TIO E SOBRINHO
CAPÍTULO 12
TIO E SOBRINHO
Instalados em um apartamento no Beco Diagonal, Harry e Tom ocupavam-se de desfazer as malas e guardar as roupas. Bem, com magia, não ficava nada difícil. Depois que tudo estava em seu lugar, sentaram-se nas poltronas da sala e abriram duas cervejas amanteigadas.
_Ao lar doce lar, Harry Potter.
_Ao lar doce lar, Voldemort. _ com esse brinde, deram por realizado o “open-house” _ E com o suporte financeiro dos Chudley Cannons.
_Uma cobertura perfeita, Harry Potter. Poderemos planejar nossos próximos passos e resolver como vamos infernizar a vida dos Nazistas.
_Uma tarefa de máxima importância será descobrirmos o que realmente pode ser o “Sino” e como ele poderia nos ajudar.
_É certo que teríamos de dar um jeito para que ele fosse destruído, logo após. É apenas teórico, mas ele certamente é perigoso demais para ficar tanto com os Nazistas quanto com os Aliados.
_Assim como o “Raio da Morte” de Tesla, cujos projetos Dumbledore queimou. _ disse Harry.
_Também teremos de nos preocupar com possíveis vazamentos de segurança. E já sei que será preciso ficar de olho em alguém.
_Como assim?
_Digamos que, no baile de formatura, vi coisas que me deixaram com a pulga atrás da orelha, Harry Potter. _ disse Voldemort _ Bem, agora devo me apresentar na Borgin & Burke’s, para ser o responsável pelas aquisições.
Antes de Voldemort sair, ele e Harry fizeram uma vistoria no apartamento, encontrando várias escutas mágicas e trouxas. Elas foram distorcidas com feitiços queVoldemort havia desenvolvido. Eles poderiam conversar o que quisessem, que elas só transmitiriam conversa inócua.
_Acho que Grindelwald não confia mesmo em ninguém. Ouvi dizer que todos os apartamentos têm alguma espécie de escuta. _ disse Voldemort.
_Parece até “1984” de George Orwell, onde todas as casas tinham uma teletela que, além de permitir o entretenimento dos donos, também servia para que o “Grande Irmão” vigiasse os moradores. _ comentou Harry.
Na Travessa do Tranco, Voldemort entrou na Borgin & Burke’s e apresentou-se ao Sr. Borgin, recebendo instruções sobre suas tarefas. Deveria fazer contato com bruxos que possuíssem antiguidades ou objetos mágicos de interesse e fazer ofertas por eles, recebendo uma comissão pelas vendas.
_Sr. Riddle, seja bem-vindo. O senhor já deve ter uma ideia de suas atribuições. Para simplificar, deverá entrevistar pessoas que possuam objetos de interesse, sejam eles mágicos ou apenas valiosos. Isso significa que o senhor também terá de negociar com trouxas.
_Para mim não haverá problema algum. _ disse Tom _ Seja bruxo ou trouxa, tudo pode ser resolvido com uma boa conversa.
_Estou certo que sim, Sr. Riddle. _ disse o Sr. Borgin. Mal sabia ele que, em sua própria realidade, Voldemort já havia desempenhado aquela mesma atividade, com grande desenvoltura _ Acho que o senhor ainda não conhece a loja. Sinta-se à vontade para apreciar as peças existentes.
_Obrigado, Sr. Borgin. _ respondeu Tom.
Em uma volta pela loja Tom Riddle, com a Persona de Voldemort em primeiro plano, constatou que a maior parte dos objetos correspondia aos que já conhecia, havendo bem poucas diferenças. Em um canto, viu algo que o deixou bastante feliz e que deu a ele a ideia básica de um plano que logo começou a esboçar em sua mente e que ajudaria bastante para reconquistar Hogwarts, quando fosse o momento adequado. Dali a pouco, o Sr. Borgin retornou, com um pergaminho nas mãos.
_Sr. Riddle, o senhor já vai começar com uma tarefa das mais importantes. Uma bruxa, chamada Hepzibah Smith, possui um objeto que interessa muito a um determinado cliente, que me mandou esta solicitação. O senhor deverá conversar com ela e tentar convencê-la a vendê-lo. Aqui está o endereço.
