O furo jornalístico de Rita Sk
– O furo jornalístico de Rita Skeeter
– Isso não é nada bom! – Remo bufou mexendo-se desconfortável no sofá – O que essa mulher descobriu agora?
– Só espero que não tenha relação com Hagrid… – Tiago suspirou – Não seria uma boa forma de começar um novo dia…
– Apenas deixe Frank ler. – Sirius disse incomodado – É a única forma de sabermos o que essa mulher intragável descobriu.
Todos acordaram tarde no dia seguinte ao Natal, que é feriado na Grã-Bretanha. A sala comunal da Grifinória estava muito mais sossegada do que ultimamente, muitos bocejos pontuavam as conversas ociosas. Os cabelos de Hermione tinham voltado a ficar crespos e cheios, ela confessou a Harry que usara quantidades generosas de Poção Capilar Alisante para ir ao baile, "mas é muita mão-de-obra fazer isso todo dia", disse ela sem emoção, coçando atrás das orelhas do ronronante Bichento.
– Muito trabalho mesmo. – Lily concordou enfática – Ainda mais porque essa poção tem um prazo de validade muito curto, então para usar todos os dias você teria que comprar toda semana, ou fazer toda semana.
– Eu encomendei a poção. – Hermione admitiu – Mas usar todo dia sairia uma fortuna…
– Cachear os cabelos com a varinha é bem mais econômico… – Lily afirmou categórica – Devia existir um feitiço para alisar os cabelos também…
Rony e Hermione aparentemente tinham chegado a um acordo subentendido de não mencionarem a discussão que tinham tido. Estavam até sendo simpáticos um com o outro, embora estranhamente formais. Rony e Harry não perderam tempo para contar à garota a conversa entre Madame Maxime e Hagrid que tinham ouvido, mas Hermione não pareceu achar a novidade de que Hagrid era meio gigante tão chocante quanto Rony.
— Bem, achei que devia ser — disse ela, encolhendo os ombros. — Eu sabia que ele não poderia ser todo gigante, porque os gigantes têm uns seis metros de altura. Mas, francamente, por que toda essa histeria por causa dos gigantes? Nem todos devem ser horríveis... É o mesmo tipo de preconceito que as pessoas têm com relação aos lobisomens... É muita cegueira, não é, não?
– Você já imaginava? – Tiago perguntou abismado.
– Eu suspeitava. – Hermione deu de ombros.
– Impressionante. – Remo disse chocado – Você descobriu o meu segredo, descobriu o segredo de Hagrid…
– E depois eu que só faço suposições corretas. – Tiago disse irônico.
Rony fez cara de quem gostaria de dar uma resposta desdenhosa, mas talvez não quisesse outra briga, porque se contentou em sacudir a cabeça incrédulo quando Hermione não estava olhando. Agora era hora de pensar nos deveres de casa que eles tinham posto de lado na primeira semana de férias.
Todos pareciam estar se sentindo pouco entusiasmados, agora que o Natal terminara — todos exceto Harry, isto é, que estava começando (mais uma vez) a ficar ligeiramente nervoso.
O problema era que o dia vinte e quatro de fevereiro parecia bem mais perto, uma vez passado o Natal, e ele ainda não se mexera para decifrar a pista que havia no ovo de ouro.
– Talvez você realmente devesse ter dado atenção ao ovo. – Remo revirou os olhos – Mas você é igual ao Tiago, prefere procrastinar o máximo possível.
– Eu não prefiro procrastinar! – Tiago exclamou exaltado – Eu só deixo para depois coisas que não tem necessidade alguma de ser resolvidas na hora! Você nunca me viu deixando coisas importantes para depois!
– Claro que não! – Remo riu irônico – Afinal, deveres de casa, não são nada importantes!
Portanto, ele passou a tirar o ovo do malão todas as vezes que subia ao dormitório, abria-o e escutava com atenção, na esperança de que daquela vez o grito fizesse mais sentido.
Harry se esforçou para descobrir o que o som lhe lembrava, além dos trinta serrotes musicais, mas nunca ouvira nada que se parecesse com aquilo. Fechou o ovo, sacudiu-o vigorosamente, reabriu-o para ver se o som mudara, mas nada. Tentou fazer perguntas ao ovo, berrando para abafar seu lamento, mas nada aconteceu. Chegou mesmo a atirar o ovo do outro lado do quarto — embora não esperasse realmente que isso resolvesse.
– Agora você está sendo apenas idiota. – Sirius revirou os olhos para Harry impaciente – Diggory te deu uma dica, apenas faça o que ele disse, mal não faz!
– Ás vezes, Harry é cabeça-dura demais. – Gina afirmou categórica – Tudo isso só porque a Cho-rona preferiu ir ao baile com Cedrico!
– E talvez a dica do ovo seja simplesmente complicada demais para explicar rápido. – Tiago deu de ombros.
Harry não esquecera da dica que Cedrico lhe dera, mas seus sentimentos pouco amigáveis com relação ao campeão, naquele momento, significavam que ele não estava interessado em aceitar ajuda de Cedrico se pudesse. Em todo o caso, achava que se o garoto tivesse realmente querido dar uma mãozinha a ele, teria sido muito mais claro. Harry dissera a Cedrico exatamente o que o esperava na primeira tarefa — mas a idéia que o outro fazia de uma troca justa fora lhe dizer para tomar um banho. Bem, ele não precisava desse tipo de ajuda inútil — pelo menos, não de alguém que ficava andando para cima e para baixo pelos corredores de mãos dadas com Cho.
– Talvez você devesse ter um pouco mais de humildade… – Lily suspirou – O garoto nem ao menos sabe como você se sente em relação a Chang. – completou desconfortável – E ele não tem motivo algum para te prejudicar, já que você ajudou ele.
– Harry era um tanto infantil… – Gina concordou com Lily enfática – Especialmente em relação a essa cara-de-pato.
Harry olhou para Gina, de soslaio, constrangido, enquanto Frank continuava a leitura.
Assim, chegou o primeiro dia do novo trimestre e Harry foi para as aulas, sobrecarregado de livros, pergaminhos e penas, como de costume, mas também com essa preocupação a lhe pesar no estômago, como se o ovo fosse mais um peso a carregar para todo o lado com ele.
A neve continuava alta nos jardins e as janelas da estufa estavam cobertas por um vapor tão denso que não era possível enxergar através delas na aula de Herbologia. Ninguém estava ansioso para ir à aula de Trato das Criaturas Mágicas com um tempo desses, embora, como disse Rony, era provável que os explosivins deixassem os alunos bem aquecidos, quer fazendo-os correr atrás deles, quer expelindo fogo pelo rabo com tanta força que a cabana de Hagrid pegaria fogo.
Quando os garotos chegaram lá, porém, encontraram uma bruxa mais velha, com os cabelos grisalhos muito curtos e um queixo muito saliente, parada diante da porta da frente do professor.
– Isso não é bom… – Remo murmurou preocupado – Isso não é nada bom…
– Ela deve ser uma substituta… – Sirius disse concordando com Remo – E para Hagrid precisar de um substituta…
– Ele foi muito imprudente. – Remo suspirou – Ele conviveu com isso durante a vida toda, como pode simplesmente falar sobre sua origem no meio do jardim, no meio de uma festa!
– Talvez seja outra coisa. – Alice disse esperançosa – Talvez ninguém além de Rony e Harry tenham ouvido a declaração dele, e ele está simplesmente triste demais por ter sido rejeitado… Vocês sabem como ele é sensível.
– Acho coincidência demais, – Tiago suspirou – Harry descobre a origem de Hagrid, o capítulo é sobre um furo jornalístico daquele abutre e Hagrid não está presente na aula… Mas vamos deixar Frank ler… Talvez você esteja certa.
– Duvido muito. – Remo bufou antes de Frank voltar à leitura.
— Vamos, andem, a sineta já tocou há cinco minutos — vociferou ela, quando os viu caminhando pela neve com dificuldade ao seu encontro.
— Quem é a senhora? — perguntou Rony, mirando-a. — Aonde foi o Hagrid?
— Meu nome é Professora Grubbly-Plank — disse ela com eficiência. — Sou a professora temporária de Trato das Criaturas Mágicas.
— Aonde foi o Hagrid? — repetiu Harry em voz alta.
— Não está se sentindo bem — respondeu ela secamente.
– Talvez ele realmente esteja apenas triste. – Lily disse esfregando as mãos nervosa – Alice está certa, – completou – Hagrid é muito sensível.
Uma risada breve e desagradável chegou aos ouvidos de Harry. Ele se virou, Draco Malfoy e o resto dos alunos da Sonserina estavam vindo se reunir à turma.
Tinham um ar satisfeito, e nenhum pareceu surpreso de ver a Professora Grubbly-Plank.
– Eles sabem porque Hagrid não foi dar aula. – Alice suspirou temerosa – E se eles sabem…
– É porque todo mundo sabe. – Remo completou desolado – Só pode ser isso.
— Por aqui, por favor — disse a professora e saiu contornando o picadeiro onde os enormes cavalos da Beauxbatons tremiam de frio. Harry, Rony e Hermione a seguiram, olhando para trás, por cima do ombro, para a cabana de Hagrid. Todas as cortinas estavam corridas. Será que Hagrid estava ali, sozinho e doente?
— Que é que o Hagrid tem? — perguntou Harry, apressando o passo para alcançar a professora.
— Não é da sua conta — disse ela, como se achasse que o garoto estava sendo intrometido.
