Duda dementado



– Capítulo I – Duda dementado. – Severo leu.
– Não gostei nem um pouco do nome desse capítulo. – Lily bufou apreensiva – Só posso supor que Duda de alguma forma encontrou um dementador… E isso não é nada bom.
– Mas como Duda poderia encontrar um dementador? – Remo perguntou abismado – Não acho que os Dursley iriam a alguma lugar onde seja fácil encontrar um dementador… E não sei como um dementador iria parar na Rua dos Alfeneiros!
– Só vamos entender lendo. – Tiago murmurou soturno.

O dia de verão mais quente do ano estava chegando ao fim e um silêncio modorrento pairava sobre os casarões quadrados da Rua dos Alfeneiros. Os carros, em geral reluzentes, estavam empoeirados nas entradas das garagens, e os gramados, que tinham sido verde-esmeralda, estavam ressequidos e amarelos – porque o uso de mangueiras fora proibido durante a estiagem.
Privados das atividades de lavar carros e cortar gramados, os habitantes da Rua dos Alfeneiros haviam se recolhido à sombra de suas casas frescas, as janelas escancaradas na esperança de atrair uma brisa inexistente. A única pessoa do lado de fora era um adolescente deitado de costas em um canteiro de flores à frente do número quatro.
Era um garoto magricela, de cabelos pretos, a aparência macilenta e meio doentia de alguém que cresceu muito em pouco tempo. Suas jeans estavam rotas e sujas, a camiseta larga e desbotada, e as solas dos tênis se soltavam da parte de cima.

– Sei que você disse que nunca nem pensou nisso… – Sirius disse encarando Harry – Mas não seria nada ruim comprar umas roupas novas…

– Sempre esqueço que posso trocar dinheiro bruxo por dinheiro trouxa. – Harry deu de ombros – E se eu aparecesse na Rua dos Alfeneiros com roupas novas, meus tios saberiam que tenho dinheiro… E fariam de tudo para tirar o que pudessem “para pagar tudo o que gastaram comigo”. – completou fazendo aspas com os dedos.
– O que gastaram com você? – Lily revirou os olhos – Quando você não conseguia comer nem metade do que devia, quando te usavam de empregado, ou quando você vivia no armário sob a escada? – perguntou irônica.

A aparência de Harry Potter não o recomendava aos vizinhos, que eram do tipo que achava que devia haver uma punição legal para sujeira e desleixo, mas como ele se escondera atrás de uma repolhuda hortênsia, esta noite ele estava invisível aos que passavam. De fato, a única maneira de localizá-lo era se o tio Válter ou a tia Petúnia metessem a cabeça pela janela da sala de estar e olhassem diretamente para o canteiro embaixo.
No todo, Harry achava que devia receber parabéns pela ideia de se esconder ali. Não estava, talvez, muito confortável, deitado na terra quente e dura, mas, por outro lado, ninguém estava olhando para ele, rangendo os dentes tão alto que o impedia de ouvir o noticiário, nem disparando perguntas incômodas, como acontecera todas as vezes em que tentou se sentar na sala de estar para ver televisão com os tios.

– E por que exatamente você estava tentando assistir a televisão com seus tios? – Neville perguntou confuso.

– Não acho que faça diferença falar… – Harry disse antes que Hermione tivesse a oportunidade de abrir a boca – Estava tentando ouvir o noticiário… Imaginei que se Voldemort começasse a agir talvez saísse alguma coisa no telejornal…
– Faz sentido. – Remo disse pensativo – É claro que os trouxas não saberiam o que significa… Mas você perceberia os sinais… Mortes misteriosas, desaparecimentos sem pistas…
– Isso significa que ele ainda não se revelou… – Tiago suspirou profundamente – E se não há notícias sobre isso nos jornais do nosso mundo, o ministério continua não acreditando em você…
– Talvez tenha feito alguma diferença… – Harry admitiu sob o olhar reprovador de Hermione.
– Você já devia saber como eles conseguem tirar conclusões das menores informações. – Hermione bufou fazendo sinal para Severo continuar a leitura.

Quase como se tais pensamentos tivessem entrado pela janela aberta, repentinamente Válter Dursley, o tio de Harry, falou:
— Fico contente de ver que o garoto parou de se meter aqui. Por falar nisso, onde será que ele anda?
— Não sei — respondeu tia Petúnia, desinteressada. — Aqui em casa não está.
O tio grunhiu.
— Assistir ao noticiário... — comentou com severidade. — Gostaria de saber o que é que ele está realmente aprontando. Como se um garoto normal se interessasse por noticiário; Duda não tem a mínima ideia do que está acontecendo; duvido que saiba quem é o primeiro-ministro! Em todo o caso, não há nada sobre gente da laia dele no nosso noticiário...

– Não fez tanta diferença assim. – Tiago deu de ombros – Eu teria suposto o mesmo depois dessa parte…


— Válter, psiu! — alertou tia Petúnia. — A janela está aberta!
— Ah... é... desculpe, querida.
Os Dursley se calaram. Harry ouviu o anúncio de um cereal com frutas para o café da manhã enquanto observava a Sra. Figg, uma velhota gagá que adorava gatos e morava ali no bairro, na Alameda das Glicínias, que ia passando vagarosamente. Ela franzia a testa e resmungava baixinho. Harry ficou muito feliz de estar escondido atrás do arbusto, porque ultimamente a velhota dera para convidá-lo para tomar chá todas as vezes que o encontrava na rua.

– Se ela é a mesma Figg a que Dumbledore se referiu no outro livro, isso faz muito sentido. – Sirius disse pensativo – Ela deve estar tentando vigiar Harry mais ativamente…

– Mas parece que Harry não fez a conexão entre essa Figg e a Figg que Dumbledore conhece. – Tiago concordou.
– Harry havia acabado de passar por um momento traumático quando Dumbledore falou sobre uma Figg… – Lily disse, apertando a mão de Harry com carinho – Ele tem bons motivos para não ter feito a conexão.

Ela acabara de virar a esquina e desaparecer de vista quando a voz do tio Válter tornou a soar pela janela aberta.
— O Dudoca vai tomar chá fora?
— Na casa dos Polkiss — respondeu tia Petúnia com carinho. — Ele tem tantos amiguinhos, é tão popular...
Harry mal conseguiu abafar o riso. Os Dursley eram espantosamente burros quando se tratava do filho. Engoliam todas as mentiras capengas de Duda de que estava tomando chá com alguém da turma a cada noite das férias. Harry sabia perfeitamente bem que o primo não estivera tomando chá em parte alguma; ele e sua turma passavam as noites vandalizando o parque infantil, fumando nas esquinas e atirando pedras nos carros e crianças que passavam.

– O garoto está cada dia pior… – Alice suspirou – Digno de pena…

– Infelizmente, com pais como os dele, eu duvido que ele mude muito. – Frank deu de ombros.
– Essa é a única parte boa de eles nunca terem tratado Harry como tratam o filho… – Tiago disse pensativo – Se Harry fosse como Duda… Não quero nem imaginar.
– Mas acho que mesmo se tivesse sido criado pelos Dursley como um filho sua personalidade não mudaria muito... – Sirius disse, sorrindo para Harry com carinho – Mesmo com a maneira como eles te trataram você tem o coração enorme… Acho que nada mudaria isso!
– O problema é que isso tudo está errado desde o início. – Lily bufou – Harry não devia ter sido criado pelos Dursley… Sirius devia ter tido um julgamento de verdade, então ele teria sido inocentado, e criaria Harry… Harry estaria muito mais a salvo com Sirius do que com os Dursley, mesmo com a proteção que Dumbledore colocou… – completou, sorrindo para Sirius com carinho.

Harry os vira durante seus passeios noturnos por Little Whinging; ele próprio passara a maioria das noites das férias perambulando pelas ruas, recolhendo jornais das lixeiras em seu trajeto.
Os primeiros acordes da música que anunciava o telejornal das sete horas chegaram aos ouvidos de Harry e seu estômago revirou. Talvez aquela noite – depois de um mês de espera – fosse a noite.

– Um mês? – Tiago perguntou espantado – Porque você está sozinho, com os trouxas, há um mês? Achei que você fosse ficar com os Weasley! Pensei que você iria a casa dos Dursley apenas para reforçar a proteção...

– Não gosto nada disso. – Sirius murmurou soturno.

“Um número recorde de turistas impedidos de prosseguir viagem lota os aeroportos nessa segunda semana de greve dos carregadores espanhóis...”
— Se fosse eu, mandava essa gente dormir a sesta pelo resto da vida — rosnou tio Válter mal o locutor terminara a frase, mas não fez diferença: do lado de fora, no canteiro, o estômago do garoto pareceu se descontrair. Se tivesse acontecido alguma coisa, com certeza seria a primeira notícia; morte e destruição eram mais importantes do que turistas retidos em aeroportos.

– Não acho que Voldemort começaria a chamar atenção a ponto de aparecer no jornal trouxa tão cedo… – Remo disse pensativo – Eu diria que primeiro vão acontecer desaparecimentos misteriosos… Foi assim que começou, logo antes de Voldemort se revelar…

– Depois mortes misteriosas. – Sirius suspirou – De pessoas que se recusarem a seguí-lo…
– Apenas depois que ele tiver muitos seguidores o caos vai começar… – Tiago concordou, soturno.

Ele deixou escapar um longo e lento suspiro e contemplou o céu muito azul.
Todos os dias deste verão tinham sido a mesma coisa: a tensão, a expectativa, o alívio temporário, e mais uma vez a tensão crescente... e sempre, a cada dia com maior insistência, a pergunta: por que nada acontecera ainda?

– Voldemort deve estar reunindo novos seguidores… – Remo disse categórico – Ele não é ninguém sem seu rebanho…

– Então podemos esperar uma fuga em massa de Azkaban muito em breve. – Sirius suspirou pesaroso – E minha prima… – completou olhando para Frank e Alice com cuidado.
– Bellatrix deve conseguir fugir em breve. – Frank completou o pensamento de Sirius temeroso.
– E Bellatrix não é apenas ruim… – Sirius disse – Ela é verdadeiramente louca, sádica e sem nenhuma noção de moral… Muito parecida com Voldemort, se parar para pensar.