Passou o endereço às mãos de Tom, que já sabia onde era. Hepzibah Smith era uma bruxa rica, descendente de Helga Hufflepuff e que gostava de morar bem. Vivia na Londres trouxa, em Kensington, mais exatamente no Nº 8 da Hereford Square, um lugar que permanecia bonito, apesar dos bombardeios sofridos pela cidade. Como compartilhava das lembranças de Voldemort, Tom já sabia qual era o objeto e, como havia visto de relance no pergaminho, também sabia quem o estava querendo. E também para o quê, já que a taça de Helga Hufflepuff possuía poderes de cura, portanto era algo de especial.
_Pois não? _ a serva de Hepzibah Smith, uma elfo doméstica idosa chamada Hockey, atendeu à porta.
_Bom dia. Meu nome é Tom Riddle e venho da parte da Borgin & Burke’s.
_Deixe que eu falo com esse jovem, Hockey. _ Tom virou-se para o lado de onde vinha a voz e viu a bruxa descer as escadas (“Gorducha, mas não obesa como em minha realidade. Pelo visto a situação está difícil para todo mundo, principalmente para os que não são lá muito chegados ao regime de Grindelwald”, pensou a Persona de Voldemort).
_Sra. Smith, bom dia. O Sr. Borgin me enviou para falar com a senhora.
_Oh, mas ele agora apelou. Mandou um jovem tão bonito que eu quase sou capaz de reconsiderar minha posição.
_Bem, o Sr. Borgin realmente me mandou aqui para fazer uma nova oferta pelo objeto que a senhora possui. _ disse Tom, corando levemente.
_Ah, sim. A taça de minha ancestral, Helga Hufflepuff. O senhor sabe. Sr. Riddle, que ela possui poderes de cura, não é?
_Sim, toda a Bruxidade o sabe. E isso a torna um objeto bastante cobiçado.
_Embora para mim ela não tenha muita utilidade, exceto pelo valor sentimental. Em meus mais de cento e vinte anos de vida, Sr. Riddle, eu só precisei das capacidades curativas da taça uma única vez, quando era criança e tive uma pneumonia. Naquela época, ainda não havia nenhuma poção para o tratamento e a Penicilina só entrou em uso neste ano, embora tenha sido descoberta em 1929. Graças a Deus e a Merlin gozo de excelente saúde. Mas, diga-me, quem é que está querendo a taça?
_Até onde eu sei, os interessados são da Direção do St. Mungus. Querem a taça para auxiliar nos tratamentos mais difíceis.
_Ora, mas aí a coisa muda de figura. _ disse Hepzibah Smith, com uma expressão contente no rosto _ Eu imaginava que seria para algum colecionador inescrupuloso, principalmente desses do lado de Grindelwald, que iria querê-la para lucrar com seus poderes. Se é para o hospital St. Mungus, aí já é bem diferente. Aceito a oferta do Sr. Borgin. Aliás, tenho aqui um outro objeto que o Sr. Borgin também pode achar interessante. Veja este medalhão, Sr. Riddle. Alguns acreditam que ele pertenceu a Salazar Slytherin, mas nada foi provado.
Tom viu o medalhão e constatou que era legítimo, pois já o havia visto em fotos de sua mãe, Merope. Procurou não se alterar e continuou a conversa com a bruxa.
_Interessante. E a senhora estaria interessada em negociá-lo, também?
_Bem, já que sua autenticidade jamais foi provada, ele não passa de uma joia bonita. O Sr. Borgin também o quer?
_Na verdade eu o estava querendo para mim, Sra. Smith. Creio que uma jovem bruxa, da qual gosto bastante, ficaria contente em recebê-lo de presente.
_Ora, se é assim, pode levá-lo por dez galeões. E espero que sua namorada goste dele.
Tom pagou os dez galeões e saiu com o medalhão no bolso, onde também estava o contrato de compra e venda da taça de Helga Hufflepuff, assinado por Hepzibah Smith (“Que bom. Nesta realidade não foi preciso matá-la”, pensou Tom). Entregou o contrato ao Sr. Borgin, que ficou muito contente. O Diretor do St. Mungus estava de olho na taça de Helga Hufflepuff já há algum tempo. Chegando ao apartamento, Harry o esperava, com uma cara séria e uma mensagem nas mãos. Um telegrama trouxa.
