Duplo azar e mau agouro
— Merlin, vocês estão tão ferrados...
Tiago seguia por um corredor longo, cheio de pilastras e arcos de pedra. Ao lado dele, um Alvo completamente amedrontado. O garotinho estava muito mais pálido do que o comum, e não respondia nada, só acompanhava o irmão, com um andar descompassados. Tiago continuava o monólogo.
— Acho que você vai ouvir a bronca primeiro sozinho. — disse, com um sorriso meio amarelado — Não sei como a tal Isobel não morreu, mas o tio Hipimus vai sarar logo ela. Ele é bom nisso.... Além disso, aposto que a Diretora Mcgonagall vai querer me ouvir separado de você. Ela é muito esperta. É muito difícil enganar ela, então nem tenta. Você é amador. Só ia piorar as coisas.
Tiago de repente parou de andar na frente de um quadro enorme de uma matilha sob um luar encimado por uma montanha solitária. O quadro era tão grande que tomava praticamente a parede inteira.
— Vamos pegar um atalho. Quero ver como estão meus amigos, então vou deixar você no Escritório da Mcgonagall logo. Guarda segredo? Guarda? — Tiago insistiu pela resposta, e Alvo saiu do transe e deu duas mexidinhas de cabeça — certo. Isso é uma das sete que tem no mapa. Não sei se são todas, mas é bem útil.
Tiago uivou para os lobos do quadro. E os lobos uivaram de volta. Tiago uivou mais uma vez e então o quadro de alguma abriu-se como se fosse uma porta rangente. Alvo levou as sobrancelhas quando viu uma espécie de elevadorzinho. Cabia apenas uma pessoa.
— Pode entrar — ofereceu Tiago, abrindo o gradil de ferro. — Você diz o andar que quer aparecer e lá você estará.
Alvo, apesar de inseguro, entrou e sentou-se, observando Tiago fechar o gradil.
— Quando eu fechar o quadro, você chama pelo sétimo andar. Dobre no corredor da direita, anda em linha reta até o fim, ignore tudo o que você ver pelo caminho — Recomendou o irmão. — sério. Você vai encontrar uma gárgula com forma de águia. Diz a senha, qual era mesmo a senha?
— Ju-justiça — gaguejou Alvo.
— Isso aí. Geralmente a diretora não me dá a senha. A estátua gira sozinha. Enfim. Não se esquece, hein? Dobra o corredor pra direita e anda em linha reta até achar a gárgula de águia. Ok, maninho?
— O.K. — disse Alvo meio amuado, do outro lado da grade.
— Calma, maninho — Tiago sorriu, babaca como era — tudo tem sua primeira vez. Não foi culpa sua. Explica direitinho. A Diretora Mcgonagall é durona, mas é justa.
Alvo concordou. Tiago fechou o quadro.
O garoto estava no breu total. Lembrou das ordens do irmão e disse:
— Se-sétimo andar. Por favor?
Houve uns segundos de silêncio, e então, de repente, o elevadorzinho tremeu, fazendo Alvo desesperadamente tocar nas paredes, cegamente. E então tudo começou a subir. Alvo soube que estava subindo, pois seu estômago teimava na inércia, descendo.
Alvo fechou os olhos nesses segundinhos de pânico. Até que de repente parou. Uma porta se escancarou. Alvo abriu o gradil e saiu.
O Sétimo andar era muito ermo e silencioso. Tinha vários tapetes enormes com desenhos misteriosos nas paredes, além de teto altíssimo e abobadado, formado por arcos longos. Alvo dobrou para a direita e seguiu o corredor central. Mas, infelizmente, não pôde seguir integralmente os ditames de seu irmão mais velho.
Alvo pensava nitidamente em uma maneira de sair dali, se esconder, desaparecer por um tempo para não sofrer as consequências de sua incrível burrada. Ao passar ao lado de uma porta alta e chamuscada em frente a uma enorme tapeçaria de um nobre ensinando balé a trasgos, sentiu um forte cheiro de queimado.
A curiosidade fez o garotinho olhar para o corredor iluminado por velas e indubitavelmente vazio, olhou duas vezes para constatar se estava só, e foi até a sala, abrindo-a silenciosamente...
Era um local enorme. Parecia impossível aquilo tudo caber numa torre. Estava tudo escurecido, mas Alvo pôde constatar pela luz que passava pelo soslaio da porta uma pilha alta cheia de objetos absolutamente queimados. E a fumaça começou a escapar pela porta. Quando Alvo ouviu uns sonzinhos esquisitos de “qui-qui-qui” na distante escuridão da sala achou por bem fechá-la logo e voltar a seguir o corredor em linha reta.
Exatamente como Tiago havia dito, no fim do corredor havia uma gárgula em forma de águia na parede.
— Justi-ti-ça — gaguejou Alvo. Então a gárgula fez um som de destrave pétreo e saltou para o lado, revelando uma entrada pela parede oculta. Alvo passou através dela e encontrou uma escada circular de pedra, na qual ele pôs o pé e ela foi girando pela parede cilíndrica que o rodeava, até revelar, no topo, uma porta com a aldrava de latão. Alvo a abriu.
O Escritório da Diretora Minerva Mcgonagall era uma sala ampla e circular. Havia uma mesa central em meia lua de azevinho, com a superfície com plumas e tinteiro, alguns papéis meticulosamente organizados. Haviam estantes repletas de livros das mais diversas qualidades e umas três gaiolas, onde um tucano, uma coruja de torre e um morcego dormiam à luz de abajures na parede. Haviam mesinhas de pernas finas sustentando objetos engenhosos de prata que zumbiam sem motivo, e outro armário com fileira de gavetas onde se lia “Arquivos de Hogwarts”. O que mais intrigou Alvo fora uma espécie de bacia de prata no fundo da sala, rodeada de espelhos. A bacia flutuava sobre uma mesa de mármore puro e tinha seu conteúdo coberto por uma fina toalha de seda vermelha, de onde escapava uma fraca luminescência azulada. Alvo controlou a curiosidade de retirar o véu, voltando sua atenção para as fileiras de quadros da parede.
A maioria dos senhores retratados cochilavam em seus quadros. Outros estavam vazios, sem os seus ocupantes. Mas Alvo notou que um dos retratados o fitava profundamente. Alvo o conhecia e levantou a sobrancelha.
— Ora, ora, ora — disse Fineus Nigellus, o homem velho, de barba negra e olhos pontudos e astutos que de vez em quando aparecia no quarto de Alvo no largo Grimmauld. — Se não é o pirralho que mora na casa dos meus antecessores.
— Olá — disse um Alvo envergonhado.
— Alvo Potter — riu o homem. — Dumbledore, acho que você gostaria de ver isso.
— Dumbledore? — Alvo prendeu a respiração. Será que...?
O homem retratado no quadro levantou-se da cadeira e andou até o quadro do velho de barba longa e prateada, oclinhos meia lua e bata azul com estrelas que dormia pacificamente. Fineus balançou um pouco e o velho despertou, olhando para Fineus depois focando Alvo.
— Harry? — disse o velho, olhando para Alvo com um olhar absolutamente impressionado. Ao ouvir esse nome, o retratado do quadro ao lado do de Dumbledore despertou também. Era um homem de cabelos negros, olhos profundos e pele pálida e macilenta, tinha uma expressão de ligeira surpresa, mas manteve-se calado.