O garoto continuou a ouvir, caso houvesse um pequeno indício cujo significado os trouxas não tivessem percebido – um desaparecimento inexplicado, talvez, ou algum acidente estranho... Mas, à greve dos carregadores de bagagem, seguiram-se notícias sobre a seca no Sudeste (“Espero que o vizinho esteja escutando!” berrou tio Válter. “Ele e sua mania de ligar os irrigadores do jardim às três da manhã!”), depois a notícia de um helicóptero que quase se acidentara em um campo no Surrey, o divórcio de uma famosa atriz de seu famoso marido (“Como se estivéssemos interessados em seus casos sórdidos”, fungou tia Petúnia, que acompanhara o caso obsessivamente em todas as revistas em que conseguiu pôr as mãos ossudas).
Harry fechou os olhos para se proteger do céu noturno, agora cintilante, enquanto o locutor continuava:
“... e finalmente, Quito, o periquito australiano, encontrou um jeito novo de se refrescar neste verão. Quito, que mora em Five Feathers, em Barnsley, aprendeu a esquiar na água! Mary Dorkins tem outras informações.”

– Os trouxas realmente dão notícias sobre periquitos que esquiam no telejornal? – Neville perguntou confuso.

– Não deviam ter mais nada para noticiar… – Harry deu de ombros.
– Mesmo assim. – Sirius disse, franzindo a testa – Periquitos que esquiam não tem motivo nenhum para aparecer em um noticiário sério!
– Ás vezes os trouxas são muito estranhos. – Frank murmurou recebendo murmúrios de concordância da maioria dos presentes.

Harry abriu os olhos. Se tinham chegado a periquitos que esquiam, é porque não havia mais nada que valesse a pena ouvir. Virou-se cuidadosamente de barriga e se ergueu sobre os joelhos e cotovelos, preparando-se para engatinhar para longe da janela.
Andara uns cinco centímetros quando várias coisas aconteceram em rápida sucessão.
Um estalo alto e ressonante quebrou o silêncio como um estampido; um gato saiu desabalado de baixo de um carro estacionado e desapareceu de vista; um grito, um palavrão em voz alta e o ruído de louça se espatifando ecoou na sala de estar dos Dursley, e, como se fosse o sinal que estivera aguardando, Harry se pôs de pé com um salto ao mesmo tempo que puxou uma fina varinha do cós da jeans, como se desembainhasse uma espada – mas antes que pudesse erguer completamente o corpo, bateu com o cocuruto na janela aberta dos Dursley. O barulho resultante fez tia Petúnia dar um berro ainda maior.

– O estalo deve ser resultante de uma aparatação. – Lily disse,balançando as pernas preocupada – É claro que poderia ser qualquer outra coisa…

– Aparatação é o mais provável. – Sirius suspirou pesaroso – Se fosse um escapamento de carro, por exemplo, Harry teria ouvido o carro também…
– O gato poderia ser um animago? – Alice perguntou curiosa.
– Talvez. – Tiago deu de ombros, frustrado – Ou pode ser apenas um gato de rua que estava escondido embaixo do carro…
– Não saber o que está acontecendo me deixa louco! – Sirius bufou irritado.

O garoto teve a sensação de que havia rachado a cabeça ao meio. As lágrimas escorrendo dos olhos, ele cambaleou, tentando focalizar a rua para descobrir a origem do barulho, mas mal conseguira se endireitar quando duas enormes mãos púrpuras saíram pela janela aberta e o agarraram pelo pescoço.
— Guarde... isso! — rosnou tio Válter no ouvido dele. — Agora...! Antes... que... alguém... veja!
— Tire... as... mãos... de... cima... de mim! — ofegou Harry.
Durante alguns segundos os dois pelejaram. O garoto puxando os dedos do tio, grossos como salsichas, com a mão esquerda, enquanto mantinha a varinha erguida com a direita; então, quando a dor na cabeça de Harry deu mais um latejo particularmente forte, tio Válter soltou um grito e largou o sobrinho como se tivesse recebid o um choque elétrico. Uma força invisível parecia ter emanado do garoto, tornando impossível segurá-lo.

– Sua magia latente ás vezes me assunta. – Lily disse, encarando Harry preocupada – Quando leio coisas assim… Você abrindo a porta do armário sob a escada, sem varinha, não-verbalmente…

– Entendo o que quer dizer. – Tiago disse pensativo – E as magicas involuntárias também foram muito fortes…
– Isso pode ser por causa da maldição da morte… – Severo murmurou, chamando a atenção de todos – Ou pode ser o motivo pelo qual o Lord das Trevas resolveu matá-lo…
– Não sei qual das duas opções me assusta mais. – Lily suspirou profundamente.

Ofegante, Harry cambaleou por cima do pé de hortênsia, ergueu-se e olhou a toda volta. Não havia sinal do causador do forte estampido, mas havia muitos rostos espiando de várias janelas vizinhas. O garoto enfiou depressa a varinha no cós da jeans e tentou fazer uma cara inocente.
— Bela noite! — exclamou tio Válter, acenando para a senhora do número sete, defronte, que o observava atentamente por trás das cortinas. — A senhora ouviu o estouro do escapamento de um carro agora há pouco? Petúnia e eu levamos um grande susto.
Ele continuou a sorrir daquele seu jeito horrível e maníaco até todos os vizinhos curiosos terem desaparecido das várias janelas, então o sorriso virou um esgar de fúria e ele mandou Harry se aproximar outra vez.
O garoto deu uns passos à frente, tomando o cuidado de parar a uma distância em que as mãos estendidas do tio não pudessem recomeçar a esganá-lo.

– Nada justifica você ser obrigado a viver com eles. – Lily bufou irritada – Tenho certeza de que Dumbledore poderia fazer dezenas de outros feitiços para te proteger…

– Mas será que algum desses outros feitiços serviria para os planos dele? – Tiago levantou uma sobrancelha – Sinceramente, para mim ele deixou Harry com os Dursley para Harry chegar em Hogwarts sem nenhuma influência do mundo magico, para Dumbledore poder manipulá-lo e moldá-lo aos próprios propósitos…
– Mesmo vivendo em um lugar onde Harry é maltratado? – Alice perguntou escandalizada – Dumbledore é uma pessoa ruim?
– Não acho que ele seja uma pessoa ruim… – Tiago suspirou – Acho apenas que ele pensa que isso não é tão grave na busca pelo objetivo dele… E o objetivo dele, pelo que eu sei, é bem honrado… O bem maior… Mas acho que ele navega no limite entre o certo e o errado para alcançar esse objetivo. E nem sempre pensa em todas as pessoas que ele está atingindo.
– Então você acha que se Harry fosse criado por Sirius, Sirius influenciaria ele, e ele não seria tão moldável aos objetivos e opiniões de Dumbledore? – Lily perguntou pensativa.
– É exatamente o que eu acho. – Tiago deu de ombros encarando Harry com atenção – E é exatamente o motivo pelo qual eu preferia que Harry fosse criado pelo Sirius. Você seria bem menos inocente, bem menos influenciável e mais propício a fazer as próprias escolhas… Certas ou erradas, as escolhas seriam suas.

— Que diabos você está pretendendo com isso, moleque? — perguntou tio Válter com a voz rouca tremendo de fúria.
— Pretendendo com isso o quê? — perguntou Harry com frieza.
Não parava de olhar para a esquerda e a direita da rua, na esperança de ver quem produzira o estampido.
— Fazer um barulho desses como se fosse um tiro de partida do lado de fora da nossa...
— Não fui eu que fiz o barulho — respondeu o garoto com firmeza.
A cara magra e cavalar de tia Petúnia apareceu agora ao lado da cara larga e vermelha do tio Válter. Estava lívida.
— Por que você estava escondido embaixo da nossa janela?
— É... é, uma boa pergunta, Petúnia. Que é que você estava fazendo embaixo da nossa janela, moleque?
— Ouvindo o noticiário — respondeu Harry, conformado.
O tio e a tia trocaram olhares indignados.
— Ouvindo o noticiário! De novo?
— Bom, é que ele muda todos os dias, entende? — respondeu o garoto.

A maioria dos presentes não resistiu às risadas.

– Pelo menos, apesar de tudo, você tem o senso de humor de Tiago. – Sirius disse entre as risadas – Há uma esperança!
– Nunca disse que não havia. – Tiago disse sacudindo os ombros – Acho que apesar de tudo, Harry se tornou uma pessoa bem independente… Mas me incomoda que ele acredite demais em Dumbledore e não pesquise por fora das informações que Dumbledore dá…
– Mas é justamente para isso que a Hermione serve! – Gina disse com um meio sorriso que foi compartilhado por Hermione.
– Estaríamos perdidos sem Hermione. – Harry admitiu com um sorriso – Não teria passado do meu primeiro ano…
– Apenas continue lendo. – Hermione disse corando.

— Não se faça de engraçadinho comigo, moleque! Quero saber que é que você anda realmente tramando – e não me responda outra vez com essa história de que estava ouvindo o noticiário! Você sabe muito bem que gente da sua laia...
— Cuidado, Válter! — cochichou tia Petúnia, e o marido baixou tanto a voz que Harry mal conseguiu ouvi-lo
— ... que gente da sua laia não sai no nosso noticiário!
— É só isso que o senhor sabe — respondeu Harry.
Os Dursley o encararam por alguns segundos, então a tia falou:
— Você é um mentirozinho sórdido. Que é que aquelas... — e aí ela também baixou a voz, e Harry precisou fazer leitura labial para entender a palavra seguinte — ... corujas andam fazendo que não lhe trazem notícias?