_Que cara é essa, Harry? _ perguntou Tom.
_Não sei como você vai reagir a isso, Tom. _ disse Harry _ Eu sei que sua relação com eles não era nada boa mas, de qualquer modo...
_Do que está falando? _ e recebeu o telegrama que Harry passou às suas mãos _ Meu pai, minha madrasta e meus avós foram mortos. Em sua realidade fui eu, ou melhor, Voldemort, quem os matou e pôs a culpa em Morfino Gaunt.
_E quem foi que os matou? _ perguntou Harry.
_Parece que foi mesmo meu tio, Morfino. Este telegrama diz que ele foi preso na Mansão Riddle, em Little Hangleton. Um dos policiais era um bruxo disfarçado e executou um “Priori Incantatem” na varinha dele, revelando a “Avada Kedavra” que foi lançada. E agora estou sendo chamado a Little Hangleton para tomar posse dos bens, já que sou o último Riddle vivo. Você está certo, Harry. Minha relação com eles não era nada boa ou melhor, não havia relação alguma. Ignorávamos mutuamente nossas existências e era melhor assim. Meu pai, Tom Riddle, abandonou minha mãe ao saber que ela era bruxa e meu avô, Marvolo Gaunt, expulsou-a de casa por ela ter se relacionado e engravidado de um trouxa. Ela veio para Londres e trabalhou em diversas atividades, só não passando fome graças à magia e à sua força de vontade.
_Dumbledore me contou a história e eu estive dentro de uma de suas memórias, de quando vocês se conheceram, no Orfanato Stockwell. _ disse Harry.
_Terei de ir a Little Hangleton, para tomar posse do patrimônio dos Riddle e também para ver Morfino Gaunt. Tenho de saber por qual motivo ele resolveu matar a família Riddle e o que fazer com ele. Jamais tivemos contato, mas eu sei que ele é meio desequilibrado, portanto nada impede que ele o tenha feito em um surto psicótico. Ah, acabei de retornar da casa de Hepzibah Smith e parece que o St. Mungus receberá a taça de Halga Hufflepuff.
_Os poderes de cura serão bem úteis. _ disse Harry.
_E isso ainda não é tudo. Recuperei o medalhão de minha mãe.
_O medalhão de Slytherin?
_Esse mesmo. Veja só. _ e Tom mostrou o medalhão para Harry, que não pôde deixar de sentir um arrepio.
_Minhas lembranças desse medalhão não são das melhores. Fiquei um bom tempo com as marcas no pescoço, quando ele tentou me estrangular.
_Ah, sim. Em sua realidade, ele era uma Horcrux. Mas aqui ele está limpo. Aliás, nunca teve nenhum poder especial. Era apenas uma bela joia que foi passando de geração em geração até chegar à minha mãe.
_E o que vai fazer com ele? _ perguntou Harry.
_Vou colocar nossas fotos e dá-lo a Minerva. Acho que ela vai gostar.
_E tem planos do que vai fazer com a propriedade Riddle?
_Creio que será uma boa central de operações para a Resistência. Mas preciso ver como é o lugar, se há alguma diferença das memórias de Voldemort. Deverei estar de volta dentro de uns dois ou três dias. _ e, com um estalido, Tom desaparatou, rumo a Little Hangleton.
Logo depois que Tom saiu, Harry verificou que precisaria ir ao Gringotes, realizar um saque. Estava chegando a hora de abastecer a despensa e iria precisar de algum dinheiro. Depois de sacar, fez as compras e solicitou que entregassem. Comprou um exemplar do “Profeta Diário” e sentou-se a uma mesa da sorveteria Fortescue, com uma refrescante soda gelada à sua frente. Sentiu um par de mãos tampar seus olhos e ouviu a voz em seu ouvido.
_Adivinhe quem é?!
_Ainda que eu não soubesse, seu perfume é inconfundível, Elaine. Eu já estava com saudades de você. _ Elaine Rutherford beijou Harry e sentou-se ao seu lado.