Música tema: A história do Príncipe (Prince‘s Tale)
— É o filho do meio dele com Gina dos Weasley, Alvo. — explicou Fineus — E quando digo “Alvo”, me refiro ao garoto, não a você, Dumbledore. O garoto tem o mesmo nome que o seu, veja só. Alvo Potter.
Alvo Dumbledore olhou para Alvo Potter com um olhar tão profundo e penetrante que o garoto sentiu-se tendo a alma analisada com uma minúcia até indecente. Ficou assim por vários segundos, até dizer, com aquela voz profunda e enigmática:
— Curiosíssimo...
Alvo percebeu que aquele velho era o diretor de Hogwarts na época em que seu pai estudava ali. Era o grande amigo, um homem genial, que morrera durante a segunda guerra bruxa. Alvo estava em frente ao quadro de uma lenda. Ele tinha tantas pergunta, tantas indagações, tanta coisa para saber... O garoto começou com uma pergunta modesta:
— O senhor era amigo de meu pai?
— Harry foi uma das coisas mais importantes que aconteceram em minha vida. — disse Dumbledore com simplicidade — E imagino que muitas pessoas repitam o que eu digo. Seu pai é um grande homem.
Aquelas palavras fizeram Alvo inflar de orgulho pela sua ascendência. O garoto continuou:
— Diretor Alvo Dumbledore...
— Por favor, Alvo, não se prive de seu nome. Me chame de Percival ou Wulfrico, ou Brian, e até Dumbledore, como a maioria faz. Tenho tantos nomes herdados de meus antepassados e já usei tantas vezes o do meu bisavô Alvo que sinto que é um desmerecimento com um garoto tão encantador o impedi de usá-lo.
— Certo — disse Alvo ainda mais vermelho — Diretor Dumbledore, de que casa o senhor era quando estudou em Hogwarts?
— Grifinória. Mas contarei um segredo para você, pois sinto que essa resposta não lhe é suficiente. E esta é a vantagem de se estar morto, não? — o velho deu uma piscadela. — Quando entrei em Hogwarts, eu desejei no fundo do meu coração entrar para a Sonserina.
As sobrancelhas de Alvo foram para as alturas. Dumbledore. O Dumbledore? Queria ser da Sonserina?
— Mas o senhor disse que entrou na Grifinória... — disse Alvo aturdido, tentando entender.
— Precisamente. — Dumbledore parecia estar se divertindo com aquela situação. — Precisamente. Mas nós, seres humanos, temos o condão de escolher exatamente aquilo que é pior. O Chapéu Seletor conhecia mais a mim do que eu mesmo.
— O senhor diz que a Sonserina é uma escolha pior, então eu...
— Não, não, Alvo. Por favor. Não me compreenda mal. Seu pai também passou pela mesma situação. Harry tinha uma ligação com a Sonserina, pelo fato de, na época, estar conectado com Lorde Voldemort. Isso deixou o Chapéu seletor um pouco confuso, mas o caso é raro. Mas Harry pôde escolher. E na época escolheu a Grifinória por ter ouvido coisas terríveis da Sonserina. Algo que, no fim, foi fundamental. Harry lutou contra o seu próprio Condão. Seu pai, desde criança, sempre foi um excelente guerreiro.
— Mas então eu...
— Meu querido Alvo, me perdoe — Dumbledore sorriu bondosamente ao interromper o garotinho. — Você não é o seu pai. Precisará passar por muitas situações para aprender a aceitar a si mesmo, aceitar o que é de verdade, sem mentiras ou preconceitos. Eu também passei por isso e o entendo completamente. No fundo, somos parecidos em muitas coisas além do nome. Contudo... Creio que com quem você realmente necessita conversar é com este homem ao meu lado.
Dumbledore apontou para o homem de cabelos negros, nariz adunco na face macilenta e vestes negras, que observava Alvo de soslaio, sem se envolver na conversa, contudo. O homem quando foi citado fechou os olhos, fingindo querer dormir. Porém, mantendo uma expressão rígida e desconfiada, ainda com os olhos fechados.
— Ah, sim, Severo. O Alvo necessita de seu auxilio.
Quando Alvo ouviu o nome Severo, sentiu o coração quase escapar pela boca. Então era ele! Severo Snape abriu lentamente os olhos e fitou Dumbledore com uma expressão irritadiça.
— É, Severo — Fineus Nigellus também e intrometeu na conversa, rindo-se, irônico — Talvez você deva saber que o nome do meio do garoto é Severo. Harry o homenageou também.
Severo Snape elevou as sobrancelhas de surpresa, fitando Alvo com um vívido interesse.
— O Potter? Me homenageou? — desacreditou o diretor Snape.
— Curioso. Muito curioso. Devo entender que Harry descobriu o seu segredo, Severo? — Dumbledore parecia divertir-se com a idéia. Snape tinha uma cara de profundo enjôo.
— Potter nada fez. — Snape contraiu os lábios para Alvo. Dumbledore suspirou.
— Até depois de cruzar o véu da morte você continua um orgulhoso! Pare de se tolher! Estamos mortos! Os segredos não são mais importantes.
Snape continuou a manter a cara placidamente fria, até Dumbledore dizer:
— Fineus, ambos devemos visitar o Castlerouge, na sede da Ordem de Merlim. Temos assuntos absolutamente urgentes para tratar. Ah, Alvo, foi verdadeiramente um imenso prazer conhece-lo. Sinto que nos veremos em uma nova oportunidade aqui no escritório de Minerva.
Fineus fitou o velho por um instante e depois apenas concordou. Ambos desapareceram pelo lado da moldura, deixando os seus quadros vazios.
Os outros diretores dormiam profundamente em suas pinturas. Alvo estava a sós com Severo Snape.
— Severo. O nome do meu avô... Que audácia... — resmungou baixinho o outro Severo, o do quadro.
Alvo apenas ficou calado, fitando o chão. Mesmo sendo só uma pintura, aquele homem mantinha toda sua potência de controlar as pessoas apenas com o olhar.
— Diga-me, Alvo Severo. — de repente Snape disse, após um tempinho calado — Sabe quem eu sou? Conhece a minha história?
— Quase nada — respondeu o garotinho envergonhado — Sei que o senhor foi Diretor da Sonserina e de Hogwarts... Dizem que foi um herói de guerra e que salvou meu Pai, apesar de serem inimigos. Pelo que entendi foi isso que...
— Herói de guerra? — debochou Snape. — chega a ser hilário. — o homem com nariz adunco e cabelos negros oleosos ficou analisando Alvo por um tempo e depois disse: — qual ano você está, Alvo Severo? (Snape não deixava de ratificar o Severo, deixando claro seu desgosto debochado).
— Primeiro. Primeiro ano, senhor.
— Um coitado cabeça-oca. Qual sua matéria favorita?
— Hã... — Alvo fora pego de surpresa. Mas disse prontamente: — Defesa contra as Artes das Trevas.
— Era de se esperar — riu-se irônico Snape. — busca segurança. Seu pai, Auror, logo, seria mais fácil ser o melhor da turma na matéria?
— Nã-não é iss-
— Poções. — o homem disse de repente.
— Desculpe?
— Você deve estudar poções.
— Não sou muito bom nisso.... Aliás, sou ruim praticamente em tudo...
— Você quer conhecer minha história, não?
— Sim, quero, mas...
— Você quer ser genial, inigualável, um verdadeiro príncipe das poções? Um garoto insuperável, almeja e sonha com a grandiosidade?
— Eu...
