Café da Manhã de Aniversário

Café da Manhã de Aniversário



N/T: Tradução da fic “Never Alone, Never Again”, da autora Bored Beyond Belief. Capítulo 11/42, TRADUZIDO POR Ainsley Haynes.




Harry tentou levantar-se e ir até a mesa para se juntar aos Weasley durante o café da manhã. Sirius ficou parado ao seu lado enquanto o observava esforçando-se para sair do sofá, sem ajudá-lo. Por instinto, Sirius parecia reconhecer a necessidade que Harry tinha de determinar sozinho se conseguia ficar de pé ou não. Debilmente, Harry conseguiu fazê-lo, suas pernas cambaleando de forma violenta.

Os olhos de Rony e Hermione carregavam preocupação, mas graças a Merlin nenhum dos dois disse uma palavra. Harry oscilou por um momento, hesitando entre sentar e ficar de pé, para – no momento seguinte, quando já estava certo de que conseguiria – tudo começar a girar, fazendo-o perder qualquer noção de onde estava. Sabia, contudo, que estava caindo.

“Peguei você”, Sirius sussurrou em seu ouvido e braços fortes fecharam-se em torno de seu corpo trêmulo enquanto o esperavam reorientar-se.

Frustrado, Harry fechou os olhos por um momento. Então era isso. Não conseguia mais nem ficar em pé por suas próprias forças. Seus olhos encararam o padrinho, impassíveis. Sirius segurava Harry bem próximo a si, sua face expressando tantos sentimentos ao mesmo tempo que era difícil definir cada um. Cuidado, amor, preocupação, impotência…

“’tá com fome?”, Rony perguntou quando um tenso silêncio começou a surgir. Harry assentiu, fazendo com que um enorme sorriso surgisse no rosto de Sirius. Franzindo as sobrancelhas, Harry pensou que havia algo de sinistro naquele sorriso.

“Mesmo? Você está com fome?”, Sirius perguntou e descobriu, para surpresa do próprio Harry, que ele estava.

“Excelente!”, Rony exclamou, feliz. Hermione também parecia feliz, pois sorria. Automaticamente, ela esticou o braço para alcançar o acolchoado que estivera envolvendo Harry e colocou novamente sobre ele.

Conforme-se, Harry’, pensou ele, lastimoso, enquanto observava a gentileza da amiga. ‘Como vou conseguir ir às aulas? Não tem jeito de voltar para Hogwarts desse jeito, não com as escadas traiçoeiras de Hogwarts – ou com aulas se estendendo desde as masmorras até a Torre de Astronomia.’ Não quando ele sequer conseguia ficar em pé.

Enquanto Hermione ajeitava a coberta em torno dele, Harry sorriu tristemente, percebendo que essa poderia ser a última vez que a via naquele ano. E a Rony. Para onde iria agora? Como aprenderia a lutar contra Voldemort? Onde ficaria? Era certo que não poderia ficar com os Weasley indefinidamente… talvez enquanto não melhorasse ou...

Abruptamente, Harry se interpôs à direção que seus pensamentos tomavam, antes que fossem longe demais. Encararia tudo aquilo mais tarde. Naquele momento, aproveitaria seu aniversário. Percebeu Remo olhando-o com extrema dedicação – percebera a expressão que se formara no rosto de Harry. O garoto experimentou oferecer um sorriso a ele.

Pare de perceber as coisas, Professor’, pensou Harry silenciosamente. Remo era observador em demasia.

Sirius carregou Harry até a mesa e o acomodou em uma grande cadeira que trouxera da sala. Sabendo que o cuidado do padrinho tinha motivos válidos, Harry reprimiu um suspiro. As rústicas cadeiras de madeira que acompanhavam a mesa – as almofadas de assento em tons de vermelho-tijolo, verde e azul, formando uma variedade de estampas xadrez que Harry sequer sabia existir – eram frágeis e passavam pouca segurança. Sabia que, se tentasse sentar em uma dessas e seus tremores piorassem, provavelmente iria direto ao chão.

“Quando Gina volta?”, Ron perguntou ao sentar-se à frente de Harry, enquanto Sirius acomodava-se ao lado do afilhado.

Pratos e baixelas cheias de comida flutuaram até eles, vindas da cozinha, e se assentaram sobre a mesa, sendo seguidos por copos cheios de suco de laranja e chá – que obrigaram Fred e George abaixar-se rapidamente para desviar-se enquanto tomavam lugar junto a Hermione.

“Acho que ela vem depois do café da manhã”, George respondeu, prontamente agarrando a travessa de ovos e servindo-se de uma considerável quantidade.

Ron assentiu e observou a Sra. Weasley entrar na sala de jantar, satisfeita com os arranjos e pronta para unir-se à família à mesa.

“Onde está papai?”, perguntou Fred, com a boca cheia de comida, não escondendo a curiosidade.