– É uma ótima pergunta. – Remo disse, olhando de soslaio para Rony e Hermione – Tenho certeza de que o Profeta é inútil… Mas Rony deve saber alguma coisa, tanto seu pai quanto seu irmão trabalham no ministério…

– E toda a sua família se comprometeu a ajudar Dumbledore. – Sirius disse, concordando com Remo lentamente – Tenho certeza de que Rony saberia alguma coisa…
– Então por que ele não está informando Harry? – Alice perguntou confusa.
– Corujas podem ser interceptadas. – Severo murmurou.
– O que realmente me incomoda é terem deixado o Harry sozinho, sem notícias, com os trouxas… – Tiago suspirou – Se não fizerem algo logo… Você não é conhecido por pensar antes de agir, não é? – completou virando-se para Harry – Não que isso seja realmente uma crítica… Eu também nunca pensei muito antes de agir.
– E é por isso que precisamos ler todos os livros antes de vocês tomarem qualquer decisão. – Hermione disse sorrindo para Tiago – Para vocês terem tempo de pensar em todas as informações antes de decidir.

— Ah-ah! — exclamou tio Válter com um sussurro triunfante. — Agora sai dessa, moleque! Como se não soubéssemos que você recebe todas as suas notícias por aqueles bichos pestilentos!
Harry hesitou um instante. Custou-lhe algum esforço dizer a verdade desta vez, embora os tios não pudessem saber como se sentia mal em fazê-lo.
— As corujas... não estão me trazendo notícias — respondeu com a voz inexpressiva.
— Não acredito — falou tia Petúnia na mesma hora.
— Nem eu — disse o marido, enfático.
— Sabemos que você está tramando alguma coisa estranha — retorquiu tia Petúnia.
— Não somos burros, sabe — disse o tio.
— Bom, isso é novidade para mim — retrucou Harry, que começava a se enraivecer, e antes que os Dursley pudessem chamá-lo de volta, o garoto lhes deu as costas, atravessou a frente da casa, pulou por cima da mureta do jardim e começou a subir a rua.
Agora ele estava em apuros e sabia disso. Teria de enfrentar os tios mais tarde e pagar o preço da grosseria, mas isso não o preocupava muito no momento; tinha assuntos mais urgentes na cabeça.
Harry tinha certeza de que o estampido fora produzido por alguém aparatando ou desaparatando. Era exatamente o som que Dobby, o elfo doméstico, fazia quando desaparecia no ar. Será que Dobby andava por ali, na Rua dos Alfeneiros? Será que o elfo o estava seguindo naquele instante?

– Não acho que seja Dobby. – Sirius disse ansioso – Ele não teria motivos para se esconder de você…

– Teria, se alguém mandasse ele seguir Harry escondido… – Remo deu de ombros.
– Mas agora Dobby trabalha para Hogwarts, – Tiago conjecturou – apenas os professores e o diretor podem mandar nos elfos. E ainda assim, Dobby se considera um elfo livre, ele não é obrigado a obedecer ninguém!
– Então tem que ter sido um bruxo. – Lily disse preocupada.
– Ou algum outro elfo. – Tiago disse encolhendo os ombros – Mas eu diria um bruxo… E Harry deve ser o único bruxo nessa região, então quem quer que seja, está atrás dele…
– Resta saber se para o bem ou para o mal. – Sirius suspirou resignado.

Quando lhe ocorreu este pensamento, ele se virou para examinar a rua, mas ela parecia completamente deserta e o garoto tinha certeza de que Dobby não era capaz de ficar invisível.
Harry continuou a andar, sem prestar muita atenção ao caminho que estava seguindo, porque nos últimos tempos batia essas ruas com tanta frequência que seus pés o levavam automaticamente aos lugares preferidos. A cada meia dúzia de passos, olhava por cima do ombro. Algum ser mágico estivera por perto quando ele estava deitado entre as begônias moribundas de tia Petúnia, tinha certeza. Por que não falara com ele, por que não fizera contato, por que estava se escondendo agora?
Então, quando sua frustração atingiu o auge, sua certeza foi se esvaindo.
Talvez não tivesse sido um ruído mágico, afinal. Talvez estivesse tão desesperado para detectar o menor sinal de contato do mundo a que pertencia que simplesmente reagia exageradamente a sons muito comuns. Será que podia ter certeza de que não fora o som de alguma coisa quebrando na casa do vizinho?

– Isso me deixa ainda mais agoniada. – Lily suspirou – Por que Harry está tão desesperado por contato do mundo bruxo? Onde vocês estão? – completou encarando Rony e Hermione.

– Não podemos… – Hermione começou a dizer, mas foi interrompida.
– Vocês não podem falar, nós sabemos. – Sirius concluiu por ela – Mas toda essa necessidade de contato de Harry é realmente estranha…
– Me lembra horrivelmente as férias entre o primeiro e o segundo ano de vocês… – Frank murmurou cuidadoso.
– Mas dessa vez não sabemos se Harry realmente não está recebendo carta alguma. – Tiago disse entortando a boca, pensativo – Como naquela vez, as cartas dele podem estar sendo interceptadas… Se Harry não estava mesmo recebendo cartas dos amigos, onde essas cartas poderiam estar?
– Melhor continuar lendo. – Rony disse parecendo ansioso.

Harry teve a sensação surda de que seu estômago despencava e, antes que percebesse, a desesperança que o atormentara o verão inteiro tornou a se apoderar dele.
Amanhã o despertador o acordaria às cinco da madrugada para ele poder pagar à coruja que entregava o Profeta Diário – mas fazia sentido continuar a recebê-lo? Ultimamente Harry apenas corria os olhos pela primeira página e logo atirava o jornal para o lado; quando os idiotas que editavam o Profeta finalmente percebessem que Voldemort voltara dariam a notícia em grandes manchetes, e era só isso que interessava a Harry.

– Mas não devia ser… – Sirius disse preocupado – Se você não ler o jornal inteiro, não vai saber o que está acontecendo… O que estão falando para o resto da população poderia explicar porque Voldemort não se revelou ainda…

– Tem que ler nas entrelinhas. – Remo concordou com Sirius, enfático.

Se tivesse sorte, chegariam também corujas com cartas dos seus melhores amigos, Rony e Hermione, embora toda a esperança que alimentara de que essas cartas lhe trouxessem notícias há muito havia sido riscada do mapa.
“Não podemos dizer muita coisa sobre Você-Sabe-Quem, é óbvio... Nos recomendaram para não dizer nada importante para o caso de nossas cartas se extraviarem... Estamos muito ocupados, mas não posso lhe dar detalhes... Tem muita coisa acontecendo, contaremos quando a gente se vir…”

– Então vocês estão juntos… – Tiago perguntou estreitando os olhos para Rony e Hermione – E Harry está sozinho, sem notícias, com os Dursley?

– Isso está errado… – Sirius disse nervoso – Muito errado…
– E não faz sentido! – Remo bufou – Por que Harry não está com os Weasley? Entendemos sobre a proteção da casa dos Dursley, mas não faz sentido algum Harry ter que ficar tanto tempo com eles…
– Só tem uma pessoa que pode ter mandado os Weasley não buscarem Harry, – Tiago suspirou profundamente – uma pessoa com seus próprios objetivos e seus próprios motivos para manter Harry isolado…
– Dumbledore. – Lily completou o pensamento de Tiago, irritada – Agora faz ainda mais sentido Dumbledore não estar lendo esses livros com a gente…
– Nessa história, acho Dumbledore muito pior do que Snape… – Frank disse, encarando Severo com cuidado – Pelo menos Snape parece sincero. Ele não gosta do Harry e ponto final.
– Ele é consistente em seu desgosto. – Tiago deu de ombros – Muito melhor que Dumbledore que toma muitas atitudes que não fazem sentido… Assim como deixar Harry com os trouxas.

Mas quando é que iam se ver? Ninguém parecia muito preocupado em marcar datas. Hermione escrevera um Logo iremos nos ver no cartão que lhe mandara de aniversário, mas quando era esse logo? Pelo que deduzia das vagas insinuações nas cartas dos amigos, Hermione e Rony estavam no mesmo lugar, presumivelmente na casa dos pais de Rony. Mal conseguia suportar a ideia dos dois se divertindo na Toca enquanto ele ficava encalhado na Rua dos Alfeneiros. De fato, ficara tão zangado com os amigos que jogara fora, sem abrir, as duas caixas de bombons da Dedosdemel que haviam lhe mandado de presente de aniversário. Arrependera-se depois ao ver a salada murcha que tia Petúnia preparara para o jantar daquela noite.

– Você jogou nossos presente fora? – Hermione perguntou magoada – Eu sei que você estava chateado, mas…

– Eu sei. – Harry suspirou – Acabei descontando minha frustração nas pessoas erradas… Eu devia entender que vocês não tinham o poder de me tirar da Rua dos Alfeneiros… Mas eu estava sozinho e frustrado. Desculpa.
– Mesmo assim, – Rony franziu a testa – nada justifica jogar fora duas caixas de bombons perfeitamente bons!
– Tudo bem. – Hermione disse cutucando Rony – Nós entendemos. Estaríamos muito chateados se estivéssemos na sua situação…

E com o que Rony e Hermione estavam ocupados? Por que ele, Harry, não estava ocupado? Não se mostrara capaz de dar conta de muito mais do que os amigos? Será que tinham se esquecido do que fizera? Não fora ele que entrara no cemitério e vira matarem Cedrico, e depois fora amarrado a uma lápide de sepultura e quase morrera também?

– Não é assim… – Lily disse angustiada – Ninguém acha você incapaz, Harry… – completou dirigindo-se mais ao livro do que ao Harry ao seu lado – Mas Rony e Hermione não tem poder nenhum para te tirar de onde você está… Eu diria que nem mesmo Molly e Arthur tem…

– Harry está se irritando com as pessoas erradas, – Sirius suspirou – porque ele não sabe com quem ele realmente deveria estar irritado. Dumbledore fez mesmo um ótimo trabalho conquistando a confiança de Harry…
– Infelizmente. – Tiago murmurou para si mesmo.

Não pense nisso, Harry disse a si mesmo com severidade, pela milésima vez naquele verão. Já era bem ruim não parar de revisitar o cemitério em pesadelos, sem ficar remoendo a cena nos momentos de vigília também.
Ele virou a esquina e entrou no largo das Magnólias; no meio do caminho, passou a travessa estreita que margeava a garagem onde vira o padrinho pela primeira vez. Sirius, pelo menos, parecia compreender o que ele estava sentindo. Admitamos que as cartas do padrinho eram tão vazias de notícias interessantes quanto as de Rony e Hermione, mas ao menos continham palavras de alerta e consolo em lugar de insinuações torturantes: sei como deve ser frustrante para você... Não se meta em confusões e tudo dará certo... Tenha cuidado e não faça nada sem pensar...