— Então você deve estudar poções.
— Não entendi...
Snape deu um sorrisinho enigmático, fitando Alvo por alguns segundos ... Até finalmente dizer:
— Seus olhos são exatamente iguais aos do seu pai... Hm. Talvez valha a pena fazer isso.
— O que?
Snape deu um sorriso mínimo, deliciando-se com a ignorância de Alvo.
— Procure o meu antigo livro de Poções e Bebidas Mágicas. Está escrito na contracapa “Este livro pertence ao Príncipe Mestiço”. Você pode encontra-lo no....
BAM.
Uma porta abriu-se.
Alvo quase cuspiu o coração para fora. A diretora Minerva Mcgonagall e Isobel Waldorf entravam no escritório. A senhora deixou o chapéu preto pontudo numa poltrona e dirigiu-se para trás da sua mesa. Isobel sentou-se em uma das cadeiras a frente da mesa e ficou ali, pálida como cera velha, sem os ferimentos que Alvo tinha visto antes.
O garoto resolveu que era por bem sentar-se na poltrona ao lado de Isobel para começar a ouvir as sentenças. Ambos os garotos estavam absolutamente silenciosos. A diretora lançou para o garoto um olhar desconfiado, dizendo:
— Com quem falava?
— Com... — então o garoto notou que os três quadros com os quais Alvo tinha falado estavam vazios. — Comigo mesmo. — suspirou o garoto.
— Entendo. — A diretora o fitou com aquele olhar de gato incrédulo. Depois continuou no seu tom eficiente costumeiro. — A demora foi porque precisei atender o professor Longbotton. Ele ficou chocado com o que aconteceu e precisou também ir para a enfermaria.
Alvo engoliu aquela informação a seco. Resolveu que era bom sentar-se ao lado de Isobel, mas a diretora disse:
— Não, Potter. Fique do lado de fora um instante. Antes conversarei com a senhorita Waldorf.
O garotinho fez que sim e saiu do escritório com passos comedidos. Fechou a porta de madeira grossa, sentou-se encostado na parede à beira da escada em caracol e abraçou seu joelho, aguardando...
Depois do que pareceu uma eternidade, a porta se abriu e Isobel pôs a cabeça para fora, dizendo amuada:
— Entra logo...
Isobel deixou Alvo a sós com a Diretora. O garoto sentou-se na cadeira em frente à mesa, onde a mulher riscava alguma coisa com uma caneta de pluma em um papel. Ela parou de repente.
— Pois bem. Conte-me tudo o que se sucedeu. Cada detalhe.
O garotinho engoliu um pouco de saliva que estava sendo produzida em excesso por causa do nervosismo. Então falou tudo, tudo o que lembrava que havia acontecido.
Após o fim do falatório, a diretora ficou um pouco em silêncio.
—Primeiramente foi muita irresponsabilidade sua deixar Isobel ir atrás do gato, sabido que estava próximo da hora de recolhimento. — a velha tinha uma expressão austera e pia. — Se Isobel resolve-se buscar o tal gato para fora das propriedades, você não teria impedido. Por um milagre você encontrou seu irmão e os demais. Talvez a senhorita Waldorf estivesse seriamente machucada se não o tivesse feito. Potter, o senhor nem sequer considerou chamar Rúbeo para ajudar Isobel com o gato, já que estava a caminho de lá?
Alvo negou, olhando para baixo, sentindo-se um irresponsável burro.
— Pois bem. — a mulher crispou os lábios. — Letícia quebrou o braço, Weasley machucou a cabeça. Caerulleu Longbotton recebeu uma pancada muito forte no estômago. Eles poderiam ter morrido. É impressionante saber que o mais sábio entre vocês foi o seu irmão, que chamou a mim e Aleph.
— Eles estão bem? — Alvo quis saber, amuado de culpa.
— Naturalmente estão. Hipimus é um ótimo curandeiro. Não posso dizer o mesmo do Salgueiro Lutador.
Alvo ficou observando com muito interesse o padrão dos cadarços dos seus sapatos. A diretora continuou.
— Aquela árvore pertence à escola há mais de meio século. Era muito rara. Foi plantada pelo último diretor. E Neville tinha um grande apreço pela espécie.
“Apesar da senhorita Waldorf ter sido diretamente a responsável pela morte do Salgueiro, ambos têm igual parcela de culpa. Se o senhor tivesse pedido para Rúbeo acompanhá-los para achar o gato, nada disso teria acontecido. ”
— Então serei expulso? — o garoto quis saber, cabisbaixo. Mal poderia imaginar voltar para casa e seus pais descobrirem que o garoto não durou nem duas semanas em Hogwarts.
— Hoje não, senhor Potter. — a diretora disse séria. Alvo suspirou aliviadíssimo, quase sorrindo — Mas receberão detenções. O Senhor e a senhorita Waldorf. Horácio dirá para os dois qual atividade cumprirão através do monitor, o senhor Scamander. Gina saberá disso também, pois sei o quanto Harry pode ser condescendente com insubordinações — a velha mostrou a pena que segurava há pouco tempo e levantou o pergaminho a qual ela riscava. Este se dobrou sozinho e entrou numa carta. A velha o selou e mostrou dois envelopes para Alvo, levantando-se e libertando a coruja-da-torre. A diretora pôs os envelopes no bico desta e a libertou para além do céu noctívago sem nuvens, voltando fechar a janela e sentar-se.
Eram cartas para os pais de Alvo e para Integra Waldorf, a mãe adotiva de Isobel...
Alvo sentiu-se um lixo. Era a segunda detenção que conseguira. O que os pais achariam disso? Será que deixariam Alvo em Hogwarts durante as férias de Natal, como castigo, igual fizeram certa vez a Tiago?
A diretora ficou em silêncio, até Alvo se sentir constrangido e perguntar:
— Posso ir, diretora Mcgonagall?
— Pode. Mas antes me responda uma coisa. — Alvo fez que sim. — Onde está Alvo Dumbledore?
O olhar da anciã era intrigante. Alvo ficou um pouco assustado, mas recuperou-se, respondendo:
— Ele disse que ia visitar um lugar chamado Castlerouge.
— O Lumier? Por algum acaso citou o que faria lá?
— Acho que sim, não sei que lugar é esse. Hã... — o garoto lembrou-se: — disse que iria visitar a sede da Ordem de Merlim.
— Compreendo. — disse num tom enigmático. — Pode ir, Potter.
Quando desceu até a gárgula, o garoto viu Isobel encostada num tapete de parede, com os braços cruzados e a cara fechada. Bem, se havia um momento para falar alguma coisa... Alvo se aproximou, perguntando-se como pedir desculpas.
— Isobel, me...
O soco da menina foi bem no meio do nariz de Alvo. O garoto espatifou-se no chão. Segurou no nariz sangrando, com a cara repleta de susto. Alvo tentou se levantar, mas Isobel se aproximou.
— Tô pouco me lixando se você é sei-lá-o-que ou filho de sei-lá-quem. — a menina puxou o garoto pela gravata. — mas da próxima vez que tentar me matar, vê se faz direito, porque eu tô viva e eu não levo desaforo pra casa. Agora é guerra.
Ela o largou e foi embora. Alvo ficou ali sentado no meio do corredor do sétimo andar, imaginando quão infernal era o orfanato que a filhote de demônio Isobel tinha vindo.
