LIVRO ENCONTRADO, FEITIÇO PERD
CAPÍTULO 10
LIVRO ENCONTRADO, FEITIÇO PERDIDO, POSIÇÕES DEFINIDAS
Draco preparava-se para dormir, quando Pansy entrou no dormitório, furiosa.
_Ei, Parkinson. Você não sabe que aqui é o dormitório masculino? Ou será que está com segundas intenções? _ perguntou Nott.
_Cale a boca, monte de estrume de dragão. Draco, preciso falar com você.
_Precisa ser agora? Eu estava indo dormir.
_Você disse muito bem: ESTAVA. Venha comigo para a Sala Comunal.
Draco acompanhou Pansy, já meio desconfiado do que viria a seguir.
_Como você se atreve? Como pôde namorar aquela trouxa? E nós, como é que estamos?
_Não estamos, Parkinson. Você sabe muito bem que nunca houve nada oficial entre nós. Houveram apenas encontros e nada mais. Vai dizer que não desconfiou? Jamais houve amor de verdade entre nós dois.
_Cretino! Idiota! Então agora é “Parkinson”, não é? Eu bem que deveria ter desconfiado. Há muito tempo que você não me chama mais pelo meu primeiro nome, anda distante, me evitando. Há quanto tempo namora aquela leoa trouxa da Grifinória?
_Desde o último verão. _ disse Draco, começando a ficar irritado.
_Passou as férias todas na Londres trouxa, se esfregando com aquela índia de sangue ruim?!
O rumo daquela conversa estava começando a desagradar Draco, que achou melhor fazê-la parar por ali.
_Pansy, eu nunca lhe alimentei ilusões. Nós apenas ficamos várias vezes. Nossos pais é que criaram essa história estúpida de que estaríamos prometidos em casamento, ao atingirmos a maioridade. Eu mesmo deixei bem claro que não concordava. Você é que parecia se divertir com tudo isso, iludindo-se e achando que era para valer, mesmo quando eu te alertava.
_Traidor. E quanto à promessa do Lorde?
Com o sangue começando a lhe subir à cabeça, Draco resolveu abrir o jogo:
_Preste atenção Pansy, porque eu já estou cansado de ficar me repetindo. Eu estou pouco me lixando para o que Voldemort deseja de nós. Há muito tempo que eu despertei para a realidade. A vitória daquele louco seria a pior coisa que poderia acontecer para o mundo. Não tenho a menor intenção de me ligar àquele psicopata.
_Não acredito no que eu estou ouvindo. Draco, o filho de Lucius Malfoy, declarando-se traidor do Lorde das Trevas? E as cartas que recebemos de nossas famílias, dizendo que poderíamos nos iniciar ainda neste ano?
_Não preciso lhe dizer onde ele deve enfiar a carta. Espero que você consiga acordar ainda a tempo, antes de virar gado daquele louco.
_Como é que é, Draco?!
_Pansy, caia na real. Você é uma garota bonita, rica e inteligente. Qualquer um que a visse, bruxo ou trouxa, pensaria que é uma atriz, socialite ou modelo. Não creio que possa ser tão tapada a ponto de acreditar que possa vir alguma coisa de bom de uma vitória do Voldemort. Acha que ele vai preservar alguma coisa de cultura, seja a nossa ou seja a dos trouxas? Sei que você gosta de teatro, literatura, artes, dança, ópera, etc. O Lorde das Trevas vai suprimir tudo isso, moldando e controlando tudo à sua vontade, criando uma sociedade baseada em servidão incondicional e culto à personalidade, no caso a dele. Lembra-se de um livro trouxa que eu te emprestei uma vez, “1984”, de George Orwell? Um governo tirânico, que empenhava-se em controlar até mesmo os pensamentos dos cidadãos. Eu te conheço, Pansy. Sei que você tem um gênio forte e que não agüenta calada as coisas. Vai acabar se arrependendo se for atrás das promessas de Voldemort e se transformar em uma escrava de luxo dele. Vai se rebelar e ele vai acabar dando um fim em você. Da minha parte, já sei que eu não quero isso para mim. Prometa que vai, ao menos, pensar no que eu lhe disse. Fanatismo não leva a nada.
_Tá, Draco. Eu prometo que vou pensar. _ Pansy havia ficado impressionada com os argumentos de Malfoy _ Mas não se desvie do assunto principal da nossa conversa. É sério o seu namoro com a Sandoval?
_Mais sério do que você imagina, Pansy. Foi uma das razões da minha intenção de romper com as Trevas. Eu realmente amo Janine e não há nada que você possa fazer quanto a isso. Aliás, é melhor mesmo que você nem pense em fazer nada de mal para ela ou minha retaliação seria terrível e isso eu não quero ter de fazer pois, você pode até não acreditar, mas eu prezo muito a sua amizade e não gostaria de perdê-la por uma crise besta de ciúmes.
_ “Crise besta de ciúmes”. Ora, vá beijar uma ararambóia, Sr. Draco Malfoy! Você sabe que eu sou caída por você desde que éramos crianças, antes mesmo de recebermos as cartas de Hogwarts. Eu pensava que poderia contornar seu jeito frio de dono da situação, por isso agüentei coisas que ninguém suportaria. Me humilhei por paixão todos esses anos e agora você vem me dizer que está apaixonado, que ama e está namorando outra garota? Uma trouxa? Uma sangue-ruim? Uma índia sul-americana? UMA GRIFINÓRIA?!
“Ninguém merece”, pensou Draco, resolvido a dar um basta naquele barraco que Pansy estava armando.
_Pansy, você está com a cabeça muito quente e cabeça quente cura-se com água fria. _ com um movimento de varinha, disse: “Cumulusnimbus! Condensar!” Uma nuvem formou-se logo acima de Pansy Parkinson, precipitando-se em grossos pingos de chuva, que logo deixaram-na totalmente encharcada, com sua camisola colada ao corpo, delineando as belas formas da jovem, no meio de uma grande poça dágua, bem no centro da Sala Comunal da Sonserina, ante os olhos dos colegas, que acabaram acordando com todo aquele escândalo.
