Discussões e Revelações



Ninguém falou por alguns instantes; Hermione parecia francamente surpresa, Rony estava boquiaberto e Harry estava de olhos arregalados, as sobrancelhas franzidas e completamente mudo.


- Deixe a gente explicar... – começou Al.


- Como assim, ele é...


- Ah, vocês já deviam saber – desafiou Rose. – Quero dizer, ele é muito parecido com o pai, fisicamente...


- Mas não é como se os Malfoy fossem os únicos loiros albinos do Mundo da Magia... – disse Rony.


- Não chame Scorpius de albino! – gritaram Al e Rose, em uníssono, pegando os três amigos de surpresa.


Rony olhou com estranheza para Rose, depois pareceu perceber que tinha feito algo de errado.


- Desculpe – murmurou Al.  – É que... já ouvimos muita gente chamar o Scorpius disso e não é fácil ouvir vocês... é complicado. – terminou, afastando o olhar.


- Mas como.. – começou Rony. – Como foi que vocês sequer começaram a se falar? – e olhou preocupado para Rose.  


Al ia falar, mas a garota foi mais rápida:


- Olhem – disse relutante. – Muitas coisas aconteceram no futuro, e nem todas podem ser simplesmente explicadas numa conversa; é por isso que enviamos os livros para explicar nossa história.


- Quer dizer que os livros também vão revelar a história de vocês? – indagou Hermione.


- Não – respondeu Rose, relutante. – Os livros são só sobre vocês, e só sobre o que acontece daqui a dois anos. Mas é esse o período mais importante para se entender como foi nosso futuro.


- Mas o que isso tem a ver com o filho do Malfoy? – insistiu Rony.


- O nome dele é Scorpius – lembrou Al. – Ele esteve conosco desde o primeiro dia em Hogwarts.


- Bom, com o Al desde o primeiro dia – admitiu Rose.


- Nós estivemos juntos em tudo – continuou Al. – Fizemos muitas coisas juntos; e se não fosse a ajuda dele, nem teríamos conseguido viajar no tempo.


- Passamos muitas coisas para conseguir o feitiço do tempo que nos trouxe até aqui – continuou Rose. – e em todas elas, Scorpius estava conosco.


- Desde a Seleção, ficamos sempre juntos...


- Alvo! – gritou Rose.


E então, percebeu o que fizera, e cobriu a boca, mas o dano já estava feito.


- Seu nome é Alvo?! – indagou Hermione.  


- Viu?! – guinchou Rose. – É exatamente por isso que eu queria que tomássemos cuidado com o que disséssemos... estamos deixando escapar detalhes importantes...


- Qual é o problema se o Harry deu o nome do Dumbledore ao filho? – questionou Rony, despreocupado. – Até faz sentido.


- Acho que o que ela quis dizer, Rony – disse Hermione –, é que esses detalhes interferem no futuro... no nosso futuro, e descobrir sobre esses detalhes pode alterá-lo de formas inimagináveis.


- É – confirmou Rose. – É bem isso. E por isso que temos que selecionar com cuidado o que podemos contar ou não.


- Os livros servirão para isso – lembrou Al. – Mas tem uns pontos que temos que discutir em particular.


- Como o quê? - perguntou Harry.


- Detalhes do futuro que não estão neles – disse Rose. – para resumir, os livros só vão até o sétimo ano de vocês, então não haverá tudo que aconteceu nos próximos vinte e nove anos...


- Mas claro, não vamos contar tudo o que aconteceu – lembrou Al. – só o necessário.


- Com cuidado de não revelar muita coisa – concluiu Rose.


Por alguns instantes, nenhum dos três falou nada; ficaram absorvendo tudo aquilo, parte por parte. Al e Rose trocavam olhares cheios de significados, torcendo para que não lhe fizessem as perguntas erradas, quando Rony quebrou o silêncio:


- Só uma coisa: você disse que é amigo do filho do Malfoy desde a Seleção?


Rose engoliu em seco.