O tempo foi passando e as coisas entre Alvo e Isobel só pioravam. Escórpio e ela pareciam decididos em tornar a vida do garoto em Hogwarts um inferno.
Escórpio se encarregava em fazer piadinhas sobre a exclusão do Alvo do time e o recorde de detenções que o garoto conseguira. Isobel era um pouco mais direta.
Quando eles se esbarravam no corredor, a garota parecia inconformada de não conseguir um esbarrão forte o suficiente para deslocar o ombro de Alvo. Também achava uma noite de detenção perdida se, na Estufa 8, não conseguia destruir o trabalho de Alvo e fazê-lo ficar pior ainda na frente do professor Neville. Pior porque o professor Longbotton parecia ter tomado como uma ofensa pessoal o assassinato do Salgueiro Lutador. Isobel enfrentava o desprezo de um professor antigamente sorridente. Alvo recebia um rosto decepcionado, que era muito pior do que qualquer tipo de carão.
Mas nada foi pior do que o berrador de Gina. Depois de receber a notícia de que o filho tinha matado a árvore, quase provocado a morte de uma colega de turma, também tinha conseguido a segunda detenção em menos de um mês, Alvo não pode culpa-la por falar mais de 5 minutos coisas como “responsabilidade”, “medir consequências”, “procurar ajuda”, “Hagrid”, “parar de ser orgulhoso” e “conversa séria”. A carta de Harry foi um pouco mais compreensiva. O garoto havia gostado especialmente do momento em que o pai dissera “Eu entendo como é ter todos contra você”.
Contudo, Rosa - sem saber - concordava com Nelson quando conversava com o garoto na biblioteca, enquanto ambos estudavam Ghrouls e defesas para Bruxedos simples para a próxima aula de Vogelweide. Alvo repetia para si mesmo o quadrado Sator (Sator, Arepo, tenet, opera, Rotas...), imaginando Vogelweide descontando pontos da Sonserina por um mínimo erro de Alvo.
— Isobel foi mais culpada. Ela que saiu atrás do gato sem pedir ajuda.
— Eu poderia ter me oferecido...
— Aquela poia ia recusar! — Dominique disse sabiamente, enquanto folheava sem dar muita atenção o “Mil fungos e ervas mágicas”. — Afinal, você sabe...
— ...que ela não gosta nenhum pouco de você!
— Eu sei — Alvo respondeu para Nelson — Hmmm. Rainha na 4B — então a rainha moveu-se e deu com a maça no cavalo de Nelson e arrastando a peça derrotada para fora do tabuleiro de Xadrez de bruxo. As peças do Xadrez de Nelson eram todas prateadas e o tabuleiro era branco e verde, sendo que no quadrado branco tinha o brasão da casa Derwent: uma cobra enrolada em uma mão segurando uma varinha.
— Droga! Você tá ficando bom... Acho que eu criei um monstro! — Nelson riu-se.
Os dois garotos estavam no salão comunal da Sonserina. Era quarta-feira a noite e eles aguardavam dar a hora para a aula de Astronomia.
— Ainda bem que o próximo sábado vai ser o último dia de detenção com a Isobel...
— Al, releva um pouco a Isobel. Ela veio de um orfanato. Aposto que a tia Integra vai dar um jeito nela.
Alvo pescou a oportunidade de perguntar sobre integra, começando:
— Falando na nisso...
— Oi.
O garoto quase cuspiu o coração. Juliana tinha acabado de chegar. Ela lançou aquele olhar perspicaz para ele e Alvo resolveu continuar calado, fingindo estar pensando na próxima jogada no xadrez. Juliana puxou uma poltrona e sentou-se ao lado de Alvo. Ela olhou para o tabuleiro por alguns segundos...
— Nossa, Neo, nunca vi você perdendo pra alguém dessa maneira, desde aquela vez na ABB.
— Todo pupilo supera o mestre. — Nelson riu-se. — Um dia eu vou superar o meu pai e vou ser um Curandeiro mundialmente famoso.
— Acredito...Você é ótimo em poções — Alvo tentou amaciar a carne.
— É. Aprendi muito com os livros lá de casa e com o papai, que as vezes me levava pro Hospital. — o garotinho informou orgulhoso.
— O Neo uma vez fez uma poção cicatrizante de Murtisco sozinho pra tratar um machucado. — informou uma Juliana saudosa.
— Usei os ingredientes do estoque do papai. — explicou o garoto, movendo o outro cavalo.
— Mas você está indo muito bem em poções ultimamente, Alvo. Está estudando por fora? — Juliana quis saber. O garoto até se surpreendeu. Geralmente ela nunca falava diretamente com ele.
— Hã... um pouquinho — mentiu Alvo. Na verdade, desde que o garoto tinha ouvido Snape falar sobre o seu antigo livro de poções, Alvo estava obcecado em procurar e ler livros de poções antigos. Caçara pela biblioteca todos os exemplares, pedira até para Slugorn, mas nada. O bom é que tinha aprendido um monte de coisa com as pesquisas. Mas nem Rosa sabia disso. A conversa entre ele e Snape era segredo de estado.
— Juju, você tá falando isso só porque ficou ressentida, já que Alvo conseguiu responder todos os ingredientes da poção de Wiggenweld e você não — riu Nelson.
— Não é nada disso. Eu não ficaria chateada por isso. Não tinha como saber que levava Muco de Verme Gosmento, Ditamno e Moly. Só ano que vem vamos estuda-la. Eu só sabia sobre a Casca de Wiggentree. — a garota fechou a cara para o primo. — também notei que aquelazinha tá enchendo o saco do Alvo muito mais do que o normal.
— Se refere a nossa prima Isobel? — Nelson quis saber.
— Prima entre aspas.
— Se for assim, a Deborah também é entre aspas.
— Bem diferente a situação. A Deborah não é uma delinquentezinha. — de repente Juliana virou-se para Alvo e disse com paixão: — se quiser que a gente dê um jeito na Isobel, Alvo, é só pedir.
— Que é isso? — Nelson riu alto. — tão do nada...
— N-não precisa — gaguejou o garoto. Alvo ficou pensando como Juliana era competitiva. Ela tinha decorado os ingredientes da poção de Wiggentree e agora queria ferrar Isobel! Mas manteve-se quieto, enquanto Juliana continuava, sem se tocar.
— A gente sabe que você faria o mesmo pela gente. Afinal, aliados se protegem, não é?
— Juju, ela é filha da tia Integra... Nós não vamos fazer inimizade com alguém da família!
— Fala por você — Juliana cruzou os braços.
— Falando nisso, você viu o que a prima Adi está preparando pro Halloween? — disse Nelson, tentando desviar a atenção de todos para o fato do bispo de Alvo acabar de derrubar a rainha de Nelson.
— Não — Juliana respondeu seca. — você não perde essa mania de chamar a Adhara de prima, não é?
— Hã...? — Alvo estava perdido — a Professora Aileen é prima de vocês?
— Era. Ela fugiu da casa da tia Integra. Uma ingrata. Usou e abusou do dinheiro dos Licaster e depois se mandou — Juliana disse rancorosa.
— Tia integra é mãe adotiva da Adi. — explicou Nelson.
— Era! A Adhara até mudou de sobrenome. Agora é Aillen. — Juliana deixou claro: — Logo, não é nossa prima.
— Enfim, enfim! — Nelson balançou a mão, chamando atenção de todos de volta a conversa original — a professora Aileen tá preparando uma festa de Halloween à fantasia. Vi no quadro de avisos. Vamos ter que nos vestir de trouxas. Parece divertido, não é?