_E nem tente vir atrás de mim agora. Se você quiser continuar nossa conversa, a gente se fala amanhã, quando você estiver mais calma... e mais seca. E, só para garantir... “Colloportus!” _ Draco lacrou atrás de si a porta do dormitório masculino, resolvido a ter uma boa noite de sono, mesmo depois daquela discussão toda. Se Pansy quisesse conversar no dia seguinte, quando estivesse mais tranqüila, tudo bem. Se não quisesse, não seria ele que iria forçar. E honi soit lo que mal y pense! Que se danasse quem pensasse mal daquilo. Colocando a cabeça no travesseiro, adormeceu quase que imediatamente. Nem ouviu o urro que veio da Sala Comunal: “LOIRO AGUADO MALDITO!! EU TE MATO, DRACO MALFOY!!!”
"Cumulusnimbus! Condensar! Até Slytherin riu."
_Você não fez isso... ou fez? _ perguntaram os Inseparáveis no dia seguinte, antes da aula de Feitiços, meio divididos entre o riso e a aflição.
_Fiz e não me arrependo. Ela estava precisando esfriar um pouco a cabeça e refletir sobre algumas verdades que eu disse a ela.
_O que houve? _ perguntou Janine, que acabara de chegar.
_Draco fez chover sobre Pansy ontem à noite, na Sala Comunal da Sonserina. _ disse Rony.
_Então era por isso que ela estava com uma cara triste, no café da manhã. Por que você fez isso, Draco?
_Ela nos viu ontem, quando voltávamos da Sala Precisa. Eu não sabia que ela também tinha uma Capa de Invisibilidade. Falou um monte de abobrinhas e ofendeu você. Aí eu não agüentei. Conjurei uma nuvem de chuva e ela caiu inteira em cima de Pansy.
_Coitada. Eu acho até que ela se gripou.
_Ela sobreviverá a isso. Eu também tentei chamá-la de volta à razão, para que ela também não se tornasse gado do Voldemort.
_Então ela...
_Também recebeu uma carta, é óbvio. Os pais dela são devotos do Lorde das Trevas, quase tanto quanto os meus. Os olhos dela brilhavam de excitação quando ela me disse que havia recebido a carta dos Death Eaters. Posso não ter mais nada com Pansy, mas a considero boa demais para se juntar com aquela escória. Agora vamos para a aula, pois o Flitwick deve ter novidades.
_Então você sentiu...
_Sim. Com os treinamentos da AD eu também estou aprendendo a sentir o Ki e percebi que Pansy também está em conflito, apesar de parecer uma devota de Voldemort. Queria tentar fazer com que o máximo possível de jovens sonserinos se afastasse das Trevas, como eu mesmo fiz. Sinto que vários outros estão em dúvida e acho que posso dar um “empurrãozinho” na direção certa.
_Se for assim, conte conosco. Acho que falo por todos, não é? _ indagou Harry, recebendo o olhar de concordância de todos os outros.
Draco abriu um sorriso e disse:
_Obrigado. É bom estar do lado certo.
Foram para a aula de Feitiços, na qual Flitwick começou a explicar as fórmulas de vários feitiços, em diversas línguas:
_A maior parte dos feitiços é invocada em latim porque era a língua utilizada pela maior parte do mundo antigo, principalmente as pessoas mais cultas. Mas isso não quer dizer que vários feitiços poderosos não fossem invocados em grego, árabe, chinês ou, principalmente, sânscrito. Esse último idioma foi o que deu origem a todas as línguas do ramo indo-europeu, tendo uma particularidade: quase todos são entoados em forma de mantras.
_Mantras? _ perguntou Finnigan.
_Cânticos curtos, cuja repetição aumenta a concentração e potencializa o seu poder, não estou certo, Srta. Patil?
Sendo de família hindu, Parvati Patil estava perfeitamente à vontade com a explicação do Prof. Flitwick, concordando com um sinal de cabeça.
Ao ouvir falar em mantras, alguma coisa alertou Harry, que perguntou:
_Prof. Flitwick, o que se sabe sobre um feitiço lendário em sânscrito, denominado “Olho de Shiva”?
_Boa pergunta, Sr. Potter. Acredita-se que esse feitiço exista, mas ninguém confirmou até hoje. Pelo que diz a lenda, ele proporcionaria uma aura capaz de defletir o raio mortal da maldição “Avada Kedavra”, podendo mesmo contra-atacá-la, mas nada foi comprovado. Esse feitiço estaria contido em um livro cujo paradeiro é ignorado. O interessante é que há uma descrição detalhada da aparência desse livro, mas ninguém conseguiu colocar os olhos nele. O livro teria o nome de “Luzes da Trindade”, tendo uma capa de couro em azul e verde, decorada com bordas e letras douradas e uma mandala no centro. _ Harry ouvia a explicação de Flitwick, admirado. Era a descrição exata do livro do seu sonho. Percebeu, também, que Janine havia empalidecido, fato que também foi notado por Draco. Após o término da aula, todos se reuniram em uma roda de chimarrão, conjurado por Janine. Haviam adquirido o hábito com ela e apreciavam-no bastante.
_Janine, não pudemos deixar de notar a sua reação durante a aula. Por que aquela palidez? _ perguntou Draco.
_Draco, amigos, talvez vocês não acreditem no que eu vou dizer e é bom que ninguém nos ouça.
_???
_Lembram-se de que todos estranharam o fato de Voldemort não haver iniciado nenhuma ação de grande porte, apenas invadindo museus, bibliotecas e livrarias bruxas? _ comentou Janine, olhando para os lados, a fim de verificar se não havia ninguém bisbilhotando e continuou _ Mas e se Voldemort estivesse procurando especificamente por alguma coisa que somente poderia ser encontrada em um desses lugares? Algo como... um livro?
_Quer dizer, o “Luzes da Trindade”? O tal livro de que Flitwick estava falando? _ perguntou Neville.
