Os comensais da morte
– Os comensais da morte.
– Não bastava Voldemort? – Lily perguntou aterrorizada – Ele ainda vai convocar os comensais?
– É claro que vai. – Sirius respondeu soturno – Ele é ninguém sem seguidores… Provavelmente vai querer que os comensais vejam o que ele fez com Harry… E o que ele vai fazer…
Lily gemeu e escondeu o rosto novamente no peito de Tiago, apavorada.
– Harry vai sair dessa. – Tiago murmurou no ouvido dela.
– O problema não é esse. – Lily confessou – O problema é o que vão fazer com ele antes dele conseguir fugir…
– Espero que dê tudo certo... – Alice suspirou profundamente antes de começar a ler.
Voldemort desviou o olhar de Harry e começou a examinar o próprio corpo.
Suas mãos eram como aranhas grandes e pálidas, seus longos dedos brancos acariciaram o próprio peito, os braços, o rosto, os olhos vermelhos, cujas pupilas eram fendas, como as de um gato, brilhavam ainda mais no escuro. Ele ergueu as mãos e flexionou os dedos com uma expressão arrebatada e exultante. Não deu a menor atenção a Rabicho, que continuou tremendo e sangrando no chão, nem à enorme cobra, que reapareceu em cena e recomeçou a descrever círculos em torno de Harry, sibilando. Voldemort enfiou um dos dedos anormalmente longos em um bolso fundo e tirou uma varinha.
Acariciou-a gentilmente também, depois ergueu-a e apontou-a para Rabicho, e ela o guindou do chão e atirou contra a lápide a que Harry estava amarrado, o bruxo caiu aos pés da lápide e ficou ali, encolhido, chorando.
Voldemort voltou seus olhos vermelhos para Harry e soltou uma risada, aquela sua risada aguda, fria e sem alegria.
Lily gemeu, apertando o braço de Tiago com força, e se encolheu ainda mais em seus braços.
– Vai dar tudo certo. – Tiago murmurou em seu ouvido tentando consolá-la.
As vestes de Rabicho agora estavam manchadas de sangue brilhante, o bruxo enrolara nelas o toco de braço.
— Milorde... — disse ele com a voz embargada — Milorde... O senhor prometeu... O senhor prometeu...
— Estique o braço — disse Voldemort indolentemente.
— Ah, meu amo... Obrigado, meu amo...
Rabicho esticou o toco sangrento, mas Voldemort deu uma gargalhada.
— O outro braço, Rabicho.
— Meu amo, por favor... Por favor...
Voldemort se curvou e puxou o braço esquerdo de Rabicho; empurrou a manga das vestes do servo acima do cotovelo e Harry viu que havia uma coisa na pele, uma coisa que lembrava uma tatuagem vermelho-vivo, — um crânio, com uma cobra saindo da boca — a mesma imagem que aparecera no céu na Copa Mundial de Quadribol: a Marca Negra. Voldemort examinou-a demoradamente, sem dar atenção ao choro descontrolado de Rabicho.
— Reapareceu, — comentou ele baixinho — todos deverão ter notado... E agora, veremos... Agora saberemos…
– Então a marca realmente tinha empalidecido… – Remo disse pensativo – Todos os comensais da morte deviam saber que Voldemort estava voltando…
– Provavelmente, – Sirius bufou – Karkaroff estava apavorado por isso… Com a marca vermelha assim ele deve ter fugido.
– Snape deve ter percebido também. – Tiago disse olhando abertamente para Severo – Espero sinceramente que Dumbledore esteja certo em confiar em você.
Ele comprimiu a marca no braço do servo com seu longo indicador branco.
A cicatriz na testa de Harry ardeu com uma dor aguda e Rabicho deixou escapar um uivo. Voldemort afastou o dedo da marca em Rabicho e Harry viu que ela se tornara muito preta. Com uma expressão de cruel satisfação no rosto, Voldemort se endireitou, atirou a cabeça para trás e começou a examinar o escuro cemitério.
— Quantos terão suficiente coragem para voltar quando sentirem isso? — sussurrou ele, fixando seus olhos vermelhos e brilhantes nas estrelas. — E quantos serão bastante tolos para ficar longe de mim?
Ele começou a andar de um lado para outro diante de Harry e Rabicho, seus olhos percorrendo o cemitério todo o tempo. Decorrido pouco mais de um minuto, ele tornou a olhar para Harry, um sorriso cruel deformando seu rosto viperino.
— Você está em pé, Harry Potter, sobre os restos mortais do meu pai — sibilou ele baixinho. — Um trouxa e um idiota... Muito parecido com a sua querida mãe. Mas os dois tiveram sua utilidade, não? Sua mãe morreu tentando defendê-lo quando criança... E eu matei meu pai e veja como ele se provou útil, depois de morto...
– Ele é um monstro. – Gina disse com um tremor – Ele é horrível…
Tiago sentia Lily tremer em seus braços e apenas a apertava com mais carinho contra seu peito.
Voldemort soltou outra gargalhada. Para cima e para baixo ele andava, olhando para os lados, e a serpente continuava a circular no meio do capim.
— Você está vendo aquela casa lá na encosta do morro, Potter? Meu pai morava ali. Minha mãe, uma bruxa que vivia no povoado, se apaixonou por ele. Mas foi abandonada quando lhe contou o que era... Ele não gostava de magia, meu pai…
— Ele a abandonou e voltou para os pais trouxas antes de eu nascer, Potter, e ela morreu me dando à luz, me deixando para ser criado em um orfanato de trouxas... Mas eu jurei encontrá-lo... Vinguei-me dele, desse idiota que me deu seu nome... Tom Riddle...
– Eu nunca soube disso. – Sirius disse interessado.
– Acredito que ninguém soubesse… – Remo disse pensativo – Não é o tipo de coisa que alguém que defende pureza de sangue sairia por ai dizendo… E ele nem usa o nome do pai dele… Duvido muito que a maioria dos comensais saiba o nome verdadeiro… Eles nem devem saber que o pai de Voldemort era um trouxa!
– Não devem saber mesmo. – Sirius concordou – Meu pai nunca apoiaria alguém que não tivesse o sangue puro até o terceiro grau…
– Terceiro grau? – Alice perguntou curiosa.