— É, pode ser legal — Juliana deu os ombros.
— Já que faltam duas semanas pro Halloween, vamos ter que mandar logo corujas para nossos pais, pedindo as roupas. Eu já sei do que vou me vestir. Mas não adianta perguntar — Nelson deu aquele sorriso prepotente — vai ser surpresa.
Alvo não estava prestando mais atenção. Só pensava no fato de Aileen ser a filha pródiga de Integra Waldorf, ao mesmo tempo que era uma grande amiga do seu pai, Harry. Talvez Juliana, Hagrid ou Nelson nunca deixassem escapar coisas sobre Integra Waldorf que pudessem ajudar Harry no caso do ladrão..., mas quem sabe Aileen fosse mais receptiva com a missão?
Música tema: "Come, Little Children"
A noite estava muito fosca e sufocante, um céu escuro com nuvens avermelhadas pupulando no horizonte da cidade grande. Em um cás de um porto vazio e ermo, um homem com o corpo coberto por um capuz vermelho aguardava encostado em algumas enormes caixas de cargas.
Ele observava insistentemente um relógio, revelando o pulso branquíssimo. Eram por volta de meia noite e sete minutos quando uma lufada de vento forte tomou conta do ambiente por alguns segundos...
Um garotinho por volta de dez anos andava solitariamente. Sua sombra se estendia pelo poste de iluminação falho. Ele tinha os cabelos morenos lisos, de olhos verdíssimos e tinha uma expressão assustada.
O encapuzado pálido aguardou em silêncio. E então, lentamente, tirou sua varinha e saiu de trás da caixa.
— É uma linda noite, não acha, pequenino?
A criança recuou assustada.
— Onde estão os seus pais?
Ela recuou mais um pouco, olhando em volta e constatando, amuada, sua solidão com o estranho de vermelho
— É uma pena... você se parece muito com um garoto que eu gostaria muito de fazer isso... Mas não se preocupe. Não vai doer nenhum pouco... — então encapuzado apontou a varinha para a criança, que arregalou os olhos. Ele disse friamente: — Avada Kedavra.
Uma luz verde fugiu da ponta varinha do bruxo e atravessou o ar em um zunido em direção à criancinha indefesa.
— Poupe-me — a criança balançou o braço e a maldição imperdoável explodiu em um escudo negro.
O encapuzado, por um segundo, ficou aturdido, mas logo recuperou-se:
— É você, não é? — A criança mudou de feição completamente. Sorrindo malignamente, aproximou-se com os olhinhos verdes brilhantes.
— Sim... Eu disse que estaria aqui nesse horário.
— Está atrasado — o encapuzado riu-se. — E porque veio nessa forma?
— Precauções... Além disso, os aurores estão buscando o ladrão por qualquer canto e os Luduans nunca descansam. Por isso você não deveria ter usado o Avada Kedavra em mim.
— Desculpe — o encapuzado disse com uma voz risonha — mas não pude evitar. Tenho ficado preso em Hogwarts por muito tempo. Hoje pude sair e queria me divertir um pouco. Mas estou usando a capa que você me deu!
— Faz bem em usar a capa com essa tintura — a criança disse — não gostaria que minha presença fosse ligada à sua. Os Luduans descobririam. Agora ouça. Preciso lhe dar as instruções para o dia do Halloween...
...
Música tema: "This is Halloween (Nightmare before Christmas)
“Isso é Halloween, isso é Halloween
Halloween! Halloween! Halloween! Halloween!
Nessa cidade que chamamos de lar
Todos saúdem a canção da abóbora!
La la la la la la la la la!”
— Muito bem, muito bem! Foi óooootimo! — o professor Garfield batia palminhas animadas ao cruzar o salão comunal. — Calliu, sua voz é linda! Marcela e Mizi, queridas, vocês a-rra-as-ram! Rafa, me surpreendi muito com sua evolução!
Hoje era 31 de outubro, dia das bruxas e o professor Garfield treinava os participantes do coral para um último ensaio. Ele havia deixado os Notórios (que aguardavam o horário para a segunda aula daquela terça, feitiços com Aillen) verem Rafaela Tepheles cantar, pois ela era prima de Patrichio e a melhor amiga de Juliana, apesar de Rafaela ter ficado na Corvinal e Juliana ser da Sonserina.
Alvo, Nelson, Dedâmia, Mathew, Juliana, Patrichio batiam palmas para a apresentação naquela manhã frienta. Estavam sentados na ponta da mesa, admirando a apresentação das músicas, até o professor Garfield se aproximar.
— Queridos, essa última música é uma surpresa, então vocês não poderão ouvir, tudo bem?
— Ahh, queríamos ver a Rafa cantar! — disse Nelson, com jeitinho amuado.
— Ai, não adianta fazer essa cara bonitinha pra mim. Vai ser uma surpresa! Aposto que vocês vão gostar. Além disso, vocês também não podem ver a peça e os estudantes do quarto ano vão chegar a qualquer momento para começar a ensaiar.
Antes de saírem, Mathew fez questão de mostrar-se presente para Calliu, rindo alto e fazendo gestos afeminados. Calliu massageou os punhos em resposta.
Os professores pareciam todos muito animados para a festa. Hagrid havia pego as melhores abóboras engorgitadas e feito furos de olhos, bocas, colocando para flutuar acima das mesas do salão comunal. Vários morceguinhos de papel batiam as asinhas enfeitiçados pelos ares de toda a escola. Enquanto os Notórios atravessavam o corredor para alcançar o segundo prédio e a sala de Aileen, viram várias luminárias de fadinhas sendo colocadas por alguns alunos que ajudavam na arrumação. Eles viram o Frei Gorducho (o fantasma da Lufa-Lufa) conversando tenebrosamente com o Nick quase-sem cabeça (fantasma da Grifinória).
— ... e cada vez menos voltam. Alguém está matando elas! — disse o gorducho composto por luzes prateadas, parecendo aterrorizado.
— Isso é mau. Já falei com Rúbeo, mas ele não me ouve...
“Sobre o que você acha que ele estava falando? ”
Nelson leu o recadinho que Alvo tinha levitado para o garoto por debaixo da mesa longa da sala de Transfiguração, enquanto o professor Ravus explicava sobre translucidação. O branquelo levitou o papel de volta para Alvo: “Não sei. Mas o Ravus já olhou para cá duas vezes”. Isso fez o garoto ficar sozinho com seus pensamentos longínquos.
A festa de Halloween estava marcada para as sete e meia no salão comunal, mas às seis e meia Alvo desceu antes de todo mundo para vestir-se de trouxa. O garoto ainda não tinha aberto os embrulhos para a festa de Halloween que o pai tinha enviado pelo Lude há praticamente uma semana. Mas agora o garoto estava no quarto dos meninos do primeiro ano da Sonserina, totalmente só.
— O que será... — Alvo pegou-se falando sozinho novamente. E então rasgou os embrulhos.
Eram como se fossem uniformes de alguma escola. Uma casaca marrom-avermelhada, calções cor de laranja e chapéus de palha elegantes. Ainda havia uma camisa interna laranja escrito “Smeltings” em um brasão bem floreado com louros em um escudo. Além disso, no outro embrulho Alvo descobriu uma bengala nodosa e lustrosa, com a ponta protegida por um metal dourado e brilhoso.
O garoto notara que havia caído uma cartinha da roupa quando ele mexera nela.