— Mas é da minha conta — disse Harry com veemência. — Que aconteceu com ele?
A Professora Grubbly-Plank continuou como se não o ouvisse. Conduziu-os além do picadeiro dos cavalos da Beauxbatons, todos agrupados tentando se proteger do frio, e em direção a uma árvore na orla da Floresta, onde encontraram amarrado um grande e belo unicórnio. Muitas garotas soltaram exclamações de admiração ao ver o unicórnio.
— Ah, é tão bonito! — murmurou Lilá Brown. — Como será que ela conseguiu? Dizem que são realmente difíceis de apanhar!
– Para mulheres é bem mais fácil. – Sirius comentou – Os unicórnios adultos não confiam em homens… Mas eu acho que Hagrid seria completamente capaz de apanhar um.
– Claro que ele é! – Lily concordou enfática – Ele quem ajuda o nosso professor de Trato das Criaturas mágicas a capturar as criaturas para estudarmos!
– Ao longo dos anos ele deve ter capturado dezenas de unicórnios. – Remo disse categórico.
O unicórnio era tão branco que fazia a neve ao redor parecer cinzenta.
Pateava o chão nervoso com seus cascos dourados e atirava para trás a cabeça com um só chifre.
— Meninos fiquem afastados! — gritou secamente a professora, estendendo um braço e, com isso, batendo com força em Harry na altura do peito.
— Eles preferem o toque das mulheres, os unicórnios. Meninas a frente, e se aproximem com cuidado. Vamos, devagar...
Ela e as meninas se adiantaram devagarinho até o bicho, deixando os garotos parados junto à cerca do picadeiro, assistindo.
– Eles podem até preferir o toque feminino, – Tiago disse franzindo a testa – mas isso não é motivo para manter os meninos afastados, eles poderiam muito bem ficar próximos dos unicórnios sem ter que tocá-los!
– Isso não é nada legal da parte da professora. – Lily bufou – Como os meninos vão aprender se são obrigados a se manter afastados?
No instante em que a professora ficou fora do alcance de suas vozes, Harry se virou para Rony.
— Que é que você acha que aconteceu com ele? Acha que pode ter sido um explosivin...?
— Ah, ele não foi atacado, Potter, se é o que você está pensando — disse Malfoy suavemente. — Não, ele só está envergonhado demais para mostrar a cara.
– É isso. – Tiago bufou – O furo daquele abutre é o fato de Hagrid ser meio-gigante…
– Só pode ser isso. – Remo bufou desolado.
— Que é que você quer dizer com isso? — perguntou Harry com rispidez.
Malfoy meteu a mão no bolso interno das vestes e puxou uma folha dobrada de jornal.
— Já vem você — disse ele. — Detesto ser eu a lhe dar a notícia, Potter...
Malfoy deu um sorriso afetado quando Harry pegou o jornal, desdobrou-o e leu-o com Rony, Simas, Dino e Neville que espiava por cima do ombro deste. Era um artigo encimado pela foto de Hagrid com uma cara extremamente sonsa.
– Não quero ouvir isso. – Alice suspirou triste – Hagrid definitivamente não merece isso!
“O MAIOR ERRO DE DUMBLEDORE”
Alvo Dumbledore, o excêntrico diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, nunca teve medo de fazer nomeações controvertidas para o corpo docente, escreve Rita Skeeter, nossa correspondente especial. — Em setembro deste ano, ele contratou Alastor "Olho-Tonto" Moody, o notório ex-auror que vê feitiços por toda parte, para ensinar Defesa contra as Artes das Trevas, uma decisão que fez muita gente erguer as sobrancelhas no Ministério da Magia, dado o conhecido hábito que Moody tem de atacar qualquer um que faça um movimento repentino em sua presença.
– Só espero que ela não inclua você na matéria. – Sirius murmurou para Remo preocupado.
– Todos naquela época já sabem que sou um lobisomem Sirius. – Remo bufou.
– Não todos, apenas as pessoas de Hogwarts, – Sirius respondeu nervoso – se ela citar você na matéria fica bem mais difícil para você arrumar um emprego…
Remo baixou os olhos triste e acenou para que Frank continuasse lendo.
Olho-Tonto, porém, parece responsável e bondoso, em contraste com o indivíduo meio humano que Dumbledore emprega para ensinar Trato das Criaturas Mágicas.
Rúbeo Hagrid, que admite ter sido expulso de Hogwarts no terceiro ano, e desde então exerce na escola a função de guarda-caça, um emprego que Dumbledore lhe arranjou. No ano passado, no entanto, usou sua misteriosa influência sobre o diretor da escola para obter o cargo suplementar de professor de Trato das Criaturas Mágicas, preterindo muitos candidatos com melhores qualificações.
– Isso é ridículo! – Lily gemeu – Hagrid é completamente qualificado! Muito mais do que qualquer outro professor de Trato! Nosso professor não tem a maioria dos dedos porque às vezes não sabe lidar com os animais!
– Ela está só tentando acabar completamente com ele. – Tiago bufou – Ela é horrível! Está agindo como se a culpa por Hagrid ser expulso fosse dele, mesmo já tendo sido provado que foi Voldemort quem abriu a câmara e usou o basilisco para matar a Murta!
Um homem assustadoramente grande e de ar feroz, Hagrid tem usado sua recém adquirida autoridade para aterrorizar os alunos ao tratar de uma coleção de seres horripilantes. Enquanto Dumbledore faz vista grossa, Hagrid já feriu vários alunos durante uma série de aulas que muitos admitem "dar muito medo".
“Eu já fui atacado por um hipogrifo e meu amigo, Vicente Crabbe, levou uma dentada feia de um verme". Declarou Draco Malfoy, um aluno do quarto ano. “Todos odiamos Hagrid, mas temos receio demais para dizer qualquer coisa”.
– Dentada de um verme? – Sirius riu com escárnio – Vermes nem ao menos tem dentes!
– E desde quando Hagrid tem a capacidade de aterrorizar alguém? – Alice perguntou irritada – Ele é simplesmente a pessoa mais doce do mundo!
– Malfoy ainda deve estar querendo se vingar pelo hipogrifo. – Remo bufou – É claro que ele ficou revoltado quando Bicuço fugiu, e agora ele quer se vingar!
– É claro que quer. – Sirius revirou os olhos – Está acostumado a ter sempre tudo o que quer, minha prima não suportaria que um filho dela não tivesse absolutamente tudo.
Mas Hagrid não tem a menor intenção de desistir de sua campanha de intimidação. Em conversa com a repórter do Profeta Diário, no mês passado, ele admitiu que cria uns bichos a que chama de "explosivins" uma cruza extremamente perigosa de manticore com caranguejo-de-fogo. A criação de novas raças é, naturalmente, uma atividade em geral acompanhada de perto pelo Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas. Hagrid, ao que parece, considera-se acima dessas restrições pouco importantes.
"Eu só estava me divertindo um pouco". Disse ele, antes de mudar rapidamente de assunto.
– Hagrid! – Tiago deu um tapa na própria testa, desolado – Eu sabia que os explosivins deviam ser experimentais, mas como ele pode deixar essa mulher saber disso?
– Você sabe como Hagrid é. – Sirius suspirou – Ele simplesmente não consegue manter segredos! Me surpreende que não tenhamos descoberto antes que ele é meio-gigante!
E como se isso não bastasse, o Profeta Diário agora encontrou provas de que Hagrid não é — como sempre fingiu ser — um bruxo puro-sangue. De fato, não é sequer um ser humano puro. Sua mãe, podemos revelar com exclusividade, não é outra senão a giganta Fridwulfa, cujo paradeiro é atualmente desconhecido.
Sedentos de sangue e brutais, os gigantes chegaram à extinção com as guerras que promoveram entre si no século passado. Os poucos sobreviventes se alistaram nas fileiras d’Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, e foram responsáveis por alguns dos piores massacres de trouxas durante o seu reino de terror.
Embora muitos gigantes que serviram Àquele-Que-NãoDeve-Ser-Nomeado tenham sido mortos por aurores que combatiam o partido das trevas, Fridwulfa não foi um deles.
É possível que tenha fugido para uma das comunidades de gigantes que ainda existem em montanhas no exterior. Mas se as extravagâncias de Hagrid durante as aulas de Trato das Criaturas Mágicas puderem servir de medida, o filho de Fridwulfa parece ter herdado sua natureza brutal.
– Essa mulher é horrível! – Sirius gritou furioso – Ninguém devia ser julgado por quem são seus pais!
– Ninguém mesmo. – Tiago disse a Sirius compreensivo – E pelo que Hagrid disse, ele nem ao menos foi criado pela mãe… E nós sabemos bem que sangue não significa nada.
– Mas gentinha como ela não sabe disso! – Lily disse entredentes – Poderia apostar que ela é uma daquelas pessoas que te julga pela pureza do seu sangue!
– Acredito que sim. – Alice disse pensativa – Ela fez muita questão de ressaltar que Hermione é nascida-trouxa naquele artigo sobre Harry…
Mas, bizarramente, dizem que Hagrid criou uma grande amizade pelo garoto que provocou a queda de Você-Sabe-Quem, e com isso obrigou a própria mãe, bem como os demais seguidores do bruxo das trevas, a procurar um refugio. Talvez Harry Potter não tenha conhecimento da desagradável verdade sobre seu grande amigo, mas não resta dúvida de que Alvo Dumbledore tem obrigação de providenciar para que Harry Potter, bem como seus colegas, sejam informados dos perigos de se associarem com meios gigantes.
