O mundo dá voltas.
1 Mês depois...
- Isso é receita da minha mãe? – perguntou Gina, sentindo o famoso cheirinho do ensopado mãe sempre fazia.
Hermione sorriu ao ver quem chegara na casa, e enfeitiçou a colher para que ela continuasse a se mexer sozinha, enquanto cumprimentava a amiga.
- Só podia ser não é mesmo? – sorriu, levantando uma sobrancelha. – Como você está?
- Ótima. – foi até a cozinha junto de Mione, e a ajudou com os pratos. – Sabe... – deu uma olhadinha no ensopado que Mione mexia. – Eu devo ser a única que não tenho dom para dotes culinários na família... – respirou fundo o aroma que saía da panela. – Até você que só descobriu os segredos da minha mãe há pouco tempo, aprendeu melhor do que eu! – disse fingindo-se indignada.
Hermione riu. – Só tá cheiroso assim por pura sorte!
- Vamos lá, Hermione! Não esconda seus talentos! – riu Gina.
Escutou-se a risadinha de um neném que ainda brincava na sala, dentro do chiqueirinho, com alguns brinquedos dados pela tia Gina.
- Posso... – olhou encantada para Mione, indicando o pequeno Sam, mas nem precisou terminar a frase com a aprovação de Mione.
Gina se encostou no cantinho de brinquedos de Sam, e observou o menininho de cabelinhos ruivos intensos e sardas no rosto, se divertir com a vassourinha voadora que dera há poucas semanas. Passou a mão nos cabelos dele chamando sua atenção, e logo após disso, ele já estava pedindo por colo.
Gina sorriu e o levou até o jardim, do lado de fora da casa, mostrando as flores e algumas árvores que eles tinham, mas Sam parecia mais interessado em seus cabelos do que no seu jardim. Ele brincava com a mecha avermelhada solta do rabo-de-cavalo, que voava com a brisa.
- O que está fazendo? – riu ao perceber que ele não estava prestava atenção em si, mas sim no seu cabelo. – Ah! Está se divertindo? – Ele tentava pegar a mecha que voava de lá pra cá. – Olha, o seu cabelo é vermelho que nem o meu. – ela mostrou a ele e ele sorriu. – É a tradição da família Weasley!
Escutou um barulho baixinho “Craque”. Alguém tinha aparatado por perto. Pensou em Rony talvez. Já devia estar voltando da Toca. Foi andando até chegar um pouco mais perto do portão, e pôde ver quem realmente chegara.
Rony chegara, mas não viera sozinho. Harry estava do lado dele. Sentiu uma forte acelerada do coração. Droga! Estava tudo bem... pensou.
No momento em que avistaram Gina, os dois pareceram ficar surpresos e constrangidos. Só que Harry um pouco mais.
- Gina! – disse Rony andando à frente. – Não sabia que estaria aqui. – falou sem graça.
Gina deu um sorriso fraco enquanto o cumprimentava. Ele deu um beijo na testa do filho e entrou na casa.
Sam olhava fixamente para Harry, parecendo sentir o clima do lugar, enquanto Gina ainda se decidia pra onde deveria olhar.
- Olá.
Foi somente o que ele disse sem demonstrar nenhuma emoção, antes de entrar na casa atrás de Rony. Não teve nem voz pra responder. Ficou um tempo olhando o portão por onde ele tinha entrado, com a boca aberta sem palavras. O que a tirou do transe, foi Sam que teimou em puxar seu cabelo novamente.
- Pensei que não chegaria à tempo. – disse Hermione à Rony, já com a mesa pronta. Hermione aprendera a cozinhar com a Sra. Weasley, e agora sempre nos finais de semana fazia um novo prato para eles experimentarem. – Olá, Harry. – cumprimentou ela. – Milagre você estar aqui. – disse ela reprovadora.
- Que isso, Hermione. Venho aqui sempre que posso. – sentou-se na cadeira diante a mesa. – O trabalho às vezes que atrapalha...
- Uhum. – disse ela sem emoção. – Sempre a mesma desculpa.
Rony riu. Gina deixou Sam no colo de Hermione para que pudesse colocá-lo pra dormir.
- Sirvam-se. Só vou colocar Sam pra descansar um pouco e já volto. – disse ela enquanto subia as escadas.
Gina olhou de volta para a mesa. Harry e Rony serviam-se de grandes conchas do ensopado, e ela ainda de pé, como se fosse a primeira vez que visitava aquela casa, totalmente desconcertada.
Harry agia naturalmente. Como se ela fosse a presença de uma pessoa qualquer. Ou melhor, como se ela nem estivesse ali. Parecia que ele já nem se lembrava pelo o que tinham passado. Que já tinha a esquecido. Ela o olhou por muitos segundos, e se sentiu mal. Sim, muito mal. Por ele estar lá feliz e agindo naturalmente, e ela constrangida ainda por não tê-lo esquecido.