_Exatamente. E se ele estivesse procurando pelo “Olho de Shiva”? Se realmente houver algo que possa defletir a Avada Kedavra, com certeza ele poderá querê-lo, a fim de manter-se em vantagem, sendo o único possuidor dessa arma secreta.
Lembrando-se de sua conversa com Lalau e Ernesto no Nôitibus, Harry disse:
_É bem provável que esse livro realmente exista. Lembram-se de Ernesto Prang, o motorista do Nôitibus Andante?
_Aquele com óculos mais grossos que fundo de garrafa? _ perguntou Gina, fazendo roncar a cuia e passando-a de volta a Janine.
_Ele mesmo. Tivemos uma conversa na qual ele me disse que, antes de ser motorista, havia sido dono de uma livraria especializada em edições raras e que o tal livro já havia feito parte do seu acervo, mas ele já não o possuía mais. Por causa disso, foi torturado pelos Death Eaters, tendo ficado manco e com problemas de visão. Outro fato interessante é que, no último verão, sonhei que combatia contra Voldemort na Rua dos Alfeneiros e que o repelia com esse mantra. Mas o mais incrível é que esse livro fazia parte do meu sonho, correspondendo exatamente à descrição que Flitwick fez dele, só que haviam folhas faltando, tendo sido rasgadas. _ Janine empalideceu novamente e Harry perguntou _ Janine, o que foi? Por que você está assim?
_Por causa de minha família. Acho que acabei por transformá-la em um alvo para os Death Eaters.
_???
_Esse tal livro, não me perguntem como, existe e está de posse da minha família, no Brasil, mais exatamente na estância do meu avô, em São Borja. Foi comprado por meu pai, quando era adido militar na Embaixada. Ele o comprou na Feira de Portobello Road, em uma loja de livros raros, pois sabia do meu gosto por idiomas antigos. E confere com o que você disse, Harry, sobre o fato de ter folhas faltando. Se Voldemort e os Death Eaters realmente o querem, não falta muito para irem procurá-lo em outros países, já que o seu objetivo é obter poder para conquistar o mundo e submetê-lo à sua vontade. Acho que devemos avisar Dumbledore, imediatamente.
_Tem razão. _ disse Hermione. E correram para o gabinete do Diretor. Se tivessem tentado rastrear presenças próximas, perceberiam que sua conversa havia sido ouvida por duas jovens da Sonserina que estavam bem escondidas: Millicent Bulstrode, uma jovem robusta, com cara de buldogue, que detestava Hermione e, também, por Blaise Zabini, tão bela quanto perigosa, ambas devotas das Trevas desde que saíram das fraldas
No gabinete do Diretor, Dumbledore mostrou-se bastante apreensivo:
_Se o livro está com sua família, devemos resgatá-lo e trazê-lo para Hogwarts. Vamos aproveitar o fato de que ninguém mais sabe disso. _ e, jogando um punhado de pó de Flu na lareira, disse: “Tonks! Lupin!” Imediatamente as cabeças do casal apareceram. _ Precisam ir ao Brasil, mais precisamente à Estância Paraíso em São Borja, Rio Grande do Sul. Lá deverão obter um livro em sânscrito, chamado “Luzes da Trindade” e trazê-lo imediatamente para Hogwarts. Temos fortes razões para crer que Voldemort o está procurando. Montem uma Chave de Portal para irem.
_Pode nos considerar lá, Diretor. _ disse Lupin, desaparecendo em seguida. Cerca de meia hora depois, as chamas da lareira tornaram-se verde-esmeralda e o casal surgiu, sobraçando um grande livro, encadernado em couro, correspondendo exatamente à descrição feita por Flitwick. O “Luzes da Trindade” encontrava-se em segurança, do lado de dentro dos portões de Hogwarts. Daquela vez haviam passado a perna em Lord Voldemort. Só não sabiam que ele já havia plantado seu espião dentro da escola e que ele era alguém que quase ninguém suspeitaria.
Estudando o livro juntamente com os alunos, Dumbledore confirmou sua autenticidade e constatou a falta das folhas, exatamente como Harry e Janine disseram:
_Então, Harry, você disse que sonhou com este livro durante o verão?
_Sim, professor. Era exatamente assim. E as folhas que faltavam estavam em um recesso escavado no couro da capa, colado por debaixo da guarda. No meu sonho eu descolei a guarda com um abridor de cartas e encontrei as folhas que faltavam. Algo básico, tão infantil que ninguém pensaria: esconder folhas arrancadas de um livro no próprio livro.
_Vamos ver se a realidade bate com o sonho. _ e, pegando uma espátula, Dumbledore abriu a guarda da capa do livro, bem onde Harry indicara. Encontrou o recesso, só que vazio.
_As folhas, professor. _ disse Harry.
_Sim, Harry. Não estão no livro. Alguém as retirou. Vejam que a cola deste lado é diferente do outro. Esta capa foi descolada e depois colada novamente. Creio que o texto do mantra está nelas. Ou, talvez, hajam mais coisas do que somente o mantra do feitiço “Olho de Shiva” neste livro. Por enquanto, acho melhor que ele fique aqui, onde há feitiços defensivos mais do que suficientes para protegê-lo das pessoas erradas. Lupin, como está a família de Janine? Janine, este é Remus Lupin, a quem Tonks se referiu quando vocês vieram de Londres.
_Você era o outro policial na viatura. _ disse Janine _ Prazer em conhecê-lo.
_O prazer é meu, Janine. Eles estão bem, Dumbledore. Os avós e a mãe dela foram bastante compreensivos e nos entregaram o livro na hora. Inclusive também assinaram a autorização para visitas a Hogsmeade.
_E se os Death Eaters forem lá para tentar consegui-lo?
_Não se preocupem. Hestia Jones e Emelina Vance ficaram hospedadas lá, para garantir a segurança da família. _ disse Tonks. _ Se algum seguidor de Voldemort entrar lá, não vai sair. Pelo menos não inteiro.
_Acho que agora vocês já podem ir. _ disse Dumbledore. _ E espero que a Srta. Sandoval aprecie a visita a Hogsmeade. Creio que haverá uma agora, antes do Natal.
