo Padfoot tem razão... – agora era Remus quem tomava a palavra. SE fosse eu no comando, tentaria ao máximo manter as aparências, mostrar que tudo é um complô ou mentiras para me prejudicar...



- Fazer o povo acreditar que ele realmente esta fazendo um bom trabalho quando não está... – concluiu Sarah - ... o que ele não contava era com os empregados incompetentes...



Remus então acenou com a cabeça confirmando. Houve um tumulto na entrada do salão comunal e Sarah pode observar Emme, Alice e Frank entrando pelo buraco do retrato.



- É como se fosse um buraco me entende? – dizia ela gesticulando com uma edição do Profeta diário balançando em suas mãos. – Eu não tive escolha a não ser contrabandear uma edição do Profeta para saber mais detalhes. Ohhh e ai leões...



- Contrabandear? – perguntou Olivia e então o trio recém chegado se aproximou.



- É, por algum motivo ao qual eu não tenho a mais absoluta idéia... – disse Frank sentando-se ao lado de Peter na poltrona puxando Alice para seu colo - ... todas as edições do Profeta Diário estão sendo interceptadas no castelo.



- Mas não era eles os que viviam postando notícias benéficas ao Ministério? – perguntou Peter coçando a cabeça – Achei que eles estavam trabalhando juntos...



- Pois é... mas depois que a texuga foi morta... parece que o Profeta já não está mais encobrindo as “poções derramadas” da Ministra e está havendo um conflito interno...



- É... era de se esperar que a população caísse em cima do principal meio de informações bruxo já que ele era basicamente quem estava apaziguando as mancadas não é... – falou Sírius agora se esticando.



- Bem... se estavam até agora limpando as besteiras do Ministério.... porque agora estariam trabalhando contra ele? – perguntou Alice – Isso não faz sentido...



- Veja por esse lado... – começou Remus a explicar - ... o Profeta é o principal meio de informação dos bruxos... até aí tudo certo, mas se a população mágica percebe que ele não impõe a verdade...



- Ele perde a credibilidade... – disse Sarah - ... assim mesmo com a queda dessa administração maluca que há no Ministério da Magia, ninguém mais vai levar em consideração suas publicações...



- O Profeta rapidamente vai passar de “Profeta” para “Folhetim” – concluiu Sírius – O que não seria má idéia afinal, nunca acreditei no que eles publicavam...



- Por falar em publicações... – disse Peter voltando sua atenção para Sarah – Porque tanto interesse nesse jornal Vance?



- Ahhhh.. – disse ela eufórica colocando o jornal sobre a mesa onde todos estavam- ... dêem uma olhada no que aconteceu essa semana no centro de Londres...



Sarah então viu os amigos se aproximarem com as cabeças e via em letras garrafais o anúncio de um grande acidente no centro de Londres onde o metrô havia descarrilado causando um grande terremoto abaixo da cidade.



- Aqui diz que foi um trem... – disse Sírius – mas não acho que um trem faria algo desse nível vocês não acham?



- Isso é muito estranho... – falou Remus e então Emme sorriu ainda mais.



- É claro que é... estão dizendo que foi obra de bruxos... – então ela se aproximou mais chamando para que se aproximassem mais - ... eu aposto toda minha coleção de sapos de chocolate do mundo bruxo que tem haver com o sumiço do nosso diretor esses dias.



- Bem... não foi ele quem nos pegou... – disse Peter - ... e nem ao menos o vimos até uns três dias depois do ocorrido.



- Se isso é ou não coisa dele... não temos como saber... – disse Remus jogando o jornal sobre a mesa novamente.



– Esperem ai... - Sírius agora puxando o jornal para si e olhando a reportagem menor - ... vocês viram isso? Foi relatado que houve uma discussão e pancadaria antes causada por quatro homens estranhamente vestidos. Só pode ser algo de bruxo...



Foi então que em meio aquela multidão que se mexia na pequena foto Sarah estreitou os olhos, um par de óculos muito familiar parecia tentar se ocultar atrás de um enorme tonel de lixo.



- James? – disse ela e então os outros a encararam.



- Onde??? – perguntou Sírius e ela apontou para o tonel.



- Aqui... veja....



- Mais que filho da.... – começou Sírius.



- Eu disse que ele estava atrás do Lord das trevas... – disse Sarah interrompendo a fala de Sírius - ... e se ele estava lá...



- Pode apostar que os camaradas do Lord também estavam... – disse Remus finalizando.



“Atenção todos os alunos, compareçam ao salão principal para o almoço e avisos do Sr. diretor e Ministerial Amycus Carrow.”



- Bem... falta uns quinze minutos para o almoço... – disse Sírius – melhor irmos...