– Terceiro grau de parentesco. – Frank explicou.
– Isso significa que os bisavós da pessoa tem que ser bruxos para ela ser considerada de sangue puro. – Sirius deu de ombros.
– Então só os netos de Harry vão ser considerados de sangue puro? – Lily perguntou curiosa.
– Espero que não. – Tiago disse categórico – Sei que Harry deve acabar com uma garota de sangue-puro… – disse olhando de soslaio para Gina – Mas espero que os seus filhos, quando você os tiver, se misturem bem com nascidos-trouxas e mestiços, para manter nossa linhagem diversificada. – completou dando a Lily um meio sorriso carinhoso.
E andava sem parar, seus olhos correndo de um túmulo para outro.
— Me vejam só recordando minha história de família... — comentou ele baixinho. — Ora, ora, estou ficando muito sentimental... Mas veja Harry! A minha família verdadeira está chegando...
O ar se encheu repentinamente com o rumor de capas esvoaçantes. Entre os túmulos, atrás do teixo, em cada espaço escuro, havia bruxos aparatando... Todos usavam capuzes e máscaras. E um por um, eles se adiantaram... Lentamente, cautelosamente, como se mal conseguissem acreditar no que viam.
Voldemort ficou parado em silêncio, esperando-os. Então um Comensal da Morte se prostrou de joelhos, arrastou-se até Voldemort, e beijou a barra de suas vestes negras.
— Meu amo... Meu amo...
Os Comensais da Morte que vinham atrás o imitaram, um por um, eles se aproximaram de joelhos para beijar as vestes de Voldemort para depois recuar e se levantar, formando um círculo silencioso em torno do túmulo de Tom Riddle, Harry, Voldemort e o monte de vestes que soluçava e sacudia, que era Rabicho.
– Quão baixo as pessoas podem ir por medo? – Sirius perguntou com ojeriza – Beijar a barra das vestes de Voldemort, como se ele fosse uma divindade…
– É simplesmente asqueroso… – Tiago concordou enfático – Eles tem medo e sede de poder… A maioria deve ter negado ser um comensal da morte tantas vezes que está morrendo de medo de ser punido.
– Mas não acho que Voldemort possa se dar ao luxo de punir os comensais que lhe restaram… – Remo disse pensativo – Entre os que morreram nas mãos dos aurores e os que foram presos, não devem ter sobrado muitos.
Mas eles deixaram espaços vazios no círculo, como se esperassem mais gente.
Voldemort, porém, não parecia esperar mais ninguém. Olhou os rostos encapuzados ao seu redor e, embora não houvesse vento, um rumorejo pareceu percorrer o círculo como se perpassasse por ele um arrepio.
— Bem-vindos, Comensais da Morte — disse Voldemort em voz baixa. — Treze anos... Treze anos desde que nos encontramos pela última vez. Contudo, vocês atendem ao meu chamado como se fosse ontem... Então continuamos unidos sob a Marca Negra! Ou será que não?
Ele retomou sua expressão ameaçadora e farejou, dilatando as narinas em forma de fenda.
— Sinto cheiro de culpa — disse ele. — Há um fedor de culpa no ar. — Um segundo surto de arrepios percorreu o circulo, como se cada membro tivesse o desejo, mas não a coragem, de se afastar dali.
– É claro que eles não tem coragem. – Sirius desdenhou – Se tivessem alguma coragem não teriam escolhido viver como ovelhas de Voldemort.
— Vejo todos vocês, inteiros e saudáveis, com os seus poderes intactos, tão desenvoltos! E me pergunto... Por que esse bando de bruxos nunca foi socorrer seu amo, a quem jurou lealdade eterna?
Ninguém falou. Ninguém se mexeu exceto Rabicho, que continuava no chão, chorando, o braço ensangüentado.
— E eu próprio respondo, — sussurrou Voldemort — porque devem ter acreditado que eu estava derrotado, pensaram que eu acabara. Voltaram a se misturar com os meus inimigos e alegaram inocência, ignorância e bruxaria... E então eu me pergunto, mas como é que vocês podem ter acreditado que eu não me reergueria? Vocês, que conheciam as providências que eu tomara, há muito tempo, para me proteger da morte humana?
– O que? – Tiago interrompeu Alice de olhos arregalados – Ele disse que tomou providencias para se proteger da morte humana?
– Exatamente. – Alice respondeu relendo aquela frase.
– Isso significa que de alguma forma, Voldemort arrumou um modo de ser imortal? – Sirius perguntou chocado.
– Desde que soubemos que Harry sobreviveu à maldição da morte isso está me incomodando… – Remo disse desconfortável – O feitiço ricocheteou e atingiu Voldemort… Ele deveria ter morrido!
– Pensei que ele não havia morrido por causa de Harry… – Frank disse confuso.
– Você tem alguma ideia de como isso é possível? – Remo perguntou a Severo relutante.
– Algumas… – Severo admitiu pensativo – Existem várias teorias e experimentos com a imortalidade… Mas nunca li sobre um que tenha dado certo…
– Nada disso importa. – Tiago disse jogando o braço para o alto nervoso – O que importa é que agora sabemos que de alguma forma, Voldemort conseguiu se proteger da morte…
– Então acabar com ele antes que ele mate vocês não é mais uma opção tão simples… – Sirius suspirou desolado – Até o momento era o meu plano…
– É melhor vocês terminarem de ler antes de formular qualquer plano. – Hermione disse categórica, indicando que Alice podia retomar a leitura.
— Vocês que tiveram provas da imensidão do meu poder, na época em que fui mais poderoso do que qualquer bruxo vivente? E eu mesmo respondo, talvez acreditassem que poderia haver um poder ainda maior, um poder capaz de derrotar até Lord Voldemort... Talvez vocês agora prestem lealdade a outro... Talvez àquele campeão da plebe, dos trouxas e sangue-ruins, Alvo Dumbledore?
– Dumbledore é muito mais poderoso do que Voldemort jamais será! – Remo disse irritado – E é por isso que Voldemort nunca tomou Hogwarts, ele tem medo de Dumbledore!
À menção do nome de Dumbledore, os membros do circulo se inquietaram, alguns murmuraram e negaram sacudindo a cabeça.