Antes que começasse a nevar, ocorreu o segundo jogo de Quadribol da temporada, Sonserina vs Corvinal. A novidade é que Draco estava estreando sua nova vasoura, uma Firebolt. (“Sinto que vou ter problemas”, pensou Harry). O fato é que Cho Chang, mesmo com sua nova Comet 300, não foi páreo para ele, que capturou o pomo facilmente, compensando as falhas da nova goleira da Sonserina, Zabini, quando Corvinal liderava por cem a quarenta. Draco, que era o novo capitão, ainda lhe disse no vestiário, quando estavam a sós:
_Blaise Zabini! Ou você melhora ou está fora do time! Consegue ser pior do que o goleiro da Grifinória, Rony Weasley era no ano passado! Se ele, que era tão ruim, tornou-se tão bom quanto Oliver Wood, você também pode.
_Vá contar os pelos de uma acromântula, Malfoy! Você não tem mais moral para repreender ninguém, seu traidor do sangue e do nosso Mestre.
_Seu mestre, não meu. Se você quer ser marionete de Voldemort, esteja à vontade. Quanto a mim, prefiro viver e aproveitar minha juventude.
_Então os rumores eram verdadeiros. Draco Malfoy se “trouxizou”. Deixou-se seduzir pela cultura decadente deles. Por isso agora fica por aí, babando por causa daquela índia brasileira de sangue ruim e não desgruda da turma de cretinos do Potter.
_Essas são as palavras de uma fanática. Eu já desconfiava, agora tive a certeza de que você já está totalmente à sombra daquele doido, psicopata.
_Não se atreva a ofender o Lorde das Trevas! _ exclamou Zabini, puxando a varinha do bolso das vestes.
Sacando a sua, Draco disse:
_Para você não há mais recuperação, Zabini.
_Vai aprender uma lição! “Cru...” _ mas, devido aos reflexos privilegiados, desenvolvidos com as instruções da AD, Draco foi mais rápido e atacou primeiro:
_”Silencio! Furnunculus!” _ Zabini emudeceu antes que pudesse terminar de invocar a Maldição Cruciatus e seu belo rosto, bem como o corpo, cobriram-se de dolorosos furúnculos. _ E fique satisfeita de eu não entregar para ninguém que você tentou me lançar uma Maldição Imperdoável. Agora desinfeta daqui e vai incomodar Madame Pomfrey.
"Deixar que ela me acerte com uma Cruciatus? Nem pensar."
Antes da liberação para irem a Hogsmeade, os Inseparáveis estavam em uma roda de chimarrão, desta vez conjurado por Hermione. O resto dos alunos nem estranhava mais esse costume que os amigos haviam adotado. Janine contava coisas sobre sua terra:
_Pois o Rio Grande do Sul possui várias peculiaridades. Lá a mão de obra para a colonização foi quase toda de imigrantes, ao contrário das Regiões Sudeste e Nordeste, onde predominou a escrava. Na época, o Brasil era um Império, a única monarquia das Américas. A Província de São Pedro, antigo nome do estado, era meio que ignorada pela Corte, a não ser na hora de pagarem os impostos. Esse descaso gerou muitos movimentos revolucionários, com combates sangrentos. O gaúcho tem uma tradição guerreira, dizendo-se que as fronteiras do Rio Grande do Sul foram definidas através de pata de cavalo e ponteira de lança.
_Muito interessante. _ disse Harry que, de posse da térmica, acabara de cevar um mate e o oferecia a Luna. _ Me lembro que, quando ainda estudava em uma escola trouxa, a professora disse algo sobre isso em História das Américas e citou vários movimentos, entre eles a Revolução Farroupilha.
_Pois é, Harry. Devido a essa Revolução, temos como data máxima do estado o dia 20 de setembro. Vejam, já vão liberar. Lá está o Filch conferindo as listas. Vamos lá.
Luna fez a cuia roncar e Janine, dizendo: “Evanesco”, fez desaparecer o material. Estava ficando cada vez melhor nos feitiços e também era uma excelente piloto de vassoura. Foram para a fila, devidamente agasalhados. Havia uma boa quantidade de neve e o frio estava de respeito. Filch conferiu os nomes na lista e liberou os alunos.
Em Hogsmeade, Janine encantou-se com o povoado, divertindo-se com os truques da Zonko’s, admirando-se com a agência de correio-coruja, apreciando a Dervixes e Bangues, fazendo compras na Trapobelo Moda Mágica e espantando-se com a história da Casa dos Gritos. Os Inseparáveis contaram a ela as suas aventuras do terceiro ano e Draco, que não conhecia todos os detalhes,ficou espantado com a maneira pela qual conseguiram libertar Sirius. Na época ele ainda era da turma do mal e acabara levando um caprichado soco de Hermione.
_Foi instintivo, Janine. Mas todos sabem que Draco Malfoy era uma peste naquele tempo. Ele e Harry só faltavam se devorar.
_Pensei que tivesse ficado com meia dúzia de dentes frouxos. Você tem uma mão bem pesada, Hermione.
_É que você havia me irritado além do limite. _ pouco a pouco Draco e os Inseparáveis iam se integrando cada vez mais, tratando-se pelo primeiro nome. _ E ninguém pode dizer que você não havia merecido.
_E como! Hagrid ficou bastante deprimido quando soube que o hipogrifo Bicuço seria executado. Outro dia pedi desculpas a ele por aquilo e ele aceitou. Aos poucos estou acertando as contas com o passado e olhem que eu tenho muito o que acertar.
Saíram dali e foram para a Dedosdemel, onde Janine ficou sem palavras com a variedade e os tipos de doces, normais e de efeitos mágicos, adorando as Delícias Gasosas, doces que faziam levitar. Fizeram as suas compras e foram para o Três Vassouras. Lá, receberam uma rodada de cerveja amanteigada por conta da casa, cortesia de Madame Rosmerta, que havia gostado muito de Janine, admirando-se de que ela tivesse conseguido colocar Draco Malfoy no caminho certo. Cochichou algo nos ouvidos dos dois e então Janine disse:
_Fique aqui com os outros, Draco. Eu vou dar um jeito de resolver essa situação.