- Vamos então... – disse Remus e todos concordaram. Não sabiam qual era o recado que o Sr. Diretor de Hogwarts iria lhes dar mas tinha suspeitas de que não seria nada agradável. Assim como todos os alunos, Sarah se dirigiu com Olivia, Peter, e Remus. Por James não estar na escola, Sírius achou melhor procurar a professora McGonagall e mostrar-lhe o que haviam visto nos jornais. Talvez alguém da Ordem pudesse trazer aquele cabeça oca de volta ao castelo sem que Amycus descobrisse realmente a verdade. Se é que ele já não sabia dela. Assim que todos estavam devidamente sentados, Amycus aproximou sua varinha da garganta e sua voz retumbou pelas paredes de pedra.



- Que bom ver toda essa juventude enfim reunida para uma das principais refeições... – dizia ele enquanto Sarah trocava olhares interrogativos com os amigos. - ... como todos sabem, na próxima semana nossa escola terá a companhia de doze bruxos, os quais iram aplicar o exame de Níveis Incrivelmente Exaustivos de Magia. Devido a todo esse stress que nossos setimanistas vem tendo por conta dos estudos, nossa Ministra da Magia e o conselho Merlinico decidiram que seria de bom tom que nossos alunos pudessem aproveitar um dia de diversões em Hogsmeade no próximo final de semana.



- Hã??? – gemeu Olivia e então encarou Remus – Depois de todos esses meses tornando nossa vida um inferno?



- Ele somente está querendo pagar de bom bruxo na frente dos pais e da comissão internacional... – murmurou Remus sem desviar o olhar - ... a morte da lufana foi a gota d’agua para muitos bruxos.



- E ele acha que “liberando as visitas” vai cair nas graças do povo outra vez? –perguntou Sarah – Não acho que as pessoas sejam tão burras a esse ponto...



- Não... – disse Remus - ... os bruxos não são, mas ele vai ter de correr atrás do prejuízo, olhem a marca que ele tem no pescoço.



Sarah então estreitou os olhos, embora a gola da camisa de Amycus estivesse extremamente bem alinhada, havia uma marca arroxeada visível próximo a sua mandíbula.



- Aposto com vocês que aquilo é a marca de um “beijo” do seu mestre... – disse Remus enquanto ouviam a voz de Amycus falsamente amável dizer que estavam todos dispensados após o almoço. A garota ainda olhou mais uma vez para a mesa dos professores onde sem querer observou seu diretor a encarando, tinha a mais absoluta certeza de que havia algo por trás dessa “súbita generosidade” só não sabia dizer o que.



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Quando Minerva saiu de seus aposentos naquela manhã, seu estomago estranhamente se contraiu. Não tinha noticias de Albus, ou qualquer outro membro da Ordem, Lorigan por sua vez estava desaparecido a meses sem nem ao menos um sinal de fumaça sobre sua segurança. Isso realmente a estava preocupando sem contar que o breve sumiço de Amycus havia lhe despertado uma desconfiança sem tamanho. Em sua mente tentava com todas as forças traçar uma estratégia para impedi-lo de conseguir o que pretendia, mas estava realmente ficando sem idéias, sem mencionar que o cerco estava se fechando. Sentindo um certo desconforto pediu para que um dos elfos lhe trouxesse alguma poção revitalizante de Madame Ponfrey. Sua fiel amiga sempre lhe ajudava nessas horas e era uma das poucas a quem ela se sentia confortável em conversar. Também o fato de ter Sarah Perks sob sua responsabilidade, acabou, como diria Pomona, lhe baixando a guarda. Podia até tentar mas se via muito em Sarah Perks, sua determinação, sua força de vontade... sua responsabilidade para com os amigos era indiscutivelmente idêntica a sua. A quem diria que se algum dia tivesse uma filha, duvidava que esta fosse tão parecida geniosamente falando, com ela quanto Perks. E também não achava justo a pobre garota não ter notícias sobre as buscas sobre seus avós. Obviamente já a essa altura haviam suspendido qualquer auxílio ou ajuda e o nome dos Perks era mais um na lista de desaparecidos do Ministério. Não entendia porque Amycus Carrow, depois de tocar o terror no castelo agora pedia-lhe para fazer um discurso sobre a jovem que tinha acabado de aparecer morta.



- Chutaram Dumbledore por muito menos... – dizia ela enquanto olhava para os lados. Foi então que ouviu uma pequena batida na porta.



- Pediu para que eu viesse Minerva? – era Pomona Sprout, professora de Herbologia e diretora da casa dos texugos.



- Sim, sim... – disse ela fazendo um aceno com a mão pedindo para que Sprout entrasse - ... queria que me ajudasse. Carrow irá fazer um “pronunciamento” logo mais na hora do almoço e bem, como não conhecia a Srta Hookum então...



- Oh... sim... – respondeu Pomona com um olhar triste e a voz um tanto embargada - ... posso ajudar-lhe com isso.



Minerva tinha consciência de que estava pedindo demais para sua amiga, mas não tinha muitas opções. Realmente não conhecia os alunos de outras casas tão bem quanto aos de sua própria. E tinha certeza de que apesar da dificuldade, Pomona faria um trabalho muito melhor do que ela. Após algumas horas de trabalho, e obviamente muitas lágrimas, conseguiram terminar.