– Eu admito. – Hermione disse resignada – Talvez devêssemos ter pensado um pouco mais no seu lado das coisas… E em como você estava se sentindo sozinho depois de tudo o que aconteceu…

– Vocês não tem culpa. – Sirius disse com um meio sorriso para Rony e Hermione – Seria capaz de apostar que alguém instruiu vocês na maneira correta de escrever para Harry sem deixar nada relevante nas cartas. E essa pessoa não tem a mesma influência sobre mim…

Bom, pensou Harry, ao atravessar o largo das Magnólias para tomar a rua de mesmo nome em direção ao parque, onde já estava escurecendo, de um modo geral atendera à recomendação do padrinho. Pelo menos resistira à tentação de amarrar a mala na vassoura e partir sozinho para a Toca. Achava que se comportara muito bem considerando sua grande raiva e frustração por estar há tanto tempo encalhado na Rua dos Alfeneiros, reduzido a se esconder em canteiros na esperança de ouvir alguma coisa que pudesse indicar o que Lord Voldemort andava fazendo. Contudo, era bem exasperante ser aconselhado a não se precipitar por alguém que cumprira doze anos na prisão dos bruxos, Azkaban, fugira, tentara cometer o homicídio pelo qual fora condenado injustamente e sumira no mundo montado em um hipogrifo roubado.

A maioria dos presentes não resistiu às risadas.
– Acho que tudo isso apenas valida meus conselhos. – Sirius deu de ombros – Depois de fazer tudo isso, posso ser considerado um especialista na arte de agir sem pensar…
– Mas temos que levar em consideração que ter passado doze anos em Azkaban não é culpa sua. – Tiago disse enfático – Se você tivesse recebido um tratamento justo, um julgamento de verdade, não teria que passar por isso.

Harry saltou por cima do portão fechado do parque e saiu andando pelo gramado ressequido. O lugar estava tão vazio quanto as ruas vizinhas.
Quando chegou aos balanços, largou-se em um que Duda e os amigos ainda não tinham conseguido quebrar, passou o braço pela corrente e ficou olhando, desanimado, para o chão. Não poderia voltar a se esconder no canteiro dos Dursley. Amanhã, teria de inventar um novo jeito de ouvir o noticiário.
Entrementes, não havia nada por que esperar, exceto mais uma noite inquieta e perturbada, porque, mesmo quando escapava dos pesadelos sobre Cedrico, tinha sonhos intranquilos sobre longos corredores escuros, todos sem saída ou terminando em portas trancadas, que ele supunha estarem ligados à mesma sensação de estar preso em uma armadilha que experimentava quando acordado.

– Não sei… – Remo disse pensativo – Seus sonhos geralmente são mais significativos… Talvez esse sonho com corredores terminando em portas trancadas tenham um significado mais profundo…


Com frequência, a velha cicatriz em sua testa formigava desconfortavelmente, mas ele não se enganava que Rony ou Hermione ou Sirius ainda achassem isso muito interessante. No passado, a dor na cicatriz o avisava de que Voldemort estava recobrando forças, mas, agora que o bruxo voltara, os três provavelmente lembrariam a ele que essa irritação rotineira era esperada... não havia com o que se preocupar... não era novidade…

– Você está pensando muito pouco de Sirius e dos seus amigos. – Lily disse pesarosa – Tenho certeza de que eles dariam importância à sua dor e ao seu desconforto…

– Claro que sim! – Sirius afirmou exaltado – Mesmo que Voldemort tenha recuperado o corpo, essas dores na cicatriz ainda são intrigantes e relevantes… Nunca descartaria a importância delas antes de saber a verdade sobre a cicatriz.

A injustiça disso tudo crescia tanto em seu peito que lhe dava vontade de gritar de fúria. Se não fosse por ele, ninguém saberia que Voldemort voltara! E sua recompensa era ficar encalhado em Little Whinging quatro semanas inteiras, completamente isolado do mundo da magia, reduzido a se acocorar entre begônias secas para poder ouvir notícias de periquitos australianos que sabiam esquiar! Como Dumbledore podia tê-lo esquecido com tanta facilidade?

– Não acho que Dumbledore esqueceu sobre você. – Tiago disse em direção ao livro – Acho que ele deixou você sozinho deliberadamente. Você provavelmente não tem utilidade para ele no momento…

– Isso é uma coisa horrível de se pensar. – Lily suspirou.

Por que Rony e Hermione tinham se reunido sem convidá-lo?

– Mais uma vez, – Tiago bufou – não acho que eles tinham autorização para convidá-lo…

– Estou muito decepcionado com Dumbledore… – Remo murmurou cabisbaixo – Sempre o admirei por ter me dado uma chance quando ninguém mais me deu… Mas agora ele obviamente não está nem pensando em como Harry está se sentindo…
– Como Harry se sente não é importante para o bem maior. – Sirius disse entredentes – Libertar um homem inocente que passou doze anos preso injustamente não é importante para o bem maior… E eu poderia apostar que essas são apenas as coisas que sabemos. Ele deve ter contornado muitas pessoas e muitos sentimentos em busca do bem maior…

Por quanto tempo mais esperavam que ele aturasse Sirius a lhe dizer para ficar quieto e se comportar; ou resistisse à tentação de escrever para aquela droga do Profeta Diário informando que Voldemort voltara?

– Isso seria uma péssima ideia. – Tiago disse resignado – Considerando o último artigo da Skeeter que lemos sobre você, se você mandasse uma carta para o Profeta com esse conteúdo, eles diriam que você está mentindo para chamar atenção…

– Ou seja, – Alice disse triste – tudo está conspirando contra Harry e boa parte da culpa é de Dumbledore…
– Infelizmente… – Remo murmurou soturno.

Esses pensamentos indignados giravam em sua cabeça, e suas entranhas se contorciam de raiva, enquanto a noite abafada e veludosa caía à sua volta, o ar se impregnava com o cheiro quente de grama seca, e o único som que se ouvia era o ronco abafado do tráfego na rua além das grades do parque.
Ele não sabia quanto tempo ficara sentado no balanço quando o som de vozes interrompeu seus devaneios e o fez erguer os olhos. Os lampiões das ruas nos arredores projetavam uma claridade nevoenta suficientemente forte para delinear um grupo de pessoas que vinham atravessando o parque. Uma delas cantava alto uma música grosseira. Os outros riam. Ouvia-se o teque-teque suave das bicicletas caras que eles empurravam. Harry sabia quem eram. O vulto à frente de todos era, sem dúvida, o seu primo Duda Dursley refazendo o lento caminho para casa, acompanhado por sua gangue fiel.
Duda estava mais corpulento que nunca, mas um ano de dieta rigorosa e a descoberta de um novo talento haviam produzido uma grande mudança em seu físico. Como o tio Válter comentava com quem quisesse ouvir, Duda recentemente se tornara campeão de peso-pesado júnior no Torneio de Boxe Interescolar da Região Sudeste. O “nobre esporte”, como o tio costumava dizer, deixara Duda ainda mais formidável do que parecera a Harry nos tempos do ensino fundamental, quando servira de saco de pancadas para o primo.

– Pelo menos agora você não tem mais que se submeter aos socos dele. – Frank disse – Eu diria que a ameaça de agressão física é o bastante para justificar o uso de magia por menores…


O garoto já não sentia o menor medo de Duda, mas continuava a achar que o fato de ele ter aprendido a socar com mais força e precisão não era motivo para comemorações. A criançada do bairro tinha pavor dele – um pavor ainda maior do que sentia por “aquele garoto Potter”, sobre o qual haviam sido avisados de que era um delinquente da pior espécie e frequentava o Centro St. Brutus para Meninos Irrecuperáveis.
Harry observou os vultos escuros que atravessavam o gramado e ficou imaginando quem teriam andado surrando aquela noite. Olhe para o lado, foi o pensamento que lhe passou pela cabeça enquanto os observava. Vamos, olhe para o lado... estou sentado aqui sozinho... venha experimentar…
Se os amigos de Duda o vissem sentado ali, com certeza traçariam uma reta até ele, e o que faria o primo então? Não iria querer fazer papel feio na frente da gangue, mas sentiria muito medo de desafiar Harry... seria realmente divertido observar o dilema de Duda, provocá-lo, observar o primo impotente para reagir... e se um dos outros tentasse acertá-lo, estaria preparado – tinha sua varinha. Que experimentassem... adoraria extravasar um pouco de sua frustração em garotos que no passado tinham infernizado sua vida.

– Você deve estar realmente entediado… – Tiago disse balançando a cabeça – Mas ainda assim não devia tentar arrumar brigas com os trouxas… Apesar de usar a magia para se defender ser justificável… Se o ministério ainda estiver contra você… Não se sabe qual pode ser o resultado.


Mas eles não se viraram, não o viram, já estavam quase nas grades. Harry dominou o impulso de chamá-los... procurar briga não era muito inteligente... não devia usar magia... estaria se arriscando outra vez a ser expulso.
As vozes dos companheiros de Duda foram morrendo, eles tinham desaparecido de vista, em direção à rua das Magnólias.
Pronto, Sirius, pensou Harry, desanimado. Nada de precipitações. Não me meti em encrencas. Exatamente o contrário do que você fez.

– Faça o que eu digo, não o que eu faço. – Sirius disse com um sorriso triste.


Ele se levantou e se espreguiçou. Tia Petúnia e Tio Válter pareciam pensar que a hora que Duda chegasse era a hora certa para se voltar para casa, e qualquer minuto depois disso era tarde demais. O tio ameaçara trancar Harry no barraco de ferramentas se ele tornasse a chegar depois de Duda, por isso, reprimindo um bocejo, e ainda mal-humorado, o garoto saiu em direção ao portão do parque.