- Ah – exclamou Rony. – Então, ele não está na Sonserina... isso explica muita coisa – aliviou-se ele.


Mas Al fechou a cara, e Rose parecia impaciente.


- O quê? – disse Rony, confuso. – Você disse que vocês se juntaram desde a Seleção das Casas e...


Então, ele entendeu. E Harry e Hermione também.


- Vocês... vocês... – balbuciou a garota?


- Estão na Sonserina? – completou Harry, confuso.


Al e Rose se distraíram um instante com a expressão que Rony fez.


- A Rose não está.


--


Scorpius Malfoy estivera em muitos lugares estranhos pelo mundo; mas nenhum lhe causou tanta estranheza quanto a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts em 1995.


Os sentimentos que tinha eram confusos; era um lugar muito familiar e ao mesmo tempo, muito alheio. Cada pessoa por quem passava o fazia imaginar se não estaria passando por um conhecido: um auror, um professor, um dos inimigos que enfrentara, talvez duas dessas coisas...


Mas agora, precisava se concentrar no trabalho que teria naquele momento. A passagem secreta devia ter lhe dado vantagem para chegar lá antes dele.


Quando combinara as etapas da viagem com Alvo e Rose, haviam decidido que Scorpius era aquele que conseguiria dialogar com duas pessoas muito difíceis de se abordar. Uma delas seria seu pai, e a outra...


A sala estava fechada, ele já poderia ter entrado e se trancado, para praguejar sozinho que Dumbledore estivesse agora falando com Sirius Black em vez dele.


Mas logo ele surgia, esvoaçando a capa a passos largos, expressando impaciência. Mesmo assim, não pareceu surpreso ou alegre quando o viu.


- O que está fazendo aqui? – ralhou Snape, secamente.


- Precisava ter uma palavra com você – Scorpius foi direto ao ponto.


- O que o fez pensar que pretendo desperdiçar meu tempo com você.


- Achei que soubesse...


- Sei quem são todos vocês – retrucou Snape, os olhos negros agora fixos nos olhos cinzentos de Scorpius. – Não tenho tempo para servir de ajudante de arruaceiros.  


- É isso que acha que somos?


- Criadores de problemas, crias de outros criadores de problemas. Não tenho nada a ter com gente desse tipo. Agora saia da minha frente – e dirigiu-se para a sala, quando o garoto disse:


- Sei que é aliado de Dumbledore, e sei que vai nos ajudar de todo modo.


Snape parou a um passo da porta. Mas não se virou.


- Já conversei com você uma vez... claro, você estava, hum, muito diferente de agora.


Snape não se virou, mas seus olhos se viraram para Scorpius mais uma vez.


- O que disse?


- Convenci você uma vez a me ajudar; em circunstâncias muito especiais. Posso lhe contar como salvamos o mundo uma vez juntos. Também posso contar quais são os nossos planos para o futuro, e para a Ordem da Fênix.


Por um instante, o professor não se mexeu, nem tirou os olhos do garoto, como se estivesse refletindo. Ou talvez estivesse tentando ler sua mente, pensou Scorpius. Que seja, nunca fui bom em Oclumência. Em seguida, olhou de um lado para outro.


Então, tirou a varinha da capa, e tocou na porta, abrindo-a e entrando em sua sala. A porta permaneceu aberta, e Scorpius entendeu.


--


- Como assim?


- Desculpe, eu entendi direito?


- Você é da Sonserina?  


- Francamente, deixem que ele explique, tem que ter alguma explicação!


- Como assim, você é da Sonserina? O que deu no Chapéu...


- Será que vocês vão nos deixar falar?!


Foi Rose que gritou. Al estava a um passo de esbravejar, mas ela foi mais rápida.


- Olhe, nós não queríamos revelar isso agora... era para contarmos esses detalhes aos poucos, de modo que eles fizessem sentido, mas...


- Mas é verdade – confirmou Al. – O Chapéu Seletor me colocou na Sonserina.


- Como? – perguntou Rony, brevemente.


Alvo respirou fundo, parecendo aborrecido.