- Muito obrigada Pomona... creio que os pais da Srta Hookum irão ficar muito orgulhosos por terem uma filha como ela. – disse Minerva ajeitando o pergaminho e encarando a professora.



- Acho que preferiam ter a filha com eles...  – respondeu em meio a um soluço - ... mas ela com certeza esta num lugar melhor que nós.



- Pode ter certeza disso... – finalizou Minerva.



Faltavam alguns minutos para a hora do almoço quando Minerva entregara o pergaminho com as palavras gentis de Pomona para um “ajudante” do diretor. O qual nem fizera questão de agradecê-la, não que ela esperasse algo do gênero mas a cortesia entre bruxos era algo que ela prezava, embora já estava bastante em desuso ultimamente. Seguiu pelos corredores até chegar ao salão principal. Obviamente já estavam todos reunidos para o almoço e claro, Amycus estava vestido com uma túnica negra assim como todos os detalhes de costura e bordados em preto. Seu olhar fixo na porta de entrada enquanto os alunos chegavam silenciosamente ao salão principal. Minerva sentou-se como sempre ao lado de Flitwick e Slughorn enquanto via, em um pequeno lugar ao lado o casal Hookum. Já os havia cumprimentado mais cedo naquele dia, mas estava esperando para ver qual seria a cena que Amycus Carrow faria diante, ao que ela pode notar, alguns bruxos do ministério estavam presentes.



O bruxo então vendo que a comitiva do Ministério, assim como alguns membros da mídia bruxa estavam presentes, levantou-se e com a varinha em sua garganta e então começou o espetáculo.



- Daisy Morsten Hookum, foi a mais excepcional, digna e honorável das bruxas – dizia o bruxo com sua voz calma e comedida. - Com aqueles aos que ela amava, era impecavelmente gentil, leal, e prestativa. Com aqueles que mereceriam a sua ira, sempre foi justa, persistente e quando era necessário, feroz. Poucos dos que a vimos crescer teríamos suposto que esta jovem de fala suave, até mesmo engraçada, um dia se enfrentaria ao maior inimigo de seu tempo.



Minerva fechara os olhos e respirou fundo, primeiro porque ele JAMAIS tinha se quer tido contato com a jovem, em segundo, Pomona, assim como ela e outros professores é que a viram crescer... e de que espécie de “inimigo” ele estaria falando?



- E ainda assim ela o fez, firmemente, e com o tipo de calada coragem que vem só depois de ter amado bem e ser bem amada em troca. – Amycus agora dera um olhar para o pobre casal, cuja esposa soluçava descontroladamente. - Durante sua curta vida, Daisy... viu coisas grandiosas e porque não dizer... confusas. Na sua família... – então ele fizera uma pausa respirou fundo e continuou - ... encontrou o mais puro dos prazeres e, mais importante, era o tipo de pessoa que sabia como se divertir. Afinal... ela era apenas uma jovem bruxa com tantos anos pela frente... Futuro.... bem o que falar sobre o o futuro... o que saber sobre a mente dessa pobre jovem? Que estava prestes a fazer os seus NIEMS? Que testemunhou a mais horrível das provas porém não suportou os maiores sacrifícios?



- Mas do que é que ele está falando...  – ouviu a voz de Pomona e então trocou olhares com ela, isso não era o que elas haviam escrito.



- Bem... todos aqui presentes sabem que o ódio não pertencia a esta jovem. O vicio e o defeito talvez não lhe conheciam. A corrupção não podia subjulgar-lhe. – Então Amycus dera alguns passos para frente no patamar e encarou os presentes - ... ou talvez estivesse tão ávida por sucesso em seus exames... que, bem... não conseguira a ajuda necessária... – Então olhou para todos os alunos presentes - Há bruxos e bruxas que dedicam suas vidas à justiça, que estudam e planejam, que ocupam grandes cargos. Há bruxos e bruxas que procuram poder e influência, que se elevam a posições de grande autoridade e tomam decisões transcendentais. E há pessoas que dedicam suas vidas a se treinar para a guerra, cujas habilidades com a espada e a varinha são lendárias, que são os primeiros na batalha e os últimos na retirada. Daisy Hookum não era nenhuma dessas pessoas. Ela era melhor. Sua benevolência não surgia da culpa. Sua posição não nascia do orgulho. E sua luta não foi uma busca de glória.



- Quando é que esse circo irá terminar... – balbuciou novamente Minerva, embora ela tivesse ajudado Pomona a escrever o discurso, tinha lá suas dúvidas se era realmente as palavras que elas haviam colocado no papel. A maneira debochada com que Amycus encenava tais palavras era grotesco e ofensivo, pelo menos para ela.



- Com seu forte coração, era sem esforço o que a maioria de nós tentamos ser por pura força de vontade. Era uma jovem sem malícia. Uma bruxa de dever e lealdade. Uma jovem com a força da justiça e do amor. Mas, acima de tudo, Daisy Hookum... era uma filha, uma irmã... uma amiga... – Então falsamente Amycus abaixou o olhar, fingiu um soluçar e então concluiu – Daisy Hookump era o melhor da sua raça. E vamos sentir sua falta.