_Certo, Janine. Só veja se não vão se pegar.
_O que houve, Draco? _ perguntou Harry.
_Pansy está em uma das salas reservadas, bastante deprimida. Entrou com algumas cervejas amanteigadas e uns pacotes da Dedosdemel. Acho que eu já vi esse filme...
_Normalmente as salas reservadas não são permitidas aos alunos, por diversas razões. _ e Madame Rosmerta lançou um olhar disfarçado para Draco, que fez que não era com ele _ Mas ela disse que queria ficar algumas horas sozinha, pois tinha muito no que pensar.
Janine bateu à porta da sala que Madame Rosmerta havia indicado e, ao ouvir: “Entre”, entrou e deu de cara com Pansy, sentada à mesa, tendo à frente uma garrafa de cerveja amanteigada pela metade e outra vazia, além de uma caixa de bombons da Dedosdemel já do meio para o fim. Ela pensou: “Típico. Não importa se bruxa ou trouxa, brasileira ou inglesa. Quando uma guria adolescente entra na deprê, a primeira coisa que faz é cair de boca no sorvete ou no chocolate.”
_O que você veio fazer aqui? Me deixar deprimida? _ perguntou Pansy.
_Você não precisa de mim para isso. Já está se saindo muito bem sozinha.
_Sutil como um coice de hipogrifo, não é?
_Você perguntou e eu respondi. Só não me agrada ver uma guria jovem e bonita chafurdando em autopiedade.
_Você pode falar, já que tomou o Draco de mim.
_Qual é, guria, não tomei ninguém de ninguém. Eu e Draco nos conhecemos e descobrimos que nos amávamos.
_Draco me amava.
_Você diz isso. Ele mesmo já lhe disse que não era recíproco, mas uma fantasia sua. Quando ele resolveu lhe dizer a verdade, você não agüentou.
_Isso, chuta quem já está caída.
_Aaah, larga mão de ser fiasquenta, guria. Só o que tu vais conseguir com cerveja amanteigada e se empanturrando de chocolates vai ser uma indigestão e quilos a mais na balança. Queres te entchuquetar, te embriagar de verdade? Toma isto aqui: “Acqua non per Avis!” _ e um pequeno copo, com um líquido transparente, materializou-se à frente de Pansy _ Toma um gole.
Pansy tomou um gole e, ao sentir o líquido lhe queimar a garganta, cuspiu metade da dose fora.
_Aaaarrrgh!!! Quer me envenenar, Sandoval? Isto aqui parece fogo líquido, álcool quase puro. É mais forte do que uísque de fogo. O que é isso?
_Cachaça.
_???
_Aguardente destilada de cana de açúcar, típica do Brasil.
_Você está brincando. Vai dizer que lá no seu país bebem esta coisa?!
_Não só bebem, como ela é exportada para quase todo o mundo, cotada a galeões. E aí, ainda quer se embebedar? Acha que assim vai conseguir subir teu conceito junto ao Draco ou junto a qualquer um? Não é assim, guria. Te valoriza. Draco e eu nos amamos e estamos juntos. Isto é um fato e não há nada que tu possas fazer a respeito. Tu és jovem e bonita, como eu já disse e vários colegas, de todas as Casas, olham mais de uma vez quando tu passas. Que tal se abrir para a realidade e buscar alguém diferente, tirando essa idéia fixa que tu mesma colocaste na cabeça, aproveitando para definir uma posição sobre Luz ou Trevas? Draco me disse que podia sentir o conflito dentro de ti. O que me dizes?
_Pansy encarou Janine, com os olhos vermelhos e pesados. Com a voz embargada, começou a falar:
_Conheço Draco Malfoy desde que éramos crianças. Nossas famílias sempre foram amigas e devotadas ao Lorde das Trevas. Nossos pais fizeram um acordo, prometendo-nos em casamento quando atingíssemos a maioridade e então seríamos iniciados entre os Death Eaters. No começo eu não entendia muito bem, mas Draco parecia levar a sério a doutrina das Trevas. Com o tempo fui ficando cada vez mais atraída por ele, afinal de contas você mesma é testemunha de que não se pode deixar de notá-lo, ele é bonito e atraente. Me deixei seduzir pelas Trevas por amor a Draco, que sempre pareceu tão convicto, embora nunca tenha demonstrado amor por mim. Mas, a partir de certa época, eu já não sabia mais se eu estava abraçando a causa de V-Voldemort por mim ou por ele. Notei que, há alguns anos, o jeito dele começou a mudar, ficou mais distante, não sei se porque ele estava em dúvida quanto à sua lealdade, se realmente não me amava ou por ambas as razões. No último verão ele conheceu você e aí ele mudou de vez. Eu, tola, ainda queria acreditar em minhas fantasias mas, ao ver vocês dois se beijando naquela noite, meu mundo desmoronou. Discuti feio com ele, que conjurou uma nuvem de chuva para me esfriar a cabeça e eu acho que adiantou. Cheguei à conclusão de que você deve ser legal, pois Draco não te amaria se não fosse assim. Apesar da fama que ele possuía de Bad Boy da escola, ele é um sujeito bastante correto. Nunca me alimentou fantasias, como ele mesmo disse. Eu é que ainda não queria enxergar. Mas agora eu estava querendo encontrar a melhor maneira de dizer a Draco e a você que eu quero definir minha posição, também rompendo com as Trevas, assim como ele e desejando que vocês sejam felizes juntos, mas esse maldito orgulho da Sonserina, puro-sangue preconceituosa, incapaz de considerar um mestiço como alguém de valor, com a idéia idiota de “Sangue Ruim” ainda impregnando o pensamento, não estava permitindo. Agora quero deixar tudo isso de lado e dizer que gosto de você, do resto da turma do Potter, independente da origem ou da Casa à qual pertencem, mas acho que não teria tido coragem se você não tivesse entrado aqui e me dado esse tratamento de choque, do qual eu estava precisada há muito tempo... _ e aí Pansy desabou em um copioso choro de lágrimas quentes, que estavam represadas há muito tempo. Janine a abraçou como a uma irmã e disse:
_Chore o quanto quiser, Pansy. Você está precisando colocar muita coisa para fora e este é o momento. Precisa de um ombro? Precisa de colo? Eu te ofereço. Vocês da Sonserina têm muita necessidade de verdadeiros amigos, pois isso lhes falta. Quer saber? Uma você já conseguiu.