– Perigos? – Tiago perguntou irônico – Como o perigo de ser sufocado com um abraço? Ou talvez o grande perigo de experimentar os bolos dele?
– Eu diria que esses são realmente os dois maiores problemas em ser amigo de Hagrid! – Frank concordou enfático.
Harry terminou a leitura e ergueu os olhos para Rony, cujo queixo estava caído.
— Como foi que ela descobriu isso? — sussurrou ele.
Mas não era isso que estava incomodando Harry.
– Mas era isso que devia estar te incomodando! – Remo exclamou exaltado – Aquela jornalista mau caráter foi banida dos terrenos de Hogwarts e ainda assim conseguiu entreouvir a conversa de Hagrid com Maxime! Vai saber o que mais essa mulher pode escutar!
– Remo tem razão. – Tiago suspirou virando-se para Sirius temeroso – Se ela acabar entreouvindo uma conversa entre vocês…
– Nem pense nisso. – Lily disse preocupada – Essa mulher não pode descobrir que Harry está em contato com Sirius de jeito nenhum! Sirius poderia ser jogado de volta em Azkaban…
– Ou pior. – Sirius sussurrou soturno.
— Que foi que você quis dizer com "todos detestamos Hagrid"? — perguntou Harry irritado a Malfoy. — Que bobagem é essa de que esse cara aí — e indicou Crabbe — levou uma mordida feia de um verme? Eles nem têm dentes!
– E é com isso que você se preocupou? – Hermione revirou os olhos para Harry – O que esses dois idiotas pensam não prejudica tanto o Hagrid quanto o que aquela mulher escreveu!
– Não mesmo, é até risível eles terem dito que um verme mordeu o Crabbe! – Remo disse concordando com Hermione enfático.
Crabbe dava risadinhas, aparentemente muito satisfeito consigo mesmo.
— Bom, acho que isso deve encerrar a carreira desse caipirão — disse Malfoy, os olhos brilhando. — Meio gigante... E eu pensando que ele engolira um frasco de Esquelesce quando era criança... Nenhum pai nem mãe vão gostar nem um pouco dessa notícia... Vão ficar preocupados que o gigante devore os filhinhos deles, ha, ha...
– Isso é ridículo! – Alice bufou – A maioria dos pais estudou em Hogwarts também e provavelmente conheceu o Hagrid e sabe que ele é a pessoa mais doce do mundo!
– O grande problema, – Remo suspirou – é que as pessoas acreditam em qualquer coisa que leem no jornal… – completou dando um meio sorriso para Alice – É muito difícil para essas pessoas entender que o jornal mente!
– Eu sei. – Alice suspirou – Eu poderia apostar que meus pais se revoltariam com a escola se isso acontecesse hoje em dia. – completou tapando o rosto com as mãos – Não consigo entender como passei tanto tempo sendo tão cega!
– Pelo menos agora você consegue ver a realidade. – Neville disse apertando o ombro de Alice com carinho – E você entende que as coisas podem não ser como o jornal e o ministério diz…
Alice sorriu com carinho para Neville enquanto fazia sinal para Frank continuar lendo.
— Seu...
— Vocês estão prestando atenção aqui na frente?
A voz da Professora Grubbly-Plank chegou até eles, as garotas agora estavam agrupadas em torno do unicórnio, acariciando-o. Harry sentia tanta fúria que o artigo do Profeta Diário tremia em sua mão quando ele se virou maquinalmente para o unicórnio, cujas muitas propriedades mágicas a professora começava a enumerar em voz alta, para que os garotos pudessem ouvir também.
— Espero que ela continue, essa mulher! — disse Parvati Patil quando terminaram e todos seguiram para o castelo para almoçar.
— A aula ficou mais parecida com o que eu imaginei que seria o Trato das Criaturas Mágicas... Criaturas normais como unicórnios, não monstros...
— E Hagrid? — perguntou Harry zangado, quando subiam as escadas.
— Que é que tem ele? — perguntou Parvati, com a voz inflexível. — Ele pode continuar como guarda-caça, não pode?
– Consigo entender perfeitamente porque você não gosta dessa garota! – Lily afirmou virando-se para Hermione, irritada – Ela é exatamente como aquelas garotas metidas que estão sempre mais preocupadas em passar batom do que em ser simpáticas…
– Ela não é de todo ruim… – Gina riu – Acho que ela é mais sem noção mesmo…
Parvati andava tratando Harry com frieza desde o baile. Ele supôs que devia ter dado mais atenção à garota, mas ela parecia ter se divertido mesmo assim. Com certeza estava contando a todo mundo que quisesse ouvir que combinara encontrar-se com o garoto de Beauxbatons em Hogsmeade no próximo fim de semana.
– Mesmo que ela tenha se divertido… – Sirius riu – Você devia ter se dado ao trabalho de dar mais atenção para ela… Mas pelo menos você reconhece isso! Rony parece ser completamente incapaz de entender os sentimentos e pensamentos das pessoas normais!
Rony bufou, fazendo todos os presentes rirem.
— Foi uma aula realmente boa — disse Hermione, quando eles entraram no Salão Principal. — Eu não sabia metade das coisas que a Professora Grubbly-Plank falou sobre os uni...
— Olhe isso aqui! — rosnou Harry sacudindo o artigo do Profeta Diário no nariz de Hermione.
O queixo de Hermione foi caindo à medida que lia. Sua reação foi exatamente a mesma que a de Rony.
— Como foi que aquela Skeeter horrorosa descobriu isso? Você acha que Hagrid contou a ela?
— Não — respondeu Harry, se adiantando para a mesa da Grifinória, e se atirando numa cadeira, furioso. — Hagrid nunca disse isso nem à gente, não é? Acho que ela ficou tão aborrecida porque ele não quis contar os meus podres, que saiu fuçando para se vingar dele.
— Talvez ela tenha escutado a conversa dele com Madame Maxime no baile — arriscou Hermione baixinho.
— Nós a teríamos visto nos jardins! — disse Rony. — Em todo o caso, ela não tem permissão para tornar a entrar na escola, Hagrid disse que Dumbledore a proibiu...
– Dumbledore pode ter proibido, mas ela já mostrou que não se importa nem um pouco! – Remo bufou irritado – E ela pode ter meios de se disfarçar. – completou pensativo.
– Ela poderia estar escondida e por isso vocês não a viram… – Sirius concordou enfático – Podia estar com uma capa de invisibilidade, podia estar escondido em uma moita… Qualquer coisa!
– E ela é uma jornalista de fofocas! – Tiago afirmou categórico – É óbvio que ela tem meios de se esconder para vigiar os outros e desencavar histórias!
— Talvez ela use uma Capa da Invisibilidade — disse Harry, servindo uma concha de caçarola de frango em seu prato e derramando-a por todo o lado, tal era a sua raiva. — É o tipo de coisa que ela faria, não é, se esconder atrás de moitas para escutar as conversas dos outros.
— Como você e Rony fizeram? — perguntou Hermione.
— Não estávamos querendo ouvir! — disse Rony indignado. — Não tivemos opção! O panaca começou a falar da mãe giganta num lugar em que todo mundo podia ouvir!
– Exatamente! – Remo bufou cansado – Ele foi muito imprudente!
– Mas isso não devia ser algo pelo qual ter vergonha! – Tiago disse exaltado – A nossa sociedade é que é completamente errada! As pessoas não deviam julgar as outras por circunstâncias fora do controle delas! Nem por quem são seus pais, – acrescentou olhando para Sirius com carinho – ou pelo seu sangue! – completou virando-se para Lily – Nossa sociedade é completamente distorcida!
– Eu sei disso. – Lily disse olhando para Tiago com lágrimas nos olhos – Mas infelizmente nem todo mundo é como você! As pessoas do nosso mundo são muito preconceituosas! Até mesmo as pessoas que pensamos que estão do nosso lado ás vezes se mostram intolerantes e ignorantes... – completou olhando de soslaio para Severo, decepcionada.
– Mas para você é fácil falar tudo isso! – Remo suspirou – Você é puro-sangue, tem tudo o que precisa, ninguém nunca vai poder te julgar por nenhum desses motivos!
– Isso não faz de mim incapaz de compreender o que as outras pessoas passam! – Tiago exclamou – Eu tenho compaixão, empatia! E não sou burro! Além disso, eu nunca sai do seu lado!
– Pontas, você é uma pessoa excepcional… – Remo disse com um meio sorriso triste – Mas infelizmente, as pessoas não são como você…
— Temos que ir visitar Hagrid — disse Harry. — Hoje à noitinha, depois da aula de Adivinhação. Dizer que o queremos de volta... Você quer ele de volta, não quer? — O garoto disparou a pergunta à Hermione.
— Bem... Não vou fingir que a mudança não foi legal, ter uma aula decente de Trato das Criaturas Mágicas para variar, mas eu quero que Hagrid volte, é claro que quero! — acrescentou Hermione depressa, fraquejando diante do olhar furioso de Harry.
– É só falar para Hagrid que vocês querem estudar os animais dos NOM’s e as criaturas mais comuns do nosso mundo! – Sirius afirmou categórico – Ele vai entender! Aliás, nem sei porque vocês nunca falaram sobre isso com ele! Bastaria mostrar interesse em outras criaturas…
– Acho que sempre tivemos medo de magoar os sentimentos dele. – Harry deu de ombros – Ele é muito sensível…
– Mas ele entenderia. – Sirius disse com um meio sorriso – Ele às vezes não entende que os outros não tem o mesmo interesse que ele por criaturas perigosas… Mas ele ficaria feliz em ensinar a vocês sobre as outras criaturas se soubesse que vocês querem aprender sobre elas.