“Ele já foi para o trabalho”, respondeu a Sra. Weasley soturnamente. Todo movimento à mesa cessou por um momento, todos os olhos voltando-se para ela. Remo trocou um olhar com Sirius, assim como Harry, Rony e Hermione encararam-se com expressões preocupadas. Não obstante, Sra. Weasley não estendeu sua resposta. “Ele estará de volta à noite”, determinou ela. “Comam!”

Sirius empilhou ovos, bacon e panquecas no prato de Harry. O garoto precariamente alcançou o copo para beber o suco de laranja e franziu as sobrancelhas, concentrando-se em não soltar o recipiente. O vidro tilintou contra seus dentes enquanto bebia – e o fez perceber que todos à mesa haviam parado de comer. Harry bebeu avidamente, aproveitando o alívio que a bebida gelada proporcionava à sua garganta, e, com cautela, largou o copo à beirada da mesa.

Não caia’, ele desejou. Felizmente, não caiu. Quando desviou sua concentração do objeto, pôde notar que abruptamente os ruídos recomeçaram – os outros fingiam não o ter observado o tempo todo. Harry suspirou.

“Passa as salsichas?”, Fred pediu, restos de comida evidentes em sua boca. Hermione fez uma expressão enojada enquanto inclinava-se em direção ao prato.

Por favor”, Sra. Weasley corrigiu, autoritária. “E não fale de boca cheia.”

“Por favor?” Fred pediu a Hermione, melancólico. A garota revirou os olhos e esticou o braço novamente para alcançar as salsichas.

“Não se preocupe, eu pego”, Sirius disse com um sorriso, rapidamente apanhando o prato que estava à frente de Hermione e passando-o para Fred. Harry viu os gêmeos trocarem um olhar alarmado. O animago sorriu inocentemente para eles. “Prontinho”, disse com educação.

“Obrigado”, Fred quase tossiu, e Harry não pôde deixar de rir à manifestação de nervosismo em seu rosto.

Observando o ruivo colocar uma salsicha no próprio prato, Harry começou a comer despreocupadamente.

“Quer um pouco?”, Fred ofereceu ao irmão gêmeo, que balançou a cabeça com veemência.

“Não, obrigado”, George afastou-se do prato.

“Alguma coisa errada com a comida?”, a Sra. Weasley, que observava a interação entre os dois atentamente, perguntou aos gêmeos.

Ambos balançaram a cabeça e pegaram os garfos sem demora, praticamente mergulhando na comida como se pretendessem apagar qualquer vestígio do que a mãe entendera como ofensa.

Harry percebeu que eles voltaram à comida em silêncio – ainda que eventualmente lançassem um olhar suspeitoso a Sirius, que elogiava a comida de Molly como se fosse algo completamente divino. Com o esforço para não rir, Hermione chegou a corar, e todos viram Fred extinguir toda a comida do prato exceto pela salsicha. O ruivo esticou o braço para pegar mais ovos quando a Sra. Weasley o interrompeu.

“Limpe o prato antes de repetir”, ordenou ela.

“Na verdade, acho que estou cheio”, Fred disse, recostando-se na cadeira e acariciando a barriga com dramaticidade.

“Então divida com seu irmão”, insistiu a Sra. Weasley.

Ao dirigir sua atenção a ela com surpresa, Harry reconheceu o brilho que a mulher carregava no olhar. Ela sabia!

George engasgou-se com a comida.

“Mãe, eu também estou cheio!”, ele protestou.

Sirius continuou a sorrir perigosamente e Remo, naquele momento, precisou tossir algumas vezes para esconder as risadas.

“Você não pegou nenhuma salsicha, George Weasley. Eu achei que você gostasse delas. Bem, ainda que tenha mudado de idéia,” ela disse como se fosse óbvio, “você conhece as regras. Não precisa comer muito, mas precisa experimentar de tudo”, terminou seriamente.

Fred não perdeu tempo ao cortar sua salsicha e colocar metade no prato de George – que a encarou como se fosse ganhar vida e atacá-lo a qualquer momento.

Harry ficou contente com a risada que ameaçava emergir devido à incrível atuação da Sra. Weasley. Era bom ter vontade de rir – e uma parte de seu ser percebia quão estrangeiro lhe parecia o sentimento de felicidade, o sentimento de poder divertir-se.

Vendo o afilhado controlar-se para não explodir em gargalhadas, Sirius encarou-o cheio de más intenções. Àquela altura, todos à mesa haviam desistido de comer – esperavam pressurosos pelo que aconteceria com os gêmeos.

Lentamente, Fred cortou a salsicha em pequenos pedaços e, após ver George fazer o mesmo, enfiou o garfo em uma das fatias e levou-o à boca experimentalmente, cheirando a comida antes de mordê-la ao mesmo tempo em que o irmão o fazia.

Se um alfinete tivesse caído entre eles, poderia ser ouvido em alto volume, tal silêncio que caíra sobre a mesa – todos esperavam pacientemente pelo que aconteceria.