– Depois de tudo o que aconteceu os trouxas não aprenderam que te trancar em algum lugar não é uma boa ideia? – Alice perguntou retoricamente – Quero dizer… Uma vez Rony, Fred e Jorge literalmente arrancaram as grades da janela… Qualquer um pensaria que eles aprenderiam a não fazer de novo.

– Mas pelo visto, dessa vez, se os Dursley tentassem prender o Harry, ninguém apareceria para resgatá-lo. – Sirius suspirou pesaroso – Dumbledore não permitiria… E me parece que dessa vez nem mesmo Rony estava disposto a quebrar algumas regras para ajudar Harry. – completou encarando Rony decepcionado.

A Rua das Magnólias, como a dos Alfeneiros, era cheia de grandes casas quadradas com gramados perfeitamente cuidados, todas de propriedade de homens grandes e quadrados que guiavam carros muito limpos, iguais aos do Tio Válter. Harry preferia o bairro de Little Whinging à noite, quando as janelas protegidas por cortinas formavam retalhos de cores vivas no escuro, e ele não corria o risco de ouvir comentários censurando sua aparência “delinquente” quando passava pelos donos das casas. Caminhou depressa, por isso, na metade da rua das Magnólias tornou a avistar a turma de Duda; estavam se despedindo na entrada do largo das Magnólias. Harry se abrigou sob a copa de um lilaseiro e esperou.
—... guinchou feito um porco, não foi? — ia dizendo Malcolm, arrancando risos dos colegas.
— Um bom gancho de direita, Dudão — elogiou Pedro.
— Mesma hora amanhã? — perguntou Duda.
— Lá em casa, meus pais vão sair — respondeu Górdon.
— Então, até lá — concordou Duda.
— Tchau, Duda.
— A gente se vê, Dudão!
Harry esperou o resto dos garotos continuar, antes de recomeçar a andar.
Quando as vozes desapareceram na distância, ele entrou de novo no largo das Magnólias e, apressando o passo, não tardou a chegar a uma distância em que o primo, que caminhava descansadamente, desafinando uma canção, pudesse ouvi-lo.

– Pelo menos seu primo sozinho não vai querer te bater. – Frank deu de ombros – Ele sabe que você pode se defender, mesmo sendo muito menor que ele.

– Isso tem impedido ele de ser um idiota há um bom tempo. – Alice disse pensativa – Não acho que ele tenha batido no Harry desde que descobriu que Harry é bruxo…
– Realmente, – Sirius disse, pensando nos encontros entre Harry e os Dursley desde o primeiro livro – nós não vemos as suas férias inteiras, – completou virando-se para Harry – mas no que vemos Duda não te bateu nenhuma vez desde que descobriu que você é um bruxo…
– Isso faz dele uma pessoa mais sensata do que o pai dele. – Gina disse com uma meia risada – Aquele parece que não entendeu até agora o conceito de ser um bruxo…

— Ei, Dudão! — Duda se virou.
— Ah — resmungou. — É você.
— Então, há quanto tempo você é o Dudão? — perguntou Harry.
— Não chateia — rosnou o primo, dando-lhe as costas.
— Nome legal — comentou Harry, rindo e acompanhando o passo do primo.
— Mas para mim você sempre será o Dudiquinho.
— Já falei, NÃO CHATEIA! — repetiu Duda, cujas mãos, que mais pareciam presuntos, tinham se fechado.
— Os garotos não sabem que é assim que a mamãe te chama?
— Cala essa boca.
— Você não diz a ela para calar a boca. Então posso usar “Fofinho” e “Duduzinho”?
Duda não respondeu. O esforço para não bater no primo pareceu exigir todo o seu autodomínio.

– Parece que você estava determinado a acabar com qualquer vestígio de sensatez do garoto. – Remo disse, encarando Harry com um meio sorriso.


— Então quem é que vocês andaram espancando esta noite? — indagou Harry, parando de sorrir. — Outro garoto de dez anos? Sei que acertaram o Marco Evans anteontem...
— Ele estava pedindo — rosnou Duda.
— Ah, é?
— Ele me desacatou.
— Ah, foi? Disse que você parecia um porco que aprendeu a andar nas patas traseiras? Porque isso não é desacatar, Duda, isso é verdade.

– Você estava realmente decidido a acabar com o autocontrole do garoto. – Sirius disse com uma risada que deixava transparecer que ele não discordava da atitude de Harry.


Um músculo começou a tremer no queixo de Duda. Harry sentiu uma enorme satisfação de ver que estava enfurecendo o primo; teve a sensação de que bombeava a própria frustração para dentro do primo, a única válvula de escape que tinha.
Os dois viraram na travessa estreita onde Harry vira Sirius pela primeira vez, um atalho entre o largo das Magnólias e a alameda das Glicínias. Estava deserta e muito mais escura do que as duas ruas que ligava, porque não tinha lampiões. Os passos do primo ficaram abafados entre as paredes de uma garagem, a um lado, e uma cerca alta, do outro.
— Você se acha um grande homem carregando essa coisa, não é? — disse Duda depois de alguns segundos.
— Que coisa?
— Essa... essa coisa que você leva escondida.
Harry tornou a rir.
— Não é que você não é tão burro quanto parece, Duda? Mas acho que se fosse não seria capaz de andar e falar ao mesmo tempo.

– Pobrezinho. – Alice disse com uma meia risada – Nós já estabelecemos aqui que ele é bem mais inteligente e sensato do que parece!


Harry puxou a varinha. Viu que o primo a olhava de esguelha.
— Você não tem permissão — disse Duda na mesma hora. — Sei que não tem. Seria expulso daquela escola fajuta que você frequenta.
— Como é que você sabe que as regras não mudaram, Dudão?
— Não mudaram — disse o primo, embora não parecesse totalmente seguro.
Harry riu baixinho.
— Você não tem peito para me enfrentar sem essa coisa, não é? — rosnou Duda.
— E você precisa de quatro amigos às suas costas para atacar um garoto de dez anos. Sabe aquele título de boxe que você vive exibindo? Que idade tinha o seu adversário? Sete? Oito?
— Para sua informação, ele tinha dezesseis anos e ficou desacordado vinte minutos depois que acabei com ele, e era duas vezes mais pesado do que você. Espera só eu contar ao papai que você puxou essa coisa...
— Vai correr para o papai agora, é? Será que o Dudinha campeão do papai ficou com medo da varinha do Harry malvado?
— Você não é tão valente à noite, não é? — caçoou Duda.

– A noite? – Tiago franziu a testa virando-se para Harry preocupado, Harry não respondeu, apenas fez sinal para Severo voltar a ler.


— Estamos de noite, Dudiquinho. É como a gente chama quando fica escuro assim.
— Estou falando de quando você está deitado — vociferou Duda.
Parara de andar. Harry parou também, encarando o primo. Do pouco que conseguia ver do rosto largo de Duda, ele parecia estranhamente triunfante.
— Como assim, não sou valente quando estou deitado? — perguntou Harry, inteiramente pasmo. — Do que é que você acha que tenho medo, dos travesseiros ou de outra coisa assim?
— Eu ouvi você a noite passada — disse Duda sem fôlego. — Falando durante o sono. Gemendo.
— Como assim? — repetiu Harry, mas com uma sensação de frio e afundamento no estômago. Tornara a visitar o cemitério em sonhos, na noite anterior.

Lily suspirou pesadamente antes de apoiar a cabeça no ombro de Tiago, saber que além de ter sofrido tudo o que sofreu, Harry ainda tinha pesadelos para reviver tudo aquilo, a fazia sofrer ainda mais. Tiago afagou a mão de Lily com carinho, não permitiria que nada daquilo acontecesse com Harry.


Duda soltou uma gargalhada rouca, depois fez uma voz de falsete e lamúria.
— Não matem Cedrico! Não matem Cedrico! Quem é Cedrico... seu namorado?
— Eu... você está mentindo — contestou Harry maquinalmente. Mas sua boca secara. Sabia que o primo não estava mentindo – de que outra forma poderia saber o nome de Cedrico?
— Papai! Me ajude, papai! Ele vai me matar, papai! Buuuu!
— Cala a boca — disse Harry em voz baixa. — Cala a boca, Duda, estou te avisando!
— Vem me ajudar, papai! Mamãe, vem me ajudar! Ele matou Cedrico! Papai, me ajude! Ele vai... Não aponta essa coisa pra mim!
Duda recuou contra a parede da travessa. Harry estava apontando a varinha diretamente para o seu coração. Ele sentia catorze anos de ódio ao primo palpitarem em suas veias – o que não daria para atacá-lo agora, enfeitiçá-lo de tal jeito que Duda precisaria rastejar até em casa como um inseto, mudo, antenas brotando de sua cabeça...

– Não é uma boa ideia… – Remo disse ansioso – O garoto é um idiota, mas não merece isso… E não vale a pena… Não acho que o ministério estaria disposto a ignorar como quando a irmã de Válter inchou como um balão…

– Remo tem razão. – Lily suspirou levantando a cabeça – E além disso… Você provocou ele, não é? – completou olhando para Harry – Ele só está revidando como pode… Não é como se ele tivesse muito contra você na época.

— Nunca mais volte a falar nisso — rosnou Harry. — Está me entendendo?
— Aponte essa coisa para outro lado!
— Eu perguntei, você me entendeu?
— Aponte isso para outro lado!
— VOCÊ ME ENTENDEU?
— AFASTE ESSA COISA DE...
Duda soltou uma exclamação estranha e tremida, como se o tivessem mergulhado em água gelada.
Alguma coisa acontecera à noite. O azul anil e estrelado do céu noturno de repente ficou negro e sem luz – as estrelas, a lua, os lampiões enevoados em cada extremo da travessa haviam desaparecido. O ronco distante dos carros e o murmúrio das árvores haviam desaparecido. A tepidez da noite de repente se transformou em um frio cortante. Os garotos se viram envolvidos por uma escuridão silenciosa, impenetrável e total, como se a mão de um gigante tivesse atirado um manto gelado e espesso sobre a travessa, cegando-os.

– Dementador. – Sirius murmurou nervoso.