No silêncio que seguiu, Minerva cerrou os olhos enquanto observava qual seria a atrocidade que sairia da boca de Carrow. O diretor então respirou fundo, e continuou.



- Eu sei... embora vocês alunos possam achar que não... mas eu compreendo a pressão que estão passando... também sei o quanto é importante para a carreira de um bruxo obter resultados bons para seu precioso futuro... – dizia o diretor - ... mas nem por isso devem se submeter a poções ou feitiços dos quais vocês não saibam a procedência. Não tomem decisões precipitadas... ou façam nada impensado! Não se precipitem como a doce Srta Hookum... vocês tem uma vida looonnngaaa... pela frente...



A cada palavra que Amycus Carrow dizia, fazia seu estomago de Minerva revirar. Via Pomona mais ao lado se contorcer diante das invenções que o diretor dizia diante a todos da escola. Estava pronta para se retirar, não ia agüentar nem mais um minuto as baboseiras daquele inútil.



- Foi pensando nisso... – continuava o diretor - ... que pensamos em “aliviar” toda essa pressão sob seus ombros meus caros alunos... com uma visita ao povoado visinho para um dia de divertimento e distrações que aposto farão muito bem aos senhores e vossos cérebros confusos.



Minerva remexeu em sua cadeira agora, durante todo o ano Amycus proibiu a visita ao povoado, porque estaria liberando ela agora? Isso não fazia sentido algum!.



O Clamor de aprovação vindo por parte dos alunos foi audível. O que fez com que ela encarasse novamente os colegas de mesa que também pareciam surpresos com a súbita mudança. Não pode deixar de ficar atenta pois Amycus Carrow era um estrategista, não dava um único passo sem ganhar algo ou levar vantagem. Isso era muito suspeito.



- Espero... com toda a sinceridade... – disse Amycus levando a mão ao peito e encarando os alunos - ... que isso amenize um pouco a carga sobre seus ombros, e retornem a escola após o passeio mais alegres e motivados. Obrigada e podem usufruir do nosso banquete.



Minerva preferiu não comer, estava enjoada demais para engolir alguma coisa. Como ele ousava insinuar que uma aluna tivera a idéia de usar alguma poção ou experimentar algum feitiço? Via nos olhos de Pomona a fúria que esta continha, até que ela se levantou e seguiu seu caminho para fora do salão. Ela fez o mesmo, estava enojada demais para conseguir se quer encarar Carrow. Não sabia o que exatamente ele estava planejando, mas tinha algo muito errado, disso ela tinha a mais absoluta certeza.



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A semana passou tão rapidamente quanto se era possível, em meio a revisões de Transfiguração, a qual sua professora McGonagall estava um tanto quanto mais exigente do que antes, Sarah conseguiu transformar uma tartaruga em um botão com facilidade. Já na aula de Feitiços, o professor Flitwick continuava o mesmo. Tomava sim cuidado com o que ensinava sob supervisão mas conseguia passar aos alunos o que pretendia de modo sutil. Slughorn, seu professor de Poções permanecia o mesmo quando o assunto era sua matéria, contudo ficara bastante curioso em saber porque James Potter, seu principal pupilo não estava presente em sua aula. Claro que Sírius com sua capacidade enorme de “enrolar” conseguiu reverter a curiosidade do professor. Muito embora o olhar acusador dos sonserinos dissessem que era tudo uma mentira das mais fajutas que possa existir. Depois de duas horas naquela sexta feira com a professora Sprout e suas ervas, Sarah voltou a torre dos leões com o rosto sujo de terra e cheirando a bosta de dragão.



- Me lembre de que preciso urgentemente de lavanda para minhas loções... – disse ela para Olivia enquanto a porta do retrato se fechava atrás de si, tinha essa mania de fabricar suas próprias poções de beleza, talvez fosse porque tinha vários tipos de alergia quando mais nova obrigando que sua avó fizesse remédios caseiros.



- Pode deixar...  – respondeu Olivia - ... você não está achando essa história de “bom samaritano” do nosso diretor um tanto suspeita?



- E quando é que ele não faz algo com segundas intenções? – disse Sarah começando a tirar a blusa que estava com uma aparência escura devido a sujeira. – Eu sei o que eu vi Oli... eu vi dois alunos lançando a maldição da morte em Daisy...



- E teria sido a próxima... alguém já te disse que você é um imã para confusões? –perguntou Olivia pegando uma toalha e indo para o banheiro.



- Eu sei... mas não é por vontade minha... as coisas simplesmente vem atrás de mim... as confusões é que me acham... eu juro...



O banho fora longo e demorado, era um tanto difícil tirar toda aquela terra sem mencionar o cheiro de adubo. Alguns minutos mais tarde fora se sentar em volta da lareira com Olivia, Peter, Remus absortos em uma conversa a qual estava os deixando inquietos.



- Mas qual é o plano então? Ficar posando de “bom bruxo” aos olhos dos outros? – perguntava Peter encarando os companheiros.