Voldemort ignorou-os.
— Um desapontamento para mim... Confesso que estou desapontado...
Um dos bruxos se atirou subitamente à frente, rompendo o círculo. Tremendo da cabeça aos pés, prostrou-se aos pés de Voldemort.
— Meu amo! — exclamou. — Meu amo, me perdoe! Nos perdoe todos!
Voldemort começou a rir. Ergueu a varinha.
— Crucio!
O Comensal da Morte no chão contorceu-se e gritou, Harry teve certeza de que o som se propagava até as casas vizinhas... Tomara que a polícia chegue, desejou ele desesperado... Alguém... Alguma coisa...
– As coisas ficariam ainda piores se a polícia chegasse. – Remo disse temeroso – Os policiais são apenas trouxas…
– Poderia haver um verdadeiro massacre. – Neville suspirou.
– A polícia não teria poder para enfrentar Voldemort sozinho… Menos ainda com os comensais. – Frank disse concordando com Neville nervoso.
– E seria ainda pior se algum dos trouxas da vizinhança resolvesse investigar. – Remo disse receoso – Pelo menos a polícia teria armas… Não seriam muito eficientes, mas eles poderiam tentar se defender…
Voldemort ergueu a varinha. O Comensal da Morte torturado se estatelou no chão, arfando.
— Levante-se, Avery — disse Voldemort baixinho. — Ponha-se de pé. Você está me pedindo perdão? Eu não perdôo. Eu não esqueço. Treze longos anos... Quero um pagamento por esses treze anos antes de perdoar-lhes. Rabicho aqui já pagou parte da dívida, não foi, Rabicho?
Ele baixou os olhos para o bruxo mutilado, que continuava a soluçar.
— Você voltou para mim, não por lealdade, mas por medo dos seus antigos amigos. Você merece sentir dor, Rabicho. Você sabe disso, não sabe?
– Amigos. – Sirius repetiu a palavra com repugnância – Pedro nos traiu… Ele não sabe o que é amizade.
– Pedro não importa. – Remo disse com um aceno de desdém – Pelo menos não agora…
— Sei, meu amo, — gemeu Rabicho — por favor, meu amo... Por favor...
— Contudo você me ajudou a recuperar meu corpo — disse Voldemort friamente, observando o servo soluçar no chão. — Mesmo inútil e traiçoeiro como é, você me ajudou... E Lord Voldemort recompensa quem o ajuda...
Voldemort tornou a erguer a varinha e girou-a no ar. Um fio que parecia feito de prata liquefeita prolongou-se da varinha e pairou no ar. Momentaneamente informe, o fio se agitou e em seguida se transformou na réplica brilhante de uma mão humana, clara como o luar, que saiu voando e foi se prender ao pulso sangrento de Rabicho.
Os soluços do bruxo pararam abruptamente. Com a respiração rascante e falha, ele levantou a cabeça e fitou, incrédulo, a mão prateada, agora ligada sem costura ao seu braço, como se ele estivesse usando uma luva luminosa. O bruxo flexionou os dedos reluzentes, depois, trêmulo, apanhou um graveto no chão e pulverizou-o.
— Milorde — sussurrou ele. — Meu amo... É linda... Muito obrigado... Muito obrigado...
Ele avançou de joelhos e beijou a barra das vestes de Voldemort.
– Nojento. – Sirius murmurou com ojeriza.
— Que a sua lealdade jamais volte a vacilar, Rabicho — disse Voldemort.
— Não, milorde... Nunca, milorde...
Rabicho se levantou e tomou posição no círculo, sem tirar os olhos da mão nova e poderosa, seu rosto lavado de lágrimas. Voldemort se aproximou então do homem à direita de Rabicho.
— Lúcio, meu ardiloso amigo — murmurou ele se detendo diante do bruxo. — Ouço dizer que você não renunciou aos seus hábitos antigos, embora para o mundo você apresente uma imagem respeitável. Acredito que continue pronto para assumir a liderança de uma torturazinha de trouxas? No entanto você nunca tentou me encontrar, Lúcio... As suas aventuras na Copa Mundial de Quadribol foram engraçadas, devo dizer... Mas será que suas energias não teriam sido melhor empregadas em procurar ajudar seu amo?
– Então realmente foi Lúcio quem liderou o ataque na copa mundial… – Remo bufou – E deve ter colocado o filho para assistir apenas para garantir que ele aprenda como comandar comensais da morte…
– Não que ele já não saiba. – Sirius disse soturno – Draco já tem Crabbe e Goyle como asseclas desde o primeiro ano.
– Provavelmente ainda antes. – Tiago deu de ombros – Crabbe e Goyle já eram capangas de Draco no trem…
– Devem se conhecer desde crianças. – Remo suspirou – Afinal, os pais devem ser companheiros de batalha…
— Milorde, sempre estive constantemente alerta — ouviu-se na mesma hora a voz de Lúcio Malfoy saindo por baixo do capuz. — Se tivesse havido algum sinal do senhor, algum rumor sobre seu paradeiro, eu teria ido imediatamente para o seu lado, nada teria me detido...
— Contudo, você correu da minha marca, quando um leal Comensal da Morte a projetou no céu no verão passado — comentou displicentemente Voldemort, e o Sr. Malfoy parou abruptamente de falar. — É, sei de tudo que aconteceu, Lúcio... Você me desapontou... Espero serviços mais leais no futuro.
– Então, a pessoa que roubou a varinha de Harry, e conjurou a marca negra, é o mesmo comensal fiel que está em Hogwarts… – Frank disse pensativo – Quem sabemos que estava na copa mundial e passou o ano em Hogwarts?
– Você não está desconfiando de Bagman, não é? – Tiago perguntou franzindo a testa – Eu realmente acho que ele estava apenas sendo um idiota quando passou informações para Rookwood...
– Não sei. – Remo disse hesitante – Bagman estava no camarote com Harry, estava na floresta antes da marca aparecer, e foi o último funcionário do ministério a aparecer quando a marca surgiu no céu.