“Fantasia de estudante de uma escola interna trouxa. Se lhe perguntarem, você é um Dursley perfeitamente normal, muito bem, obrigado. ”
Pai.
O garoto sabia que Dursley era o nome do primo de seu pai, o qual, no Natal, sempre trocavam cartões festivos. Mas o garoto não entendera muito bem porque o pai tinha enviado aquele uniforme para Alvo.... Ainda assim foi no banheiro e o vestiu.
— Caraca, que estranho! Mas tá legal — Mathew exclamou quando viu Alvo todo vestido de aluno da Smeltings. O garoto tinha acabado de se trocar no outro banheiro do salão.
— Você está vestido de que? — quis saber um Alvo corado, querendo desviar o assunto de si.
— Jogador de futebol. — Mathew informou, orgulhoso, esticando a camisa de listras pretas e azul escuro. A calça era branca e ele tinha chuteiras pretas brilhosas. — É um jogo que os trouxas amam. A copa deles acontece na mesma época que a nossa. — Alvo nunca tinha ouvido o garoto falar tanto. Talvez Mathew realmente gostasse dessas coisas. E continuava a falar: — Esse time de Milão é muito popular entre os trouxas do mundo todo. Papai conseguiu o uniforme pra mim com um jogador do time. Demais, né?
— Sim, bem legal.. — Alvo quis desconversar. Aquilo não lhe era nem um pouco interessante, mas algo despertou-lhe o interesse: — Quem é o seu pai, Mathew?
— Talvez você já tenha ouvido falar em Vartholomaios Owen. Ele é Chefe da Sessão de Jogos Mágicos. Minha mãe já me falou da sua, que foi das Harpias de Holyhead. Foram adversárias no campeonato Inglês de uns anos atrás. Hadassa Owen, minha mãe ainda joga. Ela é das Vespas de Wimbourne. Quem sabe sua mãe também tenha citado...
Realmente Alvo já tinha ouvido falar de Hadassa, uma adversária de sua mãe nos campos. Mas Vartholomaios sempre conseguia ingressos para os Potter, o que os fazia amigos, talvez. E talvez Alvo conseguisse a informação que queria...
— E os Owen são parentes dos Licaster? — o menino perguntou como quem não queria nada.
— Nah, conheci o Neo por acaso na Assembleia Britânica dos Bruxos. Jogamos juntos no time de lá. Por que?
De repente chegara mais um grupo de alunos no salão comunal. Muitos conhecidos entraram nos dormitórios de seus respectivos anos e iam trocando as roupas. Já estava quase na hora da festa...
Alvo, Mathew, Nelson, Juliana, Dedâmia e Patrichio andavam pelos corredores mal iluminados das masmorras, a caminho da festa. Já eram sete e meia da noite do dia de Halloween. Os Notórios pareciam animadíssimos, caminhando junto com o grupo de Sonserinos, no meio do blábláblá que ecoava profundamente na estrutura de pedra do subterrâneo do castelo.
Juliana estava vestida de jogadora de futebol do Real Madrid (o que parecia bastante monótono para Alvo, pois Mathew a um tempo atrás tinha informado que no futebol eles jogam com os pés no chão atrás de uma só gole). Patrichio estava vestido de advogado (terno, gravata, pastinha e óculos escuros que o fazia bater de cara na parede a cada virada de corredor). Dedâmia parecia estar vestida de jornalista. Na verdade, combinava muito com o jeito fofoqueiro dela.
— Que roupa é essa, Neo? — Dedâmia quis saber, interessada.
— Estou vestido de cirurgião! — o garotinho falou pomposo. A roupa era um uniforme de centro cirúrgico. Touca, máscara pendurada no pescoço, camisa, calça e sapatilhas azuis, sem contar nas luvas elásticas que cobriam até o cotovelo.
— É bem...
— Horrível — Mathew completou o que Juliana não teve coragem de dizer.
— Falem o que quiserem — o menino se emburrou, depois começou a falar, informativo: — Saibam que os cirurgiões são os trouxas mais irados que vocês vão ouvir falar. São curandeiros que são especializados em tirar doenças de dentro dos trouxas! Como não podem usar magia, usam facas, que chamam de bisturis, para abrir ferimentos enormes nas barrigas e até na cabeça, tirar tudo, depois fechar e ainda assim eles sobrevivem. E o mais legal: OS TROUXAS PAGAM MUITO DINHEIRO POR ISSO. Fantástico!
Música tema: Halloween em Hogwarts
Agora completamente decorado, o salão comunal parecia esplêndido. As centenas de aboboras com olhos e bocas brilhantes das chamas das velas flutuavam sob o céu cheio de estrelas magicamente projetado no teto.... A luz era baixa, deixando um clima sombrio no local, apenas iluminado pelos olhos das aboboras que estavam por todo canto. Os morceguinhos de papel passeando entre elas, e haviam ainda fadinhas flutuando para lá e para cá. O Salão estava completamente cheio. Garotos com as mais variáveis roupas trouxas que Alvo poderia imaginar. Prisioneiros, bombeiros, dentistas, carteiros, coisas triviais para trouxas, mas muito interessantes para os bruxinhos em festa. As quatro mesas das casas estavam abarrotadas de comidas decididamente deliciosas.
Varinhas de alcaçuz, docinhos explosivos, delicias gasosas, acidinhas, suflê de morango, dedos de chocolate, e também os mais variados pratos de faisão, porco assado, perus recheados e gordos, rosbife, batatas assadas e muitos tipos de molhos deliciosos que poderia se imaginar.
Alvo seguiu os garotos até a mesa da Sonserina e sentou-se em grupo com os Notórios. Preparou seu prato (Alvo comia pouco) e depois pôs-se a ignorar a conversa superficial dos garotos e observar os professores comendo.
A diretora Mcgonagall estava vestida de Freira. Alvo cuspiu a batata na cara de Patrichio ao tentar conter o riso pela cena. Aillen era uma policial má; Talyshen, a chinesa esquisitona que ministrava Astrologia, estava vestida de Reggaeira (com toca da Jamaica e vestido cheio de folhinhas e tudo mais); Garfield era um profissional da moda; Ruffeil vestia-se de motoqueiro; Rúbeo estava vestido de guarda florestal (muito conveniente); Já Ravus estava vestido...
Não estava vestido de nada. Nem Ravus nem Vogelweide estavam no salão comunal. Assim que Alvo notou isso, levantou-se imediatamente.
— Para onde você vai, Al? — Dedâmia quis saber.
— Tenho que fazer uma coisa — respondeu olhando para a mesa da Grifinória, procurando, sem sucesso, as primas Rosa e Dominique. Então resolveu ir para o meio da mesa, com a cara e a coragem.
— Ei, Alvo, você vai perder a Rafa cantando! — Mathew disse, mas Alvo já estava longe.
Alvo achou Rosa ao lado de Dominique, Roxanne e Molly. Rosa estava vestida de secretária, Dominique era uma engenheira (capacete e tudo), Roxanne era uma DJ e Molly uma médica. Na verdade, o bom de Alvo estar usando fantasia é que menos pessoas estavam enchendo o saco com a história de Sonserina e Grifinória.
— Rosa — chamou baixinho o primo.
— Nossa, que roupa mais... pomposa — a prima disse. Dominique riu alto, Roxanne e Molly cumprimentaram o garoto.
— É urgente. Ravus e Vogelweide desapareceram. E se estiverem fazendo algo relacionado ao roubo?
