Não se culpe mais




Parecia que o tempo havia parado dentro daquela sala quente e com cheiro de mofo. Tive a infelicidade de pegar mais uma sala sem nenhuma minúscula janela, para pelo menos clarear o ambiente. Ou até mesmo se distrair, já que não se tinha muita coisa pra se fazer. Passava alguns minutos registrando os casos, e o resto do tempo não fazia praticamente mais nada, além das unhas e pensar na vida.

Bufei, irritada. Passei as mãos pelos cabelos vermelhos, sentindo-se cansada daquele trabalho besta. Não era aquilo que eu queria pra mim. Escolhi por falta de opção. E por achar que este seria um pouco melhor que seu antigo trabalho, mas acabara de descobrir que me enganara absurdamente.

Na verdade, sempre quis entrar no Quartel General de Aurores. E Merlin, como eu tentara. Esta era a área em que sonhara desde pequena em trabalhar. Sabia que era o que mais queria. Se não fosse tão mal em transfiguração... Agora estava ali. Naquele minúsculo escritório com cheiro de mofo.

Levantou-se da cadeira impaciente e saiu da sala querendo ver o movimento no Ministério. Agitado como sempre. Milhares de pessoas correndo pra lá e pra cá, sem nem olhar pra onde pisavam. Inclusive no meu pé! Pensou indignada quando um homem muito apressado passou correndo perto de si. Sem nem se importar para onde estava indo, saiu pelo corredor, na direção do elevador. Já havia pessoas esperando ansiosas por ele quando chegou perto de sua porta.

Ele abriu, liberando mais gente, e deixando pouco espaço para que eu entrasse. A tão conhecida voz feminina do elevador anunciou a chegada do quinto andar. Um senhor e um rapaz que devia ser um pouco mais velho que eu, saíram de tão depressa do elevador, que se esbarraram um no outro, cada um tombando para um lado. O resto eu não vi porque a porta se fechou.

Só restou, eu e mais três pessoas. Um homem alto e com os cabelos ligeiramente grisalhos, lia o Profeta de hoje ao meu lado. O jornal estava aberto lá pelo página cinco. Sem muito para onde olhar, dei uma espiada na manchete.

“ Casa desabitada em Little Hailey é vista em chamas “

Little Hailey? Little Hailey??? Mas esse é o...

Abaixei o jornal, puxando-o com minha mão sem perceber, e nem reparei na expressão assustada do homem de quem eu lia o jornal. Eu precisava ler aquela reportagem.

“ Ontem à noite, uma casa em Little Hailey foi vistas em chamas por uma senhora trouxa, vizinha da casa a frente, que segundo ela está desabitada há um ano. Contou-nos que já estava indo dormir, e fechava as janelas quando percebeu dois homens encapuzados ateando fogo na casa vizinha, com uma rapidez incrível. Imediatamente, o Ministério da Magia identificou o problema e chegaram rapidamente ao local, mas sem conseguir salvar a estrutura da casa.
O Ministério afirma que é possível que seja mais um dos ataques dos famosos “Sanguinários” que estejam apenas querendo chamar atenção para si novamente, mas não confirma... “.



Estava estupefata. Não podia ser. Uma casa em chamas em Little Hailey? Até nisso o destino tinha arrancado-a? Isso não poderia estar acontecendo com ela...

O presente que mais me marcara. O meu sonho de casa. O momento em que se sentira mais feliz e realizada na vida... A única lembrança que tinha do...

Porquê eu? Porque comigo? Porque agora, nesse momento?

- Você tá louca? – perguntou o homem ainda estupefato com a minha ousadia.

Sem perder tempo, saí rápido do elevador, sem querer ser esmagada. A luz que emanava do novo chafariz quase me cegou de tão forte, e tive que estreitar os olhos antes de adentrar no Átrio indo diretamente para o balcão onde havia, centenas de cópias do mesmo jornal.

Leria tudo de novo. Só pra ter certeza de que não estava sonhando. De que não era um pesadelo. Será que mamãe não sabia? Que Hermione não sabia? Que ele não sabia?

Então porque ninguém me avisou antes?

Eu não podia acreditar. Saí correndo novamente, parecendo uma das pessoas que eu tinha acabado de ver no corredor, com o jornal na mão dobrado na página da manchete. Peguei o elevador e com o coração batendo forte, fui direto para o andar em que Hermione trabalhava, rezando silenciosamente para que aquilo tudo ser apenas um engano. Uma alucinação da minha cabeça.

Abri a porta num estrondo, que a fez pular da cadeira de susto.

- Quer me matar? – disse ela um pouco chateada.

- Mione. – falei sem fôlego. – Me diga a verdade. – Joguei o Profeta em cima de sua mesa, lotada de pergaminhos e implorei com os olhos. – É a casa...