Passada quase uma hora, o pessoal da mesa estava começando a ficar inquieto. O que estaria acontecendo naquela sala? Teriam as duas brigado? Teriam se enfeitiçado mutuamente? Devorados pela curiosidade, Draco e os Inseparáveis, acompanhados de Madame Rosmerta, foram até a sala reservada onde as duas estavam. Mas nada poderia prepará-los para a cena que se apresentava diante de seus olhos. Deitada no divã, a um canto da sala, Pansy Parkinson estava adormecida, seus olhos inchados, seu rosto marcado por lágrimas, a cabeça repousada no colo de Janine Sandoval, que ninava a colega, como se ela fosse uma criança. O leão embalava a serpente, que havia abandonado seu veneno. Como havia dito o Chapéu Seletor, no início do ano, a força da amizade triunfara.
Depois de despertar e dar um jeito na cara, Pansy estava sentada à mesa, junto aos Inseparáveis. Draco havia ido ao banheiro e ainda não retornara. Meio sem jeito pelo fato de estar sendo tão bem recebida entre pessoas que passara anos hostilizando, ela perguntou a Janine:
_E por que aquela fórmula para conjurar aquela bebida, “Acqua non per Avis”?
_É um dos apelidos dela, “água que passarinho não bebe”. Fiz uma tradução meio capenga para o latim e acabou dando certo. O que você achou?
_Forte como o diabo. Não sei como pode haver gente que bebe aquilo, como você me disse. _ todos riram.
Em uma mesa vizinha, Milly Bulstrode e Blaise Zabini tinham suas doses de água de gilly à sua frente e comentavam entre si:
_Não acredito que Pansy foi seduzida por aqueles patéticos e agora está grudada neles, igual ao Draco. Queria saber que melado tem a turma do Potter.
_Algo que falta em nós, sonserinos, amizade sincera e desinteressada. _ disse Draco que passava exatamente por ali, retornando do banheiro, pregando um tremendo susto nas duas.
_Qual é, Malfoy, vai dizer que você acredita nisso? _ perguntou Bulstrode, fazendo uma cara de desdém.
_Acredito, Milly, há muito tempo. Só não havia ainda aberto os olhos para a realidade.
_Realidade ou sua própria ilusão, Malfoy? Sabe que o Lorde não gostará nada de saber da sua... dissidência. _ caçoou Zabini.
_Estou tão preocupado com isso, Blaise, que posso até perder o sono. _ caçoou Draco de volta. _ Acha que o Lorde está preocupado com vocês ou comigo? Para ele os seus seguidores não passam de peões num jogo de xadrez de bruxo, os quais ele manipula à vontade, não se importando se vai avançar com eles ou sacrificá-los em um gambito. Resumindo, minhas queridas, vocês e todos os seguidores de Voldemort são apenas bucha de canhão.
Bulstrode fez menção de se levantar para avançar em Draco, mas ele foi mais rápido. Disfarçadamente pressionou um nervo no pescoço dela e a amparou, inconsciente, até a cabeça dela repousar na mesa, dizendo baixinho:
_Calma, pitbull. Posso escutar seus rosnados e seus latidos mas, de maneira alguma, vou deixar que me morda. _ e, em voz alta, para os que viram o “desmaio” de Millicent: Desculpem a cena, gente. Acho que ela teve uma queda de pressão ou a água de gilly foi demais para ela. Zabini, poderia, por favor, levá-la? Nesse estado ela não está contribuindo com nada para a decoração do bar.
Trincando os dentes de fúria, pois vira o que Draco havia feito, Blaise Zabini tomou para si o literalmente pesado fardo de carregar Millicent Bulstrode nas costas para fora do Três Vassouras, a fim de reanimá-la.
De volta à mesa Harry, que percebera o que Draco havia feito, perguntou:
_O que houve lá, Draco?
_Tive de nocautear a Bulstrode, caso contrário ela ia me bater feio. Falei umas verdades e ela não gostou. Agora confirmei o que já suspeitava. Aquelas duas estão totalmente entregues ao lado das Trevas. Além de que ninguém me tira da cabeça que elas têm um caso. Não se desgrudam desde que eram crianças.
_Eta, lingüinha! _ comentou Harry _ Eu que sei falar Ofidiano, mas o veneno é todo seu.
_Vai dizer que nunca desconfiou?
_Já, claro. As duas sempre deram a maior bandeira, desde o primeiro ano.
_Ofidiano? _ perguntou Janine.
_Idioma de serpente. _ explicou Draco _ Harry sabe falar.
_Draco, você sabe que não gosto de comentar sobre isso. Mas já que Janine não conhece a história, vou contar. Quando eu tinha um ano de idade, Voldemort tentou me matar, como você já sabe. Mas a proteção de minha mãe fez com que a “Avada Kedavra” voltasse para ele. Ganhei essa cicatriz na testa e ele, involuntariamente, me passou alguns de seus poderes e habilidades, inclusive o domínio do idioma Ofidiano que ele, por ser descendente de Salazar Slytherin, possui. No segundo ano, quando houveram petrificações de alunos, pensaram que eu fosse o herdeiro de Slytherin e tivesse aberto a Câmara Secreta, soltando o monstro que vivia lá, o qual descobrimos ser um basilisco. Lutei contra ele e o matei, com a espada de Godric Gryffindor. Quase morri, mas salvei Gina e impedi que Voldemort retornasse, através de suas memórias contidas em seu diário dos tempos de aluno de Hogwarts.
_Tom Marvolo Riddle. _ comentou Janine.