— Shhh. — Rosa sibilou — vamos para um lugar mais reservado.
— Não dá! Eles estavam aqui quando eu cheguei, mas sumiram. — o garoto disse no ouvido da prima — Nem subiram na mesa dos professores. Me acompanha atrás deles.
— Mas Alvo, como você acha que vai achar eles — a menina quis saber.
O garoto pensou um pouco. E então pegou a mão da prima e disse:
— Tenho uma ideia. Vem comigo.
Quando Rosa e Alvo saíram correndo para fora da porta do salão comunal de Hogwarts, as apresentações do clube de Teatro já haviam acabado de começar. Rosa seguiu Alvo até as escadarias do segundo andar, quando ela parou o primo.
— Me explica pra onde a gente tá indo!
— Faz uns dez minutos que o Ravus e o Vogelweide saíram da festa de Halloween. — Alvo disse isso muito rápido — precisamos saber onde ele está agora. Vamos pegar o mapa do Tiago.
— Não sei Al... Se ele descobrir, você está ferrado. — a prima ponderou.
— Não dá tempo de pensar! Precisamos ouvir o que aqueles dois estão tramando! É uma chance única de ajudar o papai!
Rosa olhou para os corredores vazios, pensou um pouco e fez que sim.
Alvo e Rosa correram pelas escadas que se movem, urrando de raiva quando elas resolviam trocar de lugar quando eles estavam quase alcançando o quinto andar e voltavam para o terceiro por capricho de uma mágica muito antipática à necessidade dos primos.
Quando chegaram no sétimo andar, os garotos tiveram que passar por tapetes, portas secretas e entrar em buracos de quadros. Rosa sabia o caminho e ia guiando o primo.
Então finalmente chegaram na frente do quadro. Alvo buscou esconder a gravata quando a mulher gorda do quadro enorme perguntou, fitando o garoto com a feição desconfiada.
— Senha, por favor?
— Doce ou travessura.
— Para os trouxas isso faz sentido... — riu-se a mulher da pintura, revelando uma passagem pelo quadro.
Alvo e Rosa entraram no salão comunal da Grifinória juntos. Ele estava completamente vazio. Era redondo, quente, acolhedor, iluminado e cheio de poltronas vermelhas, bandeiras, mesinhas cheias de cartas de jogatina e tabuleiros de jogos. Havia um ou outro livro jogado no chão e a ratinha de Dominique dormia dentro de uma candeia de vela numa mesinha próxima a lareira com o desenho em alto relevo de leão.
—Sabia que podemos ser expulsos por isso, não é? Está ciente disso? — Rosa ofegou.
— Eu...Eu... Vou subir no quarto do Tiago e você vigia aqui embaixo.
A verdade que Alvo estava tremendo. Ele não era acostumado a fazer essas coisas. Fora tudo culpa de Tiago. Desde a espionagem no antiquário do senhor Flauteroy... Desde a perseguição no beco diagonal! Agora Alvo estava subindo para o dormitório dos alunos do 4º ano...
Não demorou muito para o garoto achar as coisas de Tiago, mas foi uma missão encontrar o mapa. Estava em um fundo falso na mochila. Os irmãos mais velhos subestimam a xeretice dos mais novos. Um erro vão.
Quando Alvo e Rosa saíram ilesos e incrédulos do salão comunal da Grifinória, já faziam vinte minutos desde que Ravus e Vogelweide tinham fugido da festa. Os garotos procuraram um canto mais afastado, nos corredores-labirinto dos tapetes do sétimo andar. Lá sentaram no chão, próximo a uma escultura de um elfo doméstico e começaram a caçar os nomes de Ravus e Vogelweide no mapa.
— Aqui! — exclamou Rosa, apontando para o Mapa. — Estão perto da sala de Defesa contra as Artes das Trevas!
Alvo viu a localização de ambos que, juntos, ocupavam uma sala do segundo prédio, no terceiro andar.
Os primos desceram as escadarias até achar o corredor que conectava a ala das escadarias ao segundo prédio. Passaram correndo pela área aberta da ponte, serenados pelo céu estralado, alcançando o segundo prédio. Subiram pela escadaria da estátua do frei, de olhos grudados no mapa. Ravus e Vogelweide ainda estavam no cômodo do terceiro andar.
Os garotos chegaram suados e ofegantes no terceiro andar. A partir daí foram mais cuidadosos. Caminhando lentamente, sem fazer barulho algum.... Até encontrarem a porta a qual, atrás, o mapa dizia estar os dois professores.
— E agora? — Rosa falou baixinho.
Alvo tirou do bolso e mostrou para Rosa as duas orelhas extensíveis que tinha pegado da mochila do irmão, dando um sorriso meio envergonhado.
Os garotos passaram as orelhas por debaixo da porta e conseguiram ouvir nitidamente a voz de Ravus dizendo:
“... Mas Integra talvez já tenha desconfiado. Isso nos põe em uma situação complicada”
A voz de Vogelweide era impaciente:
“É óbvio. Mas apenas desconfia. Nós temos a vantagem do desconhecimento e nossos aliados são poderosos. Vamos conseguir esconder a gema e encontrar o outro ingrediente, muito antes de qualquer um desconfiar.”
“Aliados? Eles não depositam toda a confiança em mim. Não se esqueça que eu sou um mestiço...”
“Não estamos mais na época do Lorde das Trevas” Vogelweide riu-se.
“Não se refira a ele assim. Pode lhe trazer problemas. ” Ravus sibilou urgente.
“Que seja, Aleph. Você é cauteloso demais. Isso também o denuncia. ”
“Tenho a amizade de amigos e inimigos. Isso faz de um homem sábio. “
“Então estou sendo usado também pelo duende feiticeiro? ” Disse um Vogelweide ácido.
“Não seja dramático. Estaremos reunidos no solstício do inverno em Castlerouge e tudo será decido em sua presença. Você nos é confiável, Kaleb. Você, dentre poucos, sabe a localização de um dos ingredientes... Na toca da Esfinge somente merecedores adentram”
“Você sabe como convencer alguém, Aleph. Isso me preocupa... principalmente pela sua amizade com Harry Potter. Para mim, isso é completamente inadmissível, uma vez que Potter, como bem sabe, matou -”
Qui-qui-qui-qui-qui...
Música Tema: Dança dos Morcegos
Rosa e Alvo estacaram ao ver atrás os morcegos sobrevoando o teto alto do terceiro andar, rodeando os garotos por uns segundos, como uma dança, depois sumindo no corredor logo à frente.
— Ai, não! — Rosa puxou as orelhas extensíveis rapidamente do soslaio inferior da porta e levantou-se. — Eles vão contar pra ela!
Alvo se levantou para correr pelo corredor, na direção oposta dos morcegos.
— Não! — Rosa Sibilou e puxou a mão de Alvo, indo na direção dos morcegos, o mapa balançando na mão do primo. Já estavam subindo as escadas do quarto andar quando a menina explicou: — os morcegos fazem uma ronda, indo na frente da zeladora Brendon. Se fomos na mesma direção que eles, vamos conseguir fugir!
Os garotos ouviram de longe o “qui-qui-qui” dos morcegos retornando da biblioteca.
— E agora? Eles estão voltando!
— Isso eu ainda não tinha pensado. É..... Já sei! — a garota puxou a mão de Alvo e o menino foi correndo novamente desorientado com a falta de informação da prima.