– E ele estava em uma posição perfeita para por o nome de Harry no cálice… – Alice disse, concordando com Remo – E ficou bem feliz quando Harry foi escolhido campeão… Além disso ele fez de tudo para ajudar Harry a passar pelas tarefas e fazer mais pontos para chegar antes dos outros na taça…
– Talvez eles tenham razão. – Sirius disse a Tiago contrariado – Bagman como jurado estaria completamente capacitado para por a taça no labirinto, e além de tudo isso, ele pode muito bem ter ido atrás de Harry e Krum e ter visto quando Crouch saiu da floresta…
– Não acho que tenha sido ele. – Tiago disse decidido, fazendo sinal para Alice continuar a leitura.
— Naturalmente, milorde, naturalmente... O senhor é misericordioso, obrigado...
Voldemort continuou a andar e parou, reparando no espaço — suficientemente grande para duas pessoas — que separava Malfoy do comensal seguinte.
— Os Lestrange deveriam estar aqui — disse Voldemort baixinho. — Mas estão enterrados vivos em Azkaban. Foram fiéis. Preferiram ir para Azkaban a renunciar a mim... Quando Azkaban for aberta, os Lestrange receberão honras que ultrapassarão todos os seus sonhos. Os dementadores se unirão a nós... São nossos aliados naturais... Chamaremos de volta os gigantes banidos... Todos os meus servos devotados me serão devolvidos e um exército de criaturas que todos temem...
– Acho que minha prima Bellatrix finalmente vai ter o que sempre quis. – Sirius disse sombriamente.
– Ele vai abrir Azkaban… – Remo suspirou preocupado – Vai libertar os dementadores, trazer os gigantes de volta para o país… Deve convocar os lobisomens também…
– Tudo o que ele quer é o caos. – Tiago declarou apreensivo – Se as coisas já estão ruins hoje em dia, não posso imaginar que tipo de coisa ele ainda pretende…
– Infelizmente não teremos que imaginar. – Lily disse, com a voz abafada pelas vestes de Tiago – Ainda temos 3 livros inteiros para ler… E agora tenho certeza de que vão ser ainda piores que os primeiros.
Ele continuou sua caminhada. Passou por alguns comensais em silêncio, mas parou diante de outros para lhes falar.
— Macnair... Eliminando animais perigosos para o Ministério da Magia agora, segundo me conta Rabicho. Breve você terá melhores vítimas, Macnair. Lord Voldemort irá providenciá-las...
— Obrigado, meu amo... Obrigado — murmurou Macnair.
— E aqui — Voldemort prosseguiu dirigindo-se aos dois maiores vultos encapuzados — temos Crabbe... Você vai trabalhar melhor desta vez, não vai, Crabbe? E você, Goyle?
Os dois fizeram uma reverência desajeitada, murmurando com uma certa lentidão:
— Sim, meu amo...
— Trabalharemos, meu amo...
– Os pais são tão lesados quanto os filhos. – Gina murmurou.
— O mesmo se aplica a você, Nott — disse Voldemort baixinho, ao passar pelo vulto curvado à sombra do Sr. Goyle.
— Milorde, eu me prostrei diante do senhor, sou o seu mais fiel...
— Basta — disse Voldemort.
Ele chegou, então, à maior lacuna no círculo, e parou contemplando-a com seus olhos parados e vermelhos, como se pudesse ver pessoas em pé ali.
— E aqui temos seis Comensais da Morte ausentes... Três mortos a meu serviço. Um demasiado covarde para voltar... Ele me pagará. Um que eu acredito ter me deixado para sempre... Este será morto, é claro... E um que continua sendo meu mais fiel servo, e que já reingressou no meu serviço.
– Acredito que ele esteja falando de você… – Tiago disse, encarando Severo com interesse – Creio que você é o que ele acredita que o deixou para sempre…
– Karkaroff é obviamente o covarde demais para voltar. – Sirius disse, balançando a cabeça em concordância.
– Resta saber quem exatamente é o mais fiel servo… – Remo suspirou preocupado – Sei que você não quer pensar que pode ser o Bagman, mas…
– Não é ele. – Tiago disse categórico – Ele é apenas um idiota viciado em apostas.
Remo e Sirius reviraram os olhos para a teimosia de Tiago.
Os Comensais da Morte se agitaram, Harry viu que eles se entreolhavam por trás das máscaras.
— Ele está em Hogwarts, esse servo fiel, e foi graças aos seus esforços que o nosso jovem amigo chegou aqui esta noite... Sim, — disse Voldemort, um sorriso crispando sua boca sem lábios, quando os olhares do círculo convergiram para Harry. — Harry Potter teve a gentileza de se reunir a nós para comemorar a minha ressurreição. Poderíamos até chamá-lo de meu convidado de honra.
Lily tremeu entre os braços de Tiago, ainda tinha esperanças de que se Voldemort demorasse mais para voltar sua atenção para Harry, alguém teria tempo para resgatá-lo.
– Por que as coisas tem que ser assim? – Lily balbuciou, molhando a frente das vestes de Tiago com suas lágrimas – Não bastava para ele nos matar? Deixar Harry órfão? Ele ainda precisa fazer de tudo para matar Harry? – Lily continuou chorando nos braços de Tiago enquanto ele apenas afagava seus cabelos e tentava acalmá-la.
– Vai ficar tudo bem. – Tiago murmurou no ouvido de Lily – Vai dar tudo certo.
Fez-se silêncio. Em seguida o Comensal da Morte à direita de Rabicho deu um passo à frente, e a voz de Lúcio Malfoy falou por baixo da máscara.
— Meu amo, é grande o nosso desejo de saber... Suplicamos que nos conte... Como foi que o senhor conseguiu este... Milagre... Como conseguiu voltar para nós...
— Ah, que história extraordinária, Lúcio! — disse Voldemort. — E ela começa... E termina... Com o meu jovem amigo aqui.
Ele caminhou descansadamente e parou ao lado de Harry, fazendo com que os olhos de todo o círculo se voltassem para os dois. A cobra continuava a rastejar em círculos.
— Vocês sabem, naturalmente, que muitos chamam este garoto de minha perdição! — disse Voldemort baixinho, os olhos fixos em Harry, cuja cicatriz começou a arder tão ferozmente que ele quase gritou de agonia. — Vocês todos sabem que na noite em que perdi meus poderes e o meu corpo, tentei matá-lo. A mãe dele morreu, tentando salvá-lo, e, sem saber, o resguardou com uma proteção que, devo admitir, eu não havia previsto... Eu não pude tocar no rapaz.
Voldemort ergueu um longo dedo branco e levou-o até próximo do rosto de Harry.
— A mãe deixou nele os vestígios do seu sacrifício... Isto é magia antiga, de que eu devia ter me lembrado, foi uma tolice tê-la esquecido... Mas isso não importa. Eu agora posso tocá-lo.
– O que eu não consigo compreender, – Sirius disse, coçando a cabeça pensativo – é porque Voldemort queria matar Harry… Quero dizer, pelo jeito como ele fala, não parecia ser a intenção dele apenas ser cruel… Ele parecia querer matar Harry desde o inicio, não parece se importar nem um pouco com… com a morte de vocês…
– Também estava pensando nisso… – Remo disse observando Tiago, Lily e Harry com interesse – No final do primeiro livro, ele disse que Lily não precisava ter morrido… Que ele deu a ela a opção de sobreviver.
– O que faz menos sentido ainda, considerando que Lily é nascida-trouxa. – Tiago disse acarinhando as costas de Lily – Ele queria matar Harry… E matou Lily porque ela estava no caminho.
– E matou você porque você estava no caminho. – Lily murmurou pesarosa.
– Mas por que? – Sirius repetiu para si mesmo, apreensivo.
Harry sentiu a ponta fria do longo dedo branco tocá-lo, e pensou que sua cabeça ia explodir de dor.
– Agora Voldemort pode tocá-lo e sair incólume, – Remo murmurou pensativo – mas Harry sente dores torturantes sempre que ele se aproxima… Isso não faz sentido…
Voldemort riu de mansinho na orelha do garoto, depois afastou o dedo e continuou a se dirigir aos Comensais da Morte.
— Eu calculei mal, meus amigos, admito. Minha maldição foi refratada pelo tolo sacrifício da mulher e ricocheteou contra mim. Ah... A dor que ultrapassa a dor, meus amigos, nada poderia ter me preparado para aquilo. Fui arrancado do meu corpo, me tornei menos que um espírito, menos que o fantasma mais insignificante... Mas, ainda assim, continuei vivo. Em que me transformei, nem eu mesmo sei... Eu que cheguei mais longe do que qualquer outro no caminho que leva à imortalidade. Vocês conhecem o meu objetivo, vencer a morte. E agora fui testado, e aparentemente uma, ou mais de uma, das minhas experiências foi bem sucedida... Pois eu não morri, embora a maldição devesse ter me matado.
– Ele diz que foi mais longe que qualquer outro em busca da imortalidade… E que uma ou mais de suas experiências deve ter dado certo… – Tiago murmurou consigo mesmo, pensativo – De alguma forma, ele conseguiu… E temos que descobrir como para mudar tudo isso…
– O livro deve dizer como. – Lily sussurrou, era a única que estava perto o bastante para ouvir o que ele dizia – Deve ser por isso que Harry trouxe o livro até aqui.
— Contudo, fiquei tão impotente quanto a mais fraca criatura viva e sem meios de ajudar a mim mesmo... Pois não possuía mais corpo, e qualquer feitiço que pudesse ter me ajudado exigia o uso da varinha... Só me lembro de me obrigar, sem dormir, sem cessar, segundo a segundo, a existir... Fui morar em um lugar distante, numa floresta e esperei... Certamente um dos meus fiéis Comensais da Morte tentaria me encontrar... Um deles viria e realizaria por mim a mágica necessária para eu recuperar meu corpo... Mas esperei em vão...
O arrepio tornou a perpassar o círculo de atentos Comensais da Morte.
Voldemort deixou o silêncio espiralar de modo terrível antes de prosseguir:
— Só me restara um poder. Eu podia me apossar do corpo de outros. Mas eu não me atrevia a ir aonde viviam muitos humanos, pois eu sabia que os aurores continuavam a viajar pelo exterior à minha procura. Por vezes eu habitava animais, as cobras, é claro, eram minhas preferidas, mas eu não ficava muito melhor dentro delas do que como puro espírito, porque seus corpos eram mal equipados para realizar mágicas... E apossar-me delas encurtava suas vidas, nenhuma delas sobreviveu muito tempo... Então... Há quatro anos... Os meios para o meu retorno me pareceram garantidos. Um bruxo, jovem, tolo e crédulo, cruzou o meu caminho na floresta em que eu vivia. Ah, ele parecia exatamente a chance com que eu sonhara... Porque era professor na escola de Dumbledore... Era dócil à minha vontade... E me trouxe de volta a este país e, pouco depois, me apoderei do seu corpo para vigiá-lo de perto enquanto cumpria minhas ordens. Mas meu plano fracassou. Não consegui roubar a Pedra Filosofal. Não pude obter a vida eterna. Fui impedido... Fui impedido, mais uma vez, por Harry Potter…
– Quirrell afinal era apenas um tolo, crédulo e dócil à vontade de Voldemort. – Remo suspirou pesaroso.
– Voldemort tem uma capacidade de persuasão inacreditável. – Sirius disse soturno – Nunca vi meu pai tão convencido com as palavras de alguém quanto quando eles se encontraram… O mesmo aconteceu com meu tio Cygnus…
– Sabemos que ele é persuasivo. – Tiago concordou – Ele convenceu inúmeros bruxos a fazerem exatamente o que ele queria, e isso sem ter que usar a maldição imperius. Meu pai diz que pessoas que ele conhecia há anos e que achava que eram boas, apoiavam os planos de Voldemort como se ele fosse algum tipo de salvador do mundo bruxo…
Novamente o silêncio, nada se movia, nem mesmo as folhas do teixo. Os Comensais da Morte permaneceram muito quietos, os olhos cintilantes em suas máscaras fixos em Voldemort e Harry.
— Meu servo morreu quando abandonei seu corpo, e fiquei mais fraco do que jamais estive. Voltei ao meu esconderijo distante, e não vou fingir que não receei então que talvez jamais recuperasse meus poderes... Sim, aquela talvez tenha sido a hora mais negra da minha vida... Eu não poderia esperar que caísse do céu outro bruxo para eu me apoderar... E já perdera as esperanças de que algum Comensal da Morte se importasse com o que me acontecera…
– Se Pedro não tivesse escapado no ano anterior… – Sirius bufou sentindo-se culpado – Como eu fui tão burro? Devia ter prendido ele em uma jaula encantada…
– A culpa é minha. – Remo suspirou – Eu não tomei a poção e me transformei…
– Nenhum de vocês tem culpa! – Harry disse categórico.
– Harry tem razão. – Tiago disse, dando um meio sorriso triste para Harry – Vocês não tem culpa de nada disso. Pedro é o culpado. Pedro nos traiu.
– E nós vamos garantir que ele não tenha a chace de fazer isso dessa vez. – Sirius afirmou com os olhos brilhando de raiva.
Uns dois bruxos mascarados no círculo se mexeram constrangidos, mas Voldemort não lhes deu a menor atenção.
— Então, há menos de um ano, quando eu praticamente abandonara toda esperança, aconteceu... Um servo voltou para mim, o Rabicho aqui, que simulara a própria morte para fugir à justiça, foi forçado a se expor por aqueles que no passado tinham sido seus amigos, e resolveu voltar para o seu amo. Ele me procurou no campo onde houvera boatos de que eu estaria escondido... Ajudado, naturalmente, pelos ratos que encontrou em seu caminho. Rabicho tem uma curiosa afinidade por ratos, não é mesmo, Rabicho? Seus imundos amiguinhos lhe contaram que havia um lugar, no meio de uma floresta albanesa que eles evitavam, onde pequenos animais como eles encontravam a morte pelas mãos de um vulto escuro que os possuía... Mas a viagem de regresso não correu tranqüilamente para mim, não é, Rabicho? Certa noite, esfomeado, na orla da floresta em que esperava me encontrar, ele parou, tolamente, em uma estalagem para comer alguma coisa... E quem ele haveria de encontrar lá, se não Berta Jorkins, uma bruxa do Ministério da Magia?
– Pobre Berta. – Lily murmurou triste.
— Agora vejam como o destino favorece Lord Voldemort. Isto poderia ter sido o fim de Rabicho e da minha última chance de regeneração. Mas Rabicho, revelando uma presença de espírito que eu jamais esperaria dele, convenceu Berta Jorkins a acompanhá-lo em um passeio noturno. Ele a dominou... E a trouxe até mim. E Berta Jorkins, que poderia ter posto tudo a perder, em vez disso provou ser uma dádiva que superou as minhas expectativas mais extravagantes... Pois, com um nadinha de persuasão, tornou-se uma verdadeira mina de informações. Ela me contou que este ano seria realizado um Torneio Tribruxo em Hogwarts. E que conhecia um Comensal da Morte fiel que teria muito prazer em me ajudar, se eu o procurasse. Ela me contou muitas coisas... Mas os meios que usei para romper o Feitiço da Memória que a dominava foram fortes, e depois que extrai dela toda informação útil, sua mente e seu corpo ficaram irrecuperavelmente danificados. Servira a sua finalidade. Mas eu não poderia me apossar do seu corpo. Descartei-a.
– Isso quer dizer que Voldemort não sabia sobre esse comensal da morte fiel até Berta contar a ele? – Tiago perguntou franzindo a testa – Isso quer dizer, que para Voldemort, esse comensal não estava mais disponível…
– Ou ele podia apenas achar que esse comensal era como os outros, que retomaram a vida e não tentaram ir atrás dele. – Remo deu de ombros.
– Não… – Tiago disse pensativo – Berta sabia sobre o comensal, Voldemort não… Ele diz que ela estava sob um feitiço de memória… Isso explica porque todos pensavam que ela era esquecida…
– A Berta que conhecemos tem uma ótima memória para fofocas… – Sirius disse concordando com Tiago lentamente.
– Exatamente… – Tiago continuou com sua linha de raciocínio – Alguém adulterou a memória dela… E o feitiço deve ter sido bem forte para ela ficar desmemoriada…
– Mas o que isso significa? – Frank perguntou confuso.
– Não sei ao certo… – Tiago disse balançando as pernas ansioso – Mas se Bagman fosse o comensal infiltrado, Voldemort não teria precisado de Berta para contar a ele sobre o tribruxo e sobre Bagman ser um comensal fiel.
– Eu já disse, – Remo bufou impaciente – talvez Voldemort apenas acreditasse que ele seguiu o caminho dos outros e fingiu que ele não existia.
– Se fosse isso, ele não o chamaria de um comensal fiel! – Tiago rebateu – Pois ele teria agido exatamente como todos os outros que nunca foram atrás dele.
Voldemort sorriu, aquele sorriso medonho, seus olhos vermelhos vidrados e cruéis.
— O corpo de Rabicho, naturalmente, era pouco próprio para uma possessão, já que todos o presumiam morto e ele atrairia demasiada atenção se fosse visto. Contudo, era o servo fisicamente válido de que eu precisava. E, embora fosse um bruxo medíocre, foi capaz de seguir as instruções que lhe dei e que me devolveriam um corpo rudimentar e fraco porém meu, um corpo que eu poderia habitar enquanto esperava os ingredientes essenciais para uma verdadeira ressurreição... Uns feitiços de minha própria invenção... Uma ajudazinha de Nagini, — os olhos de Voldemort se voltaram para a cobra que circulava a lápide sem parar — uma poção feita com sangue de unicórnio, veneno de cobra fornecido por Nagini... E logo eu recuperei uma forma quase humana e suficientemente forte para viajar. Não havia mais esperanças de roubar a Pedra Filosofal, pois eu sabia que Dumbledore teria tomado providências para destruí-la. Mas eu estava disposto a abraçar mais uma vez a vida mortal antes de perseguir a imortal. Estabeleci objetivos mais modestos... Aceitei ter o meu antigo corpo e a minha antiga força de volta.
– Isso significa que nesse momento, ele é mortal? – Frank perguntou confuso – Se alguém tentasse matá-lo nesse momento, daria certo?
– Talvez. – Severo disse pensativo – O Lord das Trevas disse que um ou mais de seus experimentos devia ter dado certo. Outros dos experimentos dele podem ter dado certo…
– E talvez ele apenas não queira entregar tudo para os comensais. – Tiago disse concordando com Severo – Não acho que seria inteligente deixar todos saberem tudo o que ele fez em busca da imortalidade… Mesmo os seguidores dele.
– Nunca se sabe de onde virá a traição. – Sirius disse soturno.
— Eu sabia que para obter isso, que é uma velha peça de Magia Negra a poção que me reanimou hoje à noite, eu precisaria de três poderosos ingredientes. Bem, um deles já estava à mão, não é mesmo, Rabicho? A carne doada por um servo... O osso do meu pai, naturalmente, significava que eu teria que vir até aqui, onde ele estava enterrado. Mas o sangue de um inimigo... Rabicho queria que eu usasse um bruxo qualquer, não foi, Rabicho, eu sabia do que precisava, se era para me reerguer mais poderoso do que tinha sido antes da queda. Eu queria o sangue de Harry Potter. Eu queria o sangue daquele que tinha me despojado do poder há treze anos, porque a proteção duradoura que a mãe dele tinha lhe dado circularia em minhas veias também...
Lily gemeu, a proteção que ela deixara em Harry agora corria nas veias de Voldemort também.
— Mas como apanhar Harry Potter? Porque ele foi protegido muito mais do que acho que ele sabe, protegido de várias maneiras criadas por Dumbledore há muito tempo, quando recebeu o encargo de cuidar do futuro do garoto. Dumbledore invocou uma mágica antiga para garantir a proteção ao garoto enquanto estivesse aos cuidados dos parentes. Nem mesmo eu posso tocá-lo em casa deles...
– Isso significa que Dumbledore realmente tinha uma razão para deixar Harry com os Dursley. – Remo disse impressionado – Ele estava apenas tentando proteger Harry de um mal pior.
– Tenho certeza de que ele poderia ter pensado em alguma outra forma. – Sirius bufou – Harry foi mal tratado demais pelos trouxas… Ele não merecia isso.
– Não disse que concordo. – Remo deu de ombros – Apenas disse que isso explica muita coisa. Dumbledore não deixou Harry com os Dursley apenas por não querer que ele fosse criado como uma pessoa famosa. Era uma forma de proteção.
— Depois, naturalmente houve a Copa Mundial de Quadribol... Achei que a proteção dele enfraqueceria ali, longe dos parentes e de Dumbledore, mas eu ainda não estava suficientemente forte para tentar seqüestrá-lo em meio a uma horda de bruxos do Ministério. Depois, o garoto retornaria a Hogwarts, onde vive debaixo do nariz torto daquele tolo, amante de trouxas, de manhã à noite. Então, como poderia capturá-lo?
— Ora... Aproveitando as informações de Berta Jorkins, é claro. Usando o meu fiel Comensal da Morte, baseado em Hogwarts, para garantir que o nome do garoto fosse inscrito no Cálice de Fogo. Usando o meu Comensal da Morte para garantir que o garoto ganhasse o torneio, que tocasse a Taça Tribruxo primeiro, Taça que o meu Comensal da Morte havia transformado em uma Chave de Portal para trazê-lo aqui, longe do socorro e proteção de Dumbledore, até o aconchego dos meus braços abertos para recebê-lo. E aqui está ele... O garoto que vocês todos acreditaram que tinha sido minha ruína...
Voldemort avançou lentamente e se virou para encarar Harry.
Ergueu a varinha.
Lily gritou em desespero, afundando o rosto ainda mais nas vestes de Tiago. Os outros apenas encararam o livro com atenção, tensos.
— Crucio!
Foi uma dor que superou qualquer coisa que Harry já sofrera, seus próprios ossos pareciam estar em fogo, sua cabeça, sem dúvida alguma, estava rachando ao longo da cicatriz, seus olhos giravam descontrolados em sua cabeça, ele queria que tudo terminasse... Que perdesse os sentidos... Morresse...
Lily gritou novamente, mas dessa vez seu grito foi acompanhado de um gemido de horror de Alice, que sentia a dor junto com Harry e sabia que aquela dor estava em seu destino. Frank empalidecera, sentia o mesmo que Alice, sabia que se não conseguissem mudar nada, um dia ele é quem estaria sentindo toda aquela dor.
– Não quero ler. – Alice balbuciou abalada – Não posso continuar lendo… Não se Harry vai ser torturado…
– O capítulo já está acabando. – Neville disse apertando o ombro de Alice com carinho – Você consegue.
Alice suspirou profundamente antes de continuar lendo.
Então passou. Ele ficou pendurado nas cordas que o prendiam à lápide do pai de Voldemort, olhando aqueles brilhantes olhos vermelhos através de uma espécie de névoa. A noite ressoava com o estrépito das risadas dos Comensais da Morte.
— Estão vendo a tolice que foi vocês suporem que este garoto algum dia pudesse ser mais forte que eu? — ponderou Voldemort. — Mas eu não quero que reste nenhum engano na mente de ninguém. Harry Potter me escapou por pura sorte. E vou provar o meu poder matando-o, aqui e agora, diante de todos vocês, onde não há Dumbledore para ajudá-lo nem mãe para morrer por ele. Vou dar a Harry uma oportunidade. Ele poderá lutar, e vocês não terão mais dúvida alguma sobre qual de nós é mais forte. Espere mais um pouquinho Nagini — sussurrou ele, e a cobra se afastou, deslizando pelo capim, até o local em que os Comensais da Morte estavam parados observando. — Agora, desamarre-o Rabicho, e devolva sua varinha.
– Eles vão soltá-lo? – Lily perguntou, levantando a cabeça, com a voz entrecortada – Vão dar a varinha dele?
– Voldemort deve estar querendo provar que é melhor que Harry. – Remo bufou – Mas ele não conhece Harry, – completou parecendo aliviado – ele está dando a Harry a chance que ele precisava para conseguir fugir.
– Remo tem razão! – Sirius disse um pouco mais animado – Harry é muito mais forte do que Voldemort imagina… Harry vai conseguir escapar!
– Acho melhor continuar lendo. – Rony disse ansioso acenando para Neville começar a ler:
– Capítulo XXXIV – Priori Incantatem.
Hey leitores mais queridos do FeB! Infelizmente não tenho conseguido escrever tanto quanto eu gostaria, mas é para isso que deixar vários capítulos escritos a frente serve, não é? Ainda não consegui passar do capítulo 4 de OdF e já estamos quase acabando CdF... Mas vou conseguir, não se preocupem com isso.
- Stehcec: Falando em vestido, sinto muito de verdade, mas pelos motivos que já te contei, não vou conseguir ir... Mas queria muito mesmo! Espero que você saiba disso... Mas vamos ás respostas, primeiro a do capítulo anterior, meio por cima: Eu acho sinceramente que o Sirius não teve muita opção, não acho que o ministério daria a ele a oportunidade de falar com Dumbledore, e não acho que eles permitam cartas e etc em Azkaban, ele só viu o jornal com a foto do Rabicho porque o Fudge tava com o jornal na mão quando passou perto da cela dele... Então, não acho que ele conseguiria chamar o Dumbledore para conversar, a obrigação de ouvir o Sirius, ou de pelo menos garantir um julgamente real era do Dumbledore, que devia ter confiado em alguém que ele conhecia há anos ou pelo menos devia ter dado o benefício da dúvida. Eu adoro que vocês estejam gostando da evolução da Alice, é exatamente o que eu queria, mostrar que tem pessoas que não tem culpa, elas são apenas influenciáveis e acreditam em tudo que leem no jornal. O mesmo vale para como a Molly tratou a Mione, não é culpa dela de verdade, apesar de ser uma boa pessoa, ela é influenciável também... E eles estragaram muitos personagens no filme, o Cedrico, o Rony, o Draco, a Hermione, o Dumbledore... Enfim, acho que só quem se saiu bem no filme foi a McGonagall e o Snape... E agora do último capítulo: Acho que mesmo com vários feitiços escondendo Voldemort, Dumbledore saberia que ele estaria lá, Dumbledore além de muito poderoso era o dono da varinha das varinhas nesse ponto e ele com certeza conseguiria identificar e desfazer as proteções de Voldemort na casa (a não ser que a casa tenha sido colocada sob o feitiço fidelius, mas dúvido já que o Harry viu a casa quando apareceu no cemitério...). Acho que o Dumbledore realmente não foi até lá investigar as coisas mais profundamente, e acho que ele não tomou todo o cuidado que ele poderia ter tomado durante o tribruxo para cuidar do Harry... Acho que de todas as vezes que Harry contou essa história, essa é a mais difícil. Na verdade a poção que deu um corpo a Voldemort era uma criação do próprio Voldemort, por isso Snape não poderia saber nada sobre ela, mas de qualquer jeito, ele está realmente percebendo como não vale a pena essa vida. Eu nunca sei se eu perdoo o Dumbledore por tudo isso ou não... É complicado e eu não tenho um coração tão bom quanto o do Harry.
- Luiza Snape: Os capítulos mais complicados até o momento! Pobre Lily.
- Carolina Black: Eu sempre fico feliz em saber que algum dos meus leitores chorou lendo, significa que eu consegui passar tudo o que eu queria passar com o capítulo, então muito obrigada! Acho que a Alice já aprendeu um bocado com os livros e vai aprender ainda mais... Ela está evoluindo muito a maneira de pensar dela. E ela deve sofrer muito ao ver o que aconteceu com ela de verdade, porque o Harry apenas ouvindo sobre o julgamento e o Neville contando por alto não mostra tanto quanto a parte do St. Mungus. Eu queria poder te prometer que vou postar logo, de verdade, mas não posso! Eu não tenho conseguido escrever muito e se eu postar tudo o que tenho vou ficar meses sem postar nada... E faz sentido sim!
- Ana Marisa Potter: Os próximos livros conseguem ser ainda mais intensos do que o CdF, eles vão se emocionar muito, e em alguns momentos devem se irritar um bocado. Acho que a Lily está aprendendo que Harry não tem como se manter afastado de emoções fortes... O Snape está aos poucos se aproximando dos outros, mas não é agora que ele vai deixar as inimizades dele de lado, ele apenas é quem sabe mais sobre Artes das Trevas e apesar de tudo Tiago está começando a confiar no que ele diz.
- Flaa: Obrigada!
- In_Black: Sempre que vocês me falam que choraram lendo um capítulo eu fico emocionada, porque significa que consegui passar tudo o que eu queria passar para o capítulo! Acho que esse capítulo foi um dos mais difíceis para o Harry, e ele ser obrigado a ler não deve ter ajudado muito!
- MionGinnyLuna: Fico feliz que você ache que eu consegui fazer ele mil vezes pior! Significa que consegui transmitir bem as emoções de todo mundo que está lendo!
- Izabella Bella Black: Eu acho que Dumbledore já previa que algo do tipo aconteceria e não fez nada para mudar as coisas por causa do "bem maior" e por causa das coisas que nós, e o Harry, só descobrimos no último livro, como o fato do Harry precisar morrer para matar Voldemort... Acho que esse foi o capítulo mais complicado para o Harry até o momento, porque em todos os outros livros, apesar de tudo o que acontecia, Harry saia vivo e todo mundo saia vivo, essa foi a primeira morte que Harry presenciou conscientemente e isso abala muito uma pessoa. Eu também não gosto do Snape, nunca escondi isso de ninguém, mas acho que ele é esperto o bastante para perceber que o caminho que ele escolheu não vai levar ele a lugar algum... Eu li todos os livros antes do lançamento dos filmes, até o primeiro, mas eu entendo que não é assim com todo mundo, imagino que você deva ter ficado muito confusa ouvindo as pessoas falando que Harry morreria, e eu sinceramente acho que você deve ter entendido muitas das coisas que o filme não explica depois que leu os livros!
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Comentários (11)
oláaaa. Desculpe não ter comentado nos capitulos anteriores... eu estava sem tempo (ainda to mas arranjei um tempinho pra ler ahsuhsud). Enfim, meu Deus!!! Chegamos na parte em que o barato começa a ficar loco e eu já to me sentindo arrepiada só de pensar nas futuras reações desses personagens que amo tanto. Desculpe também por não deixar um comentário tao grande mas eu to amando a história e quero mais mais e mais ahushudhd beijosss até o próximo
2016-03-20