- Aconteceu muita coisa, muita coisa desde que eu entrei para Hogwarts – as lembranças dançaram de sua mente e se transformaram em uma longa história, de como ele estivera preocupado com a Casa para que seria escolhido, como achava que não se encaixaria na Casa em que estavam todos que conhecia em sua família, como imaginava em qual se encaixaria, e depois aquele constrangedor encontro com Scorpius Malfoy.


- As outras cabines antes da dele estavam bem cheias – comentou Rose. – O irônico é que na época, eu imaginei que fossem nos querer por perto – disse, corando. – Mas todos os outros das cabines eram veteranos que só queriam ficar com os colegas e os parentes; então entramos na dele.


- Ele estava bem nervoso quando entramos – disse Al. – Gaguejava, e essas coisas. Ficou pior...


- Quando descobriram quem ele era? – arriscou Hermione.


- Quando ele descobriu quem nós éramos – informou Rose. – Ele ficou muito constrangido, e não conseguiu conversar comigo direito. Eu preferi não ficar perto de alguém que não conseguia conversar, e decidi procurar outra cabine.


- Mas eu fiquei lá com ele – disse Al. – Ficamos conversando o resto da viagem; fiquei um pouco menos nervoso quando o vi que ele estava tão nervoso quanto eu.


- E ele falou que você devia estar na Sonserina – perguntou Rony.


- Não! – irritou-se Alvo. – Ele também estava nervoso com qual Casa ia ficar.


- Ele foi o primeiro de nós três a ser selecionado – informou Rose. – Da vez seguinte que eu o vi, foi quando ele foi chamado. O Chapéu Seletor demorou pelo menos um minuto até anunciar “Sonserina”.


- Um tempo depois, fui eu – lembrou-se Al. – Àquela altura, eu já sabia de uma coisa... – suspirou e disse – eu não iria para a Grifinória, nem que eu quisesse


- Como assim? – quis saber Harry.


- Eu não disse, mas eu sabia que eu não estava lá. Nem consegui olhar os meus parentes na mesa da Grifinória, mas de algum jeito eu sabia que não ia ficar junto deles...


- Parentes?! – exclamou Harry. – Você tem irmãos?! Primos?!


- Alvo!! – berrou Rose. – Você devia tomar cuidado com o que fala!!


- Enfim!! – continuou Alvo. – Demorou muito para o Chapéu Seletor se decidir; ele viu que eu estava muito confuso, entende, e não conseguiu me colocar numa Casa assim, de cara.


- Ele ficou muito tempo – comentou Rose, enfática. – Os outros alunos já estavam ficando impacientes. Dois garotos até apostaram se Al iria ser um Hatstall.


- Um o quê?! – indagou Harry.


- Ah, meu pai já me falou sobre isso – afirmou Rony. – “Hatstall” é quando um aluno demora muito tempo para ser selecionado; mais de cinco minutos, pelo menos.


- Significa “suporte de chapéu” – disse Rose. – Porque é como se o aluno selecionado estivesse virando um porta-chapéus de tanto tempo com um na cabeça.


- Mas não foi meu caso – disse Al. – Eu só fiquei no máximo dois minutos, com o Chapéu tentando decidir onde me colocar... quando eu vi, ele estava anunciando “Sonserina”.


- E você? – perguntou Rony, de repente, a Rose. – Você está em que Casa?


- Eu... – começou Rose, um pouco surpresa. – Bem, acho que não posso mais ficar incógnita, não é? Eu fui chamada depois de uns quatro alunos; ainda estava em choque pelo que tinha acontecido com o Alvo, só voltei a si quando o Chapéu Seletor me chamou.


“Fiquei decidida a não ir para a Sonserina”, admitiu Rose. “Eu sabia que não pertencia àquela Casa, e estava disposta a discutir com o Chapéu Seletor se fosse preciso (“Harry viu Rony esboçar um sorriso orgulhoso”); mas mal ele terminou de descer à minha cabeça, já estava anunciando:   


- Grifinória! – Alvo imitou a voz trovejante do Chapéu Seletor.