Então, naquela noite, depois do jantar, os três saíram do castelo, mais uma vez, e atravessaram os jardins congelados até a cabana de Hagrid. Bateram e os latidos retumbantes de Canino responderam.
— Hagrid, somos nós! — gritou Harry, socando a porta. — Abra!
Não houve resposta. Os garotos ouviram Canino arranhar a porta, mas ela não se abriu. Bateram mais uns dez minutos, Rony até bateu em uma das janelas, mas não houve resposta.
— Para que é que ele está evitando a gente? — perguntou Hermione quando finalmente desistiram e já iam voltando para a escola. — Com certeza ele não acha que nos importamos que ele seja meio gigante?
– Hagrid nunca teve coragem de contar isso para nenhum de nós… – Sirius suspirou – Ele deve se envergonhar de suas origens.
– Ele pode pensar que vocês vão ter medo dele. – Lily disse triste – Mesmo ele conhecendo vocês tão bem…
– Ele não pode acreditar nisso! – Tiago disse irritado – Harry nunca julgaria alguém dessa maneira e Hagrid devia saber disso!
Mas pelo jeito Hagrid se importava. Os garotos não viram nem sinal dele a semana inteira. Não apareceu à mesa dos professores na hora das refeições, nem foi visto pela propriedade cuidando de suas tarefas de guarda-caça, e a Professora Grubbly-Plank continuou a dar as aulas de Trato das Criaturas Mágicas. Malfoy se gabava a cada oportunidade possível.
— Com saudades do seu amiguinho mestiço? — ele não parava de murmurar para Harry sempre que havia um professor por perto, de modo a ficar a salvo de uma reação. — Com saudades do seu homem elefante?
– Eu daria um jeitinho de me vingar dele mesmo com professores por perto. – Sirius disse contrariado – Talvez Fred e Jorge pudessem te ajudar com isso… Não seria tão difícil assim esconder um pouco daqueles caramelos incha-língua no meio das refeições da Sonserina.
– Seria uma ótima ideia! – Tiago disse com um sorriso maroto – Bastaria criar uma distração no salão e ter alguém para colocar os caramelos, e qualquer outro produto comestível dos gêmeos, no meio das comidas da mesa deles… E ninguém poderia te acusar de nada!
– Vocês são terríveis! – Alice disse sem conseguir esconder as risadas.
Houve uma visita a Hogsmeade na metade de janeiro. Hermione ficou muito surpresa que Harry pretendesse ir.
— Pensei que você ia aproveitar a tranqüilidade do salão comunal. Olha que você realmente precisa trabalhar naquele ovo.
– Vocês já estavam no meio de janeiro e você ainda não tinha aceitado a sugestão de Diggory? – Remo perguntou irritado – Você vai se passar por idiota na prova, e a culpa vai ser toda sua e da sua cabeça dura!
– Ele estava sendo realmente idiota. – Gina concordou enfática – Só porque a cara-de-pato preferiu ir com ele ao baile…
– Eu já disse que Diggory não teria motivo nenhum para mentir para você! – Sirius bufou – Ele nem sabe que você tem aquela paixonite pela cara-de-pato.
— Ah, eu... Eu acho que agora já tenho uma boa idéia do que se trata — mentiu Harry.
— Já tem, é? — exclamou Hermione, parecendo impressionada. — Muito bem!
– É claro que eu deveria ter imaginado que você estava mentindo. – Hermione revirou os olhos – Se você realmente tivesse uma ideia já teria nos contado!
– Você é tão esperta e foi enganada por uma mentira tão ignóbil! – Remo riu – Nem parece a mesma Hermione que simplesmente adivinha os piores segredos das pessoas.
– Eu sempre acabo acreditando nele. – Hermione deu de ombros – Sempre acho que ele não teria motivos para mentir para mim…
– E não deveria ter mesmo. – Tiago disse virando-se para Harry decepcionado – Ela é sua melhor amiga, te ajudou em todos os momentos, não tem motivo nenhum para não contar a ela que não sabe do que o ovo se trata e não quer ouvir a dica de Diggory!
– Ela me obrigaria a ouvir a dica de Cedrico. – Harry explicou – E provavelmente não me deixaria ir a Hogsmead… E eu era um idiota. – completou quando Tiago não pareceu satisfeito com as duas explicações anteriores.
– Era mesmo. – Tiago concordou rindo e indicando que Frank podia voltar à leitura.
As entranhas de Harry deram uma revirada de culpa, mas ele fingiu não ter sentido. Afinal ainda lhe restavam cinco semanas para descobrir a pista do ovo e isso era uma eternidade... E se ele fosse a Hogsmeade, talvez desse de cara com Hagrid e tivesse uma chance de convencê-lo a voltar.
– Você se esforçou muito mais para mentir para si mesmo, do que para criar uma mentira decente para Hermione. – Remo disse sem conseguir segurar uma risada – E você sabia muito bem que não encontraria o Hagrid. – completou um pouco mais sério.
– Se ele não queria nem mesmo cumprir com as obrigações dele de guarda-caça, o que exatamente ele estaria fazendo em Hogsmead? – Sirius levantou as sobrancelhas para Harry inquisitivo – Não é realmente um bom lugar para se esconder.
No sábado ele, Rony e Hermione deixaram o castelo, juntos, e atravessaram os jardins frios e úmidos em direção aos portões. Ao passar em pelo navio de Durmstrang ancorado no lago, viram Vítor Krum saindo para o convés, trajando apenas calções de banho. Ele era muito magro, mas bem mais forte do que parecia, porque trepou na amurada do navio, esticou os braços à frente e mergulhou direto no lago.
– Mergulhou no lago? – Tiago juntou as sobrancelhas interessado – No meio de janeiro?
– O país dele deve ser bem mais frio que aqui. – Alice deu de ombros – E ele deve gostar de nadar!
– Não acho que seja isso. – Tiago franziu o cenho – Ele deve ter descoberto alguma coisa… Talvez esteja se preparando para a próxima tarefa… Afinal, Cedrico mandou Harry entrar na água com o ovo… Krum está mergulhando no lago… É óbvio que o a pista do ovo tem relação com água! – Tiago concluiu categórico – Espero que depois de ver Krum pulando no lago você perceba que Cedrico não queria te enganar!
– Infelizmente Harry faz jus ao seu estilo desinteressado e não faz as conexões que vocês fazem! – Gina disse gerando risadas.
– E pelo visto ele nem ao menos contou a dica de Cedrico para Hermione… – Remo lamentou – Ou ela seria capaz de fazer a conexão e convencer Harry de que Cedrico não estava mentindo…
— Ele é doido! — comentou Harry, observando a cabeça escura de Krum reaparecer no meio do lago. — Deve estar congelando, estamos no meio de janeiro!
— É muito mais frio no lugar de onde ele vem — disse Hermione. — Imagino que ele sinta até um calorzinho aqui.
– E mais uma vez você é prejudicado por não contar tudo para os seus amigos. – Sirius suspirou decepcionado.
— É, mas ainda tem a lula gigante — lembrou Rony. Sua voz não revelava ansiedade, se revelava alguma coisa, era esperança. Hermione reparou no tom de voz dele e franziu a testa.
— Ele é realmente legal, sabe. Não é nada do que se poderia pensar de alguém que vem de Durmstrang. Ele me disse que gosta muito mais daqui.
Rony não fez comentários. Não mencionara Vítor Krum desde o baile, mas Harry encontrara a miniatura de um braço embaixo da cama do amigo, no dia seguinte ao Natal, que dava a impressão de ter sido arrancado do modelinho com as vestes de Quadribol da Bulgária.
– E ainda assim você não foi capaz de admitir que estava com ciúmes? – Gina perguntou irônica – Garotos são lentos mesmo…
Rony bufou e baixou os olhos constrangido.
Harry ficou de olhos muito atentos à procura de um sinal de Hagrid por todo o caminho até a enlameada rua Principal e sugeriu uma visita ao Três Vassouras depois de se certificar de que Hagrid não estava nas outras lojas.
O bar estava apinhado como sempre, mas uma olhada rápida pelas mesas informou a Harry que Hagrid não se encontrava ali. Desanimado, dirigiu-se ao balcão com Rony e Hermione, pediu à Madame Rosmerta três cervejas amanteigadas e pensou, deprimido, que afinal teria feito melhor se tivesse ficado na escola escutando o lamento do ovo.
– Você provavelmente teria feito melhor se simplesmente entendesse que é normal retribuir favores e por isso Diggory deve ter sido sincero com você! – Sirius disse impaciente.
– Ainda acho que é difícil para ele aceitar ajuda… – Lily suspirou – O marido da minha irmã deve ter feito ele se sentir mal todas as vezes em que pediu ajuda durante a vida… Não deve ser uma coisa fácil de superar…
– Não mesmo. – Sirius admitiu um pouco mais calmo – Mas ele já devia ter percebido que os amigos estão ao lado dele…
— Será que ele nunca vai ao escritório? — cochichou Hermione de repente. — Olha lá!
Ela apontou para o espelho atrás do bar e Harry viu, refletido ali, Ludo Bagman, sentado em um canto mais escuro com um grupo de duendes. O bruxo falava muito rápido, e em voz baixa, com os duendes, que tinham os braços cruzados e uma expressão assustadora no rosto.