– Mas como? – Tiago perguntou balançando as pernas ansioso – Como dementadores foram parar no meio de uma região completamente trouxa e encontraram o único bruxo?
– Será que o ministério já perdeu o controle sobre os dementadores? – Remo perguntou temeroso – Será que Voldemort invadiu Azkaban, libertou os prisioneiros e…
– Mas se isso aconteceu, não tem como o ministério não saber, não é? – Alice perguntou ansiosa – Se Voldemort abriu Azkaban, o ministério sabe que ele voltou, não é?
– Não sabemos se foi Voldemort mesmo quem mandou o dementador atrás de Harry… – Tiago disse temeroso.
– Quem mais poderia ter sido? – Frank perguntou receoso, mas não recebeu qualquer resposta.

Por uma fração de segundo Harry pensou que tivesse feito alguma mágica involuntária, apesar de estar resistindo o máximo que podia – em seguida o seu raciocínio emparelhou com os seus sentidos – ele não tinha poder para apagar as estrelas. Virou, então, a cabeça para cá e para lá, tentando ver alguma coisa, mas as trevas cobriam seus olhos como um véu sem peso.
A voz aterrorizada de Duda espocou nos ouvidos de Harry.
— Q-que é que você está f-fazendo? P-para com isso!
— Não estou fazendo nada! Cala a boca e fica parado!
— Não estou v-vendo nada! F-fiquei cego! Eu...
— Eu falei para você calar a boca!
Harry parou, imóvel, virando os olhos enceguecidos para a direita e a esquerda. O frio era tão intenso que ele tremia da cabeça aos pés; arrepios brotaram em seus braços e os pelos de sua nuca ficaram em pé – ele abriu os olhos o mais que pôde, arregalando-os para todos os lados, sem ver.
Era impossível... eles não podiam estar ali... não em Little Whinging...

– Um patrono vai ativar o rastreador… – Remo disse preocupado – Mas nesse caso seria considerado magia para a própria proteção...


Harry apurou os ouvidos... pôde ouvi-los antes de vê-los.
— Vou contar ao papai! — choramingou Duda. — C-cadê você? Q- que é que você está f-fa...?
— Quer calar a boca? — sibilou Harry. — Estou tentando esc...
Mas emudeceu.
Acabara de ouvir exatamente o que estivera receando.
Havia alguma coisa na travessa além deles, alguma coisa que respirava em arquejos roucos e secos. Harry sentiu um pavor terrível e instantâneo parado ali na noite gélida.
— P-para com isso. Para de fazer isso! Vou socar você, juro que vou!
— Duda, cala...
PAM.
Um punho fez contato com o lado da cabeça de Harry, erguendo-o do chão. Luzinhas brancas cintilaram diante dos seus olhos. Pela segunda vez em uma hora, ele sentiu a cabeça rachar ao meio; no momento seguinte, estatelou-se no chão e a varinha voou de sua mão.

– Vamos ter que perdoar o Duda por esse soco… – Sirius suspirou temeroso – O garoto não tinha ideia do que estava acontecendo…

– Não se preocupe, – Tiago murmurou para Lily que estava tremendo de ansiedade ao seu lado – Harry sabe conjurar um patrono desde o terceiro ano… Remo ensinou a ele… Ele vai se livrar dessa com facilidade…

— Seu lesado! — berrou Harry, os olhos marejando de dor, ao mesmo tempo que tentava levantar apoiado nas mãos e nos joelhos, apalpando freneticamente a escuridão. Ele ouviu Duda tentar se afastar, bater na cerca da travessa, tropeçar.
— DUDA, VOLTA AQUI! VOCÊ ESTÁ CORRENDO DIRETO PARA A COISA!
Ouviu-se um guincho horrível e os passos de Duda pararam. No mesmo instante Harry sentiu um frio paralisante às costas que só podia significar uma coisa. E havia mais de uma.

Lily deixou escapar um pequeno gemido agoniado.

– Não se preocupe. – Tiago disse apertando a mão dela com carinho – Harry conseguiu no terceiro ano para salvar Sirius, ele vai conseguir de novo.
– Eu sei… Não é isso. – Lily sussurrou em resposta – É só que… Dessa vez Harry tem ainda mais memórias horríveis do que da última vez em que encontrou um dementador.
– Não acho que o que aconteceu no fim do último livro poderia mudar a pior memória dele. – Tiago murmurou de volta apenas para Lily – Já era uma memória bem ruim…

— DUDA, FIQUE DE BOCA FECHADA! FAÇA O QUE QUISER, MAS FIQUE DE BOCA FECHADA! Varinha! — murmurou Harry, nervoso, suas mãos saltando pelo chão como aranhas. — Onde está... varinha... depressa... lumus!
Ordenou o feitiço automaticamente, desesperado por uma luz que o ajudasse em sua procura – e, para seu alívio e descrença, a luz acendeu a centímetros de sua mão direita – a ponta da varinha acendeu. Harry agarrou-a, ficou em pé e se virou.

– A varinha acendeu mesmo sem você estar segurando? – Alice perguntou, encarando Harry impressionada.

– É poder demais. – Severo murmurou sem conseguir tirar os olhos de Harry.
– Eu disse… – Lily disse apertando a mão de Harry, aflita – A quantidade de magia latente… É um pouco assustador…
– É como você disse. – Sirius disse encarando Lily – É poder demais. E poder demais sempre atrai problemas demais. Nunca se sabe se é um dom ou uma maldição…
– Só podemos esperar que apesar de tudo, seja um dom. – Lily suspirou fazendo sinais para Severo voltar a ler.

Seu estômago deu voltas.
Um vulto altaneiro, encapuzado, deslizava em sua direção, flutuando sobre o solo, sem pés nem rosto visíveis sob as vestes, sugando a noite à medida que se aproximava.
Cambaleando para trás, o garoto ergueu a varinha.
— Expecto patronum!
Um fiapo de fumaça prateada disparou da ponta da varinha e o dementador retardou o passo, mas o feitiço não funcionara direito; tropeçando nos próprios pés, Harry recuou mais, à medida que o dementador avançava para ele e o pânico anuviava seu cérebro – concentre…
Um par de mãos cinza, sarnentas e viscosas se estendeu para ele. Um ruído crescente invadiu seus ouvidos.
— Expecto patronum!

– Calma. – Remo murmurou – Apenas se concentre em uma boa memória, se concentre em uma memória feliz…


Sua voz soou abafada e distante. Outro fiapo de fumaça prateada mais tênue que o anterior saiu da varinha – não conseguiu mais do que isso, não conseguiu realizar o feitiço.
Harry ouviu uma risada em sua mente, uma risada desagradável e aguda... sentiu o cheiro podre do dementador, um frio letal encheu seus pulmões, afogando-o – pense... alguma coisa alegre...
Mas não havia felicidade nele... os dedos enregelados do dementador começaram a se aproximar de sua garganta – a risada aguda tornou-se cada vez mais alta e uma voz falou em sua mente: “Curve-se para a morte, Harry... talvez ela seja indolor... eu não saberia dizer... Nunca morri...”

Lily gemeu novamente, escondendo o rosto no peito de Tiago. Ele a apertou em seus braços com carinho.


Ele nunca reveria Rony e Hermione...
E os rostos dos amigos surgiram com nitidez em sua mente enquanto ele lutava para respirar.
— EXPECTO PATRONUM!
Um enorme veado de prata irrompeu da ponta de sua varinha; a galhada do animal atingiu o dementador na parte do corpo em que deveria estar o coração; o dementador foi atirado para trás, imponderável como a escuridão, e quando o veado avançou, ele se precipitou para longe, como um morcego derrotado.

– Nós? – Hermione perguntou com a voz tremendo – Sua memória feliz?

Harry apenas acenou com a cabeça com um meio sorriso triste.
– É claro que são. – Sirius disse encarando Hermione e Rony – Vocês são ótimos amigos…
– Os melhores. – Harry murmurou trocando um olhar com os dois.

— POR AQUI! — gritou Harry para o veado. Dando meia-volta, ele saiu correndo pela travessa, segurando no alto a varinha acesa. — DUDA? DUDA!
Harry deu apenas uns dez passos e já os alcançou: Duda estava enroscado no chão, os braços cruzados sobre o rosto. Um segundo dementador agachava-se para ele, agarrando seus pulsos com as mãos escorregadias, forçando-as a se separarem lentamente, quase carinhosamente, aproximando a cabeça encapuzada do rosto de Duda como se fosse beijá-lo.

– Um dementador, tentando dar o beijo, em um trouxa? – Frank perguntou apreensivo – Só pode ser Voldemort…

– Talvez não seja. – Tiago suspirou temeroso.

— PEGA ELE! — berrou Harry, e, com um ruído de força e velocidade, o veado prateado que ele conjurara passou a galope.
A cara sem olhos do dementador estava a menos de três centímetros de Duda quando a galhada de prata o atingiu; ele foi atirado para o ar e, como seu companheiro, saiu voando e foi absorvido pela escuridão; o veado se dirigiu a meio galope para um extremo da travessa e se dissolveu em uma névoa argentina.
A luz, as estrelas e os lampiões recobraram vida. Uma brisa morna varreu a travessa. As árvores farfalharam pelos jardins dos arredores e o ruído abafado dos carros no largo das Magnólias encheu mais uma vez o ar.
Harry ficou muito quieto, todos os seus sentidos vibrando, procurando absorver o retorno à normalidade. Passado um instante, ele percebeu que sua camiseta estava grudada ao corpo; ele estava alagado de suor.
Não conseguia acreditar no que acabara de acontecer. Dementadores ali, em Little Whinging.
Duda continuava enrascado no chão, choramingando e tremendo.

– Ele deve estar realmente apavorado. – Lily murmurou virando-se para Harry, nervosa – Pelo menos você entende exatamente o que aconteceu… Sabe o que atacou vocês… Ele não deve estar entendendo nada.