Rony e Hermione esconderam um grande sorriso; mas Harry voltou-se para Alvo.


- O que aconteceu com você depois?


- Eu – Al coçou a parte de trás da cabeça. -  Eu fiquei meio chocado por um tempo; acho que só voltei à realidade depois que já estava à caminho do Salão Comunal. Scorpius teve que me puxar para seguir o resto da turma; eu quase fiquei fora do lugar.


Harry trocou olhares com Rony; ambos conheciam o Salão Comunal da Sonserina. E a ideia de que o filho iria passar os próximos sete anos naquele lugar...


- Passar a noite no Salão Comunal não foi nada – disse Al, como se soubesse o que eles estavam pensando. – É bem melhor do que vocês pensam; meio frio e fica difícil de se ver à noite, mas as camas são boas.


“Ruim mesmo foi encarar as aulas no outro dia...


- O que aconteceu? – perguntou Hermione. – Por acaso, alguém na sua Casa mexia com você?


- Não exatamente – Al mordeu o lábio. – Durante as aulas, eu não consegui me dar bem em nada; nos feitiços, nas poções, muito menos em voo...


- O quê?! – admirou-se Rony.  


- É, eu não parecia bom em nada; não sei o que tinha acontecido comigo.


- E as pessoas também não ajudavam – lembrou Rose. – O pessoal zombava dele sempre que tinha uma chance. E do Scorpius também, mesmo ele sendo melhor do que a maioria deles.


- E esse Scorpions fazia o quê? – quis saber Rony.


- Ele era o único que ficava d lado do Alvo – disse Rose, enfática. – Quero dizer, eu estava na Grifinória, tinha aulas com outras pessoas, quase não nos víamos...


- Então, ficávamos juntos, só tendo um ao outro para se falar. Também evitavam ele...


- Por causa de um boato idiota – lembrou Rose.


Al fez uma careta; começou se lembrar de como aquele boato se refletiu em uma de suas piores desventuras.


- E claro, porque ele era um Malfoy – disse Al.


- Pensei que os Malfoy fossem bem populares na Sonserina – estranhou Rony, escondendo um riso.


- A questão é – interrompeu Al. – Eu detestava isso; a escola, as aulas, os alunos, tudo era péssimo. Os primeiros anos aqui foram muito ruins, e eu fiquei meio...


- Revoltado – completou Rose, com um leve sorriso.


- É! – concordou Al. – Eu queria que alguma coisa de diferente acontecesse; alguma coisa que me tirasse daquele tédio que era.


- Foi aí que as coisas complicaram – Rose estremeceu.


Todos se voltaram para ela.


- O que aconteceu? – preocupou-se Hermione.


- Muita coisa – resumiu Rose. – Tivemos discussões na escola, envolvendo manter ou não alguns símbolos aqui.


- Como assim?


- Não devíamos estar falando detalhes assim, não sabemos como vai ficar depois que tivermos terminado de mudar o passado. Foi uma discussão sobre as imagens de Salazar Sonserina depois de tudo que aconteceu... – Rose engoliu em seco. – Quando a discussão vazou, gerou uma confusão; foi o caos na escola.


- E fora dela – lembrou Alvo. – Alguns ex-alunos fizeram protestos contra a remoção da imagem do fundador da Casa deles.


Hermione pareceu estranhar a situação.


- Eu sei que Salazar Sonserina é uma figura problemática – disse, e olhou para Alvo, como se pedisse desculpas. – Mas tirar as imagens de um fundador não parece sensato.


- E não foi exatamente – disse Al, revirando os olhos. – Os nossos alunos organizavam protestos contra isso, e depois, os alunos das outras Casas fizeram outros protestos contra nós...


“E aí, no meio disso”, Al suspirou, “surgiram umas pessoas... que nos convenceram a seguir um plano idiota para resolver aquela situação.


- No final, não foi tão idiota assim – admitiu Rose. – Claro, vocês quase destruíram a nossa realidade, mas no fim, conseguimos...


