I’ve got a feeling
♪ All these years, I‘ve been wandering around, wondering how come nobody
told me all that I was looking for was somebody who looked like you ♫
Rose ia se distanciando do grupo, que conversava tão animadamente quanto conseguia, em meio à respiração entrecortada, à frente. Caminhava mais lentamente, saboreando o caminho que a remetia a uma infância feliz.
Quando alcançaram o topo do Morro Stoatshead, Rose virou em direção à casa dos seus avós. A silhueta peculiar d‘A Toca se destacava na paisagem, enquanto o sol se punha. "Último pôr do sol das férias", pensou. No dia seguinte, embarcaria para seu último ano em Hogwarts.
-- Rosie! Vamos logo, ou nos atrasaremos! -- gritou sua prima.
Dominique havia sido o motivo porque Rose havia aceitado esta ida para Ottery St. Catchpole. A filha de Gui e Fleur estava passando parte das férias na casa dos avós Weasley, e era inegável que rolava um clima entre a loira e Al, o filho do meio dos Potter.
Mas a ideia de ir à cidade surgiu de James, que liderava a "expedição". O irmão mais velho de Al havia passado grande parte do verão viajando, mas fez questão de voltar para rever a família, antes de seguir seus estudos pós-Hogwarts.
Molly Weasley, que conhecia as crias de suas crias como ninguém, permitiu que apenas os maiores de idade fossem até o vilarejo próximo. Dominique implorou para que Rose a acompanhasse -- sabia que a avó não deixaria que ela saísse apenas com os rapazes. Sob os protestos de Lilian Potter e Hugo Weasley, a garota acabou aceitando, apesar de não se sentir muito à vontade em ficar próxima de Scorpius Malfoy.
Scorpius estava no mesmo ano que ela e Al, e era melhor amigo do seu primo. Os garotos eram da Sonserina e Rose da Grifinória. A garota ainda se lembrava da carta que recebera do pai, agradecendo por ela não ter "traído a família", como Al. Mas o primo não lhe parecia em nada como os colegas da sua casa eram pintados. Em compensação, para ela, Scorpius era o estereótipo da Sonserina: sarcástico, reservado, inteligente e deixava claro ser capaz de qualquer coisa para atingir aos seus objetivos, independentemente de ser lícito ou não.
O que ela não compreendia é porque o garoto passava quase a totalidade das suas férias n‘A Toca, desde seu 3º ano. A família dele não se dava bem com a dela, porque então esta proximidade? Ela admitia que, na casa dos seus avós, ele até se esforçava para não ser tão nojento quanto na escola, seus primos até gostavam dele e o tratavam bem, mas ela não conseguia se dissociar da imagem dele em Hogwarts.
James se aproximou, trazendo-a ao presente. Contemplaram juntos o resto do sol desaparecer no horizonte, em silêncio. Depois, juntaram-se a um entediado Malfoy e aos outros dois, que conversavam baixinho e riam bobamente um para o outro.
-- Acho que não chegaremos a tempo na sessão, James. -- Scorpius avisou, tacitamente recriminando o tempo que haviam perdido em cima do Morro e recebendo um arquear de sobrancelha de Rose, em resposta.
-- Não tem problema, não é para o cinema que estamos indo! -- o mais velho riu, guiando-os.
-- Como assim, não estamos indo ao cinema? -- a ruiva se sobressaltou. -- Vovó vai nos matar se descobrir que mentimos pra ela!
-- Rose, relaxa! Vocês todos são maiores de idade, está na hora de saírem para se divertir! Detalhe: acho que, de todos, quem mais vai curtir o lugar para onde vamos será você!
A ruiva o olhou com desconfiança e apertou o passo. Não queria ficar segurando vela dos primos, que vinham atrás, mas também não queria ter que entabular alguma conversa com Malfoy. James parou o grupo antes de entrarem numa rua mais estreita, onde havia um grande número de jovens conversando, bebendo e rindo.
-- Rose, agora é hora da surpresa! Feche os olhos! -- pediu, dando a mão para que ela a segurasse.