_Algo de interessante no jornal? _ perguntou a garota.
_Parece que sim. _ respondeu Harry _ Um grupo de turistas alemães trouxas desapareceu na Polônia, durante uma excursão.
_Acha que tem a ver com aquela coisa da qual você e Tom falavam?
_Se tiver, receberemos alguma mensagem. Mas acredito que sim, pois o local fica perto de Breslau.
_Ludwigsdorf?
_Exato. _ e Harry parou de falar, enquanto uma patrulha Nazista passava e uma coruja deixava um bilhete em seu colo.
_Até aqui no Beco Diagonal temos de aturar esses arrogantes, marchando em passo de ganso. _ comentou Elaine.
_Creio que já vamos saber. Os Cannons vão realizar um jogo amistoso contra os Dantzig Deltas, como treino para a temporada de 1944. Acabei de receber a convocação. _ disse Harry _ Tom não poderá ir conosco, pois teve de tomar posse dos bens da família, em Little Hangleton. Creio que, se ele quiser ir, terá de ser depois.
_Hmm, então isso quer dizer que você está sozinho em casa, Georges (Elaine o tratava pelo nome falso, para não despertar suspeitas)?
_Pretende se aproveitar de mim, Srta. Rutherford?
_O senhor não imagina o quanto, Sr. Delvaux. _ respondeu ela.
No apartamento, depois de matarem as saudades, estavam deitados e abraçados. Em volume baixo, o rádio tocava uma canção de Billie Holiday.
_Bem, amanhã estaremos indo para a Polônia. _ disse Harry.
_Aah, pena que eu não posso ir junto. Sinceramente, eu não me importo de dar uma de “Maria-Goles”, desde que seja com você.
_Mudando de assunto, como acha que será seu último ano em Hogwarts?
_Muito estudo e trabalhar para a Resistência. Não ficarei parada, de forma alguma. Quero ajudar naquilo que for possível para expulsar os Nazistas da Grã-Bretanha e para isso creio que poderemos fazer muita coisa em Hogwarts, Harry. Como estamos sozinhos e você garantiu que o apartamento está seguro, creio que posso chamá-lo pelo seu verdadeiro nome.
_Sim .Todas as escutas que pudessem estar aqui foram trabalhadas por Tom. _ disse Harry.
_Preciso ir, mas gostaria de vê-lo, depois que você voltar da Polônia.
_Não se preocupe, ainda nos veremos antes do final das férias.
Elaine e Harry foram tomar um banho e, debaixo do chuveiro, deram vazão aos seus sentimentos, uma vez mais. Ele a acompanhou até a entrada e depois retornou ao apartamento. Arrumou sua bagagem em uma mala com Feitiço de Ampliação Interna, deixou um bilhete para Tom e desaparatou, rumo à sede dos Chudley Cannons.
_Delvaux, estávamos à sua espera. _ disse o Capitão da equipe.
_Desculpe se me atrasei. _ disse Harry.
_Não, tudo bem. Estamos bem adiantados e ainda falta chegar nossa nova Batedora reserva.
_Ah, então preencheram a vaga?
_Sim. Aí está ela. Shirley Johnson, este é o Apanhador titular, Georges Delvaux.
_Muito prazer. _ disse a garota _ É bom estar aqui e fazer parte deste grupo.
Harry olhou para a direção de onde vinha a voz e deu de cara com uma bela e sorridente garota, cuja pele cor de chocolate realçava seus olhos e os dentes alvíssimos (“Meu Deus, é a avó de Angelina Johnson, minha colega da Grifinória e Artilheira. Ela já me havia contado sobre a avó, Batedora dos Cannons”, pensou Harry).
_Bem, já que estamos todos aqui, vamos indo. _ disse o Capitão, segurando um jornal, no que foi seguido por todos. Um brilho azulado e logo a equipe dos Chudley Cannons rodopiava, rumo à Polônia.
Enquanto isso, em Little Hangleton...
Tom Riddle havia acabado de assinar os papéis no Tabelionato, assumindo a posse do patrimônio dos Riddle, já que era o último vivo. Depois de cumpridas as formalidades...
