Preciso te esquecer



A claridade do Sol iluminava todo o aposento, fazendo com que ele apertasse os olhos enquanto resmungava algo baixinho. Ele se remexeu na cama inquietamente, pondo os braços fortes tampando seu rosto contra a claridade. Podia sentir o gosto azedo da bebida nos lábios, provocando uma ânsia de vomito que conseguiu controlar, e o cheiro de um bafo intragável. Ele passou as mãos pelos cabelos espetados, sentindo uma dor aguda na cabeça, e tentou se levantar lentamente.

Ainda com a mão na testa e os olhos quase que praticamente fechados, ele andou pela sala tropeçando em alguns objetos jogados no chão. Foi até o balcão da cozinha, onde jazia uma garrafa de Uísque de Fogo vazia. Pegou o restinho do café na chaleira e tomou tudo de um gole só.

“Porquê?” Era uma das milhares de perguntas que ainda pairava em sua cabeça, desde a noite anterior. Era um tolo. Um tolo que não conseguia parar de pensar um segundo sequer, em apenas uma pessoa. Que não parava de pensar em todos os “porquês” de não conseguirem fazer aquilo dar certo. De não conseguirem fazer aquilo durar. Como é possível que depois de tudo por que passaram, seja apenas para chegar ali? Naquele fim? Separados? Sozinhos?

Não tinha explicação. Ou melhor, não queria nenhuma explicação. Queria esquecê-la de vez. Para que aquela tortura acabasse.

Mas aí, chegava novamente os “porquês” em sua cabeça, fazendo o confundir novamente.
Porquê sempre havia de dar errado?
Porquê não ficavam juntos, como todos os outros, depois do fim da guerra?


Sentou-se no sofá, sentindo-se um trapo. A dor de cabeça só se intensificara com a xícara de café. Precisava de um banho frio, pra ver se conseguir fazer com que alguns pensamentos fossem para o ralo junto da água. Olhou pra janela, lá fora. O Sol pairava no céu azul, claramente de que aquele seria um dia quente. Um dia bonito. O contrário de como Harry se sentia.



“Plaft!”.

O prato de vidro caiu de suas mãos, no chão frio da cozinha, enquanto terminava seu trabalho de lavá-los. Prometera à sua mãe que a ajudaria com as louças da noite anterior. Acordando de seu devaneio, ela tirou a varinha do bolso e murmurou “reparo” juntando todos os pedaços espalhados pelo chão. Pegou o prato de volta e o recolocou no armário, acima da pia.

Nem ao enxugar os pratos ela conseguia se concentrar. “Você tem estado muito distraída desde ontem à noite, querida!” Ouviu a voz de sua mãe abafada, através da sala.

Largou os pratos por um momento, e passou a mão pela cabeça pensativa. Não conseguira dormir direito nesta noite. Ainda lembrava das palavras dele nitidamente, hipnotizada por seus lindos olhos verdes. Por quê sempre perdia o ar e sentia como um gelo afundando em seu estômago ao encarar aquele par de olhos? Eles nunca dariam certo... Não depois de três separações.

Achava que isso já havia passado, que já tinha se recuperado da história deles juntos, ficou meses sem vê-lo, e achou que assim, havia o esquecido...
Era só olhar pra ele, que já se sentia da mesma forma de anos atrás. Por quê seu abraço era tão bom? Não havia braços como aqueles que a enlaçassem tão bem, como se encaixassem...

Precisava de um banho. Era isso. Um banho frio. Pra ver se esquecia de tudo... ou melhor... dele.

Pegou o último prato na pia, e o secou com a varinha, colocando-o de volta no armário. Secou as mãos e foi até a sala, onde sua mãe ajeitava o sofá com a varinha, limpando-o da bagunça de noite anterior.

- Terminou querida? – perguntou Sra. Weasley.

- Já. Vou tomar uma ducha, e depois sair um pouco pra respirar. De noite eu volto lá pra casa. – respondeu Gina, andando até a escada.

- Eu sei como você dever estar se sentindo, querida. – começou Sra. Weasley, a fazendo parar no início da escadaria, virando-se. – Eu imagino como deve ser difícil reencontrá-lo. Ele foi um grande amor na sua vida, não é? – disse ela piedosa.

- Eu estou bem, mamãe. Na verdade eu nem pensava sobre isto. – mentiu. – Eu só estou um pouco cansada. Normal, coisas do trabalho. – disse ela dando um sorriso tentando ser convincente.

- Querida, eu sei que não está. Eu percebo quando algo te incomoda, sou sua mãe. E pelo que estou vendo está te incomodando muito mais do que pensava... não é? – disse ela carinhosamente.