-- Em que mundo você acha que eu te deixaria me guiar de olhos fechados, James?
-- Vamos lá, Rosie! Você não vai se arrepender! -- James fez a patenteada cara de cachorro abandonado dos Potter, e ela não achou mais argumentos para negar.
James a levou pela mão por dentro da ruela, e pediu que ela abrisse os olhos perto da entrada. O grito que a garota soltou apavorou o resto do grupo. Malfoy sacou discretamente a varinha, enquanto Al e Dominique ficaram paralisados de susto.
Rose abraçou James e lhe deu vários beijos no rosto, enquanto agradecia e se mantinha pulando e gritando de felicidade.
-- Pelas cuecas de Merlin, o que é que está acontecendo? -- Al finalmente quebrou a catatonia.
-- A banda de hoje no pub vai tocar Beatles! -- James explicou, rindo pela ruiva continuar elétrica.
-- Espera! Aqui na Grã-Bretanha as bandas tocam besouros? -- Dominique se escandalizou.
-- É uma banda trouxa de mais de 60 anos. -- explicou Scorpius, para espanto de Rose.
-- Apenas a melhor banda trouxa de todos os tempos, Nicky! -- completou a prima, puxando o grupo para entrarem logo.
O palco já estava com os instrumentos posicionados, mas a banda só começaria a tocar dali a pouco. James foi até o balcão e pediu 5 garrafas de Guinness.
Quando já estava cada um com a sua cerveja, James propôs que brindassem ao futuro. Rose bebeu com desconfiança, e se surpreendeu pelo gosto não ser ruim. Mas ela sabia que as bebidas trouxas eram mais fortes, e não iria exagerar.
-- Então, já decidiu o que vai fazer da vida, Al? -- James perguntou.
-- Como eu já te disse nas últimas 357 vezes em que você me fez esta pergunta, vou ser auror. -- respondeu ao irmão, impaciente.
-- Deixa eu perguntar direito, então: você quer ser auror de verdade, ou só quer agradar o papai, seguindo a mesma profissão que ele?
-- Putz! Eu já te disse: eu quero ser auror por mim, porque eu gosto da profissão e acho que tenho o que se precisa!
-- Tudo bem, Al, não precisa se exaltar! -- James levantou os braços, em rendição. -- Eu também sei o que é ser filho d‘O Eleito, e sei a que pressão você está submetido! Só quero que você faça as coisas por você, e não para atender a quaisquer expectativas...
-- Não é porque a minha escolha não foi tão V1D4L0KA quanto a sua que eu não decidi por mim!
-- Afinal, o que você vai estudar, James? -- Dominique perguntou, curiosa e ansiosa para mudar o rumo da conversa.
-- Ei, vocês dois conversam tanto e falam sobre o quê, hein? Prima querida, você está olhando para o Assistente Junior do Tio Carlinhos, amanhã sigo para a Romênia: para estudar dragões e para conhecer as belíssimas romenas, que adoram um sotaque britânico!
Os garotos riram e as meninas reviraram os olhos, contendo-se diante do discurso adolescente de James.
-- E vocês já viram o meu bebê? -- o mais velho perguntou. Sem esperar por respostas, virou-se de costas e levantou a blusa. O Rabo-Córneo Húngaro preto se movia lentamente por toda a extensão das costas de James, como se estivesse respirando.
-- Cara, mamãe vai te matar, quando vir isso!
As garotas se levantarem para ver mais de perto, impressionadas.
-- Doeu muito? -- Al perguntou, ao perceber o fascínio que a tatuagem estava exercendo sobre as primas e sobre as garotas ao redor.
James cobriu as costas antes que mais alguém percebesse que sua tatuagem se mexia e respondeu:
-- Na hora não doeu muito, eu acho... Estava muito bêbado... Mas depois coçou pra caramba, quase enlouqueci! -- falou, terminando a sua cerveja e sinalizando que pagaria uma segunda rodada. -- E você, Scorpius, já decidiu o que vai fazer? -- James perguntou, após entregar as cervejas a cada um.