_Bem, Sr. Riddle, o senhor é agora o proprietário da mansão, das terras e dos negócios da família. Posso saber o que pretende fazer?
_A mansão é bem grande, Sr. Cunningham. Grande demais para uma só pessoa residir nela. _ disse Tom _ Creio que um bom uso para ela seria transformá-la em um hotel rural. Little Hangleton é calma e tem lugares bastante bonitos. Mesmo em tempos de guerra as pessoas viajam e querem boas alternativas de hospedagem. Reservando uma ala da mansão para uso residencial privativo, o restante pode virar um bom hotel.
_Bem pensado, Sr. Riddle. E quanto ao tipo de hóspede?
_Sem restrição. Mesmo os Nazistas e colaboradores poderiam vir pois, afinal, hóspede é hóspede. _ disse Tom, já pensando em tornar o hotel um centro de operações da Resistência e também um local onde informações pudessem ser obtidas de Nazistas e colaboradores, como já havia visto em filmes trouxas _ E quanto ao assassino da família Riddle? Onde está ele?
_Recolhido à cadeia local, Sr. Riddle. Pelo que eu soube, ele terá de ser transferido para um presídio especial (“Tio Morfino vai puxar uma etapa em Azkaban. Mas eu tenho de falar com ele, saber por que ele os matou”, pensou Tom).
_Certo. Preciso vê-lo, antes que seja transferido. Será que terei dificuldades?
_Não, os Riddle eram muito respeitados por aqui, mesmo que não fossem os tipos mais simpáticos do mundo. Fizeram muito pela cidade e certamente o Delegado de Polícia não se importaria em contornar um pouco a burocracia para permitir que o senhor o visitasse. Vá à cadeia e se apresente ao Escrivão.
_Obrigado, Sr. Cunningham. _ disse Tom _ Já estou indo, então.
Deixando o Tabelionato, Tom foi até a cadeia de Little Hangleton e se apresentou ao Escrivão. Imediatamente foi conduzido ao Delegado, que o acompanhou até as celas. Em uma delas, estava um homem alto, de cabelos e barba longos, com um olhar penetrante e que beirava a insanidade. No dedo anular de sua mão direita, um anel com uma pedra de ônix e um pequeno brasão. Ninguém havia conseguido tirá-lo do seu dedo.
_Eu precisaria de um tempo a sós com ele, Delegado Lewis. Seria possível?
_Temos uma sala reservada, utilizada para entrevistas e interrogatórios, Sr. Riddle. Mas o senhor tem certeza de que é seguro ficar a sós com esse bruxo?
_O senhor conhece magia, Delegado?
_Conheço e sou amigo de alguns bruxos. Mas aquele é perigoso.
_Estarei em segurança, não se preocupe.
_Muito bem, então. Qualquer coisa, haverá um guarda do lado de fora.
Morfino foi levado à sala e colocado em uma cadeira. Tom entrou e a porta foi fechada.
_Quem é você? _ perguntou Morfino _ É novo demais para ser policial.
_Não, eu não sou policial. Mas vim lhe perguntar uma coisa: Por que você matou os Riddle?
_Não sei por que eu lhe diria, se não disse nada à polícia.
_ “Porque eu acho que, para mim, você pode se abrir”. _ disse Tom, em Ofidiano.
_ “Quem é você, que é capaz de falar em Ofidiano”? _ perguntou Morfino, admirado.
_ “Meu nome é Tom e sou seu sobrinho”. _ respondeu o jovem, sentando-se em uma cadeira _ “E preciso saber”.
_ “Ora, ora. Então você é filho daquele sujeito que desgraçou a vida da minha irmã”?
_Não se esqueça de que eu também sou filho de Merope Gaunt, tão descendente de Salazar Slytherin quanto você”. _ disse Tom, olhando firme para Morfino.
_ “É verdade. Reconheço o jeito de Merope em você. Matei os Riddle por duas razões: Pelo mal que seu pai fez a Merope e também porque eles estavam atrapalhando os planos de Grindelwald”.
_ “Como é”? _ agora Tom estava interessado.
_ “Você ficou muito tempo em Londres e depois em Hogwarts, portanto não sabe de tudo o que acontecia por aqui”. _ disse Morfino _ “Sua família trouxa coordenava uma célula da Resistência”.