Rose tapou a boca.


- O quê? – indagou Hermione. – O que aconteceu?


- E que história é essa de quase destruir a realidade, ou sei lá o quê? – questionou Rony, em tom de censura.


Rose olhou Rony, e riu pelo nariz.


- Digamos que nós já temos certa experiência em viagem no tempo.


- É uma longa, longa história – disse Al, e começou a rir.


Rose também riu.


- Passamos por muita coisa para arrumar aquela confusão; se não tivéssemos conseguido, nem estaríamos aqui.


- Vocês quase morreram? – admirou-se Hermione, aflita.


- Na verdade, nós quase que nem nascemos – corrigiu Al.


- Se o Scorpius não tivesse conseguido com a ajuda do... – Rose se interrompeu antes de continuar – A questão é que passamos por muitas situações antes de chegarmos aqui... e tem certas coisas que não se pode fazer sem construir uma amizade.


- Como enfrentar uma dupla de Explosivins enlouquecidos – lembrou Al.


- Ou enfrentar uma multidão de supremacistas – lembrou Rose.


- Ou encontrar o esconderijo de uma coruja milenar gigante no Deserto de Gobi – lembrou Al, rindo. – E depois fugir das garras dela.


- Nem me fale – estremeceu Rose. – Nem eu acho que adquirir arquivos milenares vale ser rasgado ao meio por aquela ave rancorosa... oh-oh.


Rose apontou para Harry, Rony e Hermione, que pareciam absolutamente perdidos.


--


- E quando a Delphi começou a falar com ele, Al ficou quase que imediatamente encantado – contou Scorpius Malfoy a Snape. – Ele ficou maravilhado com as ideias dela, por mais malucas que fossem.


Snape ergueu uma sobrancelha.


- Acho que ele adorou ter mais alguém do nosso lado – continuou Scorpius. – Entende, nós só tínhamos um ao outro, e a Rose de vez em quando... então quando ela veio com aquela ideia, ele ficou maravilhado, inflamado... acho que estava ansioso para fazer uma coisa grandiosa... bem, confesso, eu também estava. Mas não à ponto de roubar uma máquina do tempo e essas coisas...


- Está dizendo que essa mulher convenceu seu amigo a brincar com o tempo com essa facilidade? – Snape fungou. – Seu amigo não pode ter sido tão simplório...


- Ele é esperto, geralmente – retrucou Scorpius, parecendo ofendido. – Mas o plano da Delphi pareceu para ele uma oportunidade e tanto; você sabe, quando o mundo está contra nós, uma chance como esta não passa simplesmente despercebida.


Snape estreitou os olhos negros, como se tentasse enxergar fundo em Scorpius.


- Você ousa me comparar com o seu amigo sem juízo?


- Não é bem essa a questão – defendeu-se Scorpius, cauteloso. – A questão é que fomos pegos em uma armadilha... pretendíamos viajar no tempo sem alterar nada, só investigando o passado, para tentar resolver a crise que estava acontecendo em Hogwarts...


- Crise esta que começou porque algum professor estúpido acatou a ideia irracional de retirar imagens de diretores de Hogwarts – lembrou-se Snape do que o garoto falara minutos antes.


Tivera que aturar os detalhes desinteressantes da vida escolar do filho de Potter para entender o que estariam pretendendo aqueles viajantes do tempo inconsequentes.


-  Entenda, eles tinham um argumento justo – admitiu Scorpius. – Alguns diretores e membros da História da Magia eram figuras bem negativas. O pessoal queria diminuir a imagem dessas pessoas, para que não fosse como se o legado ruim deles fosse irrelevante. Então, fazia sentido remover algumas estátuas...


- Inclusive a estátua de Salazar Sonserina, fundador de Hogwarts? – questionou Snape, incrédulo. – Reprimir a imagem do fundador desta escola? – agora, havia um claro tom furioso nele.