-- Eu devo cuidar dos negócios da família. – respondeu, sem entrar em detalhes.
-- Que desperdício! -- Rose falou, mais alto do que pretendia.
-- Como assim, Rose? -- James perguntou, já que o loiro havia ficado chocado demais para falar algo.
-- Malfoy é um excelente aluno, está inscrito em todas as matérias para se tornar um auror, é o melhor da nossa turma em Defesa Contra Artes das Trevas... É um desperdício jogar sua aptidão fora para dar continuidade aos negócios da família! -- respondeu, vermelha (em parte pela bebida, em parte pela audácia em falar sobre ele daquela forma).
-- Uau, Scorpius! Acho que você tem uma fã! -- brincou James e todos riram, menos Malfoy e Rose, que estavam um pouco constrangidos.
-- Acho tão estranho vocês já terem que decidir tão cedo as profissões... Em Beauxbatons nós só discutimos isso no último ano.
E os garotos engataram uma discussão sobre o sistema estudantil, enquanto bebiam as suas cervejas. Rose agradeceu intimamente a mudança de assunto, não queria ter que pensar porque se expôs daquela forma. Assim, ela também poderia evitar as constantes olhadas que Malfoy lhe dirigia.
-- James, acho que tem alguém te secando lá do bar! -- Al avisou ao irmão, que contava uma piada suja para escandalizar as primas.
O mais velho encontrou com os olhos a morena que o observava, pediu licença e foi, como ele mesmo disse, "resolver algumas pendências". Antes de James chegar até o bar, Rose soltou outro grito, levantou-se e foi correndo para próximo da banda, que havia começado alguns acordes.
-- Cara, tua prima é completamente LOUCA! -- Malfoy observou, com a mão no peito, tentando se recuperar do susto, enquanto James ria, conversando com a morena.
Dominique, Al e Scorpius ficaram observando, de longe, Rose dançando como se não houvesse mais ninguém no mundo. Aos poucos, a pista próxima ao palco tinha vários malucos iguais a ela, também dançando.
Por volta da quarta música, um rapaz claramente alcoolizado se aproximou dela.
-- O que um anjinho ruivo feito você faz aqui, sozinha? -- falou, com a voz arrastada, passando a mão asquerosamente pelo cabelo dela.
-- Desculpa, mas eu tenho namorado -- retrucou, tentando impor uma distância entre eles.
-- Não minta pra mim, docinho! Quem é que deixaria uma coisinha linda como você dançando sozinha por tanto tempo? -- argumentou, segurando-a pelo braço, enquanto ela tentava se desvencilhar.
-- Algum problema? -- a voz grave e fria de Malfoy chamou a atenção de ambos.
O rapaz recuou um pouco, inseguro. Scorpius tinha quase 1,90m e era razoavelmente forte, compleição perfeita para ser um dos melhores batedores da escola. Com seus 1,75m, Rose não era muito menor que ele, mas também se sentiu momentaneamente intimidada com a sua cara de poucos amigos.
-- Meu amor, onde você estava? -- Rose acordou do transe e abraçou o loiro, sussurrando em seu ouvido: -- Socorro!
-- Eu estava conversando com os seus primos, desculpe, amor! -- respondeu, abraçando-a de volta e passando a mão pelos seus cabelos.
-- Vocês... Não podem... Impossível! -- balbuciou o rapaz bêbado. -- Impossível que ela esteja com você!
-- Por acaso você está insinuando que ela é bonita demais pra mim? -- Malfoy argumentou, soltando Rose e ficando na sua frente, num gesto protetor com ela e ameaçador para o rapaz.
-- Eu... Eu...
-- Porque eu concordo! Ela é bonita demais pra mim, mas ela seria bonita demais para qualquer um, você não concorda? -- o tom leve da piada não chegou até seus olhos cinzentos, que estavam grudados na cara do rapaz. – Por que você não vai curtir o show enquanto nós fazemos o mesmo? -- e a abraçou possessivamente, enterrando seu rosto na curva do pescoço dela.