– E pior, – Remo disse concordando com Lily – ele pode achar que foi Harry que fez ele sentir o que ele sentiu… E ele provavelmente vai falar isso para os trouxas…
– Os trouxas não me preocupam. – Tiago disse pensativo – O que me preocupa é que quem quer que tenha mandado esses dementadores atrás de Harry, mandou eles administrarem o beijo indiscriminadamente…
– Eles não queriam apenas matar o Harry… – Sirius encarou Tiago ansioso – Quem quer que seja, quer acabar com a alma dele… Quem quer que seja é verdadeiramente ruim.
– Só pode ser Voldemort. – Alice sussurrou soturna.

Harry se abaixou para ver se o primo estava em condições de se levantar, mas neste instante ouviu alguém correndo a suas costas. Instintivamente, ele tornou a erguer a varinha e girou nos calcanhares para enfrentar o recém-chegado.
A Sra. Figg, a velhota gagá, sua vizinha, apareceu ofegante. Seus cabelos grisalhos escapavam por baixo da rede que usava, do seu pulso pendia uma saca de compras de fio metálico e seus calcanhares sobravam para fora nas pantufas de tecido xadrez. Harry procurou esconder rapidamente a varinha, mas...
— Não guarde isso, menino idiota! — gritou ela, esganiçada. — E se houver mais deles por aqui? Ah, eu vou matar o Mundungo Fletcher!

– Vocês estavam certos. – Frank disse a Tiago e Sirius, sem aparentar qualquer surpresa – A Sra. Figg realmente está trabalhando com Dumbledore para vigiar Harry…
– E pelo visto, Mundungo Fletcher fez algo para irritá-la. – Sirius disse balançando a cabeça enfático.
– Vamos ler o próximo logo. – Lily disse ansiosa – Quero saber o que vai acontecer…
Severo passou o livro para Remo que o abriu no capítulo seguinte:
– Capítulo II – Uma revoada de corujas.


~~X~~

Hey leitores mais queridos do FeB! Chegamos ao primeiro capítulo de OdF! Sempre fico feliz em ver cada vez mais pessoas lendo a fic, e isso me deixa muito entusiasmada para escrever mais e poder compartilhar mais do que eu penso com vocês! Enfim, obrigada por estarem aqui comigo!

- Cah Silva: Para ser sincera eu até gosto que você esteja sempre indo ao grupo, eu gosto de conversar com as pessoas lá... E eu gosto muito de explorar o que Rony e Hermione estavam pensando ou sentindo, já que os livros apenas nos contam os pensamentos de Harry. Eu entendo exatamente o que quis dizer sobre Snape, afinal, eu também não gosto muito dele, mas acho que entre ver Lily morta e vê-la com outra pessoa, ele iria preferir vê-la com outra pessoa, e isso provavelmente vai ficar ainda pior quando ele descobrir porque Lily morreu. Eu sempre gosto de falar sobre a família Black, deixei pequenas histórias sobre eles em todas as fics até agora, Sirius está sempre falando da família dele. Sobre o Priori Incantatem, o Priori Incantatem normal mostra sombras de todos os feitiços anteriores feitos pela varinha, como no capítulo da marca negra em que Amos Diggory usa o feitiço na varinha de Harry. No Priori Incantatem feito pelos núcleos gêmeos das varinhas também aparecem sombras de todos os feitiços anteriores, porém como as mortes e torturas são feitiços mais "fortes" as sombras deles são mais fortes também. Os outros feitiços feitos pela varinha de Voldemort devem ter aparecido naquela noite, mas não forte o bastante para Harry percebê-los. E sim, adoro comentários gigantes!
- Izabella Bella Black: Ainda vai demorar muito para chegar em RdM... Mas nem quero pensar em quanto tempo vai demorar para não desanimar. Voldemort com certeza está mais interessado na profecia, mas eles não tem como saber disso, não é? E ele também está interessado em seguidores, mas ele fez isso sem chamar muito a atenção de Harry, e nós só sabemos o que Harry sabe... Mas comparando a quantidade de seguidores que ele tem em CdF e em RdM da para ver que ele trabalhou um bocado para conseguir aumentar suas fileiras. Sobre como o Harry recuperou o mapa, a JK falou em uma entrevista. Eu acho que depois que o Hagrid encontrou o Grope, ele e Maxime se separaram e não voltaram mais a ficar juntos. Acho que se o ministério tivesse ficado ao lado de Dumbledore desde o começo algumas coisas teriam sido diferentes, acho que Azkaban não teria tido uma fuga em massa por exemplo, e sabemos que isso mudaria muita coisa, já que Bellatrix não conseguiria sair da prisão. Pelo que sabemos Snape e Tiago vinham duelando desde que aprenderam a duelar, os dois se atacavam indiscriminadamente em corredores e etc. Tiago estava continuando uma briga. Ele estava errado, é claro, mas os dois estavam fazendo o que sabiam fazer de melhor, brigar. Apesar de eu não gostar muito de Snape, eu acredito de verdade que ele preferiria ver Lily com outro ao vê-la morta, ainda mais vendo o que isso fez ele se tornar, e acho que ele vai se sentir ainda pior quando descobrir porque Voldemort foi atrás dos Potter. Eu realmente acredito que vários dos sonserinos tenham sido criados como Sirius e Andrômeda e por isso acreditavam no que os pais diziam, e acho que alguns deles não deviam estar do lado de Voldemort de verdade, deviam estar apenas apavorados. E o Draco fez tudo o que fez a partir do sexto ano para proteger os pais, a maior prova de que ele nunca quis o Harry morto é o fato de ele não ter denunciado Harry quando o trio estava na Mansão Malfoy, e ter baixado a varinha na torre com Dumbledore. Sobre o Harry não ver testrálios, JK também respondeu isso numa entrevista. Acho que a parte mais difícil para mim vai ser o que acontece com Harry depois que o Sirius morre, vai ser complicado para ele ter que rever tudo.
- Flaa: Fico feliz que tenha gostado de CdF! Espero que goste de OdF tanto quanto!
- Luana Mendes Potter: Eu também tenho boas memórias de CdF. Foi o único HP que eu comprei pessoalmente, todos os outros minha mãe comprou para mim pela internet, OdF, EdP em pré-venda e RdM importado em inglês, na verdade eu tenho uma relação especial com cada um deles, então eu te entendo bem. Eu já escrevi a morte de Sirius, e tenho que confessar que não reli desde então, mas estou preocupada em como vou escrever o tempo depois da morte do Sirius, e as coisas que Harry teve que enfrentar no período de luto dele... E acho que até Neville vai ficar feliz em se ver mais incluido no grupo principal, a AD realmente fez ele sair da casca dele.
- Juhh Potter Malfoy: Eu detesto o tipo de fic que você descreveu, e eu já li várias delas, acho que é por isso que parei de ler Jily, elas são sempre cheias de clichê e a Lily sempre cai nos braços de Tiago sem mais nem menos. Quando resolvi escrever a fic, resolvi que ia fugir desses clichês e construir a relação deles aos poucos, então fico feliz que vocês gostem do meu jeito de tratar a relação deles! Eu tenho receio de algumas partes de OdF e medo de escrever as reações das pessoas na sala a essas partes, mas eu acredito que na hora que estiver escrevendo os sentimentos certos vão aparecer e se traduzir para a tela, eu tinha medo da parte em que descobrimos o que aconteceu com os Longbottom, e no final acho que saiu muito bom, muita gente me disse que chorou, espero conseguir o mesmo com OdF. Acho que Snape está começando a se arrepender das coisas e esse sentimento vai ser ainda pior quando ele descobrir porque Voldemort foi atrás dos Potter, acho que ele ver o que ele se tornou tem um impacto muito grande nele.
- Stehcec: Acho que a JK nunca chegou a explicar a ligação de Harry com Fawkes, o que me incomoda um pouco, porque essa ligação sempre me pareceu ser importante e nunca foi explorada... Eu também acho que Dumbledore planejou que Harry se entregasse a Voldemort e tudo mais, mas ainda assim eu discordo de várias das atitudes dele, como você vai ver melhor em OdF, não acho que ele tivesse que contar tudo ao Harry, mas acho que Harry tinha o direito de saber algumas coisas, como a profecia, por exemplo. E acho que Dumbledore poderia vencer Voldemort no final, mas isso não mataria a horcrux dentro de Harry e não adiantaria nada. Talvez Dumbledore planejá-se que outra pessoa matasse Voldemort depois que ele matasse Harry... Snape talvez, já que pelo que sei ele era a única pessoa fora do trio que sabia mais sobre o plano. A marca deu uma sumida depois que Voldemort tentou matar Harry pela primeira vez e só voltou a aparecer quando Voldemort começou a recuperar a força. Não acho que o ministério fique checando os braços de seus presos em Azkaban, até porque eu não acho que muitas pessoas entrem em Azkaban, e menos ainda devem ter contato com os presos. E todo mundo tem defeitos, meu defeito é não conseguir perdoar pessoas que deixam crianças em situações de maus tratos conscientemente. Fiz o melho para responder suas perguntas do capítulo anterior ao último, se tiver esquecido alguma coisa me avisa. Eu gostei muito de colocar aquele pouquinho sobre a Gina e o Neville defendendo o Harry, porque acho que na época Harry não estava com cabeça para ver essas coisas, mas apesar de tudo ele tinha mais pessoas com quem ele podia contar além de Rony e Hermione. Apesar de eu não gostar muito do Snape como pessoa, e nunca escondi isso de ninguém, eu acho que ver o futuro dele tem um impacto muito grande, afinal ele não conseguiu se tornar o que ele queria se tornar, e agora ele descobriu que é usado como espião por Dumbledore e Voldemort, e esse com certeza não era o sonho da vida dele. Mas descobrir que ele tem culpa pelo que aconteceu com Lily deve fazer ele se sentir ainda pior... Eu também acho que Dumbledore devia ter contato a escola sobre o retorno de Voldemort logo que aconteceu, para ele ter tempo para informar melhor os alunos antes de mandá-los para casa onde seriam influenciados pelos pais e pelos jornais. Eu estou sempre dizendo por ai que eu acho o Draco muito mais redimível do que o Snape, afinal, apesar de ter sido um idiota por anos, Draco só fez o que fez a partir do sexto ano para proteger os próprios pais. E apesar de tudo, ele abaixou a varinha na hora de enfrentar Dumbledore na torre e fingiu não reconhecer Harry na mansão Malfoy, ele não queria ver Harry morto. Na verdade eu estou escrevendo uma fic (Drarry) em que Harry e Draco são amigos desde o inicio, e em vez de Draco tornar Harry uma pessoa ruim, Harry influencia Draco a se tornar uma pessoa melhor, e acho isso completamente possível. Acho que ninguém desconfiou que Harry deu o prêmio aos gêmeos porque para eles Harry tinha ficado com o prêmio... Não faz muita diferença levando em conta a quantidade de dinheiro que Harry tem mesmo antes disso, só faz diferença para os gêmeos. Eu gosto de trabalhar o relacionamento de Lily e Tiago aos poucos, ela está vendo como ele é de verdade e vice-versa. E acho que ela está aprendendo a se apoiar nele cada vez mais. Obrigada por ter ficado comigo por mais um livro Stehzinha! Vamos para o próximo e quero te ver comigo até o fim!
- MatheusMD: Espero que goste.
- Mary Riddle Potter: Espero que goste! E obrigada!
- LuLu Weasley Potter: Espero que tenha gostado do primeiro capítulo. Ainda vai demorar um bocado para chegarmos na morte de Sirius, mas já escrevi essa parte, espero conseguir transmitir tudo o que sinto sobre isso!
- Luane sa barreto silva: Fico feliz que tenha conseguido voltar e espero que tudo esteja bem! Muito obrigada por gostar tanto do que escrevo a ponto de reler! Significa muito para mim!
- Ana Marisa Potter: Espero que tenha gostado do primeiro capítulo! Obrigada por continuar acompanhando!
- In_Black: OdF também é um dos meus livros favoritos! Adoro saber mais sobre os Black e ver a mudança em Hermione e outros personagens. Espero conseguir transmitir tudo o que sinto para a fic. E eu entendo muito bem como é ficar atolada com colégio e etc, então está perdoada! Fico feliz se você fizer um comentário sempre que conseguir para eu ver que você ainda está por aqui.
- Niimerya: Esse também é um dos meus livros favoritos, com mais informações interessantes sobre os Black e os marotos! Espero conseguir transmitir para a fic tudo o que quero transmitir!
- Javoski: Obrigada pelo reconhecimento, significa muito para mim saber que vocês sabem o quanto me dedico! Também adoro ver as mudanças em Hermione nessa fic, tão diferente da menina que preferia morrer a ser expulsa no primeiro ano! Eu sei bem como é ter que se preocupar com a faculdade e tudo mais! Apareça sempre que conseguir para eu saber que você ainda está gostando do que eu escrevo!