_ “E o que eles podiam fazer contra Grindelwald, aqui no interior? Bastava entregá-los, não precisava matá-los”. _ disse Tom _ “Se você estava esperando obter algum reconhecimento de Grindelwald, creio que não vai adiantar. Irá para Azkaban, como um criminoso comum. Ele sequer saberá de sua existência”.
_ “Ah, mas ele irá reconhecer meus esforços, Tom. Principalmente porque eu entreguei aos Nazistas um prisioneiro importante, que eles estavam escondendo”.
_ “Prisioneiro”? _ perguntou Tom _ “Que prisioneiro”?
_ “Um polaco esquisito, com roupas que pareciam saídas de um livro de História. O sujeito parecia um daqueles nobres do Século XVII”.
Ouvindo aquilo, Tom mal pôde disfarçar um sobressalto. Morfino continuou sua história.
_ “Ele tinha uma aparência meio doentia e não largava de uma estranha garrafa metálica. Disse que precisava esconder aquilo, pois não tinha conseguido destruir. Tomei a garrafa de suas mãos e abri um pouco, logo começando a ficar meio tonto. Só tive tempo de ver que tinha um líquido vermelho-arroxeado e rapidamente fechei a garrafa novamente. Calculei que aquilo poderia ser de utilidade para Grindelwald e entrei em contato com seus homens”.
_ “ E o que aconteceu em seguida? Você recebeu ordens de matar os Riddle”? _ perguntou Tom.
_ “Exato. Entreguei o polaco aos homens de Grindelwald e matei a família Riddle. Cumpri bem com minhas ordens, por isso sei que logo estarei livre de Azkaban, já que Grindelwald mandará me soltar”. _ disse Morfino.
_ “Você não passa de um grande tolo, meu tio”. _ disse Tom, olhando para Morfino não com ódio, mas com pena _ “Ao cumprir essa ordem de Grindelwald, você se envolveu com algo maior do que imagina, algo que você não pode segurar. Você irá para Azkaban, mas deve rezar para permanecer lá pelo resto de sua vida, pois só sairá de lá morto ou para morrer. Grindelwald não vai querer testemunhas do que ocorreu, o conteúdo daquela garrafa é por demais importante”.
_ “Então o que fiz foi em vão”? _ perguntou Morfino.
_ “Podemos dizer que você foi um belo de um inocente útil, que será descartado o mais breve possível. Um fim apropriado para quem alimentava tais ilusões de grandeza. Saiba que eu não morria de amores pelos Riddle, na verdade eu os ignorava. Mas não aprovo mortes sem sentido e foi isso que você fez”.
_ “Maldição”! _ exclamou Morfino _ “Querendo vingar sua mãe e me mostrar de valor para Grindelwald, matei os Riddle por nada”.
_ “Foi isso mesmo, Tio Morfino”. _ disse Tom _ “Agora terá o resto da vida para se arrepender e creio que não será muito longa”.
Morfino Gaunt baixou a cabeça e escondeu o rosto nas mãos. Quando a levantou, havia uma expressão de fúria contida e ele falou calmamente com seu sobrinho.
_ “Assinei minha sentença de morte, então. Bem, já fiz a besteira e nada pode ser mudado. Mas há algo que eu posso fazer, para que isso não seja esquecido. Me empreste sua varinha, sobrinho. Não se preocupe, não vou me matar e nem matar você”.
Com a varinha de Tom, Morfino conjurou alguns frascos e neles depositou vários fios prateados de memórias.
_ “Isso poderá ser de utilidade. Além disso, quero que fique com este anel. É melhor que ele permaneça na família”. _ disse Morfino, entregando a Tom o anel de ouro, com uma pedra de ônix engastada, na qual via-se o brasão dos Peverell. Ele não sabia que aquela era a “Pedra da Ressurreição”, uma das Relíquias da Morte. Para ele, era somente uma joia de família.
Tom despediu-se do Delegado Lewis e saiu, logo desaparatando para Londres. Precisava contar aquilo para Harry e ambos tinham de ver as memórias que Morfino compartilhara.
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