Rose o abraçou de volta, tentando ignorar as sensações que aquela proximidade lhe despertava. Os dois meramente se mexiam, ao som de uma música mais lenta.
-- Onde estão os meus primos? -- ela perguntou, tentando se concentrar em algo além dos pontos onde os corpos se tocavam.
-- James desapareceu com a morena do bar ainda na primeira música... e Al e Dominique também não demoraram muito por aqui, como você já deve ter imaginado.
-- E... Er... Você já quer ir embora? -- ela perguntou, triste. Os primos tinham sumido, só estavam os dois lá e ela já não conseguia muito bem prever as ações de Scorpius.
Ele soltou uma sonora gargalhada e disse: "eu não me arriscaria a ser azarado por você, conheço a sua capacidade de destruição!".
-- Que bom que você sabe dos riscos! -- riu com ele. -- Será que a criatura foi embora? -- perguntou, pois não conseguia avistá-lo do ângulo que estava.
-- Quem se importa? -- murmurou o garoto, com os lábios tocando levemente o pescoço dela.
Antes que ela pudesse pensar no que estava havendo, ou mesmo reagir a ele, a banda começou uma música agitada e Rose voltou a se pular e a cantar junto.
-- Vem, vamos dançar! -- ela o chamou para mais perto do palco.
-- Eu não danço.
-- Vamos lá, Malfoy! Não precisa manter a pose de sério, ninguém vai ver você se divertindo um pouco, prometo que não conto pro Al! -- o rapaz a encarou num misto de incredulidade e diversão. -- Vem, Scorpius! -- ela o puxou pela mão e ele não resistiu mais.
Os dois ficaram mais perto do palco, "dançando". Bem, ela dançava, ele apenas tentava se mexer ao ritmo da música. Rose ficou impressionada por ele saber quase todas as letras das músicas, e tentou se convencer de que ele havia ficado com ela no pub porque também gostava de Beatles.
Uma hora depois os dois estavam felizes mas exaustos, e Rose estava com muita sede. Scorpius foi até o bar pegar água, enquanto ela curtia o finzinho do show.
Quando o garoto se virou de volta para o palco, viu que o sujeito que havia importunado a ruiva mais cedo tinha voltado. Antes que pudesse agir, recebeu um soco certeiro no olho, que fez com que ele caísse. Olhou para cima e viu um cara enorme, se preparando para atacar de novo.
-- Acaba logo com essa Barbie, Jack! Eric já está com a gostosinha! -- gritou um marmanjo, ao lado do grandão.
Scorpius sacou do bolso a melhor arma que podia usar no momento: a "mão da glória". Acendeu a vela discretamente com a ponta da varinha e todo o bar caiu numa pesada escuridão.
Com dificuldade, pois as pessoas estavam feito baratas tontas, tentando entender o que estava havendo, Scorpius finalmente chegou até onde Rose e seu algoz estavam. Ela esperneava e o chutava com toda força, mas o tal Eric era muito forte pra ela.
-- Não adianta resistir, docinho! Ele não vai voltar! Me dá um beijinho, vai! -- falou, puxando violentamente a garota para si.
O que aconteceu a seguir foi muito rápido: Scorpius deu um soco na cara do sujeito com tanta força que quase quebrou a sua própria mão. Quando Eric caiu, o loiro segurou Rose, que havia perdido o equilíbrio. Ele a abraçou, disse no seu ouvido para ficar tranquila e desaparatou com ela.
-- Você está bem? Ele te machucou? -- Scorpius perguntou, preocupado, após aparatarem num pequeno bosque próximo d‘A Toca e guardar a "mão da glória".
Rose não conseguia falar. Ela estava a ponto de desmaiar. Suas pernas tremiam muito, mal sustentavam seu peso. Malfoy a sentou numa raiz um pouco mais alta e se agachou, até ficarem com os olhos da mesma altura.
-- Rose, fala comigo! -- pediu, segurando a mão dela. -- Aquele filho da mãe te machucou? Rose? -- perguntou, beirando o desespero.