Era realmente estranho, pensou Harry, que Bagman estivesse ali no Três Vassouras, num fim de semana, quando não havia nenhum evento do torneio, e, portanto, nenhuma atividade do seu júri. Ele observou o bruxo pelo espelho.
Bagman parecia tenso, tão tenso quanto naquela noite na floresta antes da Marca Negra aparecer.
– Isso é realmente suspeito. – Tiago disse pensativo – Vocês também encontraram duendes na floresta no dia da copa mundial, não é? – completou virando-se para Hermione que apenas acenou afirmativamente com a cabeça – Ele deve ter algum negócio com os duendes… E pelo visto eles não estavam nada felizes com a conversa…
– Duendes são bem rancorosos, – Sirius afirmou categórico – os bruxos sempre tem que tomar muito cuidado ao lidar com eles…
Mas neste momento Bagman olhou para o bar, viu Harry e se levantou.
— Um momento, um momento! — Harry o ouviu dizer bruscamente para os duendes e atravessar o bar em direção a ele, o sorriso juvenil de sempre no rosto.
— Harry! — exclamou ele. — Como vai? Tinha esperança de encontrá-lo! Está tudo correndo bem?
— Ótimo, obrigado!
— Será que eu podia dar uma palavrinha rápida com você, em particular? — disse ele presuroso. — Vocês poderiam nos dar licença um momento, por favor?
— Hum... OK — concordou Rony, e ele e Hermione saíram à procura de uma mesa. Bagman levou Harry para o canto mais afastado do bar de Madame Rosmerta.
— Bom, achei que gostaria de cumprimentá-lo outra vez por seu esplêndido desempenho contra o Rabo-Córneo, Harry — disse Bagman. — Foi realmente soberbo!
– Ele não precisava tirar vocês de perto para isso. – Neville afirmou categórico.
— Obrigado — disse o garoto, mas sabia que não devia ser só isso que Bagman queria dizer, porque poderia ter dado os parabéns diante de Rony e Hermione. Mas o bruxo parecia não ter pressa alguma de dizer o que era. Harry o viu olhar para o espelho do bar na direção dos duendes que os observavam em silêncio, com aqueles olhos escuros e puxados.
— Absoluto pesadelo — disse Bagman a Harry entre dentes, reparando que Harry também observava os duendes. — O inglês deles não é muito bom... Parece até que estou de volta à Copa Mundial de Quadribol com todos aqueles búlgaros... Mas pelo menos eles usavam gestos que todo ser humano era capaz de reconhecer. Essa turma fica algaraviando em grugulês... E só conheço uma palavra de grugulês. Bladvak. Significa "picareta". Não gosto de usá-la para eles não pensarem que estou ameaçando-os. — E soltou uma gargalhada breve, mais retumbante.
— Que é que eles querem? — perguntou Harry, notando que os duendes continuavam a observar Bagman com muita atenção.
— Hum... Bem... — disse Bagman, parecendo subitamente nervoso. — Eles... Hum... Estão procurando Bartô Crouch.
– Isso sim é estranho. – Sirius disse coçando a cabeça – Se eles estivesse procurando Crouch, procurariam por ele no ministério, não em Hogsmead… Mesmo que ele não esteja indo ao escritório como Percy falou…
– Para mim Bagman está mentindo. – Tiago admitiu contrafeito – Ele obviamente estava nervoso e hesitante…
– Mas o que mais ele poderia estar fazendo com duendes? – Frank perguntou curioso.
– Negócios? – Severo sugeriu desinteressado.
– Talvez os duendes queiram algo dele… – Sirius deu de ombros – Eles são bem insistentes quando acham que alguém está devendo algo a eles.
— Por que é que estão procurando por ele aqui? — perguntou Harry. — Ele não está no Ministério em Londres?
— Hum... Para falar a verdade, não faço a menor idéia de onde esteja. Vamos dizer que tenha parado de comparecer ao trabalho. Já está ausente há umas duas semanas. O jovem Percy, assistente dele, diz que ele está doente. Aparentemente tem enviado instruções via coruja. Mas se importa de não comentar isso com ninguém, Harry? Porque a Rita Skeeter continua bisbilhotando por todo lado que pode e eu seria capaz de apostar que ela poderia transformar a doença de Bartô em algo sinistro. Provavelmente dizer que ele está desaparecido como Berta Jorkins.
– Talvez Bagman tenha acertado sem perceber… – Remo disse nervoso – Esse desaparecimento de Crouch é realmente suspeito… E Voldemort está agindo na surdina, pode estar usando Crouch para alguma coisa…
– Ou pode ter matado ele por informações, – Sirius disse soturno – como fez com Berta.
– Acho que para ele Crouch seria mas útil vivo… – Severo disse pensativo – Há muitas maneiras de controlar a mente de um homem, e Crouch é um funcionário importante do ministério.
– Snape tem razão. – Sirius disse a contragosto – Ainda assim, isso tudo é muito suspeito.
– Espero que não. – Lily disse temerosa – Se ele pegou Crouch, está cada vez mais perto de Harry…
– Não se preocupe. – Tiago disse categórico – Tenho muitas dúvidas em relação a Dumbledore desde que começamos a ler esses livos, mas de uma coisa tenho certeza, enquanto Harry estiver em Hogwarts com Dumbledore, ele vai estar seguro.
— O senhor teve notícias da Berta Jorkins? — perguntou Harry.
— Não — respondeu Bagman, parecendo outra vez tenso. — Tenho gente procurando, é claro... — (Já não era sem tempo, pensou Harry) — e é tudo muito estranho. Sem a menor dúvida chegou à Albânia, porque se encontrou lá com uma prima em segundo grau. Depois deixou a casa da prima dizendo que ia ao sul visitar uma tia... E parece ter desaparecido no caminho, sem deixar vestígios. O diabo é quem sabe onde ela pode ter se metido... Não parece ser do tipo que foge para casar, por exemplo... Contudo... Mas por que é que estamos falando de duendes e de Berta Jorkins? O que eu realmente queria perguntar a você é... — e aqui ele baixou a voz — como é que você vai indo com o ovo de ouro?
— Hum... Nada mal — disse Harry ocultando a verdade.
Bagman pareceu perceber que o garoto não estava sendo honesto.
— Escute, Harry — disse ele (ainda em voz muito baixa). — Eu me sinto muito mal a respeito dessa coisa toda... Você foi empurrado para o torneio, você não se voluntariou... E se — (aqui sua voz ficou tão baixa que Harry precisou chegar mais perto para escutar) —... Se tiver alguma coisa que eu possa fazer... Um empurrãozinho na direção certa... Acabei me afeiçoando a você... O jeito com que você passou pelo dragão!... Bem, é só dizer.
– E Bagman mais uma vez está tentando ajudar Harry por debaixo dos panos. – Tiago disse desconfortável – Isso não é nada bom…
– Definitivamente suspeito. – Sirius disse nervoso – Por que ele iria querer ajudar Harry? Qual o interesse dele nisso?
– Talvez seja um interesse mais inocente do que estamos pensando. – Remo disse pensativo – Bagman gosta de esportes, e na copa mundial descobrimos que ele gosta de apostas… – Remo completou.
– É claro! – Sirius deu um tapa na própria testa – Ele deve ter apostado em Harry e está apenas tentando melhorar as chances dele!
– Mas isso é errado. – Alice disse franzindo a testa – Ele é um jurado do torneio, como pode apostar nos resultados que ele mesmo pode manipular?
– Talvez ele seja viciado em apostas. – Tiago deu de ombros – Mas tudo isso faz muito sentido, e talvez até explique o que os duendes querem com ele…
– Eu fico bem mais tranquila em imaginar que ele é apenas um apostador do que achar que ele está trabalhando para Voldemort. – Lily afirmou categórica.
Harry olhou para o rosto rosado e redondo, e para os grandes olhos azul-celeste de Bagman.
— Devemos decifrar as pistas sozinhos, não é? — disse ele, tomando cuidado para manter a voz displicente e não parecer que estava acusando o chefe do Departamento de Jogos e Esportes Mágicos de infringir o regulamento.
— Bem... Bem, é verdade, — disse Bagman impaciente — mas... Vamos, Harry, todos queremos a vitória de Hogwarts, não é mesmo?
— O senhor ofereceu ajuda a Cedrico? — perguntou Harry.
A mais leve das rugas vincou o rosto liso de Bagman.
— Não, não ofereci. Eu... Bem, como disse, me afeiçoei a você. Por isso pensei em oferecer...
— Bem, obrigado, — disse Harry — mas acho que estou quase chegando lá... Mais uns dois dias e resolvo o problema do ovo.
Ele não tinha muita certeza da razão pela qual estava recusando a ajuda de Bagman, exceto que o bruxo era quase um estranho para ele, e aceitar sua ajuda lhe parecia muito mais desonesto do que pedir conselhos a Rony, Hermione ou Sirius.
– E é muito mais desonesto. – Lily concordou orgulhosa – Bagman sabe o que é a pista do ovo, e deve ter ajudado a planejá-la… Não é certo que ele ajude, e é muito bom que você não aceite a ajuda dele, mostra que você realmente tem honra!
Bagman pareceu quase afrontado, mas não pôde dizer muito mais, porque Fred e Jorge apareceram naquele momento.
— Olá, Sr. Bagman — disse Fred animado. — Podemos lhe oferecer uma bebida?
— Hum... Não, — disse Bagman, com um último olhar desapontado para Harry — não, muito obrigado, garotos...
Fred e Jorge pareciam quase tão desapontados quanto Bagman, que mirava Harry como se o garoto o tivesse deixado na mão.