_Isso mesmo. Foi mais uma armação das Trevas que conseguimos desfazer.
_Como assim?
_Meu pai armou tudo. _ explicou Draco _ Colocou o diário de Tom Riddle escondido no meio do material de Gina, que havia sido aprovada para Hogwarts naquele ano. Gina utilizou o diário e Voldemort a possuiu, fazendo-a abrir a Câmara Secreta e soltando o basilisco.
_Mas Harry,Hermione e Rony descobriram toda a trama. _ disse Gina. _ Até tentaram obter informações de Draco no Natal daquele ano, passando-se por Crabbe e Goyle, com Poção Polissuco.
_Eram vocês? _ admirou-se Draco _ Eu bem que achei Crabbe e Goyle mais inteligentes do que o normal naquela noite.
Todos riram e continuaram a comentar as aventuras dos anos anteriores, até que chegou a hora de retornarem para Hogwarts.
_Depois de tudo, Dumbledore lacrou a entrada da Câmara. O esqueleto do basilisco ainda deve estar por lá. _ disse Gina.
_E onde era a entrada? _ perguntou Janine.
_Na pia central do banheiro feminino do segundo andar, o banheiro da Murta que Geme.
_Murta?
_A garota que foi morta da primeira vez em que a Câmara foi aberta pelo herdeiro de Slytherin, Tom Riddle. O fantasma dela assombra aquele banheiro. _ explicou Draco.
_Mas ela é uma garota legal. _ disse Hermione. _ Qualquer dia vamos te apresentar a ela.
_Acho que vai ser bem interessante. _ disse Janine _ Será a primeira vez que vou conhecer um fantasma.
No final da tarde, retornaram ao castelo, Janine carregada com coisas que iria mandar de presente para sua família no Natal. A turma do bem havia ganho mais um aliado dentro da Sonserina, a jovem Pansy Parkinson. Nos dias que se seguiram, Draco Malfoy pôs em prática seu projeto de tentar livrar o máximo possível de colegas da sua Casa da sedução do caminho das Trevas, com relativo sucesso. Alguns dias antes do Natal, no gabinete do Diretor, Dumbledore estava tendo uma discussão via lareira com...
_Narcisa, me compreenda. Está muito perigoso liberar a maior parte dos alunos. Draco inscreveu-se para passar o Natal em Hogwarts e eu aceitei.
_Não me venha com conversas, Dumbledore! Draco virá passar o Natal em Wiltshire, com a família, com os seus iguais.
_Iguais que possuem a Marca Negra no antebraço esquerdo?
_Como se atreve, Dumbledore?
_Narcisa, querida, não tente me enganar ou pior, enganar a si própria. Draco, Pansy Parkinson, Fabian Sheldrake e vários outros não têm a menor intenção de serem aliados de Voldemort. Se essa decisão deles não for respeitada, serei obrigado a denunciar vocês ao Ministério. Sei que você não é uma Death Eater, mas é partidária dele e estou certo de que não gostaria nada da repercussão que isso teria para várias famílias supostamente respeitáveis na comunidade bruxa.
_Então o preço do seu silêncio...
_Consistirá apenas em vocês respeitarem a vontade de seus filhos, deixando-os seguirem o caminho que acharem melhor. É isso ou uma denúncia.
_Está bem, Dumbledore. Desta vez você venceu, mas não perde por esperar. Nós não vamos deixar barato.
_Estaremos prevenidos, Narcisa. Ah, antes que eu me esqueça, Feliz Natal.
_O mesmo para você. _ sibilou Narcisa, entredentes, desaparecendo da lareira, com um estalido.
Satisfeito, Dumbledore sorriu. Obtivera uma pequena vitória que, somando-se a outras, contribuiria para a derrota de Voldemort no futuro.
Manhã de Natal. Os alunos que passaram o natal em Hogwarts despertaram e foram para as árvores de suas Casas, conferir os presentes. Na Grifinória...
_Harry, desça! Venha ver os presentes!
Ele desceu e juntou-se aos amigos, na Sala Comunal. Todos estavam ao pé da árvore, desembrulhando os pacotes. A Sra. Weasley mandara suéteres tricotados a mão para todos. Naquele ano, inacreditavelmente, o de Rony não era marrom e sim azul. Como ela não sabia o tamanho de Janine, mandara um cachecol, com as cores da bandeira do Rio Grande do Sul e o brasão do estado em cada extremidade. Ela adorou. Hagrid mandara para todos luvas novas de couro de dragão. Rony dera a Harry um jogo de Quadribol miniatura e ganhara dele uma jaqueta dos Chudley Cannons. Para Gina, Harry dera uma corrente de ouro com um pingente em forma de coração que, quando aberto, projetava a imagem dos dois, com a frase “O que o amor une, ninguém desune”. Ela lhe dera uma jóia de comunicação, ficando com a outra peça do par. Hermione recebeu de Rony uma coleção de livros “As Brumas de Avalon”, na versão original de Morgana Le Fay, não a conhecida dos trouxas, de Marion Zimmer Bradley, tendo dado a ele um anel da Grifinória, semelhante ao de Harry, com o nome “Weasley” no sinete. Draco mandara para Janine um conjunto de vestes a rigor, pois aproximava-se o Baile de Inverno, no Ano Novo. Ela iria entregar o presente dele pessoalmente. Harry abriu o pacote mandado pelos Dursley, que continha um embrulho em papel vermelho-metálico e um cartão dizendo:
“Harry, Feliz Natal. Muito obrigada pelos doces, principalmente os de baixa caloria para o Duda. Isto esteve escondido comigo durante anos, mas acho que você tem muito mais direito à sua posse do que nós. Com os votos de Boas Festas de sua família.
Petúnia, Valter e Dudley Dursley”
Sensibilizado com o cartão pois, pela primeira vez na vida, os Dursley referiam-se a ele como parte da família, Harry abriu o embrulho, onde havia um belo porta-retratos com uma foto-bruxa, na qual eram retratados seus pais, ainda adolescentes, junto aos Dursley, inacreditavelmente todos sorrindo, brincando entre si e acenando para ele. Era uma foto dos tempos de namoro e noivado dos dois casais, em que a intolerância havia sido deixada de lado e os quatro estavam em harmonia. A foto havia sido tirada por Sirius, de acordo com a dedicatória.