Não precisei nem terminar a frase. Pelo olhar tenebroso que ela lançou ao jornal e depois a famosa expressão de “Sinto Muito, Gina”.Era tudo verdade. E sim, era a minha casa e do Harry que tinha pegado fogo. Que estava destruída. Assim como meu coração agora.

Sentia-me tão mal por aquela lembrança tão linda ter acabado assim, dessa forma grotesca. Destruída. Mais ou menos como acabaram as coisas entre mim e Harry há um ano atrás. Da pior forma possível.

Tateei com a mão, uma cadeira perto de mim, com meu olhar vago sentindo-me arrasada.

- Sinto Muito, Gina. – Hermione veio ao meu lado me consolar. – tem acontecido tanto coisa... – Senti meus olhos arderem em lágrimas.

- Porquê a nossa casa, Mione? – perguntei desconsolada. – Como pode acontecer tanta coisa ruim ao mesmo tempo? – uma lágrima escorreu do meu rosto. Dei uma pausa para que os soluços viessem, e que Hermione me abraçasse em consolo.

- Deus, como eu sou boba. – disse eu, soltando-me do abraço de Mione e secando minhas lágrimas. Me senti envergonhada por estar me lembrando de momentos em que planejamos nossas vidas ali. Em que planejamos uma família ali.

Afinal, nós não estávamos mais juntos. Não havia porque de estar tão arrasada assim. De qualquer jeito, iríamos vender a casa logo, para que outros pudessem ser felizes ali. Nós não vendemos antes porque... estávamos com muita coisa na cabeça. Não tive tempo pra pensar nisso.

Você ainda alimentava esperanças de que iriam voltar. Você ainda o ama.

Recusei-me a acreditar no que minha cabeça me dizia. Eu não podia. Era muito mais fácil simplesmente aceitar que eu estava ocupada demais para pensar em vendê-la.

- Gina. – disse Mione, forçando-me praticamente a olhar para ela. – Eu entendo como você deve estar se sentindo. – eu encarei-a desconfiada. – Sim, eu também me sentiria da mesma forma. Eu imagino quantas vezes vocês devem ter planejado uma vida ali. E mesmo que hoje vocês não estejam mais juntos, ela acabar assim dessa forma... inesperada. – Ela sorriu levemente, com um tom de tristeza. – Vocês nunca mais voltaram lá não é mesmo?

Sabia aonde Mione iria chegar com essa pergunta. Ela tem o dom para ligar perguntas que parecem ser inofensivas com o assunto em que você estava pensando há alguns segundos atrás, e que em nenhuma hipótese deseja comentar.

- Mione... Na verdade, eu não tive muito tempo para pensar sobre isso. – Ela arqueou a sobrancelha desconfiada. Abri a boca, e depois de um tempo sem argumentos, tornei a fechá-la.

- Duvido que seja por causa de falta de tempo que vocês ficaram com a casa por mais um ano. – ela riu levemente. Revirei os olhos. Ela iria insistir novamente naquele assunto.

- Esqueça isso Mione. Ela não existe mais. – falei com um pouco de amargura, já de pé e com o jornal na mão de volta, observando a manchete.

- Mas o sentimento entre vocês ainda existe. Não adianta negar, Gina. – ela disse antes de eu recomeçar a falar. Fechei a boca, mais uma vez sem argumentos.

Ficamos um tempo em silêncio. Ela me observando, parecendo tirar suas próprias conclusões e eu apenas observando a foto do jornal tristemente, vendo as chamas engolirem as paredes e as telhas, derrubando-as.

- Porque nossa casa? – perguntei mais uma vez, mas dessa vez parecendo pensativa, e não arrasada. – É uma tremenda coincidência considerando que ela fica bem distante daqui, num bairro somente com trouxas. – indaguei sem conseguir tirar o olhar do jornal. Mione pensou por um tempo, e depois disse um pouco surpresa com o que estava em mente.

- Talvez... Porque não tenha sido coincidência.


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Estava de pé encarando os destroços e as cinzas do que havia restado da casa. Daquilo que um dia fora um sonho. E encará-lo daquela forma era tão... chocante. Inacreditável. Não era o mesmo que observar pelo jornal.

Pela sua cabeça passava tantas imagens registradas ali, tantos sonhos, desejos passados com ele. Eram lembranças que estavam ali guardadas, e agora, tudo fora queimado junto com as chamas. Sentia a tristeza por perder algo tão marcante em sua vida, era como um pequeno vazio de aflição no peito.

O jardim descuidado, com a grama alta e morta, estava a sua volta enquanto seguia o pequeno caminho que dava, antes, até a porta de entrada da casa, e agora eram apenas destroços sem importância. Sentiu os olhos lacrimejarem, enquanto sentia uma melancolia, por estar se sentindo um tanto sozinha no momento.

Não havia muito o que fazer ali. Não havia mais nada que pudesse ser resgatado, tudo estava queimado demais para ser recuperado e restava-lhe somente talhas de madeira e telhas destruídas.