- Salazar Sonserina era uma figura complicada – lembrou Scorpius. – O pessoal achava que não era certo ignorar os problemas que ele deixou no nosso mundo... a ideia de supremacia bruxa, a Câmara Secreta, o ódio aos nascidos-trouxas... todas esses problemas estão sendo levados à tona nesses últimos anos. O pessoal não queria mais ignorar...


- ... e sumir com a imagem de Sonserina lhes pareceu uma boa ideia – bufou Snape.


- Não foi bem o melhor jeito de contestar o legado dele – admitiu Scorpius. – Tivemos problemas quando a informação vazou, manifestações dentro e fora de Hogwarts...


- Previsivelmente – disse Snape. – Os seguidores de Sonserina não deixariam que seu legado fosse maculado...


- Foi por isso que nós aceitamos participar dos planos da Delphi – lembrou Scorpius. – Até que ela se revelasse um dos inimigos mais perigosos que nós já enfrentamos... longa história, não caberia no nosso tempo; posso continuar contando depois que lermos mais uns capítulos.


Snape não respondeu, levantou-se e foi até a porta.  


- Vai a Dumbledore contar o que eu lhe disse, não é?


- Sua dedução simplista não é impressionante.


--


- Eu esperava que entendesse agora a necessidade de agirmos


Dumbledore repetia as mesmas coisas que dissera no passado a um Cornélio Fudge mais abalado do que nunca.


- A comunidade não aceitará isso de bom grado... – ele sacudia violentamente a cabeça. – Os gigantes?! Eu serei visto como um louco...


- Oh, isso não lhe fará tão mal – tranquilizou-o Dumbledore. – Eu tenho me acostumado a ser visto como um louco, principalmente nos últimos meses, graças aos seus empenho, é claro.


Fudge pareceu inchar, e ia retrucar quando Alastor Moody, atrás dele, interrompeu:


- Dumbledore, Ministro – disse ele. – Talvez queira saber que têm visitas lá atrás.


O diretor se virou para Olho-Tonto,


Um de nossos novos hóspedes?


- Sim – confirmou o auror, girando o olho mágico de volta para a porta. – O loiro. E trouxe Snape com ele.


Dumbledore pestanejou, curioso, e acenou a vainha para abrir a porta. Snape entrou primeiro, arrastando as vestes com Scorpius Malfoy em seu encalço, como se o escoltasse.


- Oh – o menino olhou para o Ministro da Magia. – Eu posso voltar mais tarde...


- Ah, não é necessário! – disse Fudge, enfático. – Eu já estou de saída, tenho coisas a resolver no Ministério da Magia. Receio que tenhamos de adiar essa discussão, Dumbledore. Acho que você já está ocupado o bastante hoje.


Dumbledore suspirou, enquanto Fudge saía a passos apressados, mantendo distância de Scorpius, que o  olhou uma última vez antes de ele desaparecer nas escadarias.


Ele realmente se parece com o Robert Hardy, pensou consigo mesmo. Quando assistira àqueles filmes, o ator que mais lhe chamara a atenção fora o intérprete do Ministro. Imaginara como deveria ser ele, um ator tão respeitado, interpretar uma figura tão detestada como Cornélio Fudge.


Infelizmente, não poderia fazer essa pergunta a ele; o ator falecera fora, ironicamente um mês antes de Scorpius partir pela primeira vez a Hogwarts, quando ele conheceu Al e Rose, que o apresentariam ao mundo dos trouxas.


- Severo, Scorpius - chamou Dumbledore, atraindo a atenção do garoto. - Acredito que tenham coisas importantes a compartilhar comigo.

~~
FELIZ PRIMEIRO DE SETEMBRO DEZENOVE ANOS DEPOIS!

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Comentários (1)

  • Sonhadora Dixon

    Você postou!!! Ok, foi um capítulo extra, mas você postou! Adorei! E adorei ver que o Alvo e o Scorp são sonserinos, sério mesmo! Eu não consigo mais imaginá-los em outras casas, mas estou mega ansiosa por mais capítulos. Melhor 1º de setembro de todos!

    2017-09-05
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