– Fred e Jorge estão literalmente perseguindo Bagman… – Sirius disse hesitante – Não acho que eles fariam isso por causa dos logros… Eles podem muito bem se virar sem a ajuda dele.
– Se Bagman realmente tem problemas com apostas, – Remo disse pensativo – pode ser que não tenha pagado a dívida com Fred e Jorge. E eles podem estar tentando cobrar…
– Faz sentido. – Tiago afirmou – Por isso eles estavam escrevendo cartas escondidos e temendo parecer que estavam acusando alguém… Faz todo o sentido.
– Só faz sentido se Bagman realmente for um viciado em jogo. – Lily disse – Mas realmente não acho que os gêmeos perseguiriam ele por causa de um contato com a Zonko’s, acho que os dois seriam perfeitamente capazes de fazer um contato com a loja.
— Bem, preciso correr — disse ele. — Foi bom ver vocês. Boa sorte, Harry.
E saiu apressado do bar. Os duendes deslizaram para fora das cadeiras e saíram atrás de Bagman. Harry foi se reunir a Rony e Hermione.
— Que é que ele queria? — perguntou Rony, no instante em que Harry se sentou.
— Ele se ofereceu para me ajudar com o ovo de ouro.
— Ele não devia estar fazendo isso! — exclamou Hermione, parecendo muito chocada. — Ele é um dos juizes! E em todo o caso, você já decifrou sozinho, não foi?
— Hum... Quase.
— Bem, eu acho que Dumbledore não gostaria de saber que Bagman andou tentando convencer você a ser desonesto! — disse Hermione ainda com uma expressão de profunda reprovação. — Espero que ele esteja tentando ajudar Cedrico também!
– Você devia decidir, – Gina disse a Hermione risonha – em um minuto está criticando Bagman por ajudar Harry, no minuto seguinte diz que espera que ele esteja ajudando Cedrico?
– Só pensei que seria menos errado se ele estivesse tentando ajudar os dois campeões de Hogwarts. – Hermione deu de ombros – Considerando que Maxime e Karkaroff estavam obviamente ajudando Fleur e Vitor e Dumbledore não estava ajudando Harry e Cedrico.
– Faz sentido. – Alice disse com um meio sorriso – Mas acho que Maxime e Karkaroff não deviam saber tanto sobre as tarefas quanto Bagman de qualquer forma.
— Não, não está. Eu perguntei a ele — informou Harry.
— Quem é que se importa se Cedrico está recebendo ajuda? — disse Rony.
Harry, intimamente, concordou.
— Aqueles duendes não pareciam muito simpáticos — comentou Hermione, bebericando a cerveja amanteigada. — Que é que eles estavam fazendo aqui?
— Procurando Crouch, segundo informou Bagman. Ele continua doente. Não tem ido trabalhar.
— Quem sabe Percy está envenenando ele? — sugeriu Rony. — Provavelmente acha que se Crouch apagar ele vai ser nomeado chefe do Departamento de Cooperação Internacional em Magia.
– Não acho que Percy faria isso. – Gina disse pensativa – Mesmo ganancioso como é…
– Mas a teoria de Rony até combina um pouco com a nossa. – Sirius disse rindo – Alguém está mantendo Crouch fora do ministério, pode ser Percy, ou Voldemort…
Hermione lançou a Rony um olhar do tipo não-brinque-com-essas-coisas e comentou:
— Engraçado, duendes procurando o Sr. Crouch... Eles normalmente se dirigem ao Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas.
— Mas Crouch sabe falar um monte de línguas diferentes — lembrou Harry. — Talvez eles precisem de um intérprete.
— Agora está se preocupando com os coitadinhos dos duendes, é? — perguntou Rony a Hermione. — Está pensando em lançar um S.P.D.F. ou outra coisa do gênero? Uma Sociedade Protetora dos Duendes Feios?
— Ha, ha, ha — exclamou Hermione sarcasticamente. — Duendes não precisam de proteção. Você não tem prestado atenção ao que o Professor Binns vem nos contando sobre as revoltas dos duendes?
– Não acho que alguém, além de você, tenha a capacidade de se manter acordado durante as aulas do Binns... – Sirius disse risonho.
– Mas você sabe bastante sobre a revolta dos duendes, não é? – Hermione perguntou rindo – Você sempre me surpreende com seus conhecimentos de história da magia.
– Sei uma coisa ou outra. – Sirius admitiu fingindo modéstia – Meu pai sempre falava muito sobre isso para Régulo e eu nunca confrontarmos os duendes quando assumirmos os negócios da família. – Sirius explicou – Essa é a importância da história na nossa casa.
— Não — disseram Harry e Rony juntos.
— Pois é, eles têm plena capacidade de enfrentar os bruxos — disse Hermione, tomando mais um golinho de cerveja amanteigada. — Eles são muito inteligentes. Não são como os elfos domésticos, que nunca se unem para se defender.
— Ah — exclamou Rony, com os olhos fixos na porta. Rita Skeeter acabara de entrar. Estava usando vestes amarelo banana, tinha as unhas longas pintadas de rosa-choque e vinha acompanhada do seu fotógrafo barrigudo. Ela comprou bebidas, e os dois abriam caminho entre as pessoas e as mesas até uma mesa próxima. Harry, Rony e Hermione amarraram a cara para ela ao verem que estava se aproximando. Ela falava depressa e parecia muito satisfeita com alguma coisa.
—... Não parecia muito interessado em falar com a gente, você também não acha, Bozo? E por que você acha que não estava? E o que é que ele estava fazendo com uma matilha de duendes na cola? Mostrando os pontos pitorescos do povoado... Que absurdo... Ele sempre foi um mau mentiroso. Você acha que ele está escondendo alguma coisa? Acha que devíamos fuçar um pouco? Ludo Bagman, o desacreditado ex-Chefe dos Esportes Mágicos... É uma boa abertura, Bozo, agora só precisamos encontrar uma história para usá-la...
– Mulherzinha inescrupulosa! – Tiago disse irritado – Bagman obviamente está escondendo alguma coisa, mas nem ele merece que ela fuce a vida dele e estrague a reputação dele!
– Não acho que alguém mereça isso. – Remo suspirou.
– Os comensais da morte e seu mestre merecem… – Sirius deu de ombros – Mas a maioria deles tem dinheiro o bastante para comprar o silêncio do jornal… Bellatrix e Lucio tem.
— Tentando estragar a vida de mais alguém? — perguntou Harry em voz alta.
Algumas pessoas viraram a cabeça. Os olhos de Rita mal se arregalaram por trás dos óculos de pedrinhas quando viu quem falara.
— Harry! — exclamou ela sorridente. — Que ótimo? Por que você não vem se sentar conosco...?
— Eu não chegaria perto da senhora nem com uma vassoura de três metros — disse Harry furioso. — Por que a senhora fez aquilo com o Hagrid, hein?
Rita Skeeter ergueu as sobrancelhas acentuadas com lápis grosso.
— Os nossos leitores têm o direito de saber a verdade, Harry estou meramente fazendo o meu...
— Quem se importa que ele seja meio gigante? — gritou Harry. — Não há nada errado com ele!
O bar inteiro ficou em silêncio. Madame Rosmerta acompanhava de olhar fixo por trás do balcão, aparentemente esquecida de que a garrafa que estava enchendo de quentão começara a transbordar.
O sorriso de Rita Skeeter estremeceu levemente, mas ela o firmou quase no mesmo instante, abriu a bolsa de crocodilo com um estalido, tirou a pena-de-repetição-rápida e disse:
— Que tal me dar uma entrevista sobre o Hagrid que você conhece, Harry? O homem por trás dos músculos? A improvável amizade que tem por ele e as razões para tê-la? Você o chamaria de um pai substituto?
– Se eu fosse você, eu realmente evitaria provocar essa mulher. – Remo disse temeroso – Ela já se mostrou bem maldosa com o que fez com Hagrid, ela pode muito bem tentar prejudicar você…
– Remo tem razão. – Tiago concordou irritado – Ela tem o Profeta diário ao lado dela e a maioria da população bruxa acredita no Profeta… Se você já acha ruim quando as pessoas em Hogwarts estão contra você, imagine com seria ter o Reino Unido inteiro.
Não precisaria realmente imaginar, Harry pensou, mas ainda não era hora de falar sobre o assunto.
Hermione se levantou abruptamente, a cerveja amanteigada apertada na mão como se fosse uma granada.
— Sua mulher horrorosa, — disse ela, entre dentes — a senhora não se importa, não é, qualquer coisa vira artigo, e qualquer pessoa serve, não é? Até Ludo Bagman...
— Sente-se, menininha boba e não fale do que não entende — disse Rita Skeeter com frieza, seu olhar endurecendo ao pousar em Hermione. — Sei de coisas sobre Ludo Bagman que deixariam você de cabelos em pé... Não que eles precisem de ajuda — acrescentou, mirando os cabelos lanzudos de Hermione.
– O que ela pode saber de tão ruim de Bagman? – Alice perguntou curiosa.
– O que quer que seja, – Remo suspirou – deve sair no artigo que ela vai escrever sobre ele…
– Ainda assim, – Sirius disse pensativo – é a segunda vez que alguém insinua que Bagman não é uma pessoa boa… Vocês se lembram de como Winky pensa que Bagman é um bruxo malvado, não é?
– Você tem razão. – Tiago concordou – Talvez o vício em apostas não seja os único problema dele.
— Vamos embora — disse Hermione. — Anda, Harry, Rony...