Mas entendeu assim que chegou no local. Alvo e Rosa estavam no banheiro das meninas do quarto andar.
O local, como sempre, estava ermo e sombrio. Aquelas pias altas e brancas, de costa uma para as outras, formando um círculo.
— Mas aqui é o banheiro da...
Rosa fez que sim. Então Alvo ficou procurando a fantasma enquanto a prima vagueava pelo local, em silêncio.
O garoto observou que as torneiras das pias eram em formato de cobra, assim como na sua casa, no Largo Grimmauld. Tudo estava muito silencioso... onde será que a Murta-que-geme estava?
Rosa parecia ter lido a mente de Alvo, porque comentou em voz alta:
— Aqui é muito bom para se esconder. Principalmente hoje.
— Por que? — Alvo quis saber.
Rosa sentou-se na pia branca e disse meramente.
— Comemoração do aniversário de morte do sir Nicholas. Todos os fantasmas estão lá perto das estufas, no salão. Fantasmas de todo o canto, sabe, inclusive a Murta. Sir Nicholas me convidou, mas eu disse que estaria ocupada vendo a apresentação da Victoire na peça “O coração peludo do bruxo”. Tá acontecendo agora, nesse exato momento...
— Ele chamou você e não me chamou — Alvo quis saber, magoado.
— Não fica bolado com isso. A festa é bem angustiante. Ainda bem que ele não te chamou. Você não sabe dizer não para as pessoas.
Alvo ficou um pouco irritado com o comentário de Rosa, mas sentiu que era verdade.
— Você ouviu o que Ravus disse? — Alvo falou para prima, excitado — praticamente revelou que eles roubaram do ministério!
— Foi o que pareceu. Mas agora provar isso é outra coisa. — Rosa disse sabiamente. — Precisamos dar um jeito de expor eles antes de...
— Quando eu encontrar o papai, vou falar pra ele com toda a certeza! — Alvo disse sem prestar atenção no que a prima dizia. —
— Faz como você quiser...
— No solstício de inverno... — Alvo falou para si mesmo. — Isso é quando?
— A professora Fang falou disso na aula passada! Você deveria estudar mais.
— Prefiro estudar Poções do que...
Mas de repente os garotos ouviram um estrondo. Viraram-se assustados para ver o que era. O som vinha de um dos boxes do banheiro.
O sanitário tinha explodido em água e de lá, como uma rolha sai de um champanhe, Murta que geme emergiu sob as águas da privada.
E o pior: ela berrava em plenos pulmões.
— Não, murta, “shhhshhh”!! — Alvo fazia desesperado.
— ME DEIXA EM PAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAZ. — a fantasma de óculos e maria Chiquinha gritou com uma vontade impressionante.
— O que aconteceu, Murta, fala pra gente, fala, por favor, mas para de gritar! — Rosa implorou.
— Aquela fantasma mal-educada da Beta Jorkins ficou falando mal da minha FRANJAAAAAAAAAA!
— Não, Murta, não grita, por favor... — Alvo olhou para trás, desesperado.
— Você-ME-MANDA-CALAR-A-BOCAAAAA! — Murta chorou com o triplo de vontade.
— Vamos sair daqui! — Rosa, muito sabiamente, convidou. E ambos saíram do banheiro às pressas, ainda ouvindo à distância os berros e choros da murta.
Os garotos pararam asmáticos de tanto correr, nas escadas que davam acesso ao quinto andar.
— Urfa... — A menina permitiu-se dizer.
— Ela é bem... — Alvo não conseguiu completar pelo cansaço.
Mas a cara que Rosa fez ao ver algo nas escadas superiores fez Alvo também buscar olhar para ali.
No mínimo vinte morcegos estavam de cabeça para baixo, no teto da escada, observando com aqueles olhos brilhantes, os dois garotinhos sentados. Eles nem se deram o trabalho de se mexerem.
Alvo e Rosa olharam lentamente para trás, na entrada da escadaria do quarto andar. Madame Brendon, a zeladora cega, com seus costumeiros óculos escuros e sua bengala de cedro, veio corcunda em direção aos garotos. Imediatamente três morcegos pousaram no ombro da mulher e fizeram “qui-qui” no ouvido dela.
— Claro — ela respondeu. E em seguida: — Esvaziem os bolsos.
Rosa, de contragosto, entregou as orelhas extensíveis para a mulher. Já Alvo fingiu que tirava nada dos bolsos, deixando o mapa seguro no bolso de trás, dizendo:
— Não tenho nada...
— Es-va-zie o BOLSO — a mulher se alterou. Alvo e Rosa se assustaram com o grito súbito. Alvo rapidamente tirou o mapa do maroto do Bolso e entregou na mão de Madame Brendon. O garoto suava frio, achava que ia desmaiar ali mesmo... Tiago, ai não...
E o pior: o mapa estava completamente a mostra. Alvo tinha esquecido de falar “Malfeito feito”. Qualquer um poderia ver! Bem, menos Madame Brendon, que era cega, ou ao menos parecia...
— Professor Vogelweide pede para vocês retornarem à festa de Halloween e às onze gostaria de vê-los no escritório dele.
Após dizer isso, a mulher virou-se e desceu as escadas. Os morcegos então saíram em grupo voando para tomar a dianteira da mulher.
Alvo fechou os olhos, sentindo uma pontada no coração. Ele e Rosa desceram as escadas mudíssimos. E foram até o salão comunal, onde o coral clube de teatro começava a se posicionar, à regência de Garfield, para cantar a última música. Alvo posicionou-se na mesa dos Sonserinos.
— Onde você estava? — Nelson quis saber — A Rafa já se apresentou!
Alvo tinha um nó na garganta. Não conseguiu falar nada. Apenas olhou para a mesa da Grifinória. Tiago conversava animadamente com Caerulleu...
Com a varinha o professor fez mudamente “1... 2...3...”
As flautas começaram a soar, bem como os violinos e os trompetes e clarinetes. Algumas garotinhas soavam sinos ao compasso da música cantada:
“Duplo azar e mau agouro,
Ferve a caldeira e crepita o fogo!
Duplo azar e mau agouro!
Algo ruim está por vir!
Do anfíbio o olho e o dedo
Língua de cão, pelo de morcego!
Veneno da víbora, do verme a cauda
Do lagarto a pata, da coruja a asa!
Duplo azar e mau agouro,
Ferve a caldeira e crepita o fogo!
Duplo azar e mau agouro!
Algo ruim está por vir!
Ferve e assa na caldeira...
Filé de cobra brejeira...
Do dragão a escama e a presa do lobo
Múmia de bruxas, tripa e golfo!
Duplo azar e mau agouro,
Ferve a caldeira e crepita o fogo
Duplo azar e mau agouro...”
Antes do fim da música os olhos de Alvo escorregaram até a mesa dos professores, onde o albino professor Kaleb Vogelweide fitava o garoto com aqueles olhos vermelhos... O professor pegou a taça e brindou silenciosamente a Alvo, ando um sorriso irônico com aqueles finos e pálidos. E o coral terminou a música gritando:
“Algo ruim está por vir! ”
Comentários (2)
Olá, Luíza, obrigado pelo comentário!Você pode ler a metade do próximo no Nyah! (http://fanfiction.com.br/historia/541489/Alvo_Potter_e_o_Jardim_Maravilhoso/) Lá eu posto os capítulos pela metade!
2015-06-27Aguardo o próximo cap.
2015-06-26