- Como disse a Oli mais cedo... Carrow não é do tipo de bruxo que faz as coisas sem ter uma “segunda intenção” por traz... – disse Sarah e Sírius prontamente concordou. – Nisso eu tenho de concordar... ele não dá ponto sem nó como diria os antigos...



- Mas o que ele está tramando com esse “surto de bondade”? – perguntou Olivia.



- Bem... se eu fosse bom em prever o futuro... já tinha ganho na loteria... – disse Peter.



- Por falar em loteria... – disse Sírius - ... por acaso alguém mais além de mim está preocupado com o galhudo?



- Todos estamos... mas se ele não quer ser encontrado... não temos como ajudá-lo... – agora era Remus quem falava, seu tom era sério e também preocupado - ... digo, conhecendo James como o conheço, só irão encontrá-lo SE ELE quiser ser encontrado.



Realmente nisso Remus estava realmente certo. James Potter era tão sorrateiro e liso quanto as prateleiras de azevinho da biblioteca. E se ele realmente estava a procura do Lord das trevas, bem, não havia muito que ela pudesse fazer.



- Acho melhor irmos então... – disse Remus a Olivia - ... não quero ficar mais nem um minuto nesse lugar já que o “anjo de bondade” parece ter tocado nosso diretor.



- Você vem Sarah? – perguntou Olivia.



- Podem ir na frente... – disse ela.



- Não vamos deixar você ir sozinha... – respondeu Olivia e então Sírius e Peter se levantaram. -  Quem você acha que vai acompanhar essa bela leoa?



- Ok.. ok... não está mais aqui quem perguntou... – falou Olivia começando a rir – Vejo então vocês no Três vassouras...



- Estaremos lá... – disse Sarah com um sorriso. Não que estivesse muito interessada em ir, afinal não queria ficar no castelo mas também não queria ficar empatando Lupin e Olivia quando passavam tão pouco tempo juntos. Mais ou menos meia hora mais tarde, Sírius, Peter e Sarah se encaminhavam para pegar as carruagens.



- Eu estou falando... – dizia a menina enquanto conversava com Peter sobre os Niems. – A questão vai ser em “quem” será nossos avaliadores... não vai adiantar morrer estudando se pegar um...



Sarah de repente parou a meio do caminho com os olhos arregalados e uma expressão de preocupação no rosto.



- Sarah? – prontamente se aproximou Sírius e então olhou na direção em que a jovem olhava. – O que foi?



Sem conseguir falar, a garota levantou a mão para frente apontando para o coche vazio.



- Não estou vendo absolutamente nada... – disse ele então parando na frente da garota que parecia apavorada. - ... já sei... está fazendo charminho né? Não precisa... – ele então jogou o braço sobre os ombros dela com um sorriso e fala galante - ...você sabe que ocupa o primeiro lugar no meu coração...



- Vocês não estão vendo? – disse ela agora saindo de seu torpor e encarando os dois – Tem animais muito estranhos puxando essas carruagens...



Foi então que Frank apareceu com Alice em um de seus braços e encarou Sarah e então olhou para as carruagens.



- Oh isso??? – disse ele normalmente sem espanto – São Testrálios...  Hagrid disse que a escola tem criação deles...



- Isso são... – começou a menina tentando encarar, nunca tinha visto algo tão estranho e de certa forma amedrontador antes. Sem falar sobre o fato de ser imensamente assustador.



- Testrátlios... uma espécie de Cavalo alado. – retomou Frank - .Não tenha medo... eles são bem dóceis e amigáveis, digo... para quem consegue vê-los...



- E desde quando é que eles começaram a puxar as carruagens da escola? – perguntou a garota.



- Hummm ... – gemeu pensativamente Frank e então sorriu - ... desde sempre eu acho... digo, até onde sei os testrálios só ficam visíveis para os bruxos se estes viram a morte...



- Como é que é? – perguntou Sírius.



- É tipo...  – começou Frank - ... eu por exemplo os vejo desde que entrei em Hogwarts... no inicio me enchiam de medo. O professor Dumbledore então me perguntou se por acaso eu tinha visto alguém morrer... eu respondi que sim afinal, vi meu avô meio que explodir junto com um caldeirão quando era pequeno... e ele sorriu e isso me tranquilizou... – ele então chegou perto de Sarah curioso - ... E você Perks... quem você viu morrer?



- Bem... eu... – começou a dizer a garota mas Sírius os interrompeu.



- Que importa isso... só sei que estamos perdendo um tempo valioso... eu não sei vocês mas quero ir logo beber uma cerveja no três vassouras... – disse ele.



- Sei... você quer ir ver os quadris da Madame Rosmerta que eu sei... – falou Peter.