-- Calma! -- ela pediu. -- Ele não me machucou, ele... Ele passou a mão em mim! -- ela concluiu, com nojo. Malfoy soltou uma profusão de palavrões. Alguns deles, ela nunca tinha ouvido.
-- Desgraçado! Eu vou voltar lá e virar aquele imbecil do avesso!
-- Não, Scorpius! Não vale a pena! -- ela pediu, segurando-o para não sair de lá.
-- Mas Rose, ele...
-- Por favor, não vá! Ele é um babaca e com certeza vai ter a lição dele! Só acho que não compensa se envolver numa briga com um completo idiota e eu não quero que você se machuque!
-- Eu? Me machucar? Tá doida, mulher?
-- Scorpius... Teu olho tá roxo, teu supercílio tá sangrando e a tua mão direita está o dobro da esquerda!
-- Fui pego de surpresa, Rose! Você sabe que eu acabaria com eles, não sabe?
-- Ã-hããã, seeeei! -- riu e pediu que ele se sentasse, para que ela pudesse cuidar dos seus ferimentos.
-- Você vai ser uma grande medibruxa! -- ele falou, depois de alisar a lateral do olho e não sentir mais dor nem inchaço.
-- Como você sabe que eu quero ser medibruxa?
-- Não é só você que presta atenção ao desempenho acadêmico dos outros! -- gracejou, e ela ficou vermelha.
-- Falando nisso, preciso te pedir desculpas por ter me metido na sua vida enquanto estávamos no pub e você falou que vai cuidar dos negócios da família... Mas eu não me arrependo por achar um desperdício! Você seria um excelente auror! -- admitiu, enquanto segurava a mão dele e fazia o que podia para que os ossos voltassem para o lugar. -- A maior prova disso é que você me salvou, hoje. Obrigada.
Ele não falou nada. Só a encarou, de um jeito que a deixou de pernas novamente bambas. Apenas os lábios ligeiramente contraídos denotavam como ele não ficava à vontade com o assunto.
Um estalo alto de aparatação chamou-lhes a atenção e mais ouviram do que viram Dominique e Al, numa discussão acalorada.
-- Al, não devíamos ter deixado a Rose sozinha com o esquisito do Malfoy!
-- Ei, meu amigo não é esquisito, só é um pouco na dele!
-- Al, ele e Rose praticamente nunca trocaram duas palavras fora da escola, se você não tivesse dito que James ficaria lá também eu não teria abandonado a minha prima!
-- Nicky, não se faça de inocente! James já não estava conosco antes de nós dois... Você sabe...
Um segundo som de aparatação assustou Dominique, que deu um grito agudo e pulou na direção de Al, e as luzes d‘A Toca se acenderam.
-- James! Seu irresponsável! -- a garota ralhou com o primo, que acabara de chegar.
-- O que foi que eu fiz? Que neura é essa?
-- Você largou a Rose no pub, sozinha com o Malfoy e --
-- Eu? Surtou, Nicky? Quando saí estavam todos vocês lá!
-- Não interessa! Não era para você ter saído! -- Dominique retrucou, irritada.
-- O que aconteceu? Onde estão Rose e Scorpius?
-- Nós voltamos ao pub e estava uma confusão só, por lá. O barman nos contou que mexeram com uma ruiva que estava dançando e o loiro grandalhão namorado dela nocauteou o sujeito e depois os dois desapareceram. -- Al explicou.
Rose e Scorpius se entreolharam, impressionados com o relato tão fiel, dado que grande parte da confusão havia acontecido no escuro.
-- O que foi que esse cara fez com a Rose? -- James perguntou, com raiva.
-- Ele tentou me agarrar à força, mas Scorpius, como vocês já sabem, acabou com ele. -- falou a ruiva, saindo das sombras.
Dominique abraçou a prima, preocupada se ela estava bem, pedindo desculpas por não terem ficado lá. Al, James e Scorpius conversavam baixinho num canto, não contendo gestos de raiva, ao ouvirem os detalhes do que havia ocorrido.
A avó abriu a porta da casa, e os mandou entrar.