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Comentários (13)

  • cah silva

    E começa mais uma fanfic. Mais um livro de leitura, de revelações também, porque na minha opinião um dos livros que mais tem informações reveladas, e sofrimento ai meu Merlin dá um aperto no coração de lembrar da morte do Sirius, fico só imaginando como será a reação de todos, e a reação do Harry também por lembrar de algo tão doloroso pra ele. Pois é, apesar de não gostar do Snape, ele é um personagem bem complexo, e eu gosto de tentar imaginar o que se passa na cabeça dele enquanto leio os livros, já que os pontos de vistas são só do Harry, além de que é uma mania minha tentar imaginar o que a outra pessoa está pensando rsrsrs. Eu percebi que todos ficam falando das magias involuntárias do Harry e nunca me passou pela cabeça que isso era estranho, eu lia normalmente os livros e nem prestava atenção. Com as fics, a Lily sempre percebe, e o Snape sempre fica impressionado, só agora reparei. Só acho que Tiago, Sirius e Remo percebem as coisas rápido demais. Eu até penso que é provável eles notarem de primeira antes do sétimo livro sobre a cicatriz e sobre ele ser uma horcrux. Mas claro eles são marotos nunca podemos duvidar de suas capacidades de raciocínio rsrs. Voltando aqui para o Duda, pensando aqui realmente você tem razão, esse episódio que aconteceu serviu pra ele mudar. Nessas horas a gente consegue ter mais provas de que Harry Potter não é só bruxos, e vilões e tal. Mostra também uma realidade muito parecida com a nossa, pessoas com seus defeitos, pais sendo como Petúnia e Válter existem aos montes, minha avó que cuida da minha prima é assim, as pessoas tentam aconselhar ela, mas que disse que ela ouve alguém. Minha mãe não aceita o meu amor por Harry Potter de jeito nenhum, se ela pelo menos tentasse entender, mas fazer o que... Uma coisa que sempre me tocou o coração no fundo é a amizade do trio. E quando chega essa parte de o pensamento mais feliz do Harry ser o Rony e a Hermione, meu Merlin as lágrimas caem involuntariamente. Na primeira vez que eu li os livros, eu não reparei muito, só na história mesmo, mas lendo de novo dá pra perceber muita coisa, dá pra seguir o raciocínio do Tiago por exemplo. Claro que Dumbledore era sábio, sim, mas humano também. Concordo com Tiago quando ele disse que Harry deveria ter questionado mais, sabe, claro que tudo deu certo como teve que dar, mas mesmo assim, fico sempre imaginando como seria se Harry não fosse assim tão obediente a Dumbledore. Acho realmente incrível o amadurecimento dos personagens durante a leitura. Ver Sirius sendo mais responsável é maravilhoso, apesar de que sabemos que o lado maroto nunca vai desaparecer. Esse livro vai ser bem complicado para o Harry não só pela morte do Sirius mas também por causa da raiva dele durante todo o livro, as explosões dele com o Rony e a Hermione, e no final também. Ansiosa pela reação e pelos comentários deles sobre isso. Ansiosa pelo capítulo que a Ordem da Fênix vai resgatar o Harry. Ah obrigada pela explicação do Priori Incantatem. Estou realmente ansiosa por mais histórias da família Black. Vou participar bastante nesse livro, os jogos, vou começar a treinar acrósticos também pra ser mais rápida da próxima vez rsrs e é isso, mais uma vez obrigada por escrever essa fanfic, por nos fazer felizes e animar a nossa vida, bom pelo menos a minha. Pra mim visitar o grupo no facebook só pra ver se tem novidades e pra ler os comentários dos outros é muito bom. E já chega de falar porque até eu já cansei de ler o que eu escrevi imagina rsrsrsrs beijos e até o próximo comentário gigante do próximo capítulo

    2016-05-30
  • In_Black

    Oii Juh, como você tá? Espero que bem. Bom, o que dizer sobre esse capítulo e essa fic que mal começou e eu já amo!? O capítulo ficou top e, MEU MERIN, não faço a mínima ideia do que espera pros próximos capítulos, sinceramente. Só esse primeiro capítulo já me fica com os sentimentos à flor da pele.   Tenho que admi que eu nunca tinha pensado tanto sobre as magias involuntárias do Harry, e a fic tá me fazendo perce que elas aparecem bastante nos livros, pelo menos nos até agora.   Cada fic a relação, atitudes (e tudo mais) me prende mais, sério, parece que eles vão crescendo e... MERLIN!! Eu não sei mais o que falar então vou terminar com um: A fic tá perfeita como todas (mesmo que tenha acabado de começa) e eu estou super ansiosa para o próximo!!!   Beijoss, In ps1: Desculpa qualquer erro de português to sem PC e comentando pelo celular (que tem um corretor muito irritante)ps2: Vou tentar comentar em todos, mas se não conseguir saiba que eu to lendo sempre que voce atualiza (e não me mandam estudar)  

    2016-05-29
  • TatianaThays

    Porque é tão difícil pra todo mundo pensar que um dementador chegar na Rua dos Alfeneiros, foi uma das coisas que mais surpreendeu nesse livro, de tudo que já aconteceu até agora um dementador aparecer é fichinha pra mim.Toda vez que a Lily fala do modo que o Harry foi criado foi no meu coração. O pessoal fica o tempo todo falando das magias involuntárias do Harry e antes das fics nunca me passou pela cabeça que isso era estranho, achava que acontecia com todo mundo o único que me liguei que era estranho era o do último livro quando a varinha fez o feitiço sozinha. Mas bem feito pro bigodudo de qualquer forma. As vezes fico na mesma situação que o Harry, ninguém parece ligar muito pro que eu penso ou faço porque acham que sabem o que é melhor pra mim, sendo que a pessoa nunca a colocou no meu lugar em primeiro plano.Tiago, Sirius e até Remo ficam falando do "Bem maior", parece que eles sabem de algumas coisas que serão nos revelado só no sétimo livro, fico pensando se eles sabem mais coisas do que o que a Skeeter deixou escapar. Como eu fiquei com pena do Duda, é uma pena tudo que acontece de ruim com ele, ter pais horríveis, uma péssima educação e um caráter duvidoso. Pelo menos esse ataque vai servir de algo pra ele, vai mostrar pra ele como ele vem desperdiçando a vida que ele tem, o fazendo mudar um pouco, ele já está no livro por ser um tantinho mais sensato que o pai dele como todos resolveram observar. Ninguém merece levar um beijo de dementador acho que teria um medo de Dementadores entre o nível Harry e Gina de medo. Tão fofo o pensamento feliz do Harry ser o Rony e a Mione, a amizade deles é um colírio para os olhos. O que mais me marca ao Harry nesse capítulo e a esse livro logo de cara apesar de tudo é essa raiva que ele sente de todos que o querem bem, só por não entender o que se passa no todo. Enfim, sorry não ter comentado no último capítulo de CdF, dica: confira duas ou mais vezes se sua internet está Boa quando for fazer um comentário. Vou participar MUITOOOOOO desde livro, não por eu não gostar dos outros mas pelo fato que é o meu favorito e eu estou no concurso desde o começo, mas faz sentir ter alguma chance, jogos e comentários vai fazer parte da minha vida daqui pra frente. Você acabou de ganhar uma participante bem competitiva, rumo ao triunfo! Capítulo divo como sempre estarei aqui esperando bem linda e maravilhosa os próximos. Beijo! Ps.Mostrei a fic pro meu namorado, acho que vou conseguir corromper ele também. Boas escritas! E obrigada por fazer meu feriado valer a pena.TaTha 

    2016-05-29
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