A culpa foi sua! – Uma voz gritou em seu interior. – Você disse para ele esquecê-la. Pra nunca mais procurá-la. – Gina olhou pra baixo. Não agüentava mais vê-lo ignorando sua presença. – E ainda disse que faria o mesmo!
- Gina? – Rony chamou sua atenção. – Não vai se sentar? – perguntou confuso. Harry não comia, mas também não a olhava. Ele olhava para um ponto fixo em seu prato.
- Vou. – respondeu sentando-se na cadeira. Rony ainda a olhava esquisito. Como ele era tapado! – Me distraí. – respondeu dando os ombros.
Hermione parecia não voltar nunca. Os dois já repetiam pela terceira vez, e ela ainda olhava para o resto da comida no seu prato. Suspirou impacientemente. Não ia ficar ali naquele silêncio toda a eternidade.
- Então Rony? Como estão papai e mamãe? – perguntou mesmo sabendo, pois tinha ido em casa no dia anterior.
- Você sabe. Esteve lá ontem. – falou ele rápido e grosseiramente, sem dar atenção.
- Eu sei disso. – falou ofendida. – Mas vocês ficam nesse silêncio irritante, alguém tem que puxar assunto.
- Se você não percebe, nós estamos comendo. – Harry falou ironicamente.
Gina encarou Harry surpresa. Ele ergueu as sobrancelhas de forma sarcástica. Sentiu o sangue ferver e subir à cabeça.
- Desculpe atrapalhar a hora sagrada dos dois porquinhos. – Levantou-se da cadeira, pegando a bolsa de linho que sua própria mãe tinha feito e colocando-a no ombro. – Fique tranqüilo, porque eu não vou mais atrapalhar. – e saiu, abrindo a porta da sala.
- Aonde vai Gina? – perguntou Rony.
- Pra um lugar onde as pessoas saibam comer que nem gente. – Fechou a porta.
Hermione apareceu no alto da escada.
- Pra onde ela foi? – perguntou olhando acusadoramente para Rony. Mas foi Harry que respondeu.
- Visitar o namoradinho dela. – disse enquanto comia.
Hermione lançou um olhar mortífero a Rony, mas ele apenas deu de ombros, fazendo cara de inocente.
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A lua cheia já aparecera no céu estrelado e azul da noite, enquanto caminhava melancolicamente pelas ruas de Hogsmeade. O vento uivava em seu ouvido, dando um ar muito sombrio aquela rua deserta, com as casas fechadas e poucas luzes acesas. Colocou as mãos no bolso do casaco preto grande e aveludado, escutando somente seus passos ecoarem.
Empurrou a porta do pub, fazendo com que o sino tocasse ao entrar e atraindo a atenção dos presentes. O calor que a lareira emanava o aqueceu, e antes de se sentar no banquinho do balcão, retirou o casaco e colocou no grande cabide ao lado da porta.
O barman rapidamente o atendeu oferecendo-lhe a bebida de sempre. Já vinha visitando o pub há muitas noites. Vinha para esquecer os problemas e afastar a melancolia das noites solitárias, em que o fazia pensar em águas passadas, momentos tão bons, que parecia pertencer de uma outra vida.
Deu gole no seu Uísque de Fogo, e observou o ambiente. Estranho, naquela noite parecia menos agitado que o normal. Só via-se velhos e bêbados no canto do bar, falando sozinhos e com os olhos vermelhos. Virou o resto da bebida, sentindo a garganta queimar levemente, e pediu por mais uma.
O sino tocou quando a porta se abriu, atraindo sua atenção para um homem alto e com cabelos castanhos que entrava no local. Seu casaco de golas altas e o ambiente pouco iluminado escondia um pouco o rosto do rapaz. Ele sentou-se a um banco de distancia de Harry, e fez sinal para que o barman o atendesse.
- Devil Whine, por favor. – falou uma voz conhecida por Harry.
Enquanto o barman preparava o drinque, Harry viu o homem desviar o olhar para o aposento tendo uma visão direta de seu rosto e podendo reconhecê-lo finalmente.
- John Beckan? - perguntou alto, não acreditando em vê-lo ali naquela hora da noite e atraindo a atenção dele para si. Pôde ver seus olhos brilharem de surpresa, mas logo foi trocado pelo seu olhar sarcástico de sempre.
- Ora, ora. – respondeu ele se virando para ele. – Harry Potter que surpresa! Não sabia que freqüentava bares a essa hora da noite.
- Digo o mesmo. – respondeu Harry secamente, sem se importar com a ironia dele, e se arrependendo profundamente por ter deixado escapar de sua boca, e acabar chamando-o sem intenção.
- Ainda com dor de cotovelo? – perguntou ele dando um gole em sua bebida. – É, eu sei como é isso. Fiquei da mesma forma no passado. – ele riu. – Engraçado como os papéis se inverteram, não é mesmo?