Os garotos saíram, muita gente ficou olhando para eles enquanto se retiravam. Harry virou a cabeça ao alcançar a porta. A pena-de-repetição-rápida estava em posição, corria para frente e para trás no pedaço de pergaminho sobre a mesa.
— Você vai ser a próxima que ela vai perseguir, Mione — disse Rony, numa voz baixa e preocupada quando tornavam a subir a rua.
— Ela que experimente! — disse a garota com voz aguda, tremia de raiva. — Vou mostrar a ela! Menininha boba é? Ah, vai ter troco, primeiro Harry, agora o Hagrid...
— Você não vai querer se indispor com a Rita Skeeter — disse Rony nervoso. — Estou falando sério, Mione, ela vai desenterrar alguma coisa sobre você...
— Meus pais não lêem o Profeta Diário, ela não pode me apavorar e me fazer esconder! — disse Hermione, agora caminhando tão depressa que Harry e Rony mal conseguiam acompanhá-la. A última vez que Harry vira Hermione com tanta raiva assim, ela metera a mão na cara de Draco Malfoy.
– Acho que você está realmente subestimando o poder da imprensa escrita. – Sirius suspirou preocupado – Dependendo do que ela escrever sobre você, as pessoas podem se revoltar, sentir raiva de você, te odiar, tentar te ferir… As pessoas comuns acreditam em tudo o que o jornal diz, e a mentalidade de bando pode ser bem irracional…
– Hogwarts é um lugar seguro, – Alice disse – ninguém vai atacar ela na escola!
– Pessoas irracionais podem ser bem criativas. – Sirius bufou tenso.
— E Hagrid não vai se esconder mais! Ele nunca deveria ter deixado aquela imitação de ser humano o perturbar! Andem!
Desatando a correr, ela levou os garotos de volta à estrada, cruzou os portões ladeados por javalis alados e atravessou os jardins até a cabana de Hagrid.
As cortinas ainda estavam corridas, mas eles ouviram os latidos de Canino quando se aproximaram.
— Hagrid! — chamou Hermione, batendo com força na porta da frente. — Hagrid, pode parar com isso! Sabemos que você está aí dentro! Ninguém liga a mínima se sua mãe era uma giganta, Hagrid! Você não pode deixar aquela Skeeter nojenta fazer isso com você! Hagrid, vem aqui fora, você está sendo...
– Já estava passando da hora de um de vocês se esforçar para fazer Hagrid se sentir um pouco melhor. – Lily afirmou categórica – Achei que vocês fariam algo do tipo no primeiro dia depois que aquela matéria horrível saiu no jornal.
A porta se abriu. Hermione disse:
— Já não era...! — e se calou, de repente porque se viu cara a cara, não com Hagrid, mas com Alvo Dumbledore.
— Boa-tarde — disse ele agradavelmente, sorrindo para os garotos.
— Nós... Hum... Nós gostaríamos de ver o Hagrid — disse Hermione baixinho.
— Claro, imaginei isso — disse Dumbledore, os olhos cintilando. — Por que não entram?
— Ah... Hum... OK...
– Espero que Dumbledore não esteja na cabana de Hagrid para demití-lo por pressão dos pais. – Alice disse triste – Ele não merece isso.
– Não acho que Dumbledore faria isso. – Frank disse hesitante – Ele não permitiria que os pais o pressionassem dessa maneira… E ele já disse que confia a vida dele a Hagrid.
Ela, Rony e Harry entraram na cabana. Canino se atirou sobre Harry no instante em que o garoto entrou, latindo feito louco e tentando lamber as orelhas dele. Harry afastou Canino e olhou à volta. Hagrid estava sentado à mesa, onde havia duas canecas de chá. Estava pavoroso. O rosto manchado, os olhos inchados e tinha passado ao outro extremo em termos de cabelos, em lugar de tentar amansá-los, deixara-os agora parecidos com uma peruca de arame embaraçado.
— Oi, Hagrid — disse Harry.
Hagrid ergueu os olhos.
— Alô — disse ele, com a voz rouca.
— Mais chá, acho — disse Dumbledore, que fechou a porta depois que Harry, Rony e Hermione entraram, puxou a varinha e girou-a, apareceu no ar uma bandeja giratória de chá acompanhado por um prato de bolos.
Ainda por magia, Dumbledore levou a bandeja até a mesa e todos se sentaram. Houve uma ligeira pausa e então o diretor disse:
— Você por acaso ouviu o que a Srta. Granger estava gritando, Hagrid?
Hermione corou ligeiramente, mas Dumbledore sorriu para ela e continuou.
— Hermione, Harry e Rony parecem que ainda querem continuar a conhecer você, a julgar pela maneira com que tentavam derrubar a porta.
– É claro que querem conhecê-lo! – Lily exclamou exaltada – Hagrid é uma das pessoas que mais se vale a pena conhecer em Hogwarts!
– Acho que ele estava precisando que algumas pessoas o convencessem disso. – Remo suspirou – Sei exatamente como ele se sente… Eu me considerava um monstro, achava que ninguém nunca ia querer minha amizade, achava que se soubessem, os garotos nunca iam querer dividir um dormitório comigo.
– Sinto muito estragar suas fantasias megalomaníacas, – Sirius disse sorrindo para Remo com carinho – mas você nunca foi um perigo tão grande assim… Quando você era criança usava a magia para fazer os livros irem até a sua cama… Que ameaçador! – completou fingindo tremer de medo.
— Claro que ainda queremos conhecer você! — exclamou Harry fitando Hagrid. — Você não acha que alguma coisa que aquela vaca da Skeeter... Desculpe professor — acrescentou ele depressa, olhando para Dumbledore.
— Fiquei temporariamente surdo e não faço idéia do que foi que você disse, Harry — disse Dumbledore, girando os polegares e olhando para o teto.
— Hum... Certo — disse Harry envergonhado. — Eu só quis dizer, Hagrid, como é que você pôde pensar que ligaríamos para o que aquela "mulher" escreveu sobre você?
Duas grossas lágrimas saltaram dos olhos de Hagrid, negros como besouros, e caíram lentamente sobre sua barba desgrenhada.
— A prova viva do que estive lhe dizendo, Hagrid — disse Dumbledore, ainda contemplando atentamente o teto. — Já lhe mostrei as cartas dos inúmeros pais que se lembram de você do tempo em que estiveram aqui, dizendo em termos bastante claros que se eu o despedisse eles não iriam ficar calados...
– Isso é incrível! – Remo disse sem esconder a surpresa – Os pais se lembram de Hagrid, estão defendendo ele… Nem posso acreditar…
– É como eu disse. – Tiago disse sorrindo de lado para Remo – Só vocês se consideram monstros aterrorizantes! Mas Hagrid devia entender mais sobre isso do que você, – completou sem esconder uma risada – ele sempre enxerga o lado bom de todas as criaturas que encontra, não importa quão perigosas sejam.
– É mais difícil enxergar o lado bom em nós mesmos. – Remo admitiu a contragosto – Eu só vejo coisas boas em mim quando vocês estão por perto…
— Nem todos — disse Hagrid rouco. — Nem todos querem que eu fique...
— Francamente, Hagrid, se você está esperando obter aprovação universal, receio que vá ficar trancado na cabana muito tempo — disse o diretor, agora olhando severamente por cima dos oclinhos de meia-lua. — Ainda não houve uma semana, desde que me tornei diretor desta escola, em que eu não recebesse ao menos uma coruja reclamando da maneira com que eu a dirijo. Mas o que é que eu deveria fazer? Me entrincheirar no escritório e me recusar a falar com as pessoas?
– Sempre tem alguém para reclamar… – Tiago deu de ombros – Mas se eu estivesse vivo também teria uma ou duas reclamações a fazer sobre a gestão de Dumbledore…
– Como o que por exemplo? – Lily perguntou curiosa.
– O fato dele permitir que um professor trate os alunos como Snape trata Neville, Harry e Hermione? – Tiago perguntou irônico.
— Mas... Mas o senhor não é meio gigante! — crocitou Hagrid.
— Hagrid, olha só quem são os meus parentes! — disse Harry furioso. — Olha só os Dursley!
— Muito bem lembrado! — disse o diretor. — Meu próprio irmão, Aberforth, foi acusado de praticar feitiços impróprios em um bode. Apareceu em todos os jornais, mas ele se escondeu? Não, não se escondeu! Manteve a cabeça erguida e continuou a trabalhar como sempre! Naturalmente, não tenho muita certeza de que ele saiba ler, por isso talvez não tenha tido tanta coragem assim...
– Eu realmente não gostaria de saber que tipo de feitiços o irmão de Dumbledore usou no bode… – Lily disse franzindo a testa em desagrado.
– Se você for um pouco criativa consegue imaginar. – Sirius riu maldoso – Mas tenho bastante certeza de que Dumbledore está mentindo sobre o irmão dele não saber ler…
– Meus pais são muito amigos de Dumbledore, – Tiago afirmou – pelo que sei ele e o irmão não tem um relacionamento muito bom… Mas o irmão dele esteve em Hogwarts também, na mesma época que eles.
— Volte a ensinar, Hagrid, — disse Hermione em voz baixa — por favor, volte, nós realmente sentimos sua falta.
Hagrid engoliu em seco. Mais lágrimas escorreram por suas bochechas e penetraram a barba embaraçada. Dumbledore se levantou.
— Eu me recuso a aceitar o seu pedido de demissão, Hagrid, e espero que esteja de volta ao trabalho na segunda-feira — disse ele. — Você tomará café em minha companhia às oito e meia no Salão Principal. Nada de desculpas. Boa-tarde para todos vocês.
