O Dementador
|Título: Os Gêmeos Potter e o Prisioneiro de Azkaban
|Sinopse: 3ª temporada da série "Os Gêmeos Potter". Depois de vencerem um monstro escondido no castelo no ano anterior, os gêmeos voltam a Hogwarts, mas dessa vez fugindo de um homem. Quem era Sirius Black? E por que esse fugitivo colocava suas vidas em risco? Um mapa misterioso, criaturas fantásticas e passagens secretas aguardam os gêmeos em seu terceiro ano em Hogwarts.
|Disclaimer: Harry Potter e todo o universo é propriedade criativa da musa maravilhosa JK Rowling. Eu só peguei emprestado um pouquinho. :v
|Escrita por: Gaby Amorinha
|Betada por: Sufilena
|Classificação: 14+
|Gêneros: Ação, Amizade, Aventura, Escolar, Fantasia, Ficção, Magia, Mistério, Romance e Novela, Shoujo
|Alertas: Heterossexualidade, Spoilers
|Shipps: Percy/Penelope
|Capítulo 5
Lumus!
Olá leitores!
LEIAM ISSO AQUI, LEIAM MESMO.
Milagrosamente, não passou da meia noite ainda ^^ Esse capítulo ficou um pouco maior que o normal, então eu demorei mais que o esperado para escrever ele, tava ficando até um pouco irritada já -q Mas é um capítulo bastante divertido e eu realmente espero que gostem.
Eu tenho pensado algumas coisas sobre o futuro dessa fic e pode ser que eu mude bastante das ideias que eu tinha antes :v Sei que fica a cada dia mais divertido pensar no futuro dessa história :p O que aconteceu foi que eu li Cursed Child e não gostei de algumas coisas mas AMEI outras, e estou pensando no que posso incorporar aqui nessa fic, e as ideias só melhoram. Espero que tenham gostado de Cursed Child, se tiverem lido. Eu não vou adotar aquilo quando estiver lidado com as novas gerações, mas algumas coisas que alguns personagens falaram (cof cof Malfoy cof cof) no livro podem, eventualmente, vir a ser úteis como inspiração aqui. Espero agradar vocês ^^
Ah! Esse capítulo está sem betagem, me desculpem possíveis erros que possam aparecer.
Boa leitura,
Gaby Amorinha
Capítulo 5 - O Dementador
Harry e Ash queriam mais que tudo contar a Rony e Hermione o que o garoto ouvira na noite anterior, mas na turbulenta manhã do embarque ao Expresso de Hogwarts isso se tornou uma tarefa impossível. Por mais que dessa vez não estivessem atrasados, se organizarem para a viagem continuava complicado dada a enorme quantidade de gente que tinham que embarcar. Percy reclamava que Rony deixara chá cair na foto de Penélope, o que o mais novo insistia que era mentira; Harry e Ash penavam para colocar suas corujas nas gaiolas; Rony brigava com Hermione sobre não soltar Bichento no trem ("Coitado do Perebas!") e todos tentavam guiar suas malas para fora do Caldeirão Furado e para dentro dos carros do Ministério que vieram buscá-los. Por fim, todos se acomodaram nos carros e partiram.
Os veículos do Ministério não eram diferentes de veículos normais por dentro, mas os gêmeos perceberam que eles podiam passar por lugares apertados e, com isso, chegar mais rápido aos seus destinos.
Os funcionários ajudaram todos a descer e levar suas malas, e o Sr. Weasley fez questão de atravessar a passagem com Harry, e pedir a Molly que levasse Ash. Se os gêmeos apenas desconfiavam, agora tinham certeza: aquilo era uma escolta. Uma escolta para protegê-los, especialmente Harry, de Black.
Percy atravessara correndo com Gina, mas logo deixou a garota por ver Penélope do outro lado da plataforma. Ele abriu um sorriso, ajeitou o cabelo e os óculos e estufou o peito, exibindo bem seu distintivo. Então foi caminhando até ela. Penélope lia um livro qualquer, de pé, e parecia incrivelmente concentrada. Os cachos loiros estavam presos em um rabo alto com a franja solta, ela usava uma tiara e já vestia o uniforme de Hogwarts.
Percy sentiu o coração falhar uma batida. Como ela conseguia ficar tão linda de maneira tão simples? Ele engoliu em seco. Ainda se lembrava do ano anterior, e ao viajar para o Egito trocara cartas com ela pelas férias inteiras. Poder vê-la, finalmente, era aliviante.