- Eu???? – fingiu Sírius um espanto que Sarah sabia que ele jamais em sua vida teria. Rindo e completamente agradecida, a garota subiu na carruagem mas embora a conversa fosse descontraída. Ela não conseguia tirar os olhos dos cavalos esqueléticos a sua frente. A forma como andavam era um tanto desajeitada mas ao mesmo tempo hipnótica. Sua pele extremamente negra e tão rente aos ossos que a garota pensava se existia algum músculo ou carne por baixo delas. As cabeças semelhavam a de dragões, e os olhos, sem pupilas, eram brancos e fixos sem mencionar as longas crinas negras brilhantes  Das espáduas saíam duas asas enormes e negras que pareciam pertencer a morcegos gigantes.



- Eu não sei vocês... – ouvia vagamente a voz de Frank que conversava animado com Sírius - ... mas eu preciso muito encher a cara!



Embora Sarah estivesse intrigada ainda com o animal recém descoberto, decidiu que era hora de começar a tentar se divertir pelo menos nessas poucas horas as quais “misericordiosamente” seu diretor havia lhes proporcionado. Era estranho voltar ao vilarejo depois de tanto tempo. Ele estava literalmente parecendo uma cidade fantasma. Não se via muitas lojas funcionando a não ser o Três vassouras no final da rua, os correios e uma pequena loja que mais parecia um quartinho de dispensa cheios de caldeirões. Não quis comentar o aspecto do vilarejo mas Alice foi quem chamou atenção do jeito mais dramático que a garota já tinha visto na vida.



- O QUE??????? – disse ela apontando para o outro lado da rua onde havia uma enorme placa cobrindo a porta de entrada. – NÃO ACREDITO!!!!



- Que foi que deu nela? – Sarah ouviu a voz de Peter e então um senhor que estava passando a encarou preocupado.



- Aconteceu alguma coisa minha jovem? – perguntou ele.



- Cadê a DEDOS DE MEL? – perguntou ela em tom de urgência.



Foi então que todos se deram conta de que aquela loja abandonada era a antiga loja de doces, a qual todos frequentavam.



- Ora minha menina... – começou o homem – Com o sumiço dos alunos do vilarejo, não tinha mais motivos para o velho Flume manter ela aberta. A loja no Beco Diagonal está mais movimentada do que essa daqui.



Realmente o vilarejo estava tão sombrio e desértico que quem o visse agora duvidava que alguma vez já fora tão belo e vivo. Obviamente nos dias atuais poucos se arriscavam a dar as caras livremente como antes, e Sarah sentia até um certo pesar por isso. Lembrava-se da primeira vez que estivera ali com seus avós, quase enlouqueceu os dois com tantos pedidos de doces, e também da primeira vez que viera ao vilarejo com James. O motivo de ter recordado disso agora é que ela não entendia. Meneou a cabeça voltando a sua atenção a Sírius que estava a sua frente.



- Ei... Leoa? Está tudo bem?



- Ah sim... só estava lembrando que tenho que passar na bótica... isso se ela ainda estiver ativa não é? – disse ela.



- Quer que eu vá com você? – perguntou ele gentilmente.



- Nahhh... pode ir seja lá onde for com o Peter... eu vou lá rapidinho e apareço no três vassouras a tempo de tomar uma bela cerveja amanteigada... – disse ela com um sorriso. Sabia que Sírius provavelmente tinha combinado alguma coisa com garotas e ela não ia atrapalhar os planos dos amigos, ok, também iria demorar um pouco pois fazia dias que Remus e Olivia não ficavam sozinhos ou tinham um “encontro decente”.



- Ok então... – disse Sírius a olhando dos pés a cabeça parecendo desconfiado - ... nos avise caso aconteça alguma coisa.



- Relaxa Cachorrão... o que poderia acontecer com tantos professores nos monitorando? - disse – ela com um sorriso.



- Olha... me chamando de cachorrão... – disse ele sorrindo marotamente - ... se continuar assim eu me apaixono...



- Ué... achei que era a primeira da lista? – respondeu ela correspondendo a brincadeira.



- E é... mas sei que nesse coração tem um galhudo metido a besta ocupando a maior parte dele... – disse o garoto com um suspiro - ... toma cuidado...



- Pode deixar... – respondeu ela dando um beijo estalado na bochecha fria de Sírius. - ... aprendi alguns truquezinhos com vocês e vocês também tomem cuidado... principalmente o Senhor, Sr. Black... acha que não ouvi comentários sobre uma “possível poção do amor” com seu nome nela?



- Ah isso? – então sacudiu os ombros despreocupado – Tenho me esquivado delas desde meu terceiro ano...



- Bem... as artimanhas femininas do sétimo ano são bem mais elaboradas que as do terceiro... pode apostar... – respondeu Sarah se afastando e sorrindo ao mesmo tempo que lançara uma piscadela ao garoto. Este dera uma gostosa gargalhada e então se afastou com Peter na direção oposta.