_Harry, o que houve? _ Perguntou Gina, estranhando ao ver o namorado tão comovido.
_Gina, meu amor. Este é, em dezesseis anos, o primeiro Natal em que me sinto quase cem por cento feliz. Sinto, é claro, a falta dos meus pais mas isso eu não posso mudar. Mas, vendo a foto e o cartão que os Dursley me mandaram, não pude deixar de me emocionar. Pela primeira vez na vida não me trataram com desdém, agora referindo-se a mim como membro da família e me mandando algo que Tia Petúnia ocultou por anos. _ e mostrou a ela a foto.
_Incrível. Como parecem estar se dando tão bem.
_Eram adolescentes, noivos, ainda sem preconceitos arraigados. A intolerância ainda não predominava nos Dursley.
Terminaram de abrir os pacotes. Tonks e Lupin haviam mandado abrigos esportivos para todos. Haviam inaugurado, como fachada para os trouxas, uma loja de artigos esportivos mandando algumas peças como presente.
_Tonks realmente aderiu à “Doutrina Saúde”, não é? _ comentou Neville, que chegara há pouco e abria os seus pacotes, experimentando o seu abrigo.
_Ela é fantástica. _ disse Janine, lembrando-se de “Pamela Worthington” _ Durante meses esteve me protegendo, sem que eu sequer desconfiasse e depois me contrabandeou em segurança para Hogwarts, quando os Death Eaters estavam prestes a me pegar. Realmente, como Harry já comentou, ela e Lupin formam um belo casal.
Desceram depois para o almoço de Natal. No Salão Principal a ocupação das mesas era livre, não estando os alunos obrigados a se agruparem por Casas, embora os sonserinos preferissem ficar juntos. Ao verem os Inseparáveis chegando, alguns deles deliberadamente levantaram-se, deixando o grupo da Sonserina e integrando-se aos recém-chegados. Eram: Draco Malfoy, Pansy Parkinson, Fabian Sheldrake, Theodore Nott e, inacreditavelmente, Vincent Crabbe e Gregory Goyle. Draco desejou Feliz Natal a Janine, dando-lhe um selinho e oferecendo-lhe o braço para acompanhá-la até a mesa. Sheldrake e Pansy já vinham de mãos dadas (Pansy Parkinson havia se recuperado rapidamente da crise depressiva e encontrado apoio no decente e gentil Fabian Sheldrake). O restante dos sonserinos permaneceu isolado em sua mesa, todos eles boquiabertos e incrédulos com a dissidência dos colegas de Casa, da qual já haviam ouvido rumores mas que agora se confirmava naquela atitude que, aos olhos de muitos deles, principalmente Millicent Bulstrode e Blaise Zabini, configurava uma gritante traição ao Lorde das Trevas, principalmente por parte de Pansy Parkinson e, para espanto e descrença de todos, do filho do braço direito de Lord Voldemort, Draco Malfoy. Em seguida, apareceu uma jovem fantasma adolescente, juntando-se a eles à mesa.
_Murta! Que prazer tê-la conosco. Queremos te apresentar Janine, nossa nova colega da Grifinória. _ disse Luna.
_Já ouvi falar. Muito prazer.
_O prazer é meu, Murta. Me falaram muito bem de você.
_Conheci essa turma quando eles estavam no segundo ano. Ajudei um pouco a resolver o mistério da Câmara Secreta.
_Um pouco? _ espantou-se Harry _ Você nos forneceu a chave de todo o mistério. Sem você nós não teríamos descoberto a entrada e Gina estaria morta.
_E você sem namorada, porque não iria agüentar muito tempo com a maluca da Chang.
_Com certeza. _ todos riram e começaram a se servir, exceto Murta, que já não precisava mais se alimentar.
_Virá ao baile, Murta? _ perguntou Hermione.
_Sim, claro. Mal posso esperar para que conheçam meu par. Aliás, Luna, muito obrigada pelos cosméticos ectoplásmicos. Não é por que sou um fantasma que deixei de ser uma garota. Mesmo morta, ainda tenho minhas pequenas vaidades.
Admirados pala adesão de Crabbe e Goyle, os membros da turma do bem receberam a seguinte resposta:
_Não somos tão burros quanto nos julgam. _ disse Goyle. _ Nossos pais podem ser devotos do lorde das Trevas, mas nós somos jovens e temos muito o que viver.
Crabbe concordou com o colega, dizendo, com expressão triste:
_Se meu pai tivesse tido amigos de verdade, em lugar de se deixar influenciar pelo pai de Draco, talvez não estivesse encarcerado em Azkaban com ele. Fico triste com isso, mas acho que ele também não tem mais jeito. _ e foi consolado pelos outros.
O almoço transcorreu animado, com todos tecendo elogios ao esmero dos elfos domésticos no preparo dos perus, pratos complementares, molhos e sobremesas. Após todos terem se saciado e estourado seus saquinhos-surpresa, divertindo-se com os brindes ganhos, Dumbledore pediu a palavra e disse:
_Caros professores e alunos, mais uma vez estamos reunidos para o Natal e, nesta ocasião, tenho o prazer de constatar que as Casas voltam, progressivamente, a se integrar, cumprindo o desejo de Gryffindor, Ravenclaw e Hufflepuff, que sempre quiseram a união de todos, que ficou abalada depois da saída de Slytherin que, embora mais elitista do que os outros, garanto que antes de se voltar para as Trevas sempre quis uma Hogwarts forte e unida. Convido-os a levantarem suas taças comigo em um brinde aos Quatro Grandes. _ e levantou sua taça, sendo acompanhado por todos, até mesmo pelos da mesa da Sonserina:
_AOS QUATRO GRANDES! _ ecoou o brado dos alunos e professores da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts pelo Salão Principal. Depois Dumbledore deu por encerrado o almoço. Dia livre para todos.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!