O Embarque na Plataforma Nove
CAPÍTULO SEIS
O Embarque na Plataforma Nove e Meia
O último mês de Harry e Lilian na casa dos Dursley não foi nada divertido. É verdade que Duda agora estava tão apavorado com que os gêmeos poderiam fazer e que não queria nem ficar no mesmo aposento com eles, e tia Petúnia e tio Válter não trancaram Harry e Lilian no quarto, que agora possuía duas camas de solteiro, nem o obrigaram a fazerem nada, tampouco gritaram com eles, na verdade, sequer falaram com eles. Meio aterrorizados, meio furiosos, agiam como se a cadeira em que Harry e Lilian se sentassem estivessem vazia.
Embora isso fosse sob muitos aspectos um progresso, tornou-se um tanto deprimente depois de algum tempo. Harry e Lilian ficavam em seu quarto, com as novas corujas por companhia. Harry decidira chamá-la Edwiges, um nome que encontrara na História da Magia, seguindo o mesmo exemplo do irmão Lilian decidiu chamá-la de Houdin, outro nome encontrado na História da Magia. Seus livros de escola eram muito interessantes. Deitavam-se nas camas e liam até tarde da noite. Lilian gostou muito de poções, transfigurações e defesa contra as artes das trevas, enquanto Harry gostou de feitiços, defesa contra as artes das trevas e hebologia, Harry e Lilian sempre falavam um para o outro as matérias que mas gostavam e o que entendiam um para o outro, assim passara o tempo e aprendiam antes da escola, quando estavam no quarto. Edwiges e Houdin voavam para dentro e para fora da janela, quando queria. Era uma sorte que tia Petúnia não aparecesse mais para passar o aspirador de pó, porque as corujas não paravam de trazer ratos mortos para o quarto. Toda noite, antes de se deitar para dormir, Harry ou Lilian riscava mais um dia no pedaço de papel que pregara na parede, para contar os dias que faltavam até primeiro de setembro.
No último dia de agosto eles acharam melhor falar com os tios sobre a ida à estação no dia seguinte, por isso desceram à sala de estar onde eles estavam assistindo a um programa de auditório na televisão. Pigarreou para avisar que estava ali e Duda deu um berro e saiu correndo da sala.
— Hum... Tio Válter — começou Harry.
Tio Válter resmungou para indicar que estava escutando.
— Hum... Precisamos estar amanhã na estação para... Embarcar para Hogwarts. — falou Lilian esperando o pior dos tios.
Tio Válter resmungou outra vez.
— Será que o senhor podia nos dar uma carona?
Resmungo. Harry supôs que quisesse dizer sim.
— Muito obrigado.
E já ia voltando para cima quando tio Válter falou de verdade.
— Que modo engraçado de ir para a escola de magia, de trem. Os tapetes mágicos furaram todos?
Harry não respondeu.
— Onde fica essa escola afinal?
— Não sei — disse Harry pensando nisso pela primeira vez. Tirou do bolso o bilhete de passagem que Hagrid lhe dera.
— Vamos tomar o trem na plataforma 9 e ½ às onze horas — leu. A tia e o tio arregalam os olhos.
— Plataforma o quê?
— Nove e meia. — disse Lilian tirando o seu bilhete do bolso.
— Não digam bobagens — repreendeu tio Válter — Não existe plataforma nove e meia.
— Está nos nossos bilhetes.
— Loucos — disse tio Válter — de pedra, todos eles. Vocês vão ver. É só esperar. Está bem, levaremos vocês até a estação. De qualquer maneira tínhamos de ir a Londres amanhã ou nem me daria ao trabalho.
— Por que o senhor vai a Londres? — perguntou Lilian, tentando manter a conversa cordial.
— Vamos levar Duda ao hospital — rosnou tio Válter — Precisamos mandar cortar aquele rabo vermelho antes de mandá-lo para Smeltings.
Harry acordou às cinco horas na manhã seguinte e estava demasiado excitado e nervoso para voltar a dormir. E esperou a irmã acordar que não demorou muito já que também estava excitada de mais para voltar a dormir.
Levantaram-se e Harry vestiu o jeans e a camisa menor que tinha que ainda era enorme, Lilian vestiu uma saia que batia nos joelhos e uma blusa de manga que cobria só metade de sua cicatriz, porque eles não queriam entrar na estação com as vestes de bruxo, mudariam de roupa no trem. Verificaram novamente a lista de Hogwarts para se certificar de que tinham tudo de que precisava, Lilian viu se Edwiges e Houdin estavam bem trancados na gaiola e então ficaram esperando os Dursley se levantarem, Harry ficou andando pelo quarto e Lilian fico na cama do irmão lendo o livro de transfigurações. Duas horas mais tarde, as malas enormes e pesadas de Harry e Lilian foram colocadas no carro dos Dursley. Tia Petúnia convencera Duda a se sentar ao lado dos primos e eles partiram.
Chegaram à estação de King‘s Cross às 10:30h. Válter jogou as malas de Harry e Lilian num carrinho e empurrou-os até a estação, com um gesto curiosamente bondoso até tio Válter parar diante das plataformas com um sorriso maldoso.
— Bom, aqui estamos, pestes. Plataforma nove, plataforma dez. A sua plataforma devia estar aí no meio, mas parece que ainda não a construíram, não é mesmo.
Ele tinha razão, é claro. Havia um grande número nove de plástico no alto de uma plataforma e um grande número dez no alto da plataforma seguinte, mas no meio, não havia nada.
— Tenham um bom período letivo — disse tio Válter com um sorriso ainda mais maldoso. E foi-se embora sem dizer mais nada. Harry e Lilian se viraram e viram o carro dos Dursley partir. Os três estavam rindo, Harry sentiu a boca seca e olhou para irmã que estava sem a menor reação. Que diabos iriam fazer? Estava começando a atrair uma porção de olhares curiosos por causa de Edwiges e Houdin.