Harry virou o copo de uma só vez. Sentia o sangue começando a pulsar fervosamente em suas veias. Sabia o que ele estava tentando fazer. Não iria procurar briga em um bar, com um idiota como aquele. Ignorou-o.
- É, eu também fiquei impressionado com as peças que o destino prega. – ele deu outro gole em sua bebida. – Tanto tempo pensando nela, pensando em como era boa a época em que estávamos juntos, em nos nossos beijos... Em como estávamos apaixonados. – ele olhou para Harry, que encarava o copo sem expressão no rosto. – É. Foi difícil até eu esquecê-la. – Ele sorriu. – Mas quem diria que agora tudo estaria assim de novo.
Harry fez esforço para ficar quieto e controlar sua raiva que pulsava dentro de si. Não expressava nenhum sentimento por fora, mas por dentro o seu sangue fervia e estava louco para rachar a cara daquele maldito.
- O mundo dá voltas. – ele olhou malicioso para o rosto de Harry. – Você agora é o mesmo idiota de quando namorávamos. Trabalha o dia inteiro para não ter que ficar pensando nela, e vagueia por pubs na madrugada. – Ele virou-se pra frente e falou fingindo pesar. - Enquanto você fica nessa vida pacata, - o encarou – eu finalmente saboreio o gostinho da vitória e aproveito bem o meu tempo com a Gina.
Harry fechou os olhos sentindo o ódio explodir dentro de si. Aquele cretino estava finalmente conseguindo o tirar do sério. O barman observava a conversa dos dois de longe, já vendo aonde aquilo ia dar.
- Aliás, - falou com desdém. – Pra alguém que namorou por tanto tempo, até que ela te esqueceu bem rapidinho...
Tudo aconteceu em apenas num segundo. Harry se levantou do banco e quando menos percebeu, já o socara fazendo ele cair no piso sujo do pub. John pôs a mão no nariz e percebendo o quanto sangrava levantou-se rapidamente, pronto pra revidar em Harry.
Todos os presentes no pub se levantaram das cadeiras e observava a cena um pouco temerosos. O barman gritava para que eles se controlassem, antes que fizessem muito estrago e dessem prejuízo a ele.
John o empurrou contra a parede e o socou na barriga, fazendo Harry soltar um gemido de dor. Harry não deixou que ele continuasse, o empurrando de volta e vendo ele cair em cima de uma das mesas e quebrá-la. John não desistiu e se levantou novamente dando um soco em seu olho e caindo os dois no chão do pub, fazendo com que os outros chegassem mais perto.
Harry chutou sua perna e subiu em cima dele dando vários socos seguidos. Não acreditava no que tinha ouvido. Preferia não acreditar. Não admitiria que ele falasse assim dela. Mesmo que ela já não sentisse mais nada por ele, mesmo sabendo de que não existia mais nada entre os dois, ele não deixaria que ele faltasse com respeito para ela.
Socou-o ainda mais forte, sentindo o sangue ferver e o ódio pulsar dentro de si. O rosto dele estava cada vez mais ensangüentado, até que vários braços o puxaram para longe de John que parecia estar inconsciente no chão. Ele só se acalmou depois de que estava a uma certa distancia de John.
- VOCÊ ENLOUQUECEU? – berrou uma voz em seu ouvido, mas ele mal escutava.
A pessoa que o segurava o empurrou na parede com força, fazendo com que finalmente reconhesse quem era e prestasse atenção nele.
- VOCÊ PODIA TÊ-LO MATADO, SABIA DISSO? – berrou Carlinhos, irmão de Gina, visivelmente alterado pelo susto de ter entrado no pub e ver os dois se espancando, imaginou Harry.
- Ele merecia! – respondeu Harry, ainda ofegante. – Merecia mais ainda pelas coisas que falou!
- Deus, era obvio que ele faria de tudo pra te provocar Harry! – respondeu Carlinhos ainda alterado.
– Isso é uma atitude de adolescentes! Uma briga trouxa! Você devia ignorá-lo! – explodiu Carlinhos.
- EU SEI! Eu sei! – respondeu com remorso Harry, percebendo a besteira que tinha feito. Ele bufou de raiva. – Chegou um ponto que não deu pra agüentar. – ele passou as mãos pelo cabelo preocupado e sentando-se na cadeira mais próxima.
Carlinhos lançou um olhar reprovador à ele, e depois virou-se para olhar John inconsciente no chão. Seu rosto muito ensangüentado pelo nariz quebrado, e podia ver algumas marcas dos socos. John se mexeu lentamente no chão e soltou um gemido. Harry e o barman se viraram pra ele, que parecia estar voltando ao normal, e Carlinhos se apressou para ver como ele estava.
Ele levantou-se lentamente entre gemidos com a ajuda de Carlinhos.
- Acho que ele terá de ir a St. Mungus. – falou o barman.
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