Gina pensou se responderia aquela pergunta com sinceridade, confessando o que estava sentindo a sua mãe. Quem sabe ela entendesse?
Mas... Ela provavelmente a convenceria de engolir o orgulho e que falasse com ele, tentando uma reconciliação... Não. Definitivamente não. Ela não iria voltar atrás. Ela nunca que se humilharia pedindo pra que ficassem juntos novamente... Aliás, ela nem queria isso. O que ela mais queria era esquecê-lo. E ia conseguir. Quem fez com que acabassem com tudo fora ele.

- Mãe, não há motivo pra toda essa preocupação. Eu estou ótima, apenas um pouco cansada, por conta do trabalho dessa semana. – Ela respirou fundo, tentando dizer o mais carinhosamente possível - São águas passadas, que fizeram parte de uma outra fase da minha vida, e que eu pretendo esquecer. Não tem com o que se preocupar.

Sra. Weasley deu um singelo sorriso de compreensão.

- Tudo bem, querida. Eu não falarei mais sobre esse assunto. – disse e subiu as escadas junto da filha.




Sua lareira explodiu em chamas verdes, e um corpo girou muito rápido para dentro da mesma. Este saiu cheio de fuligem, pisando no tapete da casa, e se limpando com as mãos espalhando ainda mais poeira.

Harry de longe ergueu a varinha em direção ao homem, e murmurou “Limpar”.

- Ah, sempre me esqueço disso. – disse Rony olhando para as próprias roupas, que no segundo anterior estavam imundas. – ‘Brigado. – murmurou

Harry apanhava rapidamente alguns objetos jogados no chão, e ia recolocando-os no lugar. Alguns livros, papéis, embalagens de comida e... fotos. As pegou o mais depressa que pôde e colocou na estante, com o verso virado. A casa tava bem bagunçada. Ergueu a varinha e no segundo seguinte os restos das coisas estavam em seu devido lugar.

- Está tudo bem, Harry? – perguntou Rony um pouco preocupado, depois de ver a bagunça.

- Claro. Porque? – disse Harry que vestia apenas uma calça de moletom e uma blusa regata antiga.

- Você não parece bem. – respondeu sério. Harry sorriu.

- Bobagem. Eu estou ótimo. – disse ele, e foi até a cozinha. – Quer beber algo?

- Não, não precisa. Só vim pra resolver um problemas do ministério. Dei uma passada lá hoje de manhã, e eles me mandaram alguns relatórios pra você dar uma lida. – respondeu eles tirando do bolso, alguns pergaminhos.

Harry pegou-os e fingiu dar uma examinada, folheando-os. As mesmas coisas de sempre. Resolveria isso depois.

- Hum, ok. Mais tarde eu resolvo isso com eles.

- Ok, então. – disse Rony, mas em vez dele sair, ele continuou parado observando Harry.

Harry que ainda estava folheando os papéis o olhou por cima dos óculos estranhamente.

- Que foi?

- Porque você saiu cabisbaixo no jantar de ontem? – perguntou ele meio inseguro. – Na verdade ninguém nem te viu se despedir...

- Ah... Er... – Harry jogou as folhas em cima da bancada da cozinha, e começou a andar pela sala. – Eu tinha... que... – ele coçou o olho disfarçando – arrumar umas coisas aqui em casa... Só. Por isso saí mais cedo e vocês estavam ocupados demais, então só me despedi dos seus pais. Teve algum problema? – disse ele cinicamente.

- Não, claro que não. – e eles ficaram em silêncio por alguns segundos, cada um observando um ponto da sala pensativo.

Depois de algum tempo, Rony não teve como segurar.

- Você ainda gosta da minha irmã, não é verdade? – perguntou ele sendo sincero. Harry fez uma cara de desentendido e deu de ombros. – Vamos lá, admita.

- Não é que eu gosto... - Rony o encarou – Não é fácil esquecê-la depois de tudo, sabe. – respondeu Harry um pouco irritado. Rony sorriu.

- Você não me engana. – Harry revirou os olhos. – Mas então? Não vai fazer nada?

- O que você quer que eu faça? – perguntou assustado - Que chegue e peça desculpas por uma coisa que não é minha culpa? – disse ele irritado. Rony bufou.

- Vocês simplesmente não podem admitir seus erros e se desculparem, em vez de ficar com esse orgulho e sozinhos? – alfinetou Rony.

Harry ficou em silêncio por um tempo.

- Não dá. – Respondeu depois de um tempo.

- Vocês só irão se magoar ainda mais por causa disso. – Rony respondeu seriamente.


N/A: olá... desculpa gente. demorei mtooooooo eu sei disso. Mas é q essas semanas eu tive q estudar pra caramba, e depois eu fikei mto doenti, nao deu pra escrever... mas tah aí. tah pekeno, mas espero q gostem... Não é o meu predileto mas...
Bjokas

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