 



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O vento morno açoitava as vidraças de um pequeno cubículo no final da rua principal de Hogsmade. Isso era sinal de que o verão estava chegando cada vez mais feroz aquele ano. Embora os vidros estivessem cobertos de poeira, dava-se para ver  a movimentação no início da rua principal. A volta dos alunos ao vilarejo parecia tornar mais alegre aquele monte de destroços. Ao longe era possível ouvir os risos e gritos dos jovens que ali perambulavam. Muitos curiosos por saber como aquele vilarejo cheio de lojas e alegria tinha virado sombrio e escuro, como uma cidade abandonada. Um homem magrelo e maltrapilho estava sentado apenas observando a de dentro de uma das muitas lojas abandonadas do vilarejo.



- Me explica mais uma vez.... – dizia uma voz esganiçada que vinha de traz de um balcão  - ... porque raios temos que roubar uma adolescente mesmo?



- Porque o chefe precisa da joia que ela carrega... – respondia mal humorado o homem magro que ainda olhava pela vidraça.



- E me diga porque nós não ficamos com essa joia se é tão valiosa assim... – tornava o outro a perguntar.



- Se você quer amanhecer como um inferi andando por ai comendo coisa morta... – respondia o outro sem desviar o olhar da rua - ...então experimente...



- você sabe a quem ele serve, e também viu o que ele fez com o Farrigan... está mesmo querendo arriscar?



O outro homem então saiu de trás do pequeno balcão e se posicionou atrás do outro que estava sentado, sua aparência era de alguém doente, ou tão próximo de se estar morto de fome, os ossos da face bastante destacados, assim como suas orelhas. Seu queixo pontudo assim como os dois dentes grandes e seu nariz minúsculo dava a impressão de que ele era muito parecido com um rato.



- Não sei porque nos arriscar... se nos pegarem.... – disse ele e então o homem que estava sentado virou-se e lhe encarou.



- Já lhe disse uma vez e eu vou repetir – disse o homem o encarando com um olhar de poucos amigos – O chefão QUER a joia... e se ele             QUER essa joia, a gente pega para ele entendeu?



- Ok... ok... não precisa se zangar... – disse o outro levantando as mãos em sinal de rendição. – Só acho que é arriscado pegar algo de uma estudante assim com o dia claro e na frente de tanta gente...



- Por isso mesmo estamos aqui energúmeno... – então voltou-se para a janela e conseguiu ver um vulto se aproximando e então ficara em alerta - ... ali... olhe...



O outro inclinou-se para olhar pela pequena vidraça imunda, onde havia apenas um pequeno pedaço limpo onde era possível observar a rua. Uma jovem de cabelos castanhos e longos seguia pela rua calmamente, olhava as lojas cujas fachadas estavam destruídas e outras trancadas. Parecia procurar alguma loja em especial. – É ela? -  perguntou o homem e o outro confirmou já colocando um pano cobrindo parcialmente o rosto. – Vamos lá....



Os dois saíram pela porta dos fundos que dava ao intenso matagal que acompanhava a rua. Tomaram é claro todo o cuidado que conseguiria alguém tomar enquanto andavam em meio as bordas da floresta. Não distante o suficiente para perder a jovem de vista mas também não tão perto a ponto de serem surpreendidos. A menina então parou por alguns segundos e virou-se para trás, talvez tivessem feito algum barulho ou ela estivesse esperando alguém. Rapidamente os dois se jogaram praticamente atrás de uns arbustos e continuaram a espreita até que ela pareceu-se convencida de que não tinha nada de mais ali.



- Essa foi por pouco... – disse um deles, mas o outro não dera importância, estava mais preocupado era se alguém os visse pegando a garota. - ... o que vamos fazer?



- Estou pensando... – ralhou o outro um tanto quanto irritado. Ele mesmo não tinha muita idéia do que faria. Estava ciente de que se ela gritasse os dois estariam perdidos, pois mesmo as ruas estando “desertas” haviam professores e outros alunos transitando, alguém viria em seu auxílio, isso era fato. Tinham de ser rápidos e o mais eficientes e conseguissem. A menina era uma bruxa e até onde ele sabia uma das mais “espertinhas” de acordo com o seu chefe. Todo cuidado era pouco.



- Venha... eu tive uma idéia.... – disse ele batendo no ombro do companheiro e seguindo mais para dentro da floresta.



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Sarah andava calmamente pela pequena ruela do vilarejo, vez ou outra sentia um arrepio em sua nuca mas estava passando por tanta tensão que já não sabia dizer realmente se realmente existia um problema ou era apenas coisas de sua cabeça. Vez ou outra era compelida a olhar para trás mas nunca vendo se quer uma sombra.



- Deixa disso garota.... – falou ela baixinho tentando tirar os maus pensamentos da cachola. Não teriam ladrões naquele vilarejo a uma hora daquelas ou teria? Decidiu então continuar seu trajeto, não estava muito longe da bótica e precisava completar seu estoque para as poções que costumava fazer. Não podia também negar que estava com um certo “pressentimento” estranho, desde que colocara o pé para fora do castelo, algo lhe dizia que esse passeio ao vilarejo não era algo normal, o que sempre lhe matutava em seu cérebro “porque você não ficou no castelo Perks?”. Mas como sempre, a vozinha em sua mente lhe dizia que eram apenas caraminholas, que essa mania de perseguição estava virando uma obsessão sem sentido, afinal, o que eles iriam querer com ela? Já não estava com James Potter, não podia ser mais considerada uma “moeda de troca” valiosa. Então porque se privar de um pequeno passeio para clarear as idéias? Estava próximo a antiga loja de penas quando ouviu o som de um galho se partindo. Virou-se repentinamente em direção ao som mas não viu ou ouviu ninguém. Com a varinha bem segura entre seus dedos e oculta sobre a capa, a jovem continuou andando.Dera mais alguns passos e então viu um vulto aparecer diante do seus olhos saído de trás de uma árvore.