Escutou alguns passos atrás de si, mas não virou para identificar ninguém. Seus olhos simplesmente estavam pregados ao desastre na sua frente, e lacrimejados demais para que corresse o risco de deixar cair algumas lágrimas. Sentiu a pessoa parar ao seu lado, mas percebeu que seus olhos não estavam focalizados em si, mas sim na casa destruída a frente deles.

Parecia que assim como ela não conseguia simplesmente virar a cabeça para o lado e consolá-lo, ele também não conseguia fazer o mesmo, observando os destroços de sua casa, e sem palavras. Permaneceram por bastante tempo em silêncio, antes que alguém falasse.

- Isto é completamente o contrário do que eu imaginei. – disse Harry, ainda com os olhos fixos na casa, tristemente. Eu me virei para ele atenta. – Quando eu comprei esta casa, era uma conquista que se realizava. Eu finalmente estava realizando o que eu prometi pra mim mesmo que faria após derrotar Voldemort. – Ele abaixou os olhos, mas ainda sem me encarar. – Eu iria construir uma vida de verdade. Uma família. – Ele deu uma última olhada aos destroços. – Nunca passou pela minha cabeça essa imagem.

Eu não sabia o que sentia. Só notara agora que se para mim este fora um sonho, imagine para Harry. Eu podia reparar em sua expressão, o quanto ele estava deprimido e parecia mal. E isto só me fazia sentir uma aflição ainda maior no peito, ao pensar que éramos juntos que nós planejavam realizar estes sonhos.

- Pela de ninguém passou. – disse ainda abalada. – Eu ainda não consegui absorver tudo direito. – Ele me encarou.

- Nada saiu como esperávamos. – ele estava sério, mas ainda parecia melancólico. – É triste que tenha acabado assim. – Ele se virou para mim, e deu mais dois passos ficando mais perto. Suas íris verdes encontraram as minhas. O ar pareceu-me mais escasso depois disso. – Eu... Sinto muito. – disse sem jeito. – Por tudo ter saído dessa forma.

Minha leve expressão de compreensão, se tornou numa de incredulidade. Era minha impreensão, mas aquele pedido de desculpas se referia não apenas a casa, mas também ao que havia acontecido entre eles? Eu não sabia o que dizer. Harry sempre se culpava por tudo que acontecia com as pessoas próximas a ele. Desde a época que estavam em Hogwarts. Mas aquilo não era sua culpa. Não fora ele que botara fogo na casa.

- Harry. – Eu o encarei. – Por favor, não faça isso. – Harry franziu o cenho, e eu ri de leve. – Não fique se martirizando por todos problemas que aparecem. – eu voltei a ficar séria. – Não foi culpa sua.

- Eu sei. – disse ele depois de um tempo confuso, e passou as mãos pelos cabelos. – É que... prometi a mim mesmo que faria de tudo para que saísse certo dessa vez. – Estávamos tão próximos um do outro... – Para que você fosse feliz... – Eu estava hipnotizada pelo seu olhar. – E... agora está tudo...

- Eu fui feliz, Harry. – eu disse o interrompendo. – Na verdade – eu abaixei a cabeça, suspirando e tomando coragem para o que ia dizer. – Você me fez mais feliz em toda minha vida, Harry.

A pouca distância entre gente, foi diminuindo cada vez mais e eu sabia o que estava pra acontecer. Meu coração batia tão forte, que achei que ele poderia escutá-lo perto de mim. Eu já estava com as pálpebras fechadas, quando Rony chegou sem nem se dar conta do que estava acontecendo.

- Harry. – ele chamou correndo, ainda longe, e nós nos separamos bruscamente, como se tivéssemos levado um choque. – O representante do Ministério está aí para falar do caso. Ele está achando que pode ter sido uma forma de aviso à você, já que a casa está no seu nome... – Rony olhou pra mim por um momento. – e de Gina. Quer conversar sobre você ter recebido alguma ameaça, ou coisa do tipo.

Harry pareceu desnorteado por um instante, e com a expressão de que não havia entendido metade do que ele havia falado, concordou com a cabeça sem opções.

- Ok. – ele olhou pra mim, visivelmente sem graça na frente de Rony, e saiu pelo jardim.

Rony olhou para mim com aquela cara de palerma que ele tinha. Sempre lerdo para perceber as coisas.

- Eu atrapalhei alguma coisa? – disse ele imbecilmente, com um sorriso desconfiado.

Me limitei somente a lançar-lhe um olhar mortífero, e saí sem lhe responder nada.


N/A: Lerda eu neh? smto tempo q eu nao posto... e ainda fiz um cap tao pekeno.. eu sei.. DESCULPEM novamente..! mtil desculpas! vou fazer o proximo mais rapido =]
Bjos pra vcs! e Comentem PLEASE!

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Comentários (1)

  • Dih Potter

    RONY........pelo amor de Deus... vc é esmo um TRASGO insensível!!!!!!!!!

    2012-05-03
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