- Penelope! – ele chamou, com um sorriso bobo no rosto. A garota abriu um sorriso leve e fechou seu livro, olhando para ele. Imediatamente, Percy ficou sério, e Penélope teve o bom senso de fingir que não vira como ele ficara bobamente feliz em vê-la.
- Olá Percy. – ela cumprimentou. Percy apertou a mão dela como se cumprimentasse um conhecido qualquer, e a loira abriu um sorriso um tanto quanto maquiavélico que o ruivo já conhecia e conhecia bem. – Monitor-chefe! Parabéns! Não estou surpresa, no entanto. Era algo que eu já esperava de você. Você merece.
- Ah! Hahaha... – ele riu, nervoso. Percy era um rapaz que gostava muito de ter seu ego amaciado, mas sempre que Penelope o elogiava ele ficava um pouco sem jeito. A garota percebeu isso, e ainda com o sorriso maquiavélico no rosto, seguiu o assunto.
- Vi a reportagem sobre sua viagem no Profeta Diário. – ela comentou, querendo jogar conversa fora. Percy já sabia que ela tinha visto, haviam falado disso em carta.
- É, sim. – ele disse, meio sem jeito, tropeçando um pouco nas palavras. – Quer dizer, reportagem, claro! O Egito... Ah, é fantástico! As pirâmides, e as histórias todas...
- Quer me contar sobre isso – ela perguntou, ajeitando a gravata dele. – em uma cabine vazia do trem?
Percy ficou tão vermelho quanto seus cabelos, e apenas concordou com um aceno de cabeça. Penelope o pegou pela mão e encantou seu malão e o de Percy para que fossem andando sozinhos, e logo foi entrando no Expresso com o Weasley ao seu lado, para desespero de Molly que balançava um sanduíche de carne enlatada na mão.
- Percy! Percy!
- Deixa pra lá mãe, - disse Gina. – ele não vai te ouvir agora.
- Ah, honestamente. – Molly comentou. – Toma, fiz pra você também. E para Rony, sem carne enlatada no seu, Fred e Jorge, e tomem, Harry, Ash e Hermione também.
Os gêmeos pegaram seus sanduíches e encararam Molly por três segundos diretos sem dizer nada.
- O que foi queridos? Não gostam de carne enlatada? – a mulher perguntou.
Harry e Ash se olharam, ainda lidando com o fato de que Molly tinha se preocupado em fazer sanduíches para eles quando tinha tantos filhos para quem se preocupar, e depois de absorverem a situação murmuraram um "Obrigado Sra. Weasley" com a voz tão encabulada que ela logo entendeu o que eles sentiam, e abriu um sorriso bondoso.
- Não foi de que. – ela disse, fazendo carinhos nos cabelos deles. – Agora corram para o trem, não querem perder a viagem, sim? Arthur levou suas coisas. Divirtam-se... Mas não muito! Tomem cuidado!
Os dois sorriram, contentes, e terminaram de se despedir de Molly com abraços apertados. Então embarcaram no trem, procurando Arthur com suas coisas. Acabaram o achando no meio do corredor. Haviam muitas cabines cheias, e o homem não encontrara uma que os quatro pudessem ocupar ainda, então isso teria que ficar por conta das crianças. Arthur tinha que sair do trem antes que ele partisse.
- Preciso ir. – o Sr. Weasley disse, deixando os malões no corredor. – Mas antes... Uma palavrinha, Harry?
- Tudo bem Sr. Weasley, eu já sei.
O homem olhou surpreso para Harry. Teria o rapaz aprendido a ler mentes agora?
- Oh. Isso é uma surpresa.
- Não foi por querer, eu juro. – ele disse, olhando para Ash. A garota decidiu pegar a bagagem e ir caminhando trem adentro em busca de Rony, Hermione e uma cabine que pudessem ocupar, deixando Harry e Arthur sozinhos para trás. – Eu ouvi você conversando com a Sra. Weasley. Estava procurando uma coisa pro Rony.
- Entendo, entendo... Veja bem, Harry, entendo que possa estar apavorado...
- Não estou apavorado. – o garoto disse. – Já escapei de Voldemort – Arthur fez uma careta. – duas vezes em dois anos. Black não pode ser pior, pode?
- Bom eu... Harry, eu preciso que me dê sua palavra...
- ...de que vou ser um bom menino e não vou sair do castelo. Ok.
- Não. Quer dizer isso também, mas mais que isso, eu preciso... – Arthur suspirou. – Preciso que me prometa que não importa o que ouça, não importa quem conheça ou o que aconteça, você não vai, não vai de maneira alguma sair por aí procurando Black.