-- Por favor, não façam nenhuma besteira! -- Rose sussurrou aos três, enquanto se encaminhavam para A Toca. -- O cara já levou uma surra, não vale a pena se sujar às vésperas de voltar pra escola! E James, o mesmo vale pra você, poderia atrapalhar a sua ida para a Romênia! -- os garotos se entreolharam e assentiram.
* * * * * * * * *
Rose estava intrigada. Depois de tudo o que aconteceu naquela noite, ela achou que havia, de certa forma, quebrado um pouco o gelo em relação a Scorpius e que talvez ele não fosse tão desagradável quanto na escola, mas na manhã seguinte ele voltou a ser distante, lacônico e até estúpido, como sempre havia sido.
No café da manhã ele não se dirigiu a ela, a ignorou quando foram até a estação de trem e agora, já cada um na mesa da sua casa para o jantar de boas-vindas em Hogwarts, sempre que ela olhava em sua direção, ele estava ou de costas ou entretido com algo.
Isso não fazia nenhum sentido pra ela. Será que a aproximação que tiveram na noite anterior tinha sido fruto do álcool ou da imaginação dela? Porque ele mantinha uma pose tão babaca, se podia ser um cara tão melhor?
Já havia passado e repassado tudo o que ocorrera na sua cabeça, e não conseguiu achar justificativa para ele agir daquela forma. Estava tão irritada nesta altura que, pela primeira vez, não prestava atenção nas palavras da Diretora McGonagall. Só quando os alunos se exaltaram e começaram a praguejar em discordância foi que Rose perguntou à Lilly, que estava ao seu lado, o que estava ocorrendo.
-- McGonagall acabou de avisar que este ano não haverá o campeonato intercasas de Quadribol.
Rose olhou mais uma vez para a mesa da Sonserina, e viu Al e Malfoy revoltados. O time da Sonserina havia ganhado o torneio do ano anterior, pela primeira vez nos últimos dez anos, e os garotos planejavam um bicampeonato como despedida de Hogwarts.
-- Se os senhores se acalmarem, posso explicar o que motivou esta decisão tão impopular. -- a Diretora tentou contemporizar.
Rose olhou para o semblante dos professores à mesa, e todos tinham sorrisos divertidos, como se compactuassem de um segredo bom. A garota cruzou o olhar com o novo diretor da Grifinória, seu "tio" Neville, ou melhor, Professor Longbottom, e ele deu uma piscadela e sorriu para ela.
-- Como todos sabem, eu mesma fico bastante triste por não haver campeonato de Quadribol este ano, mas é por uma causa muito nobre! Há anos acontece uma forte negociação entre o Departamento do Esporte e a Comissão de Cooperação Internacional da Grã-Bretanha para a realização de um torneio entre as escolas mais tradicionais da Europa.
Os alunos que já tinham entendido o que aconteceria não conseguiam conter a felicidade e já conversavam audivelmente, até que a Diretora pediu, mais uma vez, silêncio.
-- Após mais de vinte anos de tratativas, resolveu-se testar um novo formato para o Torneio Tribruxo, visando movimentar as três escolas ao mesmo tempo: Beauxbatons, Durmstrang e Hogwarts. Outra novidade é que cada escola contará com três campeões, e cada etapa do Torneio ocorrerá em uma escola diferente.
O grande salão prorrompeu em conversas animadas, e a Diretora deixou que especulassem um pouco mais, antes de dar os últimos informes.
-- A escolha dos campeões de Hogwarts ocorrerá no Halloween. Aviso-lhes que, por decisão do Ministério da Magia, apenas maiores de idade poderão se inscrever para ser um dos três representantes de Hogwarts no Torneio Tribruxo. Sejam muito bem vindos, boa noite.
* * * * * * * * *
Nem acredito que comecei uma terceira fic, depois de tanto tempo, mas ela surgiu inteira na minha cabeça!
Espero que gostem, acredito que esta será uma fic pequena, entre 10 e 15 capítulos (se os personagens não falarem tanto, claro).
Beijos e comentem! :)
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