Os gêmeos se encararam – e então encararam Sirius.

“E aí?”, Fred perguntou.

“Eu não sinto nada”, disse George, alívio estampando sua face.

Sorrindo, eles comeram mais alguns pedaços sob o olhar atento da Sra. Weasley.

“Está ótimo, mãe”, Fred disse e George concordou.

Sirius estendeu os braços e bocejou inocentemente, fazendo com que duplos olhares de irritação lhe fossem dirigidos. Harry começara a perguntar-se se aquilo não passara de mais uma provocação do padrinho quando a mesa deu um solavanco repentino. Antes que os copos – seu e de Harry – virassem, Sirius segurou-os, obviamente preparado. Duas cadeiras viraram no chão e Harry tentou ver os gêmeos. Mesmo se erguendo um pouco para enxergar as cadeiras caídas por cima da mesa, não conseguiu vê-los.

“Mas que merda!”, uma voz exclamou acima.

Espantado, Harry olhou para cima. Percebeu que nenhum dos gêmeos havia ido ao chão – eles foram, de fato, ao teto. Estavam deitados no próprio teto, encarando Sirius desgostosos.

“Fred Weasley! Olha essa boca!”, a repreensão da Sra. Weasley perdeu todo o efeito no momento seguinte, quando ela riu.

“Estão com sede?”, inocentemente, Sirius se levantou e segurou o suco do próprio George acima da cabeça, oferecendo-lhe. Remo cuspiu o suco que bebia, respingando por tudo. Rony fez o mesmo, de tanto que ria. Recuando do amável gesto e largando o copo sobre a mesa, Sirius sentou-se novamente.

Notando que os gêmeos igualavam-se em uma carranca, viu-os também fazer menção de levantar-se. Ao descruzarem as pernas e ficarem de pé de cabeça pra baixo, a capa caiu até suas cabeças, expondo um par de calças fúcsia. A face de Harry começou a doer de tanto que ele ria – Sirius certamente estava fazendo jus às lendas que seu nome carregava.

“Vamos, Fred, está na cara que não somos bem-vindos aqui”, disse George de mau-humor, com o orgulho ofendido. Fred segurou a capa para evitar que continuasse caindo sobre seu rosto e, assim como seu irmão, andou até as escadas. Quando chegaram à sua base, pararam, encarando um ao outro desconcertados.

“Eu acho que não é uma boa idéia irem lá fora hoje”, Sirius sugeriu prontamente, fazendo Hermione gargalhar, histérica, enquanto Rony emitia um ronco baixo.

“Eu fiz isso?”, Rony perguntou em meio a risadas, resfolegando novamente.

Hermione apertava o abdome; os gêmeos percebiam que subir as escadas de cabeça para baixo seria ainda mais complicado do que parecia. Segurando o corrimão, George virou-se para o lado da escada, suas pernas continuando grudadas ao teto e a capa caindo mais uma vez sobre seu rosto. Emitindo sons ininteligíveis, soltou-se, deixando-se ir ao teto do patamar com um som retumbante. Com um pouco mais de graça, Fred o seguiu – e os dois fecharam-se no quarto.

“Quanto tempo vai durar?”, a Sra. Weasley perguntou, rindo.

“O efeito deve passar no início da noite”, respondeu Sirius.

Batidas podiam ser ouvidas, vindas do andar superior.

“Brilhante! Um pu…”, Rony comentou, após ter-se controlado um pouco.

“Rony!”, a Sra. Weasley censurou.

“Desculpe, mãe”, respondeu o ruivo automaticamente, nem um pouco arrependido.

“Espere só... espere só até eles precisarem ir ao banheiro”, disse Sirius, e Harry caiu, junto com Rony e Hermione, em mais uma rodada de gargalhadas.





N/T: Aí está, como prometido. Antes de tudo, como já destaquei no começo do capítulo, meus agradecimentos à Ainsley Haynes pela tradução – Jesse, minha beta quando há tempo disponível (tanto dela quanto meu - rsrs) e amiga que vive me salvando de enrascadas (huahuahua). Thanks, tia! Meus créditos nesse capítulo vão unicamente para a revisão/betagem, então agradeçam a ela! Se não fosse por esse ato de solidariedade, vocês provavelmente demorariam um pouco mais para ver um novo capítulo postado (rsrs).

Fui rápida na revisão para tentar compensar ao menos um pouco do longo hiato, mas, infelizmente, o capítulo é bem curtinho. Ainda assim, espero que tenham gostado! Um sincero muito obrigada! para as moças que comentaram no último capítulo. Aos que estão lendo a fic, comentem! Vocês fazem meu dia ;)

Essa semana toda, eu estarei viajando, por isso resolvi postar logo – e motivo pelo qual não devo postar nada na semana que vem. Mas continuem acompanhando, capítulo 12 em breve!

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