– Nesse caso sou obrigado a admitir que gostei da atitude de Dumbledore. – Tiago suspirou – Hagrid realmente precisava desse apoio.
Dumbledore se retirou da cabana, parando apenas para dar uma coçada atrás da orelha de Canino. Quando a porta se fechou atrás dele, Hagrid começou a soluçar com o rosto nas mãos do tamanho de uma tampa de lata de lixo.
Hermione deu palmadinhas em seu braço e finalmente Hagrid ergueu a cabeça, os olhos de fato muito vermelhos e disse:
— Um grande homem o Dumbledore...
— Grande homem... — concordou Rony. — Posso comer um desses bolos, Hagrid?
– Tato? – Lily perguntou a Rony sem esconder um riso.
– Estava com fome. – Rony deu de ombros – Hermione nos arrancou de Hogsmead antes que pudéssemos comer alguma coisa.
— Sirva-se — disse ele, enxugando os olhos nas costas da mão. — Arre, ele tem razão, é claro, vocês têm razão... Tenho sido idiota... Meu velho pai teria se envergonhado do meu comportamento nesses últimos dias... — Mais lágrimas escorreram, mas ele as enxugou com mais firmeza e continuou: — Nunca mostrei a vocês uma foto do meu velho pai, não é? Olhem...
Hagrid se levantou, foi até a cômoda, abriu a gaveta e tirou uma foto de um bruxo baixinho com os mesmos olhos negros rodeados de rugas do filho, sentado sorridente no ombro dele. Hagrid tinha bem uns dois metros mais do que o pai, a julgar pela macieira ao lado deles, mas seu rosto era imberbe, jovem, redondo e liso — parecia não ter mais que uns onze anos de idade.
— Foi tirada logo depois que vim para Hogwarts — disse Hagrid rouco. — Papai morreu muito feliz... Achava que eu talvez não fosse bruxo, entende, porque mamãe... Bem, em todo o caso... Claro que, sinceramente, nunca fui grande coisa em magia... Mas pelo menos ele não me viu ser expulso. Morreu, entende, eu estava no segundo ano... Dumbledore foi quem me apoiou depois que meu pai morreu. Me arranjou o lugar de guarda caça... Confia nas pessoas, ele. Dá uma segunda oportunidade... É isso que diferencia ele de outros diretores, entendem. Aceita qualquer pessoa em Hogwarts, que tenha talento. Sabe que as pessoas podem ser legais mesmo que as famílias delas não tenham sido... Bem... Tão respeitáveis assim. Mas tem gente que não entende isso. Tem gente que sempre usa a família contra a pessoa... Tem até gente que finge que tem ossos grandes em lugar de se levantar e dizer "eu sou o que sou e não me envergonho disso". "Nunca se envergonhe", meu velho pai costumava dizer, "tem gente que vai usar isso contra você, mas não vale a pena se preocupar com eles." E ele tinha razão. Fui um idiota. Não vou me incomodar mais com ela, prometo a vocês. Ossos graúdos, eu vou mostrar a ela os ossos graúdos.
– Pobre Hagrid. – Lily suspirou – Perdeu o pai tão novo…
– Mas pelo menos Dumbledore cuidou bem dele. – Remo disse com um meio sorriso – Manteve ele em Hogwarts, deu um emprego e lar a ele…
– E ele devia ter escutado o pai dele! – Tiago exclamou – O pai dele estava certo! Ele não devia se envergonhar de quem é. Ninguém deve!
– Eu sei que estamos em um momento emocionante, sobre o pai do Hagrid e tudo mais… – Sirius disse se esforçando para esconder uma risada – Mas eu não consigo parar de pensar em como os meio-gigantes são concebidos… – completou fazendo com que todos caíssem na gargalhada.
– Só posso imaginar que envolve alguns feitiços de engurgitamento… E muito medo de ser esmagado… – Tiago disse coçando a cabeça entre risadas.
– E suponho que só dê para acontecer entre uma giganta e um bruxo… – Remo disse rindo – Não acho que uma bruxa de tamanho normal teria a capacidade de carregar um bebê meio-gigante…
– Eu realmente não gostaria de imaginar a concepção do Hagrid. – Lily disse franzindo a testa desconfortável.
Harry, Rony e Hermione se entreolharam nervosos, Harry preferia levar cinqüenta explosivins para passear do que admitir para Hagrid que entreouvira a conversa dele com Madame Maxime, mas Hagrid continuava falando, aparentemente inconsciente de que tivesse dito alguma coisa estranha.
— Sabe de uma coisa, Harry? — disse ele tirando os olhos da foto do pai, os olhos muito brilhantes. — Quando o conheci, você me lembrou um pouco de mim. Mãe e pai desaparecidos e você sentindo que não ia se adaptar a Hogwarts, lembra? Não tinha muita certeza de que estava à altura... E agora, olha só você, Harry! Campeão da escola!
Ele fitou o garoto um instante e então disse, muito sério:
— Sabe o que eu adoraria, Harry? Eu adoraria ver você vencer, realmente adoraria. Você iria mostrar a eles todos... Não é preciso ser puro-sangue para fazer isso. Você não tem que se envergonhar do que é. Mostraria a eles que Dumbledore é quem tem razão quando deixa qualquer um entrar desde que seja capaz de fazer mágica. Como é que você está indo com aquele ovo, Harry?
– É claro que Dumbledore, nesse caso, tem razão! – Tiago exclamou – Ninguém precisa ser puro-sangue. E você – continuou virando-se para Harry – não é puro-sangue, e deve se orgulhar muito disso!
– Eu sei que não sou puro-sangue, – Harry disse olhando para Lily com carinho – e eu me orgulho disso, nunca esconderia isso de ninguém.
Lily sorriu para Harry e Tiago orgulhosa, enquanto passava a mão na cabeça de Harry com carinho.
– Agora espero que você tome vergonha e aceite a sugestão de Cedrico. – Remo disse com um meio sorriso – Você não vai querer decepcionar Hagrid, não é?
— Ótimo — disse Harry. — Realmente ótimo.
O rosto infeliz de Hagrid se abriu num grande sorriso lacrimoso.
— O meu garoto... Mostre a eles, Harry, mostre a eles. Derrote eles todos.
Mentir para Hagrid não era bem o mesmo que mentir para outras pessoas.
Harry voltou para o castelo mais no finzinho da tarde com Rony e Hermione, sem ter coragem de varrer a expressão de felicidade do rosto barbudo de Hagrid ao imaginá-lo vencendo o torneio. O ovo incompreensível pesou mais que nunca na consciência de Harry naquela noite, e quando finalmente se deitou já tomara uma decisão — estava na hora de guardar o orgulho na prateleira e ver se a dica de Cedrico valia alguma coisa.
– Você devia ter feito isso logo depois do natal. – Remo bufou enquanto Frank passava o livro para Rony – E se a dica do ovo for algo muito difícil de desvendar, ou se você for precisar praticar feitiços que nem conhece ainda? Você não vai nem ao menos ter tempo para isso.
– Pelo menos não é tarde demais… – Sirius deu de ombros – Ele ainda tem um tempinho, e dessa vez além da ajuda de Hermione, vai poder contar com Rony também.
– Espero que vocês consigam encontrar todos os feitiços que Harry vai precisar usar antes da véspera da prova. – Tiago suspirou fazendo sinal para Rony começar a ler o próximo capítulo.
– Capítulo XXV – O ovo e o olho.
Hey leitores mais queridos do FeB! No momento eu estou sem uma beta, e por isso acho que talvez eu tenha deixado alguns errinhos passarem por ai... Então se encontrar um erro, não deixe de me avisar! Por causa desse pequeno problema e por mais alguns que não vem ao caso, vou deixar para responder os comentários do capítulo passado no capítulo que vem. Não achem que vou deixar de responder, afinal, nunca deixei, saibam que todos os comentários foram muito importantes para mim e me deixaram muito feliz! De qualquer forma, espero que tenham gostado!
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Comentários (12)
Em 2014 eu achei a Marotos Lendo Harry Potter e a Pedra Filosofal na minha incansável busca por fanfics de Harry Potter. Eu li o primeiro capítulo e ficou perdido nos meus favoritos por séculos. Essa foi provavelmente a primeira fanfic que eu realmente tive vontade de ler no Floreios e Borrões, e só por causa dessa fanfic que eu criei o perfil. Eu li a fanfic inteira em dois dias (sábado e domingo retrasados) e fiquei pensando se ia ou não criar um perfil aqui pra finalmente comentar na fanfic e resolvi que ia, já que eu escrevo em outros sites e acho desanimador ter leitores fantasma. Fui um pouco formal demais até agora então deixa eu falar um negócio: MENINA TU ARRASA! E você e eu temos o mesmo nome. Yay. Eu não tenho palavras pra descrever o quanto eu amo essas fanfics. Eu tinha me afastado de Harry Potter e graças a essa fanfic eu voltei a me aproximar da saga, até comprei um box dos livros em inglês em hardcover. Eu tinha vontade de ter o box mas achava que não ia conseguir ler inteiro, ai sua fanfic veio como um balde de água gelada na minha cara e eu cheguei na minha mãe com umas conversas de melhorar o meu inglês e a gata disse que ia comprar. Tu é minha rainha, aquele box é lindo!Essa fanfic me fez ler tudo que tem a ver com Harry Potter pensando no que o James, Sirius, Lily e todo mundo iam pