A volta de Almofadinhas
– A volta de Almofadinhas.
– Finalmente! – Sirius disse empolgado – Já estava na hora de eu aparecer nesse livro de novo!
– Não seja convencido. – Tiago disse rindo – Você apareceu na lareira poucos capítulos atrás.
– Não é a mesma coisa. – Sirius disse jogando os cabelos para o lado.
– Apenas deixem Snape ler! – Remo disse sem segurar uma risada.
Uma das melhores conseqüências da segunda tarefa foi que todo mundo ficou muito interessado em saber os detalhes do que acontecera no fundo do lago, o que significou que, uma vez na vida, Rony estava conseguindo dividir as luzes da ribalta com Harry. Este reparou que a versão do seu amigo sobre os acontecimentos mudava sutilmente cada vez que ele os contava. A princípio, Rony narrava o que parecia ter sido a verdade, pelo menos batia com a história de Hermione — Dumbledore havia mergulhado os reféns em um sono encantado na sala da Professora McGonagall, depois de garantir a todos que estariam seguros e que despertariam quando voltassem à superfície da água.
– E foi exatamente isso que aconteceu! – Hermione afirmou categórica.
Uma semana mais tarde, no entanto, Rony já estava contando uma história emocionante de seqüestro, em que ele lutara sozinho contra cinqüenta sereianos armados até os dentes que precisaram dominá-lo a pancada antes de amarrá-lo.
– E quem exatamente acreditaria nisso? – Frank perguntou risonho – É óbvio que as coisas não aconteceram assim!
– Se Rony está contando, tem alguém para escutar. – Alice deu de ombros – Em Hogwarts sempre tem alguém que acredite em qualquer coisa.
– Como você? – Frank perguntou cutucando as costelas de Alice por trás das costas de Neville.
– Não mais. – Alice respondeu orgulhosa.
— Mas eu levei a minha varinha escondida na manga — Rony tranqüilizou Padma Patil, que parecia bem mais interessada agora que o garoto andava recebendo tanta atenção, e fazia questão de falar com ele todas as vezes que se encontravam nos corredores. — Eu poderia ter enfrentado aqueles sereidiotas a qualquer hora que quisesse.
– Interessante como as garotas de Hogwarts não mudam muito. – Lily disse revirando os olhos – Sempre mais interessadas na fama dos garotos que neles de verdade.
– Talvez ela tivesse ficado mais interessada no Rony durante o baile se ele tivesse dado alguma atenção a ela. – Alice disse rindo – Mas você tem razão, se Rony não tivesse ganhado alguma notoriedade com a segunda tarefa, a garota nunca mais falaria com ele!
— Que é que você ia fazer, atacar os caras a roncos? — perguntou Hermione alfinetando-o. Tinham caçoado tanto dela por ser a coisa de que Vítor Krum mais sentiria falta que ela andava meio mal humorada.
– Você não devia se irritar. – Lily disse trocando um olhar com Hermione – Você devia ter implicado com Harry por Rony ser o que ele mais sentiria falta!
As orelhas de Rony ficaram vermelhas e dali em diante ele reverteu à versão do sono encantado. Quando março começou, o tempo ficou mais seco, mas ventos cortantes esfolavam o rosto e as mãos todas as vezes que as pessoas saíam aos jardins. Havia atrasos no correio porque o vento não parava de tirar as corujas da rota. A coruja marrom que Harry enviara a Sirius com a data do fim de semana em Hogsmeade apareceu na hora do café da manhã de sexta-feira com metade das penas viradas pelo avesso, Harry mal acabara de desprender a resposta de Sirius, a coruja levantou vôo, visivelmente receosa de que fosse ser despachada outra vez.
A carta de Sirius era quase tão curta quanto a anterior.
“Esteja nos degraus no fim da estrada que sai de Hogsmeade (depois da Dervixes & Bangues) às duas horas da tarde de sábado. Traga o máximo de comida que puder.”
– Então você realmente está em Hogsmead. – Remo disse ligeiramente apreensivo – Mas onde está se escondendo? Não consigo pensar em nada no final da estrada…
– Pensei que estaria na casa dos gritos. – Sirius disse pensativo – Mas Snape nos encontrou lá no ano anterior, então devo ter pensado que não seria seguro.
– Estou mais preocupada com você pedindo o máximo de comida que Harry puder carregar. – Lily disse observando Sirius preocupada – As coisas não devem estar nada bem para você precisar pedir comida.
Tiago concordou com Lily enfaticamente observando Sirius, preocupado.
— Ele não voltou a Hogsmeade? — perguntou Rony, incrédulo.
— É que parece, não é? — disse Hermione.
— Não dá para acreditar — disse Harry tenso. — Se ele for apanhado...
— Mas até agora não foi, não é? — disse Rony. — E agora o lugar nem está mais infestado de dementadores.
– Deve estar sendo uma estadia mais agradável que no ano anterior. – Sirius deu de ombros satisfeito, fazendo Severo revirar os olhos antes de continuar lendo.
Harry dobrou a carta, pensativo. Se fosse honesto consigo mesmo admitiria que queria realmente rever Sirius.
– Que bom que quer me rever! – Sirius exclamou contente – Eu devo ter muitas coisas interessantes para dizer!
– Você está sendo realmente convencido agora. – Tiago disse levantando as sobrancelhas para Sirius.
Seguiu, portanto, para a última aula da tarde — os dois tempos de Poções — sentindo-se muitíssimo mais animado do que era o seu normal quando descia as escadas para as masmorras.
Malfoy, Crabbe e Goyle estavam parados à porta da sala de aula com o grupinho de garotas da Sonserina que andava com Pansy Parkinson. Todas estavam olhando alguma coisa que Harry não pôde ver e davam risadinhas animadas. A cara de buldogue de Pansy espiava excitada por trás das largas costas de Goyle quando Harry, Rony e Hermione se aproximaram.
— Eles vêm vindo aí, eles vêm vindo aí! — disse ela entre risadinhas e o ajuntamento de alunos da Sonserina se desfez. Harry viu que Pansy tinha nas mãos uma revista — o Semanário das Bruxas. A foto animada na capa mostrava uma bruxa de cabelos crespos, com um sorriso cheio de dentes, que apontava com a varinha para um grande bolo de claras.
– Isso não é nada bom, nada bom mesmo. – Alice disse apreensiva – Deve ser outra matéria horrorosa sobre você… – acrescentou encarando Harry com pena.
— Talvez você encontre aí uma coisa de seu interesse, Granger! — disse Pansy em voz alta e atirou a revista para Hermione, que a aparou, fazendo cara de espanto. Naquele momento, a porta da masmorra se abriu e Snape fez sinal para todos entrarem. Hermione, Harry e Rony se dirigiram a uma mesa no fundo da sala como de costume.
– Isso é muito pior do que se fosse mesmo uma matéria sobre o Harry. – Lily disse olhando para Hermione preocupada – Deve ser a vingança daquela maldita Skeeter… Pelo modo como você falou com ela no Três Vassouras…
– Sabia que isso aconteceria. – Sirius suspirou desanimado – Aquela mulher não deixaria a provocação passar… Ainda mais no meio do Três Vassouras, na frente de um monte de gente.
– Não pode ser tão ruim… Não é? – Alice perguntou ansiosa – O que ela poderia ter de ruim sobre Hermione?
– Ela pode até não ter nada concreto. – Tiago suspirou – Mas ela pode inventar alguma coisa horrível…
Quando Snape deu as costas à turma para escrever no quadro-negro os ingredientes da poção do dia, Hermione folheou rapidamente a revista, por baixo da mesa. Finalmente, nas páginas centrais, ela encontrou o que estava procurando. Harry e Rony se aproximaram. Uma foto colorida de Harry encimava uma pequena notícia intitulada:
– Uma foto do Harry? – Lily perguntou nervosa – Isso vai ser ainda pior do que eu estava imaginando…
"A MÁGOA SECRETA DE HARRY POTTER"
Um garoto excepcional, talvez, mas um garoto que sofre todas as dores comuns da adolescência, escreve Rita Skeeter. Privado do amor desde o trágico falecimento dos pais, Harry Potter, catorze anos, pensou que tinha achado consolo com sua namorada firme em Hogwarts, a garota nascida trouxa, Hermione Granger.
– Namorada firme? – Alice perguntou horrorizada – Vocês nunca foram mais do que amigos!
– Eu disse. – Tiago bufou – Quando aquela mulher não tem nada de concreto para escrever, ela cria mentiras baseadas em meias verdades.
Mal sabia que em breve estaria sofrendo mais um revés emocional numa vida afligida por perdas pessoais.
A Srta. Granger, uma garota sem atrativos, mas ambiciosa, parece ter uma queda por bruxos famosos que somente Harry não basta para satisfazer.
– Sem atrativos? – Sirius perguntou chocado – Agora a mulher está apenas se contradizendo! Ela mesma disse que Hermione é bonita na primeira matéria que fez sobre Harry!
– Ela escreve o que convém. – Alice bufou irritada – Não consigo acreditar que o Profeta diário e o Semanário das bruxas trabalham com pessoas desse tipo! Não consigo acreditar que passei a vida toda achando que tudo no jornal era verdade, e meus pais ainda acham!
– É o que venho te falando há anos. – Frank deu de ombros – Pelo menos agora você acredita em mim!
Desde que Vitor Krum, o apanhador búlgaro e herói da última Copa Mundial de Quadribol, chegou em Hogwarts a Srta. Granger tem brincado com as aflições dos dois rapazes.
Krum, que está visivelmente apaixonado pela dissimulada Srta. Granger, já a convidou para visitá-lo na Bulgária nas férias de verão e insiste que "nunca se sentiu assim com nenhuma outra garota”.
Contudo, talvez não tenham sido os duvidosos encantos naturais da Srta. Granger que conquistaram o interesse desses pobres rapazes.
"Ela é realmente feia" diz Pansy Parkinson, uma estudante bonita e viva do quarto ano, "mas é bem capaz de preparar uma Poção do Amor, tem bastante inteligência para isso. Acho que foi isso que ela fez.”
– O que? – Remo disse indignado – Isso é completamente ridículo! Hermione não precisaria fazer uma poção de amor! Mesmo sendo inteligente o bastante para isso! Você não faria isso porque você simplesmente não precisa! – completou, encarando Hermione confiante – Você é uma garota incrível, nunca precisaria fazer esse tipo de coisa.
– E todos nós definitivamente sairíamos com você se não fossemos correr o risco de ter o braço arrancado pelo Rony. – Sirius brincou, concordando com Remo enfaticamente.
As poções do amor são naturalmente proibidas em Hogwarts, e sem dúvida Alvo Dumbledore irá querer apurar essas afirmações. Entrementes, os simpatizantes de Harry Potter fazem votos que, da próxima vez, ele entregue seu coração a uma candidata que o mereça.
– É isso. – Lily gemeu desconfortável – Harry é muito popular no mundo bruxo, todo mundo o conhece, todo mundo o admira… Ela quer colocar todo o nosso mundo contra você.
– E como eu te disse, – Sirius bufou – As pessoas que acreditam nesse tipo de coisa podem ser muito irracionais… É melhor começar a tomar cuidado!
— Eu disse a você! — sibilou Rony para Hermione que continuava a olhar o artigo abobada. — Eu disse pra você não aborrecer Rita Skeeter! Ela fez você parecer uma espécie de... Jezabel!
Hermione desfez o ar perplexo e soltou uma risada abafada.
– Que ótimo que você consegue rir nessa situação. – Alice disse, ligeiramente aliviada – Se fosse comigo, estaria arrasada…
– Hermione é madura. – Lily disse orgulhosa – Ela não vai deixar uma mulherzinha como Skeeter e essas garotas nojentas da Sonserina atingirem ela!
– Você não estão pensando na repercussão que essa matéria pode ter. – Sirius disse austero.
— Jezabel! — repetiu ela, sacudindo o corpo de tanto conter o riso e olhando para Rony.
— O que mamãe diz que elas são — murmurou Rony, suas orelhas tornando a corar.
— Se isso é o melhor que Rita é capaz de escrever, então ela está perdendo o jeito — disse Hermione, ainda dando risadinhas e atirando o Semanário das Bruxas em uma cadeira vazia do lado. — Que monte de lixo.
Hermione olhou para os colegas da Sonserina, que observavam ela e Harry com atenção, do outro lado da sala, para ver se tinham se chateado com o artigo.
A garota deu um sorriso irônico e acenou para o grupinho. Em seguida ela, Harry e Rony começaram a desempacotar os ingredientes que iriam precisar para a Poção da Sagacidade.
— Mas tem uma coisa engraçada — disse Hermione dez minutos depois, segurando o pilão suspenso sobre uma tigela de escaravelhos. — Como é que a Rita Skeeter poderia ter sabido...?
– Ela acertou alguma coisa nesse artigo? – Tiago perguntou espantado.
— Sabido o quê? — perguntou Rony depressa. — Você não andou preparando Poções de Amor, andou?
— Deixe de ser retardado — retorquiu Hermione, recomeçando a pilar os escaravelhos. — Não, é só que... Como foi que ela soube que Vítor me convidou para visitá-lo no verão?
Hermione ficou escarlate ao dizer isso e deliberadamente evitou os olhos de Rony.
— Quê? — exclamou Rony, deixando cair o pilão com estrépito.
— Ele me convidou logo depois de ter me tirado do lago — murmurou Hermione. — Assim que se livrou da cabeça de tubarão. Madame Pomfrey nos deu cobertores e então ele meio que me puxou para longe dos juizes, para eles não ouvirem, e me perguntou, se eu não estivesse fazendo nada no verão, se eu gostaria de...
– Mas ela não tem como saber isso! – Sirius exclamou exaltado – Skeeter não estava nem perto do lago no dia da segunda prova! Vocês teriam visto ela.
– E Krum me levou para longe de todo mundo. – Hermione confidenciou – Não tinha ninguém perto de onde ele conversou comigo…
– E vocês dizem que Skeeter não estava perto de Hagrid no dia do baile. – Tiago perguntou a Rony e Harry pensativo – Ela com toda a certeza tem um bom disfarce… Mas não pode ser apenas uma transfiguração facial ou algo do tipo… Não tinha ninguém perto quando Mione falou com Krum…
– No que está pensando? – Lily perguntou curiosa.
– Que ela precisa estar invisível. – Tiago deu de ombros – Resta saber como…
— E o que foi que você respondeu? — perguntou Rony, que apanhara o pilão e estava amassando a mesa, a bem quinze centímetros do caldeirão, porque não tirava os olhos de Hermione.
— E ele realmente disse que nunca se sentira desse jeito com nenhuma garota, — continuou ela, tão vermelha agora que Harry até podia sentir o calor que emanava do corpo dela — mas como é que Rita Skeeter poderia ter ouvido? Ela não estava lá... Ou estava? Vai ver ela tem uma Capa da Invisibilidade, vai ver entrou escondida na propriedade para assistir à segunda tarefa...
– Ela até poderia ter uma capa de invisibilidade. – Tiago ponderou – Serviria perfeitamente para ela ouvir a conversa de Hagrid com Maxime… Mas não seria viável na segunda tarefa, Moody teria percebido se ela estivesse ali sob uma capa. E ela provavelmente teria um comportamento suspeito o bastante para ele denunciá-la.
— E que foi que você respondeu? — repetiu Rony, batendo o pilão com tanta força que fez uma mossa na mesa.
— Bem, eu estava tão ocupada vendo se você e Harry estavam OK. Que...
– Agora está explicado porque Krum estava tão mal humorado quando Harry e Rony saíram da água. – Alice disse sorrindo para Hermione – Você estava tão preocupada com eles que nem respondeu ao convite de Krum para visitá-lo no verão…
– Queria saber qual seria a sua resposta. – Lily disse curiosa, fazendo Rony bufar desconfortável.
— Por mais fascinante, sem dúvida, que seja sua vida social, Srta. Granger, — disse uma voz gélida bem atrás deles — devo lhe pedir para não discuti-la em minha aula. Dez pontos a menos para Grifinória.
Snape havia deslizado silenciosamente até a mesa dos garotos enquanto eles conversavam. A turma inteira agora foi se virando para olhá-los, Malfoy aproveitou a oportunidade para lampejar o “POTTER FEDE” lá do outro lado da masmorra.
— Ah... E lendo revistas embaixo da mesa? — acrescentou Snape, agarrando o exemplar do Semanário das Bruxas. — Outros dez pontos a menos para Grifinória... Ah, mas naturalmente... — os olhos negros de Snape brilharam ao recair sobre o artigo de Rita Skeeter — Potter tem que manter em dia os seus recortes de jornais e revistas sobre ele...
– Você não consegue ser mais desagradável que isso? – Sirius perguntou entediado – Está começando a ficar repetitivo!
A masmorra ecoou as risadas dos alunos da Sonserina, e um sorriso desagradável crispou a boca fina de Snape. Para fúria de Harry, o professor começou a ler o artigo em voz alta:
— A mágoa secreta de Harry Potter... Ai, ai, ai, Potter, onde é que está doendo agora? Um garoto excepcional, talvez...
Harry sentia o rosto arder agora. Snape parava ao fim de cada frase para permitir aos alunos da Sonserina rirem à vontade. O artigo parecia dez vezes pior lido pelo professor.
– Imagino que tenha sido bem desagradável repassar tudo isso com Ranhoso lendo. – Sirius disse irritado – Não basta ser um mal acabado infeliz, precisa descontar nos alunos, não é?
– Seu eu-futuro é digno de pena. – Lily disse com a voz carregada de ojeriza – E você querer se tornar essa pessoa odiosa, é ainda mais ridículo.
Severo suspirou profundamente antes de voltar a ler, na verdade já estava pensando que seu destino era muito infeliz há algum tempo, mas não sabia ainda o que havia causado aquele futuro, e por isso não estava preparado para lidar com seus sentimentos em relação àquilo…
— Os simpatizantes de Harry Potter fazem votos que, da próxima vez, ele entregue seu coração a uma candidata que o mereça. Que coisa comovente — debochou Snape, enrolando a revista ao som das gargalhadas dos garotos da Sonserina. — Bem, acho melhor separar vocês três, para que possam se concentrar nas poções em lugar dos desencontros de suas vidas primorosas. Weasley, fique onde está. Srta. Granger, lá, ao lado da Srta. Parkinson. Potter, naquela carteira em frente à minha escrivaninha. Mexam-se. Agora.
Furioso, Harry jogou seus ingredientes e a mochila no caldeirão e arrastou-o até uma mesa vazia na frente da sala. Snape o acompanhou, sentou-se à própria escrivaninha e observou Harry descarregar o caldeirão. Decidido a não olhar para Snape, Harry retomou a tarefa de pilar os escaravelhos, imaginando que cada um deles tinha a cara do professor.
— Toda essa atenção da imprensa parece ter inchado a sua cabeça que já é demasiado grande, Potter — disse Snape em voz baixa, depois que o restante da turma se aquietou.
– Agora além de se esforçar para humilhar Harry em publico, – Sirius disse estreitando os olhos para Snape – Ranhoso também gosta de assediar Harry em particular?
– Isso é perseguição! – Remo disse irritado – Não é nem um pouco profissional! Mas não devia me surpreender, você não foi um bom professor em momento algum!
– Essa atitude não é nem um pouco saudável para você, sabia? – Tiago disse encarando Snape com uma calma excessiva – Eu diria que você é obcecado pelo Harry… Me pergunto o por quê…
Severo trincou os dentes desconfortável, tinha alguma ideia do motivo pelo qual seu eu-futuro era tão obcecado pelo garoto, mas não gostaria que o resto das pessoas da sala soubesse.
Harry não respondeu. Sabia que o professor estava tentando provocá-lo, já fizera isso antes. Sem dúvida esperava ter uma desculpa para descontar cinqüenta pontos redondos da Grifinória antes do fim da aula.
— Você talvez esteja vivendo a ilusão de que o mundo da magia inteiro está impressionado com você, — continuou Snape, em voz tão baixa que mais ninguém podia ouvi-lo (Harry continuou a pilar os escaravelhos, embora já os tivesse reduzido a um pó muito fino) — mas eu não me impressiono com o número de vezes que sua foto aparece nos jornais. Para mim, Potter, você não passa de um menininho mau caráter que acha que está acima dos regulamentos.
– É realmente intrigantever que mais de 15 anos se passaram, e você continua sem conseguir superar o fato de Tiago ser mais interessante que você. – Sirius sibilou para Severo.
– Não se dê ao trabalho Sirius. – Tiago disse com superioridade – Alguma hora você vai ter que enxergar o infeliz que se tornou, – continuou encarando Severo – e talvez você aprenda alguma coisa com isso.
Lily olhou para Tiago encantada, ele estava tão maduro naquele momento, tão superior, que ela entendia perfeitamente porque se casariam.
Severo estava completamente irritado, é claro que estava vendo o que se tornaria, e não gostava do que via, mas detestava ser obrigado a aturar as provocações dos marotos cada vez que seu eu-futuro fazia algo com Harry. Snape segurava o livro com tanta força que os nós de seus dedos estavam brancos, e ele teve que respirar fundo várias vezes antes de continuar lendo.
Harry virou os escaravelhos pulverizados no caldeirão e começou a cortar as raízes de gengibre. Suas mãos tremiam levemente de raiva, mas ele mantinha os olhos baixos, como se nem ouvisse o que Snape dizia.
— Portanto, eu vou lhe dar um aviso, Potter — continuou o professor, num tom de voz mais suave e perigoso — seja você uma celebridade mirim ou não, se eu o apanhar invadindo a minha sala outra vez...
— Eu não cheguei nem perto da sua sala! — disse Harry com raiva, esquecendo sua fingida surdez.
— Não minta para mim sibilou Snape, — seus abissais olhos negros perfurando os de Harry. — Ararambóia, Guelricho. Ambos saíram do meu estoque particular e eu sei quem foi que os roubou.
– É óbvio que Dobby roubou o guelricho da sala de Snape para te dar. – Lily suspirou cansada – Então é claro que ele pensaria que você roubou… Mas Hermione roubou a ararambóia no segundo ano! Ele não demoraria tanto tempo para te acusar… E para mim ele nem tinha reparado na época.
– Também acho um momento muito estranho para lembrar disso. – Tiago disse pensativo – Talvez alguma outra pessoa tenha roubado a ararambóia mais recentemente… E ele pensou que Harry tivesse roubado os dois por causa do guelricho.
– Faz todo o sentido… – Sirius concordou enfático – Mas se alguém roubou ararambóia do estoque de Snape recentemente… Só pode ter sido Crouch… Encaixaria perfeitamente com tudo o que pensamos quando soubemos que ele andava pela sala de Snape…
– Mas porque Crouch roubaria ararambóia? – Remo perguntou confuso – Isso não faz sentido algum!
– Ararambóia não é um ingrediente comum. – Snape murmurou deslocado – Não é possível comprar ararambóia legalmente sem uma autorização especial. Mas não tenho ideia de para que Crouch roubaria ararambóia do estoque… A pele é usada em diversas poções avançadas…
– Inclusive na Polissuco. – Lily completou pensativa – Mas Crouch não teria motivos para fazer a Polissuco.
– Ele pode ter precisado para alguma das outras poções avançadas. – Alice deu de ombros – Mas só vamos saber se continuarmos lendo…
Harry sustentou o olhar de Snape, decidido a não piscar, nem fazer cara de culpado. Na verdade, ele não roubara nenhuma das duas coisas de Snape.
Hermione tirara a ararambóia no segundo ano, — tinham precisado dela para a Poção Polissuco — e embora Snape suspeitasse de Harry na ocasião, nunca pudera comprovar sua suspeita. Dobby, naturalmente, roubara o guelricho.
– Eu realmente não acho que Snape esteja se referindo a algo que aconteceu dois anos antes. – Tiago disse categórico – Ele chegou a desconfiar de Harry quando viu o ovo e o mapa no dia em que Crouch entrou na sala dele!
— Não sei do que o senhor está falando — mentiu Harry com frieza.
— Você estava fora da cama na noite em que a minha sala foi invadida! — sibilou Snape. — Eu sei disso, Potter! Agora talvez Olho-Tonto Moody tenha entrado para o seu fã-clube, mas eu não vou tolerar o seu comportamento! Mais um passeio noturno à minha sala, Potter, e você vai me pagar!
— Certo! — respondeu Harry calmamente, voltando sua atenção para as raízes de gengibre. — Me lembrarei disso se algum dia sentir um impulso de entrar lá.
– Até o momento, – Remo disse pensativo – a única vez que você entrou na sala de Snape foi quando vocês atropelaram o salgueiro lutador…
– E só entramos porque fomos obrigados. – Rony ressaltou.
Os olhos de Snape faiscaram. Ele mergulhou a mão nas vestes negras. Por um segundo delirante Harry pensou que ele ia puxar a varinha e amaldiçoá-lo. Então viu que o professor tirara um frasquinho de cristal com uma poção totalmente cristalina. Harry ficou olhando fixamente para o frasco.
– Veritaserum? – Lily perguntou olhando feio para Severo – Você está ameaçando Harry com Veritaserum mesmo sabendo muito bem que a poção tem seu uso controlado pelo ministério da magia? Seu eu-futuro é ainda mais baixo do que pensei…
– Ameaçar os alunos não é nada certo. – Remo concordou enfático – Mas o que mais poderíamos esperar de alguém como você… Nem ao menos é a primeira vez que você ameaça Harry!
— Sabe o que é isso, Potter? — perguntou Snape, com os olhos mais uma vez brilhando perigosamente.
— Não — respondeu Harry desta vez com absoluta honestidade.
— É Veritaserum, uma Poção da Verdade tão potente que três gotas fariam você confessar os seus segredos mais íntimos para a turma inteira ouvir — disse Snape maldosamente. — Agora, o uso desta poção é controlado por rigorosas diretrizes do Ministério. Mas a não ser que você tome cuidado com o que faz, vai acabar descobrindo que a minha mão pode escorregar sem querer — ele sacudiu de leve o frasquinho de cristal — bem em cima do seu suco de abóbora da noite. Então, Potter... Então descobriremos se você esteve ou não na minha sala.
– Só para você saber, – Remo disse para Harry – você só contaria a Snape o que ele perguntasse. Se ele perguntasse, por exemplo, se você roubou a ararambóia da sala dele, você provavelmente diria que não. E o mesmo em relação ao guelricho…
– Mesmo assim seria perigoso, – Sirius disse balançando as pernas ansioso – Snape poderia perguntar se Harry sabe quem roubou… E então Hermione e Dobby teriam problemas…
– E não acho que Snape tenha esquecido a fuga de Sirius e a certeza que ele teve de que Harry ajudou. – Tiago bufou irritado – Acho melhor Harry não beber nada que tenha ficado fora da sua vista… Só para garantir.
Harry não respondeu. Voltou mais uma vez sua atenção para as raízes de gengibre, apanhou uma faca e começou a cortá-las. Não gostou nem um pouco daquela história de Poção da Verdade, nem duvidou que Snape fosse capaz de ministrá-la furtivamente. Conteve um tremor ao pensar no que poderia sair sem querer de sua boca se tomasse a poção... Sem falar que deixaria um bocado de gente em apuros — Hermione e Dobby, para começar — havia ainda todo o resto que ele estava escondendo... Como o fato de estar em contato com Sirius... E — suas entranhas reviraram só de pensar — seus sentimentos por Cho...
– Sério? – Gina bufou sem esconder a irritação – Você acha que qualquer coisa em relação a essa garota se compara a denunciar o Sirius, o Dobby e a Mione?
Harry suspirou constrangido, mas não respondeu.
– Você era realmente idiota... – Gina continuou – Achando que alguém se interessa pelas suas paixonites!
O garoto acrescentou as raízes de gengibre ao caldeirão e se perguntou se deveria, se guiar pela cartilha de Moody e começar a beber apenas de um frasco de bolso só seu.
– Não acho que precise tanto. – Tiago deu de ombros – Apenas não beba nada que tenha sido tirado da sua vista… E não beba se a pessoa que te ofereceu não estiver bebendo o mesmo.
Houve uma batida na porta da masmorra.
— Entre — disse Snape, com a sua voz habitual.
A turma olhou quando a porta se abriu. O Professor Karkaroff entrou. Todos o observaram se dirigir à escrivaninha de Snape. Estava enrolando o dedo na barbicha outra vez e parecia agitado.
— Precisamos conversar — disse Karkaroff abruptamente, ao chegar perto de Snape.
– Karkaroff chegou ao ponto de invadir a sala de aulas para conversar com Snape… – Remo disse desconfiado – Deve estar realmente apavorado com o que quer que seja.
Parecia tão decidido a não deixar ninguém ouvir o que estava dizendo que mal abria a boca, era como se fosse um ventríloquo medíocre. Harry manteve os olhos nas raízes de gengibre, mas apurou os ouvidos.
— Falarei com você quando terminar a aula, Karkaroff. — murmurou Snape, mas o colega o interrompeu.
— Quero falar agora que você não pode fugir, Severo. Você tem me evitado.
— Depois da aula — retrucou Snape com rispidez.
Sob o pretexto de erguer uma xícara graduada e ver se medira suficiente bile de tatu, Harry arriscou um olhar de esguelha para os dois. Karkaroff parecia extremamente preocupado e Snape, aborrecido.
– Porque Karkaroff estava sendo extremamente burro. – Sirius afirmou categórico – Ele entrou em uma sala cheia de testemunhas para conversar com Snape, e nem pensou em quem poderia estar ouvindo.
– Sinais de que ele está desesperado mesmo. – Remo concordou.
Karkaroff ficou rondando atrás da escrivaninha de Snape durante o resto da aula. Parecia decidido a impedir que o colega escapulisse no fim da aula.
Interessado em ouvir o que Karkaroff queria dizer, Harry derrubou intencionalmente um frasco de bile de tatu dois minutos antes de tocar a sineta, o que lhe deu uma desculpa para se agachar atrás do caldeirão e limpar o chão, enquanto o restante da turma se deslocava ruidosamente para a porta.
— Que é que é tão urgente assim? — o garoto ouviu Snape sibilar para Karkaroff.
— Isto — disse Karkaroff, e Harry, espiando por cima do caldeirão, viu o bruxo levantar a manga esquerda das vestes e mostrar a Snape alguma coisa do lado interno do antebraço. — Então? — disse Karkaroff, ainda fazendo esforço para não mexer a boca. — Está vendo? Nunca esteve tão nítida assim, nunca desde...
– Só pode ser a marca. – Tiago disse pensativo – Já é a segunda vez que vemos Karkaroff ir atrás de Snape porque algo no braço está ficando nítido.E ainda não esquecemos o modo como Snape segurou o braço quando encontrou Moody…
– O que eu não entendo é porque a marca estaria ficando mais ou menos nítida. – Sirius disse coçando a cabeça confuso – A única marca que vi na vida foi a de Bellatrix, e a dela é bem nítida… Não sei se desbotaria…
– Vamos ouvir o resto da conversa deles, – Remo disse apreensivo – talvez eles deixem mais alguma coisa escapar sem perceber que Harry está ouvindo.
— Cubra isso! — rosnou Snape, seus olhos negros percorrendo a sala.
— Mas você deve ter reparado — começou Karkaroff com a voz agitada.
— Podemos conversar mais tarde, Karkaroff — vociferou Snape. — Potter! Que é que você está fazendo?
— Limpando a minha bile de tatu, professor — disse o garoto inocentemente, se erguendo e mostrando o trapo encharcado que tinha nas mãos.
Karkaroff deu meia-volta e saiu da masmorra. Parecia ao mesmo tempo preocupado e aborrecido.
Não querendo ficar sozinho com um Snape excepcionalmente raivoso, Harry atirou os livros e os ingredientes para dentro da mochila e saiu bem depressinha para contar a Rony e Hermione o que acabara de presenciar.
– Nós realmente estávamos nos perguntando o que você estava fazendo na sala. – Hermione contou – Rony estava com medo de Snape ter feito algo com você…
– Ele parecia bem ameaçador enquanto você estava lá na frente com ele antes do Karkaroff entrar. – Rony encolheu os ombros – E todo mundo sabe que ele te odeia!
Os três saíram do castelo ao meio-dia no dia seguinte e depararam com um jardim iluminado por um sol fraco. O tempo estava mais ameno do que estivera o ano inteiro e na altura em que chegaram a Hogsmeade os garotos já haviam despido as capas e jogado-as sobre os ombros. A comida que Sirius pedira para eles trazerem ia na mochila de Harry; tinham surrupiado uma dúzia de coxas de galinha, um pão de forma e uma garrafa de suco de abóbora da mesa do almoço.
– Vocês podiam ter enchido as mochilas de Rony e Hermione na cozinha… – Tiago disse observando Sirius preocupado – Se você chegou ao ponto de pedir comida para Harry, deve estar com muita dificuldade de se alimentar…
Foram até a Trapo Belo Moda Mágica comprar um presente para Dobby, onde se divertiram escolhendo as meias mais espalhafatosas que conseguiram encontrar, inclusive um par com estrelas douradas e prateadas que piscavam, e outro que berrava quando ficava fedorento demais. Então, à uma e meia eles subiram a rua Principal, passaram a Dervixes & Bangues e saíram em direção aos arredores do povoado.
Harry nunca fora para aqueles lados antes. A estradinha serpeante os levou para os campos sem cultivo em torno de Hogsmeade. As casas ficavam mais espaçadas ali e os jardins maiores, os garotos caminhavam em direção ao morro a cuja sombra se situava Hogsmeade. Então fizeram uma curva e viram a escada no fim da estradinha.
À espera deles, as patas dianteiras apoiadas no degrau mais alto, havia um enorme cão preto, que segurava alguns jornais na boca e parecia bastante familiar...
Tiago não conseguiu segurar um suspiro aliviado.Percebendo que ele estava tenso sem saber se Sirius estava realmente bem, Lily apertou sua mão com carinho.
— Olá, Sirius — disse Harry, quando chegaram mais perto.
O cachorro farejou, ansioso, a mochila de Harry, abanou uma vez o rabo, depois deu as costas e começou a se afastar atravessando o mato ralo que subia ao encontro do sopé rochoso do morro.
– Meu faro é ótimo. – Sirius disse ligeiramente convencido.
– Uma vez nós obrigamos Sirius a se transformar para procurar o estoque de chocolates de Remo. – Tiago afirmou risonho.
– E é claro que eu encontrei em tempo recorde. – Sirius disse com uma risada semelhante a um latido – Estavam escondidos em um buraco no tablado da cama dele!
– Vocês poderiam simplesmente ter ido à dedosdemel. – Remo bufou contrariado – Eu estou sempre precisando encontrar esconderijos novos…
– Não podíamos ir à dedosdemel. – Tiago deu de ombros em tom de justificativa – Foi na época em que os proprietários da loja colocaram várias caixas em cima da passagem! Se pudéssemos simplesmente ir a dedosdemel, iríamos!
– Mas quando vocês vão à Hogsmead pela dedosdemel durante a noite, os donos da loja não acham estranho? – Lily perguntou confusa – Como vocês compram doces no meio da noite?
– Tecnicamente nós não encontramos os donos… – Sirius disse coçando a cabeça ligeiramente culpado.
– Vocês roubam? – Lily perguntou abismada.
– É claro que não! – Tiago respondeu um pouco ofendido – Nós pegamos os doces e deixamos o dinheiro referente a eles no caixa!
Os garotos subiram os degraus e seguiram o cachorro. Sirius levou-os exatamente para o sopé do morro, onde o terreno era coberto de pedras e pedregulhos. Era fácil para ele com suas quatro patas, mas os garotos logo ficaram sem fôlego.
Continuaram a acompanhar Sirius, que começou a subir o morro propriamente dito. Durante quase meia hora escalaram uma trilha íngreme, serpeante e pedregosa, atrás de Sirius que abanava o rabo, suando ao sol, as tiras da mochila de Harry cortando os ombros do garoto.
Então, finalmente, Sirius desapareceu de vista, e quando eles chegaram ao lugar em que ele desaparecera, viram uma fenda estreita na rocha. Espremeram-se por ela e se viram em uma caverna fresca e fracamente iluminada.
– Bom saber que essa caverna existe. – Remo disse pensativo – Acho que nunca subimos esse morro… Me pergunto como você encontrou esse lugar. – completou, encarando Sirius curioso.
– Ainda devo estar com Bicuço. – Sirius deu de ombros – Devo ter ido para Hogsmead voando e vi a caverna quando descemos… Provavelmente um golpe de sorte.
Preso a um canto, uma ponta da corda passada em volta de um pedregulho, estava Bicuço, o hipogrifo.
Metade cavalo cinzento, metade enorme águia, os olhos ferozes e alaranjados do animal brilharam ao ver os visitantes. Os três fizeram uma profunda reverência para Bicuço que, depois de fitá-los, imperiosamente, por um momento, dobrou o joelho escamoso e permitiu que Hermione corresse para acariciar o seu pescoço coberto de penas. Harry, porém, observava o cachorro preto que acabara de se transformar em seu padrinho.
Sirius estava usando vestes cinzentas rasgadas; as mesmas que usava quando deixara Azkaban.
Os cabelos negros estavam mais compridos do que da última vez que aparecera na lareira, e novamente malcuidados e embaraçados. Parecia muito magro.
– Não gosto nada disso. – Tiago bufou – Você não deve ter como comer bem o bastante em Hogsmead…
– Talvez eu tenha medo das pessoas desconfiarem de alguma coisa. – Sirius deu de ombros – Devo estar fingindo ser um cão de rua…
– As pessoas não devem estar muito caridosas. – Remo suspirou – Geralmente os trouxas são mais bondosos com cães de rua que os bruxos… Por isso você estava mais bem alimentado antes.
— Galinha! — exclamou, rouco, depois de tirar os exemplares do Profeta Diário da boca e atirá-los ao chão da caverna. Harry abriu depressa a mochila e lhe entregou o embrulho de coxas de galinha e pão.
— Obrigado — disse Sirius, abrindo-o, agarrando uma coxa, sentando-se no chão da caverna e cortando um bom pedaço com os dentes. — Quase que só tenho comido ratos. Não posso roubar muita comida de Hogsmeade; chamaria atenção para mim.
– Ratos? – Alice perguntou com cara de nojo – Não deve estar sendo nada agradável.
– Suponho que na minha forma canina não seja tão difícil assim encarar um rato. – Sirius deu de ombros – E de qualquer forma, é por uma boa causa…
– Você está se sacrificando muito para ficar perto de Harry. – Lily disse olhando para Sirius admirada – Tenho certeza de que não poderíamos escolher um padrinho melhor.
Ele sorriu para Harry, mas o garoto relutou a retribuir o sorriso.
— Que é que você está fazendo aqui, Sirius? — perguntou.
— Cumprindo minhas obrigações de padrinho — disse Sirius, mordendo o osso de galinha de um jeito muito canino. — Não se preocupe comigo, estou fingindo ser um adorável cão vadio.
Ele ainda sorria, mas, ao ver a ansiedade no rosto de Harry, continuou com mais seriedade:
— Quero estar em cima do lance. A sua última carta... Bem, digamos que as coisas estão começando a cheirar pior. E tenho roubado jornais todas as vezes que alguém joga um fora e, pelo que parece, eu não sou o único que está ficando preocupado.
Ele indicou com a cabeça os exemplares amarelados do Profeta Diário no chão da caverna, e Rony apanhou uns e abriu-os. Harry, no entanto, continuou a encarar o padrinho.
— E se eles pegarem você? E se virem você?
— Vocês três e Dumbledore são os únicos por aqui que sabem que eu sou um animago — disse Sirius sacudindo os ombros e continuando a devorar a galinha.
– O rato traidor sabe que você é um animago… – Remo disse apreensivo – E Voldemort tem um homem infiltrado em Hogwarts… E talvez ele saiba também…
– Quem trai os amigos uma vez, não hesita em trair outras. – Tiago concordou com Remo preocupado – Acho melhor que você esteja tomando muito cuidado…
– É óbvio que eu não sei que Voldemort tem alguém em Hogwarts. – Sirius deu de ombros – Devo desconfiar, não devo ter certeza… Mas eu sei que estou tomando cuidado… Azkaban deve ser um lugar horrível, e além disso, sei que eles pretendem me dar o beijo se me encontrarem.
Rony cutucou Harry e lhe passou os exemplares do Profeta Diário. Havia dois, o primeiro tinha a manchete Doença misteriosa de Bartolomeu Crouch, e o segundo, Bruxa do Ministério continua desaparecida — o Ministério da Magia agora está pessoalmente envolvido.
Harry correu os olhos pelo artigo sobre Crouch. Frases soltas destacaram-se sob seus olhos: Não é visto em público desde novembro... casa parece deserta...O Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos não quer comentar... Ministério se recusa a confirmar os boatos sobre doença grave...
– Crouch tem que estar mentindo… – Frank disse pensativo – Ele esteve em Hogwarts há poucas semanas de acordo com o mapa de vocês...
– E nosso mapa nunca mente. – Sirius interrompeu Frank.
– Então ele deve estar bem, – Frank continuou falando – e está fingindo que está doente…
– E isso é muito estranho! – Tiago concordou desconfiado – E não faz o mínimo sentido.
— Estão fazendo parecer que ele está morrendo — disse Harry lentamente. — Mas não deve estar se conseguiu vir até aqui...
— Meu irmão é assistente pessoal de Crouch — informou Rony a Sirius. — Ele diz que o cara está sofrendo de estresse.
— Veja bem, ele realmente parecia doente na última vez que eu o vi de perto — disse Harry devagar, ainda lendo o artigo. — Na noite que o meu nome foi escolhido pelo Cálice...
— Está recebendo o que merecia por despedir Winky, não? — comentou Hermione friamente. Ela acariciava Bicuço, que mastigava os ossos de galinha deixados por Sirius. — Aposto como gostaria de não ter feito isso, aposto como sente a diferença agora que ela não está mais lá para cuidar dele.
— Mione está obcecada por elfos domésticos — murmurou Rony para Sirius, lançando à garota um olhar aborrecido.
Sirius, no entanto, pareceu interessado.
— Crouch despediu o elfo doméstico dele?
— Despediu na Copa Mundial de Quadribol — disse Harry e começou a contar a história do aparecimento da Marca Negra, de Winky ter sido encontrada com a varinha de Harry na mão e da fúria do Sr. Crouch.
– Tinha me esquecido completamente de que você não sabia disso. – Tiago disse balançando as pernas ansioso – Quero ver o que você tem a dizer sobre Winky com a varinha de Harry.
Quando Harry terminou, Sirius se levantou novamente e começou a andar para cima e para baixo na caverna.
— Deixe-me entender isso direito — disse ele depois de algum tempo, brandindo mais uma coxa de galinha. — Primeiro você viu o elfo no camarote de honra. Estava guardando um lugar para Crouch, certo?
— Certo — disseram Harry, Rony e Hermione juntos.
— Mas Crouch não apareceu para assistir ao jogo?
— Não — confirmou Harry. — Acho que ele disse que esteve ocupado demais.
Sirius deu outra volta na caverna em silêncio. Então disse:
— Harry, você procurou sua varinha nos bolsos depois que deixou o camarote de honra?
– Você acha que Winky pegou a varinha de Harry no camarote? – Lily perguntou confusa – Mas porque ela faria isso?
– Acho que só lendo mesmo para saber porque penso assim. – Sirius deu de ombos, quase tão confuso quanto Lily.
— Hum... — Harry se concentrou. — Não — respondeu finalmente. — Não precisei usá-la até chegarmos à floresta. Então meti a mão no bolso e só encontrei o meu onióculo. — Ele olhou para Sirius. — Você está dizendo que quem conjurou a Marca furtou minha varinha no camarote de honra?
— É possível — disse Sirius.
— Winky não furtou a varinha! — protestou Hermione com voz aguda.
— O elfo não era o único ocupante do camarote — disse Sirius, enrugando a testa e continuando a andar. — Quem mais estava sentado atrás de você?
— Um monte de gente — respondeu Harry. — Uns ministros búlgaros... Cornélio Fudge... Os Malfoy...
— Os Malfoy! — exclamou Rony subitamente, tão alto que sua voz ecoou pelas paredes da caverna o que fez Bicuço agitar a cabeça nervosamente. — Aposto como foi o Lúcio Malfoy!
– Não. – Sirius disse resoluto – Lucio foi um dos que fugiu quando viu a marca. Tenho certeza disso. Tanto é que Draco estava na beira da floresta olhando a confusão no acampamento, provavelmente sob ordens do pai.
— Mais alguém? — perguntou Sirius.
— Não.
— Ah, sim, tinha o Ludo Bagman — lembrou Hermione a Harry.
— Ah, foi...
— Não sei nada sobre o Bagman, exceto que costumava bater para os Wimbourne Wasps — disse Sirius, ainda andando. — Que tal é ele?
– Interessante. – Remo disse coçando o queixo – Se você não sabe nada sobre Bagman, ele não deve ter tido nenhum envolvimento visível com a guerra… Mas ainda assim, Winky diz que Bagman é um bruxo malvado e Skeeter diz que tem muitos podres dele…
– No caso de Skeeter, – Tiago bufou – ela acha que qualquer coisa é um podre… Provavelmente pensaria que Sirius entrar na Grifinória e não na Sonserina daria matéria de capa. Vocês viram a matéria patética que ela escreveu sobre Hermione!
– Mas isso não explica Winky. – Remo disse encolhendo os ombros para Tiago.
– Talvez ela simplesmente saiba que ele é viciado em apostas. – Tiago cogitou, levantando as mãos em sinal de incerteza – Crouch me parece o tipo de pessoa que seria totalmente contra apostas.
— OK. — disse Harry. — Fica o tempo todo se oferecendo para me ajudar no Torneio Tribruxo.
— Fica, é? — perguntou Sirius, aprofundando as rugas na testa. — Por que será que ele faria isso?
— Disse que se afeiçoou a mim.
— Hum — murmurou Sirius pensativo.
— Nós o vimos na floresta pouco antes da Marca Negra aparecer — contou Hermione a Sirius. — Vocês lembram? — perguntou ela a Harry e Rony.
— Lembramos, mas ele não ficou na floresta, não foi? — disse Rony. — Assim que falamos do tumulto, ele saiu para o acampamento.
— Como é que você sabe? — disparou Hermione. — Como é que você sabe para onde foi que ele desaparatou?
— Pode parar, — disse Rony incrédulo — você está dizendo que acha que Ludo Bagman conjurou a Marca Negra?
— É mais provável que ele tenha feito isso do que Winky — retrucou a menina teimosamente.
– Com certeza é mais provável que ele tenha conjurado a marca que a Winky, – Tiago disse concordando com Hermione – mas ainda assim é altamente improvável!
– Só porque ele era um jogador de quadribol? – Snape perguntou desdenhoso.
– Não, – Tiago revirou os olhos – porque ele não faz o tipo.
– Pedro não fazia o tipo. – Remo disse sem esconder a decepção.
– Nós não víamos, mas é claro que ele fazia, sempre gostou de ter tudo na mão, e de estar protegido por pessoas mais fortes que ele. – Sirius bufou irritado.
— Eu lhe disse, — falou Rony dando um olhar significativo para Sirius — eu lhe disse que ela está obcecada por elfos...
Mas Sirius ergueu a mão para calar Rony.
— Depois que a Marca Negra foi conjurada e o elfo descoberto segurando a varinha de Harry, que foi que o Crouch fez?
— Foi procurar no meio das moitas, — disse Harry — mas não havia mais ninguém lá.
— Claro, — murmurou Sirius andando para cima e para baixo — claro, ele teria querido pôr a culpa em qualquer um menos no próprio elfo... E então o despediu?
— Foi, — disse Hermione num tom acalorado — despediu, só porque ela não tinha ficado na barraca esperando ser pisoteada...
— Hermione, será que você pode dar um tempo com esse elfo? — pediu Rony.
Mas Sirius balançou a cabeça e disse;
— Ela avaliou Crouch melhor do que você, Rony. Se você quer saber como um homem é veja como ele trata os inferiores, e não os seus iguais.
– É um belo conselho. – Lily murmurou observando Tiago atentamente, ele tinha tudo, e ainda assim era caridoso com todos, independente de suas origens e de sua posição na sociedade.
O bruxo passou a mão pelo rosto barbudo, evidentemente se concentrando.
— Todas essas ausências de Bartô Crouch... Ele se dá ao trabalho de garantir que seu elfo guarde um lugar para ele na Copa Mundial de Quadribol, mas não se importa de ir assistir. Ele trabalha com afinco para reestabelecer o Torneio Tribruxo, e em seguida para de comparecer também... Isto não se parece nada com o Crouch. Se ele alguma vez tiver faltado ao trabalho por causa de doença, eu como o Bicuço.
— Você conhece o Crouch, então? — perguntou Harry.
O rosto de Sirius ficou sombrio. Inesperadamente pareceu tão ameaçador quanto na noite em que Harry o viu pela primeira vez, quando o garoto ainda acreditava que o padrinho fosse um assassino.
— Ah, eu conheço Crouch, sim — disse ele em voz baixa. — Foi quem deu a ordem para me mandar para Azkaban, sem julgamento.
– O que? – Tiago gritou abismado – Eu achava que Crouch era um cara que gostava de seguir as regras! Achava que ele era justo!
– Pelo jeito não. – Sirius suspirou chateado – Eu não tive nem chance de me defender e dizer que era tudo mentira por culpa dele!
— Quê?— exclamaram Rony e Hermione juntos.
— Você está brincando! — disse Harry.
— Não, não estou — respondeu Sirius, enchendo a boca de galinha. — Crouch costumava ser chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia, vocês não sabiam?
– Por isso estranhamos ele ter sido rebaixado para o departamento de cooperação internacional em magia... – Frank disse pensativo – Achava que ele seria o próximo ministro.
Harry, Rony e Hermione balançaram as cabeças.
— Previa-se que ele fosse o próximo Ministro da Magia. Ele é um grande bruxo, Bartô Crouch, de grande poder mágico, e de grande fome de poder. Ah, nunca foi partidário de Voldemort — acrescentou, ao ver a expressão no rosto de Harry. — Não, Bartô Crouch sempre foi abertamente contra o partido das trevas. Mas, por outro lado, muita gente que era contra o lado das trevas... Bem, vocês não entenderiam... São muito jovens...
— Foi isso que papai me disse na Copa Mundial — disse Rony, com um quê de irritação na voz. — Experimente nos contar.
Um sorriso perpassou o rosto magro de Sirius.
– É claro, – Sirius disse, trocando um olhar cúmplice com Tiago – vocês sabem que estou morando com a família de Tiago, não é? – perguntou retoricamente.
– Meu pai está sempre falando de política e do ministério, – Tiago contou – e está sempre nos dizendo que somos jovens demais para entender… Mas depois de insistirmos um pouco, ele sempre nos explica tudo o que está acontecendo… E nós entendemos.
– Então acho que percebi que estava falando exatamente como odiava que os adultos falassem comigo. – Sirius disse com uma risada – Parece que me tornei um adulto mesmo.
— Está bem, vou experimentar...
Ele andou até um lado da caverna, voltou e então disse:
— Imaginem que Voldemort detivesse o poder agora. Vocês não sabem quem são os partidários dele, não sabem quem está e quem não está trabalhando para ele, vocês sabem que ele é capaz de controlar as pessoas para que façam coisas terríveis sem conseguir se conter. Vocês próprios estão apavorados, suas famílias e amigos, também. Toda semana vocês têm notícias de mais mortes, mais desaparecimentos, mais torturas... O Ministério da Magia está desestruturado, não sabe o que fazer, tenta ocultar dos trouxas o que está acontecendo, mas nesse meio tempo os trouxas estão morrendo também. Terror por toda parte... Pânico... Confusão... Era assim que costumava ser.
– É exatamente assim. – Lily disse com um tremor – Eu já pensei várias vezes em contar o que está acontecendo no nosso mundo bruxo para os meus pais… Mas tenho medo que eles fiquem apavorados e resolvam me tirar da escola, tentando me proteger.
– Deve ser bem mais difícil para eles entenderem do que para os nossos pais. – Tiago disse compreensivo – Eles não sabem que Hogwarts é o lugar mais seguro do nosso mundo, e nem que Voldemort teme Dumbledore, e enquanto Dumbledore estiver aqui a escola estará a salvo.
– Eu sei como você se sente. – Hermione disse com um meio sorriso para Lily – Eu sempre tive um ótimo relacionamento com meus pais, mas não posso contar a eles tudo o que acontece na escola… Eles nunca entenderiam.
— Bem, tempos assim fazem vir à tona o que alguns têm de melhor e o que outros têm de pior. Os princípios de Crouch podem ter sido bons no início, eu não saberia dizer. Ele subiu rapidamente no Ministério e começou a mandar executar medidas muito severas contra os partidários de Voldemort. Os aurores receberam novos poderes, para matar em vez de capturar, por exemplo. E eu não fui o único a ser entregue diretamente aos dementadores sem julgamento.
– Mas isso é horrível! – Remo disse chocado – E errado… Então Sirius teve sorte de ser apenas capturado…
– Isso é contra todas as leis! – Tiago disse irritado – E se a pessoa for inocente como o Sirius e acabar morto? O que aconteceu com o direito de defesa? Tudo isso é simplesmente errado! Crouch acabou se tornando quase tão ruim quanto os Comensais da Morte! Matar em vez de capturar não faz ele nada melhor do que Voldemort!
— Crouch combateu violência com violência e autorizou o uso das Maldições Imperdoáveis contra os suspeitos. Eu diria que ele se tornou tão impiedoso e cruel quanto muitos do lado das trevas. Ele tinha os seus partidários, me entendam, muita gente achava que ele estava tratando o problema corretamente, e havia bruxas e bruxos exigindo que ele assumisse o Ministério da Magia.
– É o que o Sirius disse, – Tiago disse desolado – o povo pode ser extremamente irracional.
— Quando Voldemort sumiu, pareceu que era apenas uma questão de tempo para Crouch assumir o posto maior no Ministério. Mas então aconteceu uma infelicidade... — Sirius sorriu amargurado. — O único filho de Crouch foi apanhado com um grupo de Comensais da Morte que tinham conseguido sair de Azkaban contando uma boa história. Aparentemente pretendiam encontrar Voldemort para reconduzi-lo ao poder.
– Crouch Jr.? – Sirius perguntou incomodado – Eu devia saber que ele se envolveria com as Artes das Trevas… Régulo sempre foi atirado para esse lado pelos meus pais, e o garoto Crouch é amigo dele… E estão sempre envolvidos com os piores garotos da Sonserina… – completou observando Snape de soslaio.
– Espero que seu irmão não tenha se envolvido. – Tiago suspirou remexendo-se no sofá – Eu sei como você se sente mal por Régulo continuar sob a influencia dos seus pais…
– Eu só posso esperar que eu tenha conseguido colocar alguma coisa boa na cabeça dele enquanto ainda morava com meus pais. – Sirius disse baixando os olhos triste.
— O filho de Crouch foi apanhado? — exclamou Hermione.
— Foi — disse Sirius, atirando o osso de galinha para Bicuço, e voltando a se sentar ao lado da fôrma de pão, que ele cortou ao meio. — Imagino que tenha sido um choque e tanto para o velho Bartô. Deveria ter passado mais tempo em casa com a família, não acham? Deveria ter saído do escritório mais cedo um dia... Procurado conhecer o filho.
Sirius começou a devorar grandes bocados de pão.
— O filho dele era mesmo um Comensal da Morte? — perguntou Harry.
— Não faço idéia — respondeu o padrinho, enfiando mais pão na boca. — Eu mesmo estava em Azkaban quando o trouxeram. Descobri a maior parte do que estou contando depois que saí. O rapaz foi sem a menor dúvida apanhado em companhia de gente que, posso apostar minha vida, era Comensal da Morte, mas ele talvez estivesse no lugar errado na hora errada, como esse elfo doméstico.
– E agora acho que estou apenas tentando amenizar algumas coisas… – Sirius deu de ombros – Eu sei que ele se envolve com garotos que querem ser comensais da morte… É claro que ele pode apenas ter sido arrastado para a ação pelos amigos, sem saber o que estava acontecendo…
Entretanto, Tiago não estava prestando toda a sua atenção em Sirius, ele havia reparado que Neville tinha os punhos e dentes cerrados e gostaria de entender o por quê.
— Crouch tentou e conseguiu livrar o filho? — sussurrou Hermione.
Sirius deu uma risada que pareceu muito mais um latido.
— Crouch livrou o filho? Achei que você o tinha avaliado corretamente, Hermione. Qualquer coisa que ameaçasse manchar a reputação dele precisava ser afastada, ele dedicou a vida inteira a chegar a Ministro da Magia. Vocês viram ele dispensar um dedicado elfo doméstico porque o associou com a Marca Negra, isso não diz a vocês que tipo de pessoa ele é? O máximo a que sua afeição paternal chegou foi dar ao filho um julgamento e, é voz geral, que isso não passou de uma desculpa para Crouch mostrar como detestava o rapaz... depois mandou-o direto para Azkaban.
– Não consigo decidir o que seria pior. – Alice murmurou consternada – O garoto ter um julgamento apenas para ser humilhado publicamente pelo pai ou se ele fosse mandado para Azkaban sem julgamento algum.
– Acho que a humilhação pública é um pouco pior… Já que ele foi condenado de qualquer forma. – Frank deu de ombros – Mas talvez o garoto fosse inocente…
Neville, que tinha as unhas enterradas nas palmas das mãos, foi obrigado a respirar fundo para se acalmar, o que não passou despercebido a Tiago.
— Ele entregou o próprio filho aos dementadores? — perguntou Harry em voz baixa.
— Isso mesmo — disse Sirius e ele não parecia estar achando graça alguma então. — Eu vi os dementadores trazerem o rapaz preso, observei-os pelas grades da porta da minha cela. Não devia ter mais de dezenove anos. Foi encarcerado em uma cela perto da minha. Ao cair da noite ele já estava gritando pela mãe. Mas, depois de alguns dias, se calou... No fim todos se calam... Exceto quando gritam durante o sono...
Por um momento, a expressão mortiça nos olhos de Sirius se tornou mais acentuada que nunca, como se as janelas tivessem se fechado por trás deles.
– Eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para não permitir que você passe por isso! – Lily disse encarando Sirius com os olhos cheios de lágrimas – Pode ter certeza, você não vai para Azkaban!
Tiago não conseguiu resistir e abraçou Lily com carinho enquanto a agradecia aos sussurros em seu ouvido.
— Então ele ainda está em Azkaban? — perguntou Harry.
— Não — disse Sirius sem emoção. — Não, ele não está mais lá. Morreu um ano depois de o levarem para lá.
— Morreu?
— Ele não foi o único — disse Sirius com amargura. — A maioria enlouquece lá, e muitos param de comer quando se aproximam do fim. Perdem a vontade de viver. A gente sempre sabia quando a morte estava próxima, porque os dementadores pressentiam e ficavam excitados. O rapaz tinha um ar bem doentio quando chegou.
— Por ser um importante funcionário do Ministério, Crouch e a mulher receberam permissão para visitá-lo no leito de morte. Foi a última vez que vi Bartô Crouch, meio que carregando a mulher ao passar no corredor diante da minha cela. Parece que ela também morreu pouco depois. Tristeza. Definhou como o filho. Crouch nunca foi buscar o corpo do rapaz. Os dementadores o enterraram do lado de fora da fortaleza, eu fiquei assistindo.
– Ele nem ao menos se deu ao trabalho de buscar o corpo do próprio filho! – Lily disse enojada – Que tipo de pessoa é tão sem coração a ponto de deixar o filho ser enterrado em Azkaban?
Ninguém tinha uma resposta para isso.
Sirius pôs de lado o pão que acabara de levar à boca e, em lugar disso, apanhou a garrafa de suco de abóbora e a esvaziou.
— Então o velho Crouch perdeu tudo, quando achou que chegara ao topo — continuou ele, limpando a boca com as costas da mão. — Num momento, um herói, pronto a se tornar Ministro da Magia... No momento seguinte, o filho morto, a mulher morta, o nome da família desonrado e, pelo que ouvi desde que fugi, uma grande queda na popularidade. Depois que o rapaz morreu, as pessoas começaram a sentir um pouco mais de simpatia por ele, e começaram a indagar como é que um rapaz de boa família tinha entortado daquele jeito. A conclusão foi de que o pai nunca se preocupara muito com ele. Então Cornélio Fudge ganhou o lugar de ministro e Crouch foi deslocado para o Departamento de Cooperação Internacional em Magia.
Houve um longo silêncio. Harry ficou pensando no jeito com que os olhos de Crouch tinham saltado quando ele encarou o elfo desobediente lá na floresta, no final da Copa Mundial de Quadribol.
Isto então devia ter sido a razão da reação exagerada de Crouch ao saber que Winky fora encontrada embaixo da Marca Negra. A cena lhe trouxera lembranças do filho, do antigo escândalo e de sua queda no Ministério.
– Pelo jeito ele se importava muito mais com o cargo no ministério que com o filho. – Lily disse cheia de aversão.
– Existem pessoas que prezam muito mais pelo poder do que por seres humanos… – Tiago disse apertando a mão de Lily com carinho – Essas pessoas não são melhores que Voldemort em nada.
Severo se sentiu pessoalmente atingido por aquelas palavras, apesar de perceber que não era a intenção. Sempre tivera sede de poder, o que fez com que questionasse se foi por esse motivo que acabou como um simples e odiado professor de poções.
— Moody diz que Crouch é obcecado por caçar bruxos das trevas — disse Harry a Sirius.
— É, ouvi falar que se tornou uma espécie de mania nele — disse Sirius concordando com a cabeça. — Se você quer saber a minha opinião, ele ainda acha que pode recuperar a antiga popularidade capturando mais um Comensal da Morte.
— E ele veio escondido a Hogwarts para revistar a sala de Snape! — exclamou Rony com ar de triunfo, olhando para Hermione.
— É, e isso não faz o menor sentido — disse Sirius.
— Claro que faz! — disse Rony excitado.
Mas Sirius balançou a cabeça.
— Escute aqui, se Crouch quisesse investigar Snape, por que então não tem ido julgar o torneio? Seria a desculpa ideal para fazer visitas regulares à escola e ficar de olho em Snape.
– Exatamente o que pensamos. – Remo disse balançando a cabeça – Não faz sentido algum.
— Então você acha que Snape pode estar aprontando alguma? — perguntou Harry, mas Hermione os interrompeu.
— Olhem, eu não acredito no que vocês estão dizendo, Dumbledore confia em Snape...
— Ah, corta essa, Hermione — disse Rony impaciente. — Eu sei que Dumbledore é genial e tudo o mais, mas isto não significa que um bruxo das trevas realmente inteligente não possa enganar ele...
— Por que foi, então, que Snape salvou a vida de Harry no primeiro ano? Por que simplesmente não o deixou morrer?
— Não sei, vai ver pensou que Dumbledore lhe daria um chute...
– Não deixa de ser uma hipótese. – Sirius deu de ombros.
– Estou mais interessado em saber o que o seu eu-futuro pensa. – Remo disse jogando a mão para o alto e desprezando a opinião de Sirius.
— Que é que você acha Sirius? — perguntou Harry em voz alta, e Rony e Hermione pararam de discutir para escutar.
— Acho que os dois têm uma certa razão — disse Sirius, olhando pensativo para Rony e Hermione. — Desde que descobri que Snape estava ensinando na escola, tenho pensado por que Dumbledore o contratou. Snape sempre foi fascinado pelas artes das trevas, era famoso por isso na escola. Um garoto esquivo, seboso, os cabelos gordurosos — acrescentou Sirius, e Harry e Rony se entreolharam rindo. — Snape conhecia mais feitiços quando chegou na escola do que metade dos garotos do sétimo ano e fazia parte de uma turma da Sonserina, que, na maioria, acabou virando Comensal da Morte.
– Parece que eu penso exatamente da mesma forma que hoje em dia. – Sirius disse altivo – Que Snape sempre foi metido com as Artes das Trevas, e que precisa seriamente de um shampoo!
Severo trincou os dentes irritado antes de prosseguir com a leitura.
Sirius ergueu a mão e começou a contar nos dedos.
— Rosier e Wilkes, os dois foram mortos por aurores um ano antes da queda de Voldemort. Os Lestranges se casaram, estão em Azkaban.
– Minha prima está em Azkaban. – Sirius disse extremamente sério – Bellatrix está em Azkaban… Ela se casou com Rodolfo Lestrange antes de se tornar uma comensal da morte… Na época Rodolfo já era seguidor de Voldemort, é claro… Mas segundo Narcissa, Bellatrix só se casou porque era sua obrigação como uma Black…
– Você nem ao menos comentou que ela é sua prima enquanto falava com Harry… – Lily estranhou.
– Devo ter preferido não me envolver. – Sirius suspirou – Sempre preferi manter a maior distancia possível dos costumes da minha família…
— Avery pelo que ouvi dizer livrou a cara dizendo que tinha agido sob o efeito da Maldição Imperius, continua solto. Mas até onde sei, Snape nunca foi acusado de ser Comensal da Morte, não que isto signifique grande coisa. Muitos deles jamais foram presos. E Snape certamente é muito inteligente e astuto para conseguir ficar de fora.
– Pelo que sabemos Dumbledore deu uma segunda chance a ele. – Tiago disse observando Severo com atenção – Para isso ele tem que ter acabado com a primeira… Mas Snape é definitivamente esperto o bastante para se livrar da prisão…
– Se alguém tivesse me dado a chance de me defender, – Sirius afirmou ofendido – eu também teria tido a capacidade de me manter fora de Azkaban!
— Snape conhece Karkaroff muito bem, mas não quer divulgar isso — disse Rony.
— É, você devia ver a cara de Snape quando Karkaroff apareceu na aula de Poções ontem! — disse Harry depressa. — Karkaroff queria falar com Snape, disse que o professor andava evitando ele. Karkaroff parecia realmente preocupado. Mostrou a Snape alguma coisa no braço, mas não pude ver o que era.
— Ele mostrou a Snape alguma coisa no braço? — exclamou Sirius, parecendo sinceramente espantado. Passou os dedos, distraído, pelos cabelos imundos, depois encolheu os ombros. — Bem, não faço idéia do que possa ser... Mas se Karkaroff está genuinamente preocupado, procurou Snape para obter respostas...
– Porque você fingiu que não sabia que eles deviam estar falando sobre a marca negra? – Remo perguntou confuso – Você deve ter imaginado que era isso!
– Talvez… – Sirius deu de ombros – Mas pelo que Harry disse, não tinha como ter certeza, e eu provavelmente não queria fazer suposições. E pelo visto meu eu-futuro não tem certeza se Snape chegou a ser um comensal ou não…
Sirius ficou olhando para a parede da caverna, depois fez uma careta de frustração.
— Mas ainda temos o fato de que Dumbledore confia em Snape, sei que Dumbledore confia no que muita gente não confiaria, mas não consigo vê-lo deixando Snape ensinar em Hogwarts se algum dia tivesse trabalhado para Voldemort.
– Por algum motivo, – Sirius disse observando Snape, sério – hoje eu acredito que Dumbledore permitiria que alguém que trabalhou para Voldemort trabalhasse em Hogwarts… Meu eu-futuro certamente não sabe o que você faz com os alunos… E não consigo acreditar que Dumbledore não saiba…
— Então por que Moody e Crouch estão tão interessados em entrar na sala de Snape? — insistiu Rony.
— Bem, — respondeu Sirius lentamente — eu não duvidaria que Olho-Tonto tivesse revistado as salas de todos os professores quando chegou em Hogwarts. Ele leva a sério a Defesa contra as Artes das Trevas. Não tenho certeza de que ele confie em alguém, e depois das coisas que tem visto, isto não é surpresa. Mas vou dizer uma coisa a favor do Moody, ele nunca matou ninguém se pudesse evitar. Sempre capturou as pessoas vivas, quando era possível. Ele é durão, mas nunca desceu ao nível dos Comensais da Morte.
– Isso é bom saber. – Tiago disse com um suspiro aliviado – Então o Moody não mudou tanto assim… Já estava achando algumas atitudes dele muito estranhas…
— Já Crouch é outra conversa... Ele está mesmo doente? Se está, por que fez o esforço de se arrastar até o escritório de Snape? E se não está... O que é que ele anda tramando? Que é que ele estava fazendo de tão importante durante a Copa Mundial que não apareceu no camarote de honra? Que é que ele está fazendo enquanto devia estar julgando o torneio?
– É exatamente o que queremos saber. – Sirius bufou – Mas até que meu eu-futuro esclareceu muitas coisas…
– Especialmente sobre a história de Crouch. – Frank disse pensativo – Quem poderia imaginar que ele desceria tão baixo em busca de poder.
– Tem pessoas que descem ainda mais. – Tiago disse mordendo o lábio preocupado – Tem pessoas que pensam que vale qualquer coisa pelo poder.
Sirius caiu em silêncio, ainda fitando a parede da caverna. Bicuço fuçava o chão empedrado à procura de ossos que pudesse ter deixado passar. Finalmente Sirius ergueu os olhos para Rony.
— Você disse que seu irmão é assistente pessoal do Crouch? Você tem jeito de perguntar se ele tem visto Crouch ultimamente?
— Posso tentar — disse Rony em dúvida. — Mas é melhor não parecer que desconfio que Crouch esteja fazendo alguma coisa escondido. Percy adora Crouch.
— E poderia, ao mesmo tempo, tentar descobrir se encontraram alguma pista da Berta Jorkins — disse Sirius, apontando para o segundo exemplar do Profeta Diário.
— Bagman me disse que não tinham — informou Harry.
— É, ele é citado no artigo do Profeta. Alardeando que a memória de Berta é bem ruizinha. Bem, talvez ela tenha mudado desde que eu a conheci, mas a Berta que conheci não era nada desmemoriada, muito ao contrário. Era um pouco obtusa, mas tinha uma excelente memória para fofocas. Isso costumava metê-la em muita confusão, nunca sabia quando ficar de boca calada. Posso entender que representasse um certo risco para o Ministério da Magia... Talvez tenha sido por isso que Bagman não se importou de procurar por ela tanto tempo...
– Pobre Berta. – Alice suspirou – O ministério demorou tanto para se importar com o desaparecimento dela…
– E apesar de ser fofoqueira ela nunca foi uma pessoa ruim. – Frank disse concordando com Alice.
Sirius deu um enorme suspiro e esfregou os olhos contornados de sombras escuras.
— Que horas são?
Harry consultou o relógio, então se lembrou de que não estava funcionando desde que passara uma hora dentro do lago.
– E por que você continua usando um relógio quebrado? – Remo perguntou confuso – Por que não consertou ele?
– Não sei… Não pensei em consertar, e acho que continuei usando por hábito. – Harry deu de ombros.
— São três e meia — informou Hermione.
— É melhor vocês voltarem para a escola — disse Sirius, se levantando. — Agora, escutem aqui... — E olhou mais insistentemente para Harry. — Não quero vocês saindo escondidos da escola para me ver, certo? Me mandem bilhetes para cá. Continuo querendo saber de qualquer coisa estranha. Mas vocês não devem sair de Hogwarts sem permissão, seria uma oportunidade ideal para alguém atacá-los.
— Até agora ninguém tentou me atacar, exceto o dragão e uns dois grindylows — disse Harry.
– Alguém colocou seu nome no cálice de fogo! – Lily disse nervosa – Eu considero isso um ataque!
Mas Sirius amarrou a cara para ele.
— Não quero saber... Vou respirar outra vez em paz quando esse torneio terminar, o que não vai acontecer até junho. E não se esqueçam, se estiverem falando de mim entre vocês, me chamem de Snuffles, OK?
– Snuffles. – Tiago olhou para Sirius com carinho – Era assim que eu dizia que Sirius se chamava quando passeava com ele em forma de cachorro e encontrávamos garotas…
– Eu sempre detestei que você me chamasse assim! – Sirius disse com uma gargalhada – É um nome ridículo!
– Parece que no futuro você gosta do nome! – Tiago disse rindo satisfeito.
Ele devolveu a Harry a garrafa e o guardanapo vazios e foi dar uma palmadinha de despedida em Bicuço.
— Acompanho vocês até a entrada do povoado, — disse Sirius — vou ver se consigo catar mais um jornal.
Ele se transformou no enorme cão preto antes de deixarem a caverna, e juntos desceram a encosta do morro, atravessaram o terreno pedregoso e voltaram à escada. Ali ele deixou cada um dos garotos lhe acariciar a cabeça e, em seguida, virou as costas e saiu correndo pela periferia do povoado.
Harry, Rony e Hermione voltaram para Hogsmeade e dali para Hogwarts.
— Será que o Percy conhece toda essa história sobre o Crouch? — comentou Rony quando subiam a estrada do castelo. — Mas vai ver ele não se importa... Provavelmente ia admirar o Crouch ainda mais. É, o Percy adora regulamentos. Ia dizer que o Crouch se recusou a infringir os regulamentos em favor do próprio filho.
— Percy não atiraria nenhuma pessoa da família dele aos dementadores — disse Hermione com severidade.
— Não sei, não — respondeu Rony. — Se achasse que estávamos atrapalhando a carreira dele... Percy é realmente ambicioso, sabem...
– Não acho que Percy iria tão longe. – Gina murmurou receosa.
Eles subiram os degraus de pedra e entraram no saguão do castelo, onde vieram ao seu encontro os cheiros gostosos do jantar no Salão Principal.
— Coitado do velho Snuffles — disse Rony inspirando profundamente. — Ele deve realmente gostar de você, Harry... Imagine ter que comer ratos para sobreviver.
– É assim que sabemos que escolhemos o melhor padrinho que Harry poderia ter. – Lily suspirou olhando para Sirius com carinho – Espero que vocês três tenham se lembrado de mandar comida para Sirius de vez em quando! – completou virando-se para Harry, Rony e Hermione.
– Acho melhor pararmos para almoçar antes do próximo capítulo. – Rony disse – Estou faminto!
Após a refeição, Sirius, Tiago e Remo permaneceram à mesa conversando.
– Parece que mesmo não falando muito sobre você para o Harry, – Sirius disse pensativo – meu eu-futuro está sempre se referindo a você…
– É claro que está. – Remo disse dando tapinhas nas costas de Tiago e virando-se para Sirius – Você nunca esqueceria Tiago, vocês são melhores amigos!
– Nós somos melhores amigos. – Tiago disse incluindo Remo – E eu acho incrível que você me coloque na vida de Harry, mesmo sem ele saber. Mas acho que devíamos voltar para os sofás. – Tiago completou – Estou preocupado com o tempo que vamos passar nessa sala.
– Estão preocupados com a lua? – Sirius perguntou subitamente apreensivo – Você está acompanhando a tabela, não é?
– Sempre estou. – Remo confirmou – Quando formos dormir hoje teremos 8 noites até a lua cheia.
– E já sabem o que vamos fazer? – Sirius perguntou preocupado.
– Por enquanto esperamos que os livros acabem antes disso. – Tiago bufou – Então é melhor pararmos de perder tempo e voltarmos a ler! Acho que conseguimos acabar esse livro ainda hoje!
Tiago, Sirius e Remo retomaram seus lugares, Remo pegou o livro que Severo havia deixado sobre a mesinha de centro e o abriu no capítulo seguinte:
– Capítulo XXVIII – A loucura do Sr. Crouch.
~~X~~
Hey leitores mais queridos do FeB! Como quem me acompanha no grupo sabe, não tive como postar o capítulo nesse domingo, mas não queria deixar vocês tanto tempo assim sem capítulo, e domingo que vem é meu aniversário e não vou ter tempo de postar... E acho que não vou ter tempo para aparecer aqui antes do natal... Então resolvi postar hoje mesmo. Feliz natal para vocês e aproveitem bastante! Vou tentar postar antes do ano novo!
- Fran Oliveira: Seja muito bem-vinda! Me fala lá no grupo do facebook que você é você, só para eu saber quem é, e poder te dar os pontinhos do concurso... Fico muito feliz que goste tanto da história, significa muito para mim, afinal, me esforço de verdade para escrever o melhor possível. Espero te ver sempre por aqui, até o final, mesmo que demore um bocado ainda! Infelizmente acho que é impossível terminar esse livro esse ano. Apesar de já ter todo ele escrito, não ia querer deixar vocês esperando por meses depois... E além disso, não tenho como postar tudo nesse meio tempo. E muito obrigada pelos elogios!
- Regiane Helena: Eu realmente pretendo escrever até o final, e fico muito feliz em saber que você pretende me acompanhar até lá... Só quero avisar que deve demorar um bocado! Só CdF já tem mais de um ano sendo postada! O Snape é um personagem um bocado complicado... Ele não se sente a vontade na sala, afinal, ele está sendo obrigado a conviver com pessoas com quem ele nunca se deu bem... Mas ele está se adaptando o melhor que ele consegue, aos poucos. Mas acho que ele apareceu um pouco mais nesse capítulo! Foi bem complicado para mim escrever o capítulo em que Harry descobre sobre os pais do Neville, fiquei bem emocionada... Espero que você goste! Feliz natal para você também, mas espero conseguir postar mais um antes do ano novo! Torce por mim!
- Luiza Snape: O Snape realmente está começando a ver tudo o que a vida dele se tornou, só espero que ele aprenda alguma coisa com isso...
- Carlos Mashiant: Vou cobrar a explicação sobre as suas suspeitas no último capítulo! Acho que um dos fatores que Crouch Jr usou para enganar Dumbledore deve ter sido a oclumência, e o verdadeiro Moody teria bons motivos para esconder seus pensamentos, afinal ele desconfia da própria sombra, então Dumbledore não teria razões para não acreditar que era ele mesmo... E além disso Crouch manteve Moody vivo para interrogatórios durante o ano inteiro, não só por causa do cabelo... Para mim os reféns da segunda tarefa não fazem sentido nenhum! Quero dizer, o Rony ser o refém do Harry e a Grabrielle ser a refém da Fleur, faz todo sentido, mas a Cho e a Hermione não tem nada a ver! Krum e Cedrico provavelmente sentiriam muito mais falta de outras pessoas, como alguém da família por exemplo... Acho que a escolha foi mais por conveniência mesmo.
- MionGinnyLuna: Acho mais fácil a Lily ter um ataque cardiáco do que matar o Harry... O Snape é um péssimo professor mesmo, é aquela questão de que nem sempre quem sabe muito sabe como ensinar... Já tive alguns professores na faculdade que eram ótimos advogados e péssimos professores. O Snape ainda tem muito o que aprender nessa fic, talvez ele resolva agir em relação a tudo que ele aprender.
- Flaa: Eles até tentam entender o que o Harry passou, como ele tem problemas de confiança e etc, por causa da criação dos Dursley... Mas é difícil para eles compreender completamente. E eles não implicam com Harry por maldade, é apenas o jeito deles.
- Raposa do Alasca: O trio não é burro, tadinhos! Eles só não estão acostumados a pedir ajuda, eles se acostumaram a resolver tudo sozinhos, entre os três, e Harry é ainda pior, afinal ele foi criado pelos Dursley para nunca pedir ajuda... E eles são realmente péssimos em esconder os sentimentos deles enquanto leem os livros, mas eu que não vivi nada disso tenho problemas para esconder meus sentimentos também, não tem como culpá-los...
- Julia Angelini: Ta perdoada por não comentar o capítulo anterior! Mas espero te ver comentando mais por aqui! Eu sinceramente nunca parei de ser fanática por HP, da para perceber, né? Mas fico sempre feliz de saber que puxei alguém de volta para essa história maravilhosa! Snape aos poucos está enxergando como ele acabou como um simples professor de poções, e talvez isso faça ele mudar... Eu não acho que ser apaixonado pela Lily é uma desculpa para tudo de ruim que ele fez com Harry e outros alunos ao longo dos anos, nada justifica o modo como ele aterrorizou o Neville e humilhou a Hermione, por exemplo!
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Comentários (8)
Ei Juhvida corrida de noiva!!Ontem não deu pra comentar e hoje vai ser um só. Queria muito pegar o próximo cap, mas acho q só o 33.Achei a matéria da Rita bem fraquinha tbm, claro que ela tentou abalar a Mione e logico q um monte de gente ia ficar contra ela. Mas fico feliz mesmo de ver a mudança na Alice. Eu teria aceito o convite do Krum, mas diria que iria como amiga. haahhaahahhhaahahahaha Pelo menos o Snape está pensando sobre o futuro, já é um avanso. Tiago maduro me surpreende. Se eu fosse o Snape eu assumia logo que não gosta do seu eu futuro, assim talvez os marotos parassem de falar algo com ele. Concordo com o Tiago, agora os meninos sabiam o caminho pra cozinha, podiam ir lá e pedir comida q os elfos iam dar. Fico contente de ver o reconhecimento da Lily com o Sirius cuidar bem do Harry mesmo longe, pq o Tiago já sabe q ele faria tudo pelo Harry. A gratidão da Lily por Sirius me comove de verdade. Quando li a história do Crouch Jr. até senti pena dele, mas depois.. aiai. No futuro o Sirius gosta de Snuffles pq lembra o Tiago, aposto. Acho tão linda a amizade dos marotos.Juh mais um cap brilhante. Amo qnd o Sirius do Futuro aparece.Até o prox.Abraços
2016-03-03Antes de mais desculpa a demora em comentar tive um pouco ocupada mas nunca poderia deixar de falar o quanto é maravilhosa a tua fic. O capitulo mais uma vez está maravilhoso continua assim. James nao ficou desatento como sempre e os gestos de neville não passaram desprecebidos ao maroto.Espero que terminem os livros antes da lua cheia se não nem sei o que pode acontecer.....espera só se o Harry e a malta do futuro tenham trazido a poção mata-cão
2016-01-10Oi Juh, primeiramente desculpe pela demora por comentar, mas junto tudo final de faculdade, final de ano e agora na primeira semana de fevereiro tem o casamento do meu tio, esta tudo um correria e só agora consegui tempo e a internet da casa da minha vó colaborou comigo. Em segundo adorei os capitulos anteriores, ficaram perfeitos.Amei esse capitulo, já adoro ele por causa do Sirius e agora adoro ele ainda mais. Estou gostando mais dessa Alice que percebe como as coisas são realmente. Adorei a fala do Sirius, que todos eles sairiam com Hermione se não fosse o risco de ter o braço arancado pelo Rony. Imagino que os Marotos logo iram perceber como a Skeeter esta fazendo para descobrir as coisas. Tem horas que da para perceber que o Snape percebeu que esse caminho não é o que ele quer seguir, ele quer mudar, mas em outros ele volta a ser o mesmo babaca de sempre. A Lily descobriu logo o motivo de terem roubado a ararambóia, mas logo descardou, espero que mais para frente eles percebam a verdade. Gina com ciumes é muito engraçado. Eu gosto de ouvir as partes em que falam alguma coisa sobre os marotos como essa parte dos doces do Remo, adoro quando você escreve essas partes. Tiago é quase perfeito, e fico muito feliz da Lily estar percebendo isso. Nessa parte eu sempre fico dividida não que o que o Crouch fez foi certo, porem do jeito que ele fez resolveu parcialmente o prolema, pelo menos por um tempo, mas ainda acho que eles tinha que achar uma maneira de saber se a pessoa era inocente ou culpada, para que não acontecesse o mesmo que aconteceu com Sirius. Fico me colocando no lugar do Neville e é horrivel, ver os pais defenderem de certa maneira uma pessoa que tirou eles de você, eu não teria aguentado. Eu gosto de ver que mesmo que o Harry não saiba o Sirius acaba falando alguma coisa do Tiago para o Harry. Acho que é só. Beijos.
2016-01-06CARAAAA, SOU LEITORA NOVA. ACABEI DE LER ESSA SAGA DOS MAROTOS EM QUATRO DIAS. De verdade, eu adoro essa fanfic e agradeço por vc ter escrito ela ahudhuhd e, além disso, é bom encontrar alguém que ame os marotos (em especial, o Sirius <3) e deteste no Snape tanto quanto eu ahushauhs enfim, posta logo que to morrendo de ansiedade para ler o resto e chegar na Ordem da Fênix. As cenas que estou mais ansiosa para ver você escrever são: a morte do sirius e do lupin, pq acho que o james e eles vão sofrer muito mas quero muito ver como vc vai descrever. E também quero ver a reação de geral quando Snape matar Dumbledore. De modo geral, eu quero ver essa cena em especial do EdP e quero ver todo o desenrolar de OdF e RdM ahsuahudh escreve logo pfvr. não to aguentando ficar sem ler a fic ahauhsu BEIJOSSS
2016-01-04Oi, eu queria te parabenizar por se tornar oficialmente a escritora de "LENDO HARRY POTTER" que mais progrediu no MUNDO INTEIRO! Milhares param ainda em Pedra Filosofal, outros em Câmara Secreta. Desbancou recentemente o primeiro lugar, de uma série de fanfics chamada "Uncovering the Future" que foi até mais ou menos 70% de Cálice de Fogo antes de desistir. O que mais me orgulha é que é um recorde brasileiro! Boa sorte e por favor, não pare até o sétimo livro acabar!
2015-12-19"– Não consigo decidir o que seria pior. – Alice murmurou consternada – O garoto ter um julgamento apenas para ser humilhado publicamente pelo pai ou se ele fosse mandado para Azkaban sem julgamento algum." Não consigo imaginar o que é pior, manter o próprio filho sobre a Maldição Imperius durante anos ou matar o próprio pai. Entendo que tem mto ressentimento entre os dois, mas pelo amor de Deus!! Familia ainda é familia, por pior que seja :´( Pelo menos sigam o exemplo do Sirius, se mantenham afastados um do outro, mas não se matem!(literalmente) Okay, voltando ao meu normal: Adoro o jeito como você deixa bem claro que o Sirius se importa com o "lado" da guerra que o Régulo tá (e com a pessoa propriamente dita), pq, pra mim, não pareceu que ele se importasse com isso nos livros, ele parecia tão frio quando falava da morte do irmão :/ Não sei se foi Azkaban, ou ele desistiu depois que percebeu que pro Régulo não tinha mais volta (o que foi um belo engano,já que ele pelo menos tentou acabar com o poder do Voldemort antes de morrer), mas ainda assim me deixa meio mal(mesmo que seja só "ficção",oq pra mim não é),sabe? Sou mto ligada a essas coisas de familia e tal. Nossa, isso ta mto deprê!! VAMO LEVANTAR O ANIMO, PELOAMORDAVIRGEMARIA!! Sobre o ínicio do capitulo, quase morri com essas histórias do Rony, é mta vontade de aparecer kkkkkk Melhor personagem <3 Ainda sobre o comecinho, admito que lá no fundo eu acreditava que essa matéria da Rita Skeeter ia desaparecer magicamente (sem intenção de trocadilho) do livro. Não sei se rio ou se choro quando leio um negócio desses. É uma mal amada essa desgraçada, né? Credo! Só perde pra Umbridge, mesmo. -_- Sei que o Karkaroff tá bem desesperado e tal, mas desse jeito não da pra defender. Não que eu queira. Um pouquinho mais de cuidado não vai matar! Acho que era só isso que eu tinha pra falar kkkkkk Bjos :*
2015-12-16JUU QUE PERFEIÇÃOOOOOOOOOO DE CAPÍTULO!Estou meio que correndo então sem longo comentário hoje mas parabéns e OMG vc é de dezembro também? High-5!
2015-12-15Se ele vai aprender ou não depende exclusivamente de você que está escrevendo a fic, eu torço para que ele aprenda, sei lá naquele capítulo em especial do sétimo livro eu vejo entre muitas amarguras um arrependimento mas acho que na fic só vai resolver quando todos os livros forem lidos, aliás eles vão ler o epílogo, esses dias tava imaginando os netos chegando com um viratempo pra ler o eílogo e buscar os pais, iria ser bem divertido, hahaha. Só imagina a cena , Teddy, Scorpius, Rose ( namorando o Scorpius, eu Shippo e vc?), James, Alvo, Lily, Fred 2 e Hugo, iria ser irado. hahahahBom a fic continua fantástica, fico no aguardo do próximo capítulo!!! Beijos
2015-12-15