- Ora... ora... – disse o homem a sua frente. Ele vestia um sobretudo sujo e rasgado, também tinha umas luvas onde faltava alguns dedos, sem mencionar o capuz sobre seu rosto. Mal ela conseguia ver a barba se mexendo enquanto ele falava – o que faz uma flor perdida nesse caminho escuro?



Sarah tentou ao máximo manter a calma e parecer o mais inocente que podia conseguir, afinal, não estava fazendo nada de errado. Se tinha alguém fazendo algo suspeito ali era ele.



- Bem... er... apenas seguindo meu caminho Senhor... – disse ela tentando parecer firme - ... e acho que o senhor também poderia seguir o seu.



- E não é que esse pequeno floco de neve é corajosa? – foi só então que ela ouviu a voz vindo de trás dela, havia mais um estranho, também escondido para que ela não pudesse lhe reconhecer. Mais que depressa Sarah puxara a varinha, eles não pareciam bruxos mas não sabia que Hogsmeade sendo um vilarejo bruxo agora abrigava trouxas.



- Eu não quero problemas... – disse ela rapidamente - ... e se fossem mais espertos dariam meia volta...



- E o que a donzela pensa em fazer? – respondeu o primeiro agora apontando a varinha para ela.



- ESTUPEFAÇA! – gritou Sarah mais que depressa e ele bloqueou o feitiço tão rapidamente quanto ela tentava correr. O outro homem tentou segura-la mas foi em vão. Sarah era muito habilidosa com uma vassoura e não era muito diferente sem ela. Desviara o quanto pode desatando a correr na direção central do vilarejo, obviamente alguém lhe ajudaria. Nisso viu um raio roxo passar zumbindo em seu ouvido e abaixou-se. Dera uma olhadela rápida para trás e vira o homem de sobretudo ainda correndo atrás dela, lançara mais uma vez um feitiço, dessa vez um atordoante mas ele novamente desviou-o com a varinha. Não havia sinal do outro. Foi então em meio essa corrida que ela bateu com tudo em algo, e isso a fez cair sentada para trás com o impacto. Ainda meio atordoada sentiu alguém a segurando pela gola da camisa e o bafo fétido do “homem sumido” em sua frente.



- Onde pensa que vai mocinha? – ouviu-o dizer e então virara o rosto.



- Alguém já lhe disse que é muito bom escovar os dentes de vez em quando? – respondeu ela não demosntrando o que sentia.



- Valente você é? – respondeu ele enquanto o outro parecia chegar mais lentamente.



- O que raios vocês querem? Ouro? – perguntou ela mas apenas ouviu um “esgar” do que parecia uma risada.



O recém chegado então segurou-a pelos braços a imobilizando enquanto jogava sua varinha para longe. O outro então puxou seu cabelo a fazendo erguer o pescoço e ela sentiu que havia alguma coisa muito errada ali. Ele então examinou detalhadamente seu colarinho e então pegara seu pendente da AG e praticamente o arrancara do seu pescoço com um único puxão.



- Aiiiiii... – gemeu ela e então o que a estava segurando a jogou para o lado oposto de onde estava sua varinha e ambos então saíram correndo em disparada para o centro da mata. Sem entender absolutamente nada do que havia acontecido Sarah levantou-se e ficara olhando por alguns segundos as sombras das árvores pelas quais os dois ladrões haviam desaparecido. Sim estava tentada a ir atrás e saber o que é que eles estavam planejando, mas pela primeira vez em sua vida decidiu não meter os pés pelas mãos, estava sem varinha, e já era uma sorte eles não terem a enfeitiçado. Ainda sentindo o pescoço arder pelo puxão que o troglodita dera-lhe para arrancar seu pendente, Sarah começou a procurar onde tinha caído sua varinha. Não podia demorar mais do que já havia demorado. Primeiro porque com certeza Olivia, Remus e os garotos iriam encher-lhe com tantas reclamações e avisos, e em segundo, porque levar um pequeno pendente sem valor? Ela carregava ainda em suas orelhas os brincos de ouro que Sra. Potter havia lhe dado, e no entanto, eles nem se quer se voltaram a isso.



Dera mais alguns passos e então avistou sua varinha entre os galhos verdes de uma samambaia selvagem. Era melhor se apressar, não queria dar de cara com eles outra vez. Rapidamente e ainda confusa com o que acabara de acontecer, a jovem atravessou correndo a pequena rua saindo na praça central do vilarejo. 


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