Harry abriu a boca, pensando se tinha ouvido direito.
- O que?
O apito do trem soou, e Arthur olhou nervoso para o garoto.
- Prometa, Harry, que aconteça o que acontecer...
- Por que eu iria querer sair por aí procurando alguém que quer me matar? – o menino perguntou, agora bastante confuso. O apito soou mais uma vez e o Sr. Weasley teve que se despedir e descer do trem às pressas, deixando um Harry extremamente confuso para trás.
...
Harry encontrou Rony, Mione e Ash acomodados em uma cabine no fundo do trem, a única que tinham encontrado vazia – ou quase isso. Havia apenas um outro ocupante, um homem de cabelos castanhos meio grisalhos e de aparência doente adormecido no canto de um dos assentos.
- Quem é esse? – Harry perguntou. Ash e Hermione terminavam de guardar suas coisas no bagageiro e Rony segurava Perebas desesperadamente contra seu peito, vendo Bichento solto na cabine, dormindo sobre o malão de Hermione.
- É o Professor R. J. Lupin. – Hermione disse.
- Como é que você sempre sabe de tudo? – Rony perguntou, olhando aterrorizado para Hermione. Harry e Ash se perguntaram quando eles iam voltar a se dar bem, ou se iam ficar o ano inteiro discutindo sobre seus bichinhos de estimação.
- Está escrito na maleta, idiota. – ela respondeu. Os outros três olharam para o bagageiro, vendo que realmente havia uma maleta com o nome do homem ali.
- Bem – Ash comentou, soltando Morgana para esticar as asas do lado de fora do trem e se jogando no assento. – ele parece bem acabado para um professor. De que será que dá aula?
- Defesa Contra as Artes das Trevas. – Hermione respondeu, terminando também de guardar suas coisas e se sentando ao lado de Ash. Harry se acomodou ao lado de Lupin e Rony se espremeu com as garotas. Não queria apertar Lupin.
- Isso está escrito na maleta também? – Rony perguntou.
- É claro que não, mas é o único cargo aberto. – ela respondeu.
- Ele parece alguém que já lidou com Artes das Trevas demais. – Harry comentou. – Deve ter experiência. Experiência de verdade.
- Convenhamos, depois de Quirrel e Lockhart, não tem muito como piorar, tem? – Rony perguntou, fazendo um carinho em perebas.
- Eu não diria isso se fosse você. Pode atrair coisa ruim. – Mione disse.
- Acham que ele está dormindo mesmo? – Harry perguntou.
- Parece. Por quê? – Rony questionou, reclamando de outra mordida no dedo que Perebas lhe deu. O rato se contorcia loucamente e ele não sabia porque. – Perebas, pare, vai acordar o professor!
- Eu tenho uma coisa pra contar pra vocês. – Harry disse, e então explicou tudo que ouvira no dia anterior e tudo que Arthur lhe dissera hoje. Os amigos ouviram com atenção, Ash também sabendo pela primeira vez o que Arthur tinha exatamente dito a ele, e então o trio olhou para Harry com uma expressão curiosa, como se quisessem que ele dissesse algo. – Por que estão me olhando assim? – ele perguntou.
- Bem. Se ele está atrás de você... – Hermione comentou. – Harry, não saia por aí procurando encrenca, ouviu?
- O quê? Eu não procuro encrenca, ela que me encontra! – Harry retrucou, parecendo levemente ofendido.
- Ele era um prisioneiro de segurança máxima, e fugiu. Esse cara não está pra brincadeira, Harry. – Rony disse, parecendo verdadeiramente preocupado.
- Mas vão pegá-lo, né? – Ash perguntou, parecendo ainda mais preocupada.
- Todos os bruxos e mais os trouxas estão procurando por ele, é claro que vão pegá-lo. – Mione comentou, tentando soar mais certa disso do que realmente se sentia. – Até lá, tome cuidado, Harry, muito cuidado.
- Eu já disse que é a encrenca que me encontra, e não o contrário e...
Ele foi interrompido por um apito forte e insistente.
- O que é isso? – Ash perguntou.
- É o bisbilhoscópio que Rony me deu. – Harry respondeu, abrindo seu malão e pegando o objeto. A bolinha apitava e girava loucamente.
- É dos baratinhos, endoidou quando amarrei na perna de Errol. Eu não devia ter usado, Errol, fato, mas não acho que seja muito confiável. De qualquer forma – Rony pegou um par de meias de Harry e enfiou o objeto lá dentro, dando um nó e o jogando no fundo da maleta. – problema resolvido. Deixe aí, não queremos acordar o professor.
- Podemos mandar isso para analisar em Hogsmeade. – disse Hermione. – Na Dervixes e Bangues, eles vendem todo o tipo de coisa relacionada...
- Sim, Fred e Jorge me contaram. Mas eu quero mesmo é ver a Dedosdemel, com todos os doces mágicos – Rony comentou. – como as canetas de açúcar que você pode por na boca na aula, fingir que está pensando e então comer. Seria um bom passatempo pra aula do Snape.
- Eu quero conhecer os locais históricos. Já ouviram falar da Casa dos Gritos? Estou ansiosíssima! – Mione comentou. – E vocês?
- A gente não vai. – Harry respondeu. – Os Dursley não assinaram. Nem o Fudge.
- O quê? – Rony perguntou, parecendo verdadeiramente chocado. – Nãaaaaao não, não sem chance. Vocês precisam ir, nem que a gente apele pra McGonagall. – no instante seguinte, Rony pareceu pensar melhor. McGonagall certamente não assinaria a autorização para eles, era extremamente severa. – Ou podemos ver com Fred e Jorge! Tenho certeza de que eles conhecem todas as passagens secretas para entrar e sair do castelo.
- Rony! – Hermione repreendeu. – Quer enfiar eles em uma passagem secreta com Black à solta? Ficou maluco?!
Nesse instante, Bichento se espreguiçou de onde estava descansando e começou a andar pelo vagão.
- Maluca ficou você! – Rony resmungou, se levantando e ficando de pé no assento, segurando Perebas, que se contorcia muito, no alto. – Ele vai matar meu rato!
E Harry e Ash gostariam de dizer que esse foi o único problema relacionado aos animais durante a viagem, mas estavam enganados. Por horas, enquanto o Expresso deslizava pelos trilhos, Rony apertou Perebas no bolso resmungando que Hermione tinha que controlar aquele monstro. Lupin não acordou nem quando os alunos tentaram chamá-lo para comprar algo da bruxa com o carrinho de comida. Se o professor não estivesse respirando, os alunos se perguntariam sinceramente se ele tinha morrido.
Havia, no entanto, uma vantagem em dividir o vagão com o professor: em dado momento da viagem Draco Malfoy apareceu acompanhado de Crabbe e Goyle.
O loiro poucas vezes se sentira tão irritado em sua vida quanto agora. Depois de passar férias inteiras com largos períodos sozinho em casa (seus pais estavam viajando cada vez mais. Draco os ouvia falar de "sinais" e "retorno", e por mais que não soubesse sobre o que era, estava com um péssimo pressentimento. Eles vinham montando planos e mais planos de fuga e esconderijo, e Lúcio parecia estar ficando com o cabelo um pouco mais ralo), mesmo que vez ou outra fosse para a casa de Goyle, Crabbe, Parkinson ou Zabini, ficara infinitamente revoltado que não tinha mais o elfo para cuidar de si.
Potter tinha lhe tirado uma coisa. Uma coisa muito, muito importante. Se Draco já estivera determinado a ferir Harry nos anos anteriores, os acontecimentos recentes não tinham ajudado nem um pouco a atenuar a sensação.
Assim, ele decidiu ser bonzinho, e dar um aviso a Harry Potter. Por que não? O garoto ficou um bom tempo vagando pelo trem até encontrar a cabine onde o grupo de amigos estava, e seu lábio tremeu em desprezo ao ver Harry ali.
Mestiço nojento. Invejoso. Tinha que ser invejoso, que outro motivo teria para lhe tirar seu elfo? Sequer sabia que Harry sabia que tinha um elfo, que dirá...
Ele respirou fundo e parou à porta do vagão.
- Harry Potter. E a corja. – ele disse.
Harry franziu a cara e levou a mão ao bolso, segurando a varinha.
- Draco Malfoy. E a corja. – rebateu.
Draco deu um passo para a frente, como se fosse entrar na cabine, mas Harry tirou a varinha e se colocou na frente dele.
- Ah, que hostilidade, Potter. Eu só vim conversar. – Draco olhou por cima do ombro de Harry, colocando os olhos sobre Rony. – Ouvi dizer que seu pai ganhou um montão de ouro essas férias. Sua mãe não morreu do choque?
Rony grunhiu e se levantou, seguido de Ash. Hermione se apressou para segurar os dois pelos punhos.
- Rony, Ash, não. – Mione murmurou. - Se tem uma coisa que vocês deveriam ter aprendido nessas férias, depois da história da tia de Ash e Harry, é que ficar com raiva pode ter consequências bastante desastrosas. – ela murmurou para Ash e Rony. – Tentar manter a calma não vai trazer nada de ruim. O Malfoy é assim, deixa pra lá, ele está com raiva.
- De quê?
- Dobby. Harry o libertou, lembra? – Mione disse.
Harry mantinha o olhar firme encarando Malfoy. Sabia exatamente porque Draco estava tão irritado, e não ia se deixar vencer por isso. Fizera um favor a Dobby, e pouco se lixava se isso tinha irritado Malfoy ou não. Se tivesse que aguentar os ataques dele o ano inteiro, que fosse.
Eles pareceram se acalmar e Hermione fez os dois se sentarem.
- Então. – Harry disse. – Você disse que queria conversar.
- Quem é o outro perdedor ali? – Malfoy perguntou, indicando Lupin com a cabeça. Harry abriu um sorriso vitorioso antes de responder.
- Professor novo.
Draco pareceu ficar um pouco lívido. Não faria nada na frente de um professor, não era burro a esse ponto, mas não podia deixar Harry achando que tinha vencido a batalha.
- Eu não vou me esquecer do que você fez no verão passado. – ele comentou. – Eu vou revidar, Potter. Meu pai ouviu dizer no Ministério que Black vai vir atrás de você por ter derrotado Voldemort. Torça para ele te achar antes de mim. Ao menos ele resolve os problemas dele com um feitiço só.
Harry apenas observou enquanto Draco, Crabbe e Goyle iam embora, e decidiu ignorar o que ouvira. Draco estava sempre ameaçando e caçoando dele, mas sabia que esse ano ia ser pior. Não era só Dobby: havia também a revista que Arthur ordenara ao porão da casa de Draco no ano anterior. A tensão entre os dois só tendia a piorar durante o ano.
- Hmpf. – Rony resmungou, fazendo um gesto obsceno para a porta depois que Draco foi embora. – Ele que venha com piadinhas esse ano pra ver só, estou de saco cheio! Arranco a cabeça dele com as unhas!
- Rony! – Mione repreendeu, apontando Lupin.
O ruivo resmungou mais uma vez, mas o assunto morreu.
O trem continuou seguindo para o norte por um bom tempo, e foi tomado por uma chuva forte e fustigante. A temperatura começou a cair e em algum momento as lanternas do trem foram acesas.
- Devemos estar chegando. – Rony comentou, já se sentindo cansado da viagem.
E nem mesmo um minuto depois que ele disse isso, o trem começou a desacelerar.
- Aah... Não acho que estávamos tão perto assim de Hogwarts. – Hermione comentou. – O que está acontecendo?
- O trem parou. – Harry disse, se aproximando da janela para olhar. – Acho que tem alguém subindo.
De repente as luzes se apagaram por completo, deixando o trem na mais profunda escuridão. Os amigos se apressaram a pegar suas varinhas nos bolsos, mas antes que pudessem fazer alguma coisa, a porta se abriu, e uma voz os chamou.
- Harry?
- Neville! – o Potter exclamou. E Neville não foi a única visita.
Depois de penar para colocar Longbottom para dentro, levando pisões nos pés, Gina Weasley apareceu à porta também parecendo preocupada. Todos perguntavam ao mesmo tempo o que estava acontecendo, mas ninguém sabia responder, e gritavam que seus pés doíam dos pisões. Em algum momento, Rony deu uma cotovelada em Mione, e ela gemeu de dor, pegando um livro em seguida e tentando acertar Rony, mas acabou batendo em Gina que arregaçou a manga para devolver o golpe. A menina estava prestes a errar e acertar Neville, quando Ash passou em sua frente, determinada a sair do vagão. Estava cansada e sufocada ali dentro. Em sua tentativa de se espremer vagão afora acabou levando Neville junto, e logo os dois se viram no corredor. Harry percebeu nesse instante que ela saíra e estava em vias de chamá-la de volta quando uma voz rouca murmurou e chamou a atenção deles.
- Silêncio.
Eles olharam na direção do som e viram uma chama se materializar no ar. Era o professor Lupin. Ele tinha os olhos cansados e cinzentos, e ao correr a chama pelo vagão franziu a testa.
- Fiquem onde estão. – ele ordenou.
O trem estava uma confusão. Alunos tinham se fechado em suas cabines. Ash e Neville voltaram para dentro da cabine, olhando para fora assustados com a escuridão e o silêncio que tomara o trem. E, depois disso, veio o frio.
O vidro começou a congelar. Por todo o trem, alunos se agruparam aos montinhos procurando calor, mas não era o bastante. O frio parecia atravessar suas peles, entrar em suas veias e congelá-los por dentro, até seus corações, até suas almas. Uma sensação de tristeza e desolamento se espalhou pelo trem, e por todos os lados alunos começaram a chorar ou se desesperar.
Draco Malfoy se escondeu atrás de Crabbe e Goyle, afastando lembranças de suas férias; Percy Weasley se abraçou a Penelope, tentando se esquecer do ano anterior; Justino Finch-Fletchey tremendo enquanto se lembrava de olhos terríveis refletidos atrás de um fantasma...
E, na cabine de Harry, algo aconteceu. Dedos compridos, finos, prateados, decompostos e pútridos como se tivessem sido deixados na água por muito tempo apareceram na porta, a abrindo com um gesto leve. Os alunos gelaram, se sentindo pregados ao chão. O vulto, a quem pertencia a mão, estava completamente encapuzado, de preto da cabeça aos pés.
Lupin se levantou, erguendo a varinha.
- Vá embora! Black não está aqui!
O vulto se virou, para desespero de todos, para Harry. Lupin mexeu a mão no ar, fazendo a chama se colocar entre o vulto e o garoto.
- Não tem nada para você aqui. Nenhum de nós está o escondendo debaixo da capa. – Lupin grunhiu, apertando a varinha. O vulto ainda não se mexeu.
Harry começou a sentir seu coração se apertar. Estava frio, ainda mais frio, e ele viu, em sua mente, um flash de luz verde. Seus olhos lacrimejaram, ele conseguia sentir desespero vindo por todos os lados e uma dor muito lancinante em sua testa, em sua cicatriz. Então ele ouviu um grito feminino, uma voz que parecia com a de sua irmã chamando por seu nome, e Harry desmaiou.
- Eu disse... – Lupin resmungou. – Expecto Patronum!
Feitiço dito, uma bolha de luz prateada emanou da varinha do professor. O vulto se remexeu em horror e foi expulso para fora do vagão.
Lupin não parou por aí. Ele saiu da cabine, e lançou seu feitiço contra os outros vultos que estavam ali. Só depois de ter certeza de mandar todos embora, ele guardou a varinha e voltou à cabine.
- Coloque-o no assento. – o professor ordenou. Os alunos, ainda um pouco chocados, Ash e Neville particularmente suados e trêmulos, obedeceram, carregando Harry e o deitando no estofado. Lupin deu chocolates a todos, cedendo um pedaço um pouco maior a Ash e Neville. Ele molhou um tecido com algo de cheiro forte e pôs sob o nariz de Harry, que logo acordou, franzindo a testa e tentando empurrar o tecido para longe.
- O que... O que...
- Deem o chocolate a ele, deem mesmo, vai fazer ele se sentir melhor. – Lupin recomendou, deixando um pedaço de chocolate particularmente grande com Ash. Gina tremia feito louca, e Ash tentava ajudar a garota a se sentir melhor.
- O que era aquilo? – a Potter perguntou.
- Um dementador. Um dos guardas de Azkaban. – Lupin respondeu. Harry parecia menos pálido e suado, mas ainda não mordera seu chocolate. – Coma, é sério. Eu não o envenenei. – Lupin insistiu. Harry mordeu o chocolate meio receoso e sentiu uma onda de calor se espalhar em seu corpo, afastando os efeitos do ataque do dementador. – Eu vou falar com o maquinista. – o professor ditou, saindo da cabine.
- Bem. – Rony comentou. – Como se sente?
- Melhor. – Harry respondeu. Por alguns instantes, todos apenas comeram seu chocolate em silêncio, até que o ataque do dementador parecesse algo distante em suas lembranças. – Aquele grito... O que foi?
- Que grito? – Ash perguntou.
- Como assim, "que grito"? Eu pensei até que fosse você!
- Ninguém gritou, Harry. – Hermione comentou. – Acho que você está mal mesmo, coma mais chocolate.
O menino mordeu de novo, e começou então a perceber uma coisa: ele tinha sido mais afetado do que seus amigos.
- Mas... – ele disse. – Nenhum de vocês... Hm... Desmaiou?
- Não. - Rony respondeu. – Gina tremia muito, Ash e Neville ficaram bem enjoados, mas desmaiar mesmo foi só você.
Um silêncio se instaurou e se manteve até que Lupin voltasse de seu encontro com o maquinista, anunciando que chegariam em cerca de dez minutos. Isso pareceu fazer os alunos saírem de um estado de letargia. Terminaram de comer seus chocolates e de se ajeitarem com as vestes de Hogwarts, pois, de fato, em dez minutos, o trem parou.
Os alunos desceram e por todo o desembarque havia gente ainda zonza e preocupada. Lupin distribuía chocolate a todos os alunos que conseguia alcançar, e parecia estar caindo facilmente nas graças dos alunos.
Harry, Ash, Rony e Hermione viram Hagrid convocando os alunos do primeiro ano e ainda conseguiram dar oi para ele antes de seguirem seu caminho.
Era a primeira vez que Rony e Harry viam as carruagens sem cavalos que conduziam os alunos até Hogwarts, uma vez que tinham chegado de barco no primeiro ano e de carro voador no segundo. O coche cheirava a mofo e palha, mas era confortável, e quando finalmente desceram nos portões de Hogwarts parecia que poderiam esquecer o incidente no trem.
Parecia, se Draco Malfoy e a corja não estivessem parados à porta prontos para caçoar de Harry. O loiro achara que ia ter que esperar bastante por uma oportunidade, mas talvez a sorte estivesse de seu lado nesse ano.
- Então quer dizer que o Potter desmaiou. – Draco comentou, vendo o grupo descer do coche, e nesse segundo Harry soube que não teria paz com o assunto tão cedo em sua vida.
- Deixa ele em paz, Malfoy. – Rony grunhiu.
- Você desmaiou também, Weasley? – o loiro perguntou, com um risinho de desdém. Não conseguiu caçoar muito mais, porém, pois Lupin desceu do coche seguinte e Draco, Crabbe e Goyle tiveram que sair.
Para piorar a situação, ao pisarem no castelo McGonagall apareceu às pressas, requisitando que Harry e Hermione a acompanhassem. Ash e Rony pareceram receosos, mas seguiram seu caminho deixando que a professora lidasse com os dois.
Assim que chegaram à sala dela e Harry viu Madame Pomfrey o esperando ele revirou os olhos.
- Eu estou ótimo, tá legal! Ótimo!
- Lupin me escreveu, Potter. – McGonagall disse. – Ele contou que...
- Eu já disse que estou bem! Ele me deu um chocolate, passou!
- Hm. – Pomfrey murmurou. – Finalmente um professor de Defesa Contra As Artes das Trevas que sabe o que faz.
- Eu vou esperar Hermione ali fora. – o garoto disse, irritado, saindo da sala enquanto McGonagall discutia qualquer coisa sobre a grade curricular de Hermione com ela. Quando a menina deixou a sala parecia radiante, e isso pareceu acalmar Harry um pouco.
- Estou com fome. – ela comentou. – Vamos andando.
Ao ponto em que os dois chegaram ao Salão Principal e se sentaram ao lado dos amigos, a cerimônia de seleção já acabara, e Dumbledore estava de frente ao pedestal para começar seu discurso. Harry viu que quase todo mundo olhava para ele enquanto entrava, e se surpreendeu que a história tivesse se espalhado tão depressa. Estava extremamente irritado com isso, também. Não era frágil ou delicado como uma florzinha pra que lhe olhassem com pena daquele jeito.
- O que ela queria? – Rony perguntou.
- Comigo? Exames e Madame Pomfrey, como se eu fosse me quebrar se soprar um vento na minha cara. – o garoto comentou, parecendo extremamente irritado. – Com a Mione eu não sei e não quero saber. Será que a gente pode esquecer que hoje aconteceu?
Rony e Ash se olharam, surpresos e um pouco preocupados, mas não puderam comentar mais nada, pois Dumbledore começara a falar.
- Boa noite, – os alunos se calaram, ouvindo ao discurso do professor. – e sejam bem vindos a mais um ano letivo! Temos muitos assuntos a tratar antes de podermos nos deliciar com a comida das cozinhas, mas antes, um aviso. Um aviso de extrema importância: Hogwarts receberá pelo ano a presença dos guardas de Azkaban. Estão aqui por ordem do Ministério, e creio que todos tenham conhecimento do motivo. – houve um breve momento de silêncio. – Ninguém deve deixar o terreno de Hogwarts sem permissão. Dementadores não se deixam enganar por capas de invisibilidade ou feitiços baratos, e não entendem súplicas ou pedidos de perdão. São cruéis e misericordiosos, então, pelo próprio bem de vocês, procedam com extrema cautela.