— Que tal perguntarmos a alguém? Como um garda? — Sugeriu Lilian .
— Que ideia! "Conlicenssa, senhor eu e minha irmã queremos saber onde fica a plataforma nove e meia para uma escola de bruxos chamada Hogwarts, que aproposito o nosso trem vai sair as onze horas."
— Esta bem, eu só queria dar uma sugestão.
— Eu sei é por isso que você é minha irmã e eu te amo.
— Harry faltam dez minutos para o trem partir. — disse Lilian olhando para o relógio.
Harry então olhou para o grande relógio em cima do quadro que anunciava os trens que chegavam, só lhe restavam mais dez minutos para embarcar no trem de Hogwarts e eles não tinham idéia de como iam fazer isso, estavam perdidos no meio da estação com duas malas que mal podiam levantar, o bolsos cheio de dinheiro de bruxo e duas corujas.
Hagrid devia ter esquecido de lhes dizer alguma coisa que tinha de fazer, como bater no terceiro tijolo à esquerda para entrar no Beco Diagonal. Perguntaram-se se deveria tirar as varinhas da mala e começar a bater no coletor de bilhetes entre as plataformas nove e dez. Naquele instante um grupo de pessoas passou as suas costas e eles entreouviram algumas palavras que diziam...
— ... Cheio de trouxas, é claro...
Harry deu meia-volta e ajudou a irmã a seguir o grupo. Era uma mulher gorda que falava com quatro meninos, todos de cabelos cor de fogo. Cada um deles estava empurrando à frente uma mala como a de Harry e Hanna e levavam uma coruja. O coração aos saltos, Harry e a irmã os seguiu empurrando os carrinhos. Eles pararam e eles também, bem próximo para ouvir o que diziam.
— Agora, qual é o número da plataforma? — perguntou a mãe dos meninos.
— Nove e meia — ouviu-se a voz fina de uma menininha, também de cabelos ruivos que estava segurando a mão da mulher.
— Mamãe, não posso ir...
— Vai mãe deixa... — ouviu-se a voz de um garoto, também de cabelos ruivos espetados mas com algumas mechas negras, ao lado da garota.
— Vocês ainda não tem idade, Gina, Tiago, agora fiquem quietos. Está bem, Percy, você vai primeiro.
O que parecia o menino mais velho marchou em direção às plataformas nove e dez. Harry e Lilian observaram-no, tomando o cuidado de não piscar para não perder nada, mas assim que o menino chegou à linha divisória entre as duas plataformas, um grande grupo de turistas invadiu a plataforma à frente deles e quando uma mochila acabou de passar, o menino havia desaparecido.
— Fred , você agora — mandou a mulher gorda.
— Eu não sou Fred, sou Jorge — retrucou o menino. — Francamente, mulher, você diz que é nossa mãe? Não consegue ver que sou o Jorge?
— Desculpe, Jorge, querido.
— É brincadeira, eu sou o Fred — disse o menino, e foi. O irmão gêmeo gritou para ele se apressar, e ele deve ter atendido, porque um segundo depois, sumiu, mas como fizera aquilo?
Agora o terceiro irmão estava se encaminhando rapidamente para a barreira, estava quase lá e, então, de repente, não estava mais em parte alguma.
E foi só.
— Com licença — dirigiu-se Harry à mulher gorda.
— Olá, queridos. É a primeira vez que vão para Hogwarts? O Rony é novotambém.
Ela apontou o último filho, o mais moço. Era alto, magro e desengonçado, com sardas, mãos e pés grandes e um nariz comprido.
— É — respondeu Harry e Lilian juntos
— A coisa é, que não sabemos como... — falou Lilian.
— Como chegar à plataforma? — disse ela com bondade, e Harry e Lilian concordaram com a cabeça.
— Não se preocupem. Basta caminhar diretamente para a barreira entre as plataformas nove e dez. Não parem e não tenha medo de bater nela, isto é muito importante. Melhor fazer isso meio correndo se estiver nervoso. Vá, vá antes de Rony. — disse para Harry.
— Hum... Ok.
E Harry virou o carrinho e encarou a barreira. Parecia muito sólida. Ele começou a andar em direção a ela. As pessoas a caminho das plataformas nove e dez o empurravam. Harry apressou o passo. Ia bater direto no coletor de bilhetes e então ia se complicar, curvando-se para o caminho ele desatou a correr, a barreira estava cada vez mais próxima. Não poderia parar, o carrinho estava descontrolado, ele estava a um passo de distância, fechou os olhos se preparando para a colisão.. E ela não aconteceu... Ele continuou correndo. Abriu os olhos. Uma locomotiva vermelha a vapor estava parada à plataforma apinhada de gente. Um letreiro no alto informava “Expresso de Hogwarts 11 horas”.
— Harry, conseguimos! Nossa! Agora vamos achar uma cabine. — falou a irmã saindo da parede.
Harry olhou para trás e viu um arco de ferro forjado no lugar onde estivera o coletor de bilhetes com os dizeres “Plataforma 9 e ½”. Conseguira. A fumaça da locomotiva se dispersava sobre as cabeças das pessoas que conversavam, enquanto gatos de todas as cores trançavam por entre as pernas delas. Corujas piavam umas para as outras, descontentes, sobrepondo-se à
balbúrdia e ao barulho das malas pesadas que eram arrastadas.
Os primeiros vagões já estavam cheios de estudantes, uns debruçados às janelas conversando com as famílias, outros brigando por causa dos lugares. Harry, empurrou o carrinho pela plataforma sendo seguida por Lilian logo atraz, procurando um lugar vago. Passaram por um garoto de rosto redondo que estava dizendo:
— Vó, perdi meu sapo outra vez.
— Ah, Neville — ele ouviu a senhora suspirar.
Um garoto com cabelos rastafari estava cercado por um pequeno grupo de meninos.
— Deixe a gente espiar, Lino, vamos.
O menino levantou a tampa de uma caixa que carregava nos braços e as pessoas em volta deram gritos e berros quando uma coisa dentro da caixa esticou para fora uma perna comprida e peluda.
Harry e Lilian continuaram andando pela aglomeração até que encontraram um compartimento vago no final do trem. Primeiro Harry subiu e pôs Edwiges e Houdin para dentro e começou a empurrar e a forçar com a mala em direção à porta do trem com ajuda da irmã. Tentaram erguê-la pelos degraus acima, mas mal conseguiam suspender uma ponta e duas vezes deixaram-a cair dolorosamente em cima dos seus pés.
— Querem uma ajuda? — Era um dos gêmeos ruivos que ele seguira para atravessar a barreira.
— Por favor — Harry ofegou.
— Sim, por favor. — ofegou Lilian também.
— Fred! Vem dar uma ajuda aqui!
Com a ajuda dos gêmeos a mala de Harry e Lilian, finalmente foram colocadaa em um canto do compartimento.
— Obrigado — disse Harry, afastando os cabelos suados dos olhos.
— É, muito obrigada — disse Lilian erguendo a manga esqurda da blusa.
— Que é isso — perguntou de repente os gêmeos juntos, um dos gêmeos apontando para a cicatriz de Harry e o outro para a de Lilian.
— Caramba — disse um dos gêmeos. — Vocês são...?
— Eles são — disse o outro gêmeo. — Não são? — acrescentou para Harry e Lilian.
— O quê? — indagaram os dois juntos.
— Harry e Lilian Potter — disseram os gêmeos em coro.
— Ah, eles — disse os dois em coro — Queremos dizer, é, somos.
Os dois garotos olharam boquiabertos de Harry para Lilian sentiu que estavam corando. Então, para alivio deles, ouviram uma voz pela porta aberta do trem.
— Fred? Jorge? Vocês estão ai?
— Estamos indo, mamãe.
Dando uma última espiada em Harry e Lilian, os gêmeos saltaram para fora do trem. Harry sentou-se à janela e Lilian ao seu lado se aninhando em seu peito onde, escondidos, podia observar a família de cabelos ruivos na plataforma e ouvir o que diziam. A mãe tinha acabado de puxar o lenço.
— Rony, você está com uma crosta no nariz.
O menino mais novo tentou fugir, mas ela o agarrou e começou a limpar aponta do nariz dele.
— Mamãe, sai para lá — Desvencilhou-se.
— Aaaah, o Roniquinho está com uma coisa no nariz? — caçoou um dos gêmeos.
— Cale a boca — disse Rony.
— Onde está o Percy? — perguntou a mãe.
— Está vindo aí.
O garoto mais velho vinha vindo. Já vestira as vestes largas e pretas de Hogwarts e Lilian reparou que tinha um distintivo de prata reluzente com a letra “M” que indicou ao irmão que não tinha percebido.
— Não posso demorar, mãe — falou ele. — Estou lá na frente, os monitores têm dois vagões separados...
— Ah, você é monitor, Percy? — perguntou um dos gêmeos, com ar de grande surpresa. — Devia ter avisado, não fazíamos idéia.
— Espere ai, acho que me lembro de ter ouvido ele dizer alguma coisa — disse o outro gêmeo.
— Uma vez...
— Ou duas...
— Um minuto...
— O verão todo.
— Ah, calem a boca — disse Percy, o monitor.
— Afinal por que foi que o Percy ganhou vestes novas? — disse um dos gêmeos.
— Porque é monitor — disse a mãe com carinho — Está bem, querido, tenha um bom ano letivo — mande-me uma coruja quando chegar.
Ela beijou Percy no rosto e ele foi embora. Então. Virou-se para os gêmeos.
— Agora, vocês dois, este ano, se comportem. Se receber mais uma coruja dizendo que vocês... Vocês explodiram um banheiro ou...
— Explodiram um banheiro? Nunca explodimos um banheiro.
— Mas é uma grande idéia, obrigado, mamãe.
— Não tem graça. E cuidem do Rony.
— Não se preocupe, Roniquinho está seguro com a gente.
— Cale a boca — mandou Rony outra vez. Já era quase tão alto quanto os gêmeos e seu nariz continuava vermelho onde a mãe o esfregara.
— Ei, mãe, advinha? Adivinha quem acabamos de encontrar no trem? Harry olhou para irmã que tinha começado a recuar o corpo para não ser notada e recuou o corpo rápido para que eles não o vissem olhando.
— Sabe aquele menino de cabelos pretos e a menina de cabelos ruivos que estavam perto da gente na estação? Sabe quem eles são?
— Quem?
— Harry e Lilian Potter!
Harry ouviu a vozinha da garotinha e do garotinho falando juntos.
— Ah, mamãe, posso subir no trem para ver eles, mamãe, ali, por favor...
— Vocês já os viram, Gina, Tiago, e os coitados não são um bicho de zoológico para você ficar olhando. São eles mesmo, Fred? Como é que você sabe?
— Perguntei a eles. Vi as cicatrizes. Estáão lá mesmo, parecem um raio.
— Coitadinhos. Não admira que estivesse só os dois sozinhos. Foram tão educados quando me perguntram como entrar na plataforma.
— Deixa para lá, você acha que eles se lembram como era o Você-Sabe-Quem?
De repente a mãe ficou muito séria.
— Proíbo-lhe de perguntar a eles, Fred. Não, não se atreva. Como se eles precisassem de alguém para lhes lembrar uma coisa dessas no primeiro dia de escola.
— Está bem, não precisa ficar nervosa. Já que é assim, só vamos fazer amizade com os novos gêmeos famosos de Hogwarts!
Ouviu-se um apito.
— Depressa! — disse a mãe, e os três garotos subiram no trem. Debruçaram-se na janela para a mãe lhes dar um beijo de despedida e a irmãzinha começou a chorar sendo consolada pelo irmão ao seu lado.
— Não chore, Gina, vamos lhe mandar um monte de corujas.
— Vamos lhe mandar uma tampa de vaso de Hogwarts.
— Jorge!
— Estou só brincando, mamãe. Tchau Tiago, não quero ver seu cabelo com mais preto que já tem!
— Fiquem quietos, o cabelo é meu e não de vocês.
O trem começou a andar. Harry viu a mãe dos garotos acenando e a irmã, meio risonha, meio chorosa, correndo para acompanhar o trem junto com o irmão até ele ganhar velocidade e eles ficarem para trás acenando.
Harry e Lilian observaram a menina, o irmão e a mãe desaparecerem quando o trem fez a curva. As casas passaram num relâmpago pela janela. Harry sentiu uma grande excitação. Não sabia onde estava indo, mas tinha de ser melhor do que o lugar que estava deixando para trás. olhou para irmã e viu que estava pensando o mesmo.
A porta da cabine se abriu e o ruivinho mais moço entrou.
— Tem alguém sentado aqui? — perguntou, apontando para o assento em frente ao de Harry e Lilian — O resto do trem está cheio.
Harry e Lilian responderam que não, com um aceno de cabeça, e o garoto se sentou. Olhou para Harry e em seguida olhou depressa para fora, fingindo que não tinha olhado. Harry reparou que ele ainda tinha uma mancha preta no nariz.
— Oi, Rony, Os gêmeos estavam de volta.
— Escuta aqui, vamos para o meio do trem. Lino Jordan trouxe uma tarântula gigante.
— Certo — resmungou Rony.
— Harry, Lilian — disse o outro gêmeo —, nós já nos apresentamos? Fred e
Jorge Weasley. E este é o Rony, nosso irmão. Vejo vocês mais tarde, então.
— Tchau — disseram Harry, Lilian e Rony. Os gêmeos fecharam a porta da cabine ao passar.
— Vocês são Harry e Lilian Potter mesmo? — Rony deixou escapar. Harry e Lilian confirmaram com a cabeça.
— Ah, bom, pensei que fosse uma brincadeira do Fred e do Jorge e vocês têm mesmo... Sabe...
Apontou para a testa de Harry e para o ombro de Lilian. Harry afastou a franja e Lilian a manga da blusa para mostrar a cicatriz em forma de raio. Rony olhou.
— Então foi aí que Você-Sabe-Quem...?
— Foi, mas não nos lembramos.
— De nada? — perguntou Rony ansioso.
— Bom... Lembramos-nos de muita luz verde, mas nada mais. — disse Lilianajeitando à manga da blusa.
— Uau! — Ele ficou parado uns minutos olhando de Harry a Lilian, depois, como se de repente tivesse se dado conta do que estava fazendo, olhou depressa para fora da janela outra vez.
— Todos na sua família são bruxos? — perguntou Harry que achava Rony tão interessante quanto Rony o achava.
— Hum... São, acho que sim. Acho que mamãe tem um primo em segundo grau que é contador, mas ninguém nunca fala nele.
— Então você já deve saber muitas mágicas. — perguntou Lilian com interece.
Os Weasley aparentemente eram uma dessas antigas famílias de bruxos de que o menino pálido no Beco Diagonal falara.
— Ouvi dizer que você foi viver com os trouxas. Como é que eles são?
— Horríveis... Quer dizer bons... Quer dizer... — falou Lilian
— Ela quis dizer, nem todos são bons ou horriveis. Mas nossa tia e nosso tio e nosso primo são, eu gostaria de ter tido três irmãos bruxos.
— E eu sou sua irmã. — falou indignada.
— Eu sei Lily mais deve ser legal ter irmãos que já conhecem magia.
— É verdade, deve ser bem legal ter três irmãos assim.
— Cinco. — Por alguma razão, ele pareceu triste. — Sou o sexto de minha família a ir para Hogwarts. Pode-se dizer que tenho de fazer justiça ao nosso nome. Gui e Carlinhos já terminaram a escola. Gui foi chefe dos monitores e Carlinhos foi capitão do time de Quadribol. Agora Percy é monitor. Fred e Jorge fazem muita bagunça, mas tiram notas muito boas e todo mundo acha que eles são realmente engraçados. Todos esperam que eu me saia tão bem quanto os outros, mas se eu me sair bem, não será nada de mais, porque eles fizeram isso primeiro. E também não se ganha nada novo quando se tem cinco irmãos. Uso as vestes velhas de Gui, a varinha velha de Carlinhos e o rato velho do Percy...
Rony meteu a mão no bolso interno do paletó e tirou um rato cinzento e gordo que estava dormindo.
— O nome dele é Perebas e ele é inútil, quase nunca acorda. Percy ganhou uma coruja de meu pai por ter sido escolhido monitor, mas eles não podiam ter... quero dizer, em vez disso ganhei Perebas.
As orelhas de Rony ficaram vermelhas. Parecia estar achando que falara demais, porque voltou a olhar para fora pela janela. Os gêmeos não achava nada de mais que alguém não tivesse dinheiro para comprar uma coruja. Afinal, eles nunca tivera dinheiro algum na vida até um mês atrás, e disseram isso ao Rony, e disseram também o que sentiram quando usavam as roupas velhas e jamais ganharam um presente de aniversário decente dos tios. Isto pareceu animar Rony um pouco.
— ... E até Rúbeo nos contar, não sabiamos o que era ser bruxos nem quem eram nossos pais nem o Voldemort.
Rony ficou pasmo.
— Que foi? — pergungou Lilian.
— Você disse o nome do Você-Sabe-Quem! — exclamou Rony parecendo ao mesmo tempo chocado e impressionado — Eu achava que de todas as pessoas vocês...
— O Harry não quer tentar ser corajoso, nem eu. É só um nome que não pode fazer mal algum.
— E nos que nunca soubemos que não se podia dizer. Está vendo o que quero dizer? Tenho muito que aprender nós dois... — apontou para ele e para irmã — Aposto — acrescentou, pondo pela primeira vez em palavras algo que o andava preocupando muito ultimamente — Aposto que vou ser o pior da classe.
— Então somos dois, mesmo lendo os livros da escola não sei valer nada, só algumas teorias, que te disse Harry, e pelo jeito você também. — Encerrou Lilian com um tom preocupado.
— Não vão ser não. Tem uma porção de gente que vem de famílias de trouxas e aprende bem depressa.
Enquanto conversavam, o trem saiu de Londres. Agora corriam por campos cheios de vacas e carneiros. Ficaram calados por um tempo, contemplando os campos e as estradinhas passarem num lampejo. Por volta do meio-dia e meia ouviram um grande barulho no corredor e uma mulher toda sorrisos e covinhas abriu a porta e perguntou:
— Querem alguma coisa do carrinho, queridos?
Harry e Lilian, que não tomaram café da manhã ergueram-se de um salto, mas as orelhas de Rony ficaram vermelhas outra vez e ele murmurou que trouxera sanduíches. os gêmeos foram até o corredor. Nunca tiveram dinheiro para doces na casa dos Dursley e agora que seus
bolsos retiniam com moedas de ouro e prata, estavam disposto a comprar quantas barrinhas de chocolate pudesse carregar, mas a mulher não tinha barrinhas. Tinha feijoezinhos de todos os sabores, balas de goma, chicles de bola, sapos de chocolate, tortinhas de abóbora, bolos de caldeirão, varinhas de alcaçuz e várias outras coisas estranhas que Harry e Lilian nunca viram na sua vida. Não querendo perder nada, eles compram duas de cada e pagaram à mulher vinte duas sicles de prata e quatorze nuques. Rony arregalou os olhos quando Harry e Lilian trouxeram tudo para a cabine e despejaram no assento vazio.
— Que fome, hein?
— Morrendo de fome — respondeu Harry, dando uma grande dentada na tortinha de abóbora.
— É, não comemos faz algum tempo a última coisa que eu lembro de comer foi o becon que o Harry fez.
Rony tirara um embrulho encaroçado e abriu-o. Havia quatro sanduíches dentro. Abriu um e disse:
— Ela sempre se esquece que não gosto de carne enlatada.
— Troco com você por um desses — propôs Harry, oferecendo um pastelão de carne.
— Tome... — disse Lilian jogando um sapo de chocolate — Harry não seja mal com ele.
— Você não vai querer isso, é muito seco. Ela não tem muito tempo — acrescentou depressa. — Você sabe, somos cinco.
— Come... Coma um pastelão — disse Harry. Era uma sensação gostosa, sentar-se ali com Rony e Lilian acabar com todas as tortas e bolos de Harry (os sanduíches ficaram esquecidos).
— Que é isso? — perguntou Harry a Rony, mostrando um pacote de sapos de chocolate. — Eles não são sapos de verdade, são? — Estava começando a achar que nada o surpreenderia.
— Não. Mas vê qual é a figurinha, está me faltando a Agripa.
— O quê? — perguntaram os gêmeos juntos.
— Claro que vocês não sabem, os sapos de chocolate têm figurinhas dentro, sabe, para colecionar, bruxas e bruxos famosos. Tenho umas quinhentas, mas não tenho a Agripa nem o Ptolomeu.
Harry abriu o sapo de chocolate e puxou a figurinha. Era a cara de um homem. Usava óculos de meia-lua, tinha um nariz comprido e torto, cabelos esvoaçantes cor de prata, barba e bigode. Sob o retrato havia o nome Alvo Dumbledore.
— Então este é Dumbledore! — exclamou Harry.
— Deixa eu ver! — exclamou a irmã puxando a figurinha das mãos do irmão.
— Não me diga que nunca ouviu falar de Dumbledore! Quer me dar outro sapo? Quem sabe eu tiro a Agripa. Obrigado.
Lilian virou o verso da figurinha e mostrou ao irmão que se lia:
Alvo Dumbledore, atualmente diretor Hogwarts. Considerado por muitos o maior bruxo dos tempos modernos. Dumbledore é particularmente famoso por ter derrotado Grindelwald, o bruxo das Trevas, em 1945, por ter descoberto os doze usos do sangue de dragão e por desenvolver um trabalho em alquimia em parceria com Nicolau Flamel. O Professor Dumbledore gosta de música de câmara e boliche.
Harry virou de novo o cartão e viu, para seu espanto, que o rosto de Dumbledore havia desaparecido.
— Ele desapareceu! — exclamaram juntos.
— Ora, vocês não podem esperar que ele fique aí o dia todo. Depois ele volta. Não, tirei a Morgana outra vez e já tenho umas seis... Um de vocês quer? Podem começar a colecionar.
— Pode ser, que acha Harry? Uma coleção de gêmeos?
— Vai se legal, pelo menos não brigamos para uma figurinha.
Os olhos de Rony se desviaram para a pilha de sapos de chocolate que continuavam fechados.
— Sirva-se — disse Lilian. — Mas, sabe, no mundo dos trouxas, as pessoas ficam paradas nas fotos.
— Ficam? O que, eles não se mexem? — Rony parecia surpreso. — Que coisa esquisita!
— Pode ser para vocês bruxos, mais para os trouxas o que é estanho é a foto se mexer.
Harry arregalou os olhos quando Dumbledore voltou para a figurinha e lhe deu um sorrisinho. Rony estava mais interessado em comer os sapos do que em olhar os bruxos e bruxas famosas e Lilian estava o ajudando a procurar, mas Harry não conseguia despregar os olhos deles. Logo os gêmeos não tinham só Dumbledore e Morgana, como também Hengisto de Woodcroft, Alberico Grunnion, Circe, Paraceko e Merlin. Por fim ele despregou os olhos da druida Cliodna que estava coçando o nariz, para abrir o saquinho de feijõezinhos de todos os sabores.
— Você vai ter que tomar cuidado com essas aí — alertou Rony. — Quando dizem todos os sabores eles querem dizer TODOS OS SABORES. Sabe, todos os sabores comuns como chocolate, hortelã e laranja, mas também. Espinafre, fígado e bucho. Jorge achou que sentiu gosto de bicho-papão uma vez.
Rony apanhou uma balinha verde, examinou-a atentamente e mordeu uma ponta.
— Eca! Está vendo? Couve-de-bruxelas.
Eles se divertiram comendo as balas. Lilian tirou banana, canela, cera de ouvido, espinafre, chocolate, fígado, cereja e salmão, enquanto Harry tirou torrada, coco, feijão cozido, morango, caril, capim, café, sardinha e chegou a reunir coragem para morder a ponta de uma bala cinzenta meio gozada que Rony não queria pegar, e que era pimenta. Os campos que passavam agora pela janela estavam ficando mais silvestres. As plantações tinham desaparecido. Agora havia matas, rios serpeantes e morros verde-escuros. Ouviram uma batida à porta da cabine e o menino de rosto redondo, por quem Harry e Lilian passaram na plataforma 9 e ½, entrou. Parecia choroso.
— Desculpem, mas vocês viram um sapo?
Quando os três sacudiram a cabeça, ele chorou.
— Perdi ele! Está sempre fugindo de mim!
— Ele vai aparecer — consolou Harry.
— Não se preocupa, alguns bichos mostram o amor deles assim, daqui a pouco você o encontra. — falou Lilian consolando um pouco mais.
— Obrigado — disse o menino infeliz, mas um pouco menos choroso. — Se vocêS virem ele...
— Nós avisamos.
E saiu.
— Não sei por que ele está tão chateado — disse Rony. — Se eu tivesse trazido um sapo ia querer perder ele o mais depressa que pudesse. Mas...
— Não seja mal com ele, Rony. Ele não tem culpa. — Disse Lilian cortando-o.
— Você não deixa as pessoas terminarem de falar não? Harry como você aguenta?
— Bem-vindo ao meu mundo.
— Não seja mal comigo Harry, eu sei que você gosta de mim assim.
— Claro que gosto, afinal irmãos apóiam um ao outro e não ligam para os defeitos. — falou Harry ganhando um tapa da irmã. — Ai, como você consegue ser tão forte?
— Não sei, acho que pular grades para fugir do Duda valem a pena.
Passou um tempo e comessaram a falar de animais, os gêmeos falaram dos zologicos que inmprecionou Rony ainda mais, depois das corujas dos gêmeos e por fim o rato de Rony o que deixou Lilian curiosa ao descobrir que o rato já tinha quase treze anos.
— Mas Rony, como o seu rato pode viver tanto tempo?— disse Lilian pensativa.
O rato continuava a tirar sua soneca no colo de Rony.
— Não sei mais ele podia estar morto e ninguém ia saber a diferença, ele sempre foi assim — disse Rony desgostoso. — Tentei mudar a cor dele para amarelo para deixar ele mais interessante, mas o feitiço não deu certo. Vou-lhes mostrar. Olhem...
Remexeu na mala e tirou uma varinha muito gasta. Estava lascada em alguns pontos e havia uma coisa branca brilhando na ponta.
— O pêlo do unicórnio está quase saindo. Em todo o caso...
Tinha acabado de erguer a varinha quando a porta da cabine abriu outra vez. O menino sem o sapo estava de volta, mas desta vez tinha uma garota em sua companhia. Ela já estava usando as vestes novas de Hogwarts.
— Ninguém viu um sapo? Neville perdeu o dele.
Tinha um tom de voz mandão, os cabelos castanhos muito cheios e os dentes da frente meio grandes.
— Já dissemos a ele que não vimos o sapo — respondeu Rony, mas a menina não estava escutando, olhava para a varinha na mão dele.
— Você está fazendo mágicas? Quero ver.
Sentou-se. Rony pareceu desconcertado.
— Hum... Está bem.
Pigarreou.
— Sol margaridas, amarelo maduro, muda para amarelo esse rato velho e burro.
Ele agitou a varinha, mas nada aconteceu. Perebas continuou cinzento e completamente adormecido.
— Você tem certeza de que esse feitiço está certo? — perguntou a menina. — Bem, não é muito bom, né? Experimentei uns feitiços simples só para praticar e deram certo. Ninguém na família é bruxo, foi uma surpresa enorme quando recebi a carta, mas fiquei tão contente, é claro, quero dizer, é a melhor escola de bruxaria que existe, me disseram. Já sei de cor todos os livros que nos mandaram comprar, é claro, só espero que seja suficiente, aliás, sou Hermione
Granger, e vocês quem são?
Ela disse tudo isso muito depressa.
Harry olhou para Lilian e depois para Rony e sentiu um grande alivio ao ver, por suas caras
espantadas, que ele não aprendera todos os livros de cor tampouco, Lilian e ele já tinham estudado e decorado algumas coisas dos livros que mas gostaram e falavam um para o outro mais não todos.
— Sou Rony Weasley.
— Harry Potter.
— Lilian Potter.
— Verdade? Já ouvi falar de vocês, é claro. Tenho outros livros recomendados, e vocês estão na História da magia moderna e em Ascensão e queda das artes das trevas e em Grandes acontecimentos do século XX.
— Estamos? — admiram-se os gêmeos sentindo-se confusos.
— Nossa, vocês não sabiam, eu teria procurado saber tudo que pudesse se fosse comigo — disse Hermione. — já sabem em que casa vão ficar? Andei perguntando e espero ficar na Grifinória, me parece a melhor, ouvi dizer que o próprio Dumbledore foi de lá, mas imagino que a Corvinal não seja muito ruim.. Em todo o caso, acho melhor irmos procurar o sapo de Neville. E é melhor vocês se trocarem, sabe, vamos chegar daqui a pouco.
E foi-se embora, levando o menino sem sapo.
— Seja qual for a minha casa, espero que ela não esteja lá — comentou Rony e jogou a varinha de volta na mala. — Feitiço besta. Foi o Jorge que me ensinou, aposto que sabia que não prestava.
— Em que casa estão os seus irmãos? — perguntou Harry.
— Grifinória. — A tristeza parecia estar se apoderando dele outra vez. — Mamãe e papai estiveram lá também. Não sei o que vão dizer se eu não estiver. Acho que a Corvinal não seria muito ruim, mas imagine se me puserem na Sonserina.
— É a casa em que Vol... Quero dizer Você-Sabe-Quem esteve? — parguntou Lilian.
— É. — E afundou novamente no assento, parecendo deprimido.
— Sabe, acho que as pontas dos bigodes de Perebas ficaram um pouquinho mais claras — disse Harry, tentando distrair o pensamento de Rony das casas.
— Então, o que é que os seus irmãos mais velhos fazem agora que já terminaram?
— Lilian não seja tão curiosa.
— Foi mal Harry, só estava me perguntando o que um bruxo faz depois que termina a escola. Vai me dizer que não pensou nisso? Desculpe Rony.
— Tudo bem — disse rindo. — Em muitas coisas vocês se parecem mais que bem quem não é em tudo eu não aguento mais gêmeos que fazem a mesma coisa. Bem para sua pergunta, os bruxos podem fazer qualquer coisa de acordo com as notas na escola. Meus irmãos Carlinhos está na Romênia estudando dragões e Gui está na África fazendo um serviço para o Gringotes. Você soube o que aconteceu com o Gringotes? O Profeta Diário só fala nisso, mas acho que morando com os trouxas você não recebe o jornal. Uns caras tentaram roubar um cofre de segurança máxima.
Harry e Lilian arregalaram os olhos.
— Verdade? E o que aconteceu com eles? — perguntou Harry.
— Nada, é por isso que é uma noticia tão importante. Não foram pegos. Papai disse que deve ter sido um bruxo das trevas poderoso para enganar Gringotes, mas estão achando que eles não levaram nada, isso é que é esquisito. É claro que todo o mundo fica apavorado quando uma coisa dessas acontece porque Você-Sabe-Quem pode estar por trás da coisa.
Harry repassou as noticias mentalmente e olhou para irmã que parecia pensar o mesmo. Estava começando a sentir um arrepio de medo toda vez que Você-Sabe-Quem era mencionado. Supunha que isso fazia parte do ingresso no mundo da magia, mas tinha sido muito mais
confortável dizer Voldemort sem se preocupar.
— quais são os seus times de Quadribol — perguntou Rony.
— Hum... Não conheçemos nenhum — confessou Harry.
— O quê? — Rony parecia pasmo. — Ah, espere ai, é o melhor jogo do mundo — E saiu explicando tudo sobre as quatro bolas e as posições dos sete jogadores, descreveu jogos famosos a que fora com os irmãos e a vassoura que gostaria de comprar se tivesse dinheiro. Estava mostrando a Harry e Lilian as qualidades do jogo quando a porta da cabine se abriu mais uma vez, mas agora não era Neville, o menino sem sapo, nem Hermione Granger. Três garotos entraram que Harry e Lilian reconheceram o do meio na hora: era o garoto pálido da loja de vestes de Madame Malkin. Olhou para Harry e depois para Lilian com um interesse muito maior do que revelara no Beco Diagonal.
— É verdade? — perguntou — Estão dizendo no trem que Harry e Lilian Potter estão nesta cabine. Então são vocês ?
— Somos — responderam os gêmeos juntos. Observaram os outros garotos. Os dois eram fortes e pareciam muito maus. Postados dos lados do menino pálido eles pareciam guarda-costas.
— Ah, este é Crabbe e este outro, Goyle — apresentou o garoto pálido displicentemente, notando o interesse de Harry e Lilian — E meu nome é Draco Malfoy.
Rony tossiu de leve, o que poderia estar escondendo uma risadinha. Malfoy olhou para ele.
— Acha o meu nome engraçado, é? Nem preciso perguntar quem você é. Meu pai me contou que na família Weasley todos têm cabelos ruivos e sardas e mais filhos do que podem sustentar. — Virou-se para os gêmeos — Vocêd não vão demorar a descobrir que algumas famílias de bruxos são bem melhores do que outras, Harry, Lilian . Vocês não vão querer fazer amizade com as ruins. E eu posso ajudá-los nisso.
Ele estendeu a mão para apertar a de Harry de pois para Lilian , mas nenhum dos dois a apertou.
— Acho que sabemos dizer qual é o tipo ruim sozinho, obrigado. — disse Harry com frieza depois de olhar que a irmã iria acabar com o garoto.
Draco não ficou vermelho, mas um ligeiro rosado coloriu seu rosto pálido.
— Eu teria mais cuidado se fosse vocês. — disse lentamente. — A não ser que sejam mais educados, vão acabar como os seus pais. Eles também não tinham juízo. Vocês se misturam com gentinha como os Weasley e aquele Rúbeo e vaão acabar se contaminando.
— Acho que deveria ficar quieto Malfoy, se não vai se arrepender. — avisou Lilian ainda se controlando para não pular no pescoço do garoto mais era tarde de mais Harry e Rony se levantaram. O rosto de Rony estava vermelho como os cabelos.
— Repete isso.
— Ah, você vai brigar com a gente, vai? — Draco caçoou.
— A não ser que você se retire agora — disse Harry com uma coragem maior do que sentia, porque Crabbe e Goyle eram bem maiores do que ele ou Rony.
— Mas não estamos com vontade de nos retirar, estamos, garotos? Já comemos toda a nossa comida e parece que vocês ainda têm alguma coisa. Goyle fez menção de apanhar os sapos de chocolate ao lado de Rony. Rony deu um pulo para frente, mas antes que encostasse em Goyle, este soltou um berro terrível.
Perebas, o rato, estava pendurado em seu dedo, os dentinhos afiados enterrados na junta de Goyle. Crabbe e Draco recuaram enquanto Goyle rodava e rodava o braço, urrando, e quando Perebas finalmente se soltou e bateu na janela, os três desapareceram na mesma hora. Talvez achassem que havia mais ratos escondidos nos doces, ou talvez tivessem ouvido passos, porque um segundo depois, Hermione Granger entrou.
— Que foi que aconteceu? — perguntou, vendo os doces espalhados no chão e Rony apanhando Perebas pela cauda.
— Acho que apagaram ele — disse Rony a Harry e Lilian . E examinou Perebas mais atentamente. — Não... Não acredito... Ele voltou a dormir.
E dormira mesmo.
— Vocês já conheciam Draco Malfoy?
Harry e Lilian contaram o encontro deles no Beco Diagonal.
— Já ouvi falar na família dele — disse Rony sombrio. — Foram os primeiros a voltar para o nosso lado depois que Você-Sabe- Quem desapareceu. Disseram que tinha sido enfeitiçado. Papai não acredita nisso. Diz que o pai de Draco não precisou de desculpa para se bandear para o lado das Trevas. — E virou-se para Hermione. — Podemos fazer alguma coisa por
você.
— É melhor vocês se apressarem e trocarem de roupa. Acabei de ir lá na frente perguntar ao maquinista e ele me disse que estamos quase chegando. Vocês andaram brigando? Vão se meter em encrenca antes mesmo de chegarmos lá!
— Perebas andou brigando, nós não — disse Rony, fazendo cara zangada. — Lily se importa de sair para podermos nos trocar?
— Claro não, preciso me trocar também. — dito isso Lilian saiu da cabine com seu uniforme nas mãos para se trocar no banheiro.
— E você poderia nos dar licença também?
— Está bem. Só vim para cá porque as pessoas nas outras cabines estão se comportando feito crianças, correndo pelos corredores — disse Hermione em tom choroso. — E você está com o nariz sujo, sabia?
Rony amarrou a cara quando ela se retirou. Harry espiou pela janela. Estava escurecendo. Viu montanhas e matas sob um céu arroxeado. O trem parecia estar diminuindo a velocidade. Ele e Rony tiraram os paletós e puseram as vestes longas e pretas. A de Rony estava um pouco curta, dava para ver as calças. Uma voz ecoou pelo trem quando Lilian voltava para cabine.
— Vamos chegar a Hogwarts dentro de cinco minutos. Por favor, deixem a bagagem no trem, ela será levada para a escola.
O estômago de Harry revirou de nervoso e ele reparou que Rony parecia pálido sob as sardas e Lilian estava nervosa. Os três encheram os bolsos com o resto dos doces e se reuniram à garotada que apinhava os corredores.
O trem foi diminuindo a velocidade e finalmente parou. As pessoas se empurraram para chegar à porta e descer na pequena plataforma escura. Harry e Lilian estremeceram ao ar frio da noite. Então apareceu uma lâmpada balançando sobre as cabeças dos estudantes e os gêmeos ouviram uma voz conhecida.
— Alunos do primeiro ano! Primeiro ano aqui! Tudo bem Harry, Lily?
O rosto grande e peludo de Rúbeo Hagrid sorria por cima de um mar de cabeças.
— Vamos, venham comigo. Mais alguém do primeiro ano? Aos escorregões e tropeços, eles seguiram Hagrid por um caminho de aparência íngreme e estreita. Estava tão escuro em volta que Lilian achou que devia haver grandes árvores ali. Ninguém falou muito. Neville, o menino que vivia perdendo o sapo, fungou umas duas vezes.
— Vocês vão ter a primeira visão de Hogwarts em um segundo. — Hagrid gritou por cima do ombro —, logo depois dessa curva.
Ouviu-se um ooooh muito alto. O caminho estreito se abrira de repente ate a margem de um grande lago escuro. Encarrapitado no alto de um penhasco na margem oposta, as janelas cintilando no céu estrelado, havia um imenso castelo com muitas torres e torrinhas.
— Só quatro em cada barco! — gritou Hagrid, apontando para uma flotilha de barquinhos parados na água junto à margem. Harry, Lilian e Rony foram seguidos até o barco por Neville.
— Todos acomodados? — gritou Hagrid, que tinha um barco só para si. — Então... VAMOS!
E a flotilha de barquinhos largou toda ao mesmo tempo, deslizando pelo lago que era liso como um vidro. Todos estavam silenciosos, os olhos fixos no grande castelo no alto. A construção se agigantava à medida que se aproximavam do penhasco em que estava situado.
— Abaixem as cabeças! — berrou Hagrid quando os primeiros barcos chegaram ao penhasco, todos abaixaram as cabeças e os barquinhos atravessaram uma cortina de hera que ocultava uma larga abertura na face do penhasco. Foram impelidos por um túnel escuro, que parecia levá-los para debaixo do castelo, até uma espécie de cais subterrâneo, onde desembarcaram
subindo em pedras e seixos.
— Ei, você ai! É o seu sapo? — perguntou Hagrid, que verificava os barcos à medida que as pessoas desembarcavam.
— Trevo! — gritou Neville feliz, estendendo as mãos.
Então eles subiram por uma passagem aberta na rocha, acompanhando a lanterna de Hagrid e desembocaram finalmente em um gramado fofinho e úmido à sombra do castelo. Galgaram uma escada de pedra e se aglomeraram em torno da enorme porta de carvalho.
— Estão todos aqui? Você aí, ainda está com o seu sapo?
Hagrid ergueu um punho gigantesco e bateu três vezes na porta do castelo.
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