O clima pareceu ficar pesado. Dumbledore aguardou um pouco, esperando que os alunos pudessem entender o risco que os dementadores representavam, antes de enfim voltar a falar.
- Agora, assuntos menos perturbadores. Filch me pediu para avisar, mais uma vez, que a Floresta Proibida não se chama "Proibida" à toa, então alunos, novatos e veteranos, se afastem do local para seu próprio bem. Seguindo, temos duas mudanças em nosso corpo docente esse ano. Em primeiro lugar, todos sabemos que o cargo de Defesa Contra as Artes das Trevas vagou no ano anterior, então tenho o prazer de lhes apresentar o Professor Lupin!
Lupin se levantou para agradecer a uma horda particularmente amigável de aplausos, particularmente vinda dos alunos que já tinham recebido chocolates dele ou que o viram espantando o dementador no vagão. O homem agradeceu com um sorriso leve e voltou a se sentar.
- Olha a cara do Snape. – Rony murmurou, fazendo os amigos olharem para o professor de poções. Esperavam ver descontentamento, afinal, perdera o cargo que queria mais uma vez, mas o olhar que ele dirigia a Lupin tinha mais que isso. Além de raiva, havia desprezo no rosto de Snape, algo muito similar ao que ele tinha no rosto quando olhava para os Potter.
- E prosseguindo – Dumbledore continuou, quando os aplausos se aquietaram um pouco. – no ano anterior, lamento dizer, o Profº. Ketrleburn que lecionava Trato das Criaturas Mágicas decidiu se aposentar para cuidar de seus muitos ferimentos decorrentes da profissão. A vaga será preenchida pelo já conhecido guarda-caças, e agora também professor, Rúbeo Hagrid...
Dumbledore não conseguiu terminar de falar. Uma horda de vivas e aplausos estourou entre os alunos, particularmente forte à mesa da Grifinória, e Hagrid assoou o nariz com um lenço do tamanho de uma toalha de mesa, acenando para os alunos.
O diretor precisou esperar muito até que a algazarra diminuísse, e quanto pode falar alguma coisa teve que levantar a voz para se fazer ouvir.
- ...que humildemente aceitou conciliar as obrigações de professor com guarda-caças.
- Devíamos ter imaginado! – Rony comentou. – Ele cheio de mistérios, e nos manda comprar um livro que morde! Francamente...
E, por fim, o jantar foi servido. Os alunos comeram um tanto quanto afobados e famintos. Harry, Rony, Mione e Ash ficaram no Salão ainda por um tempo depois para dar os parabéns para Hagrid em pessoa, e quando subiram para a Sala Comunal e viram Percy ditar a senha enquanto Neville se atrapalhava a anotando em um papel, os gêmeos tiveram certeza: agora sim estavam em casa.
E as notas finais!
Gente, eu tento, eu juro juro que tento, mas não dá pra odiar o Malfoy :v Isso tá se tornando um problema na minha vida já -q
Eu espero que tenham gostado desse capítulo, de verdade ^^ Vejo vocês na quinta que vem!
Gaby Amorinha
Nox!
Gostou desse capítulo? Confira aqui algumas de minhas outras fanfics!
Os Gêmeos Potter e a Pedra Filosofal (Harry Potter - 1ª temporada de "Gêmeos Potter", encerrada):
http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=42935
Os Gêmeos Potter e a Câmara Secreta (Harry Potter - 2ª temporada de "Gêmeos Potter", encerrada):
http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=44968
Os Gêmeos Potter e o Prisioneiro de Azkaban (Harry Potter - 3ª temporada de "Gêmeos Potter"):
http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=47128
Destino (Naruto):
https://www.fanfiction.net/s/8804800/1/Destino
Don‘t Stop Believin (Glee, interativa, co-autoria com Sufilena. Disponível apenas no socialspirit):
https://spiritfanfics.com/historia/dont-stop-believin--interativa-6553263
The Children Of Fairy Tail (Contos de Fadas, interativa, co-autoria com Sufilena. Disponível apenas no socialspirit):
https://spiritfanfics.com/historia/the-children-of-fairy-tales--interativa-6773955
E confira aqui minha página no facebook:
https://www.facebook.com/autoragabyfraga
Um conto que participou de um concurso no wattpad (ganhou menção honrosa. Fiquei emocionada):
https://www.wattpad.com/story/59821909-a-guerreira-de-zhorel
E links para comprar meus contos originais na Amazon!
[+18] Os Contos de Will e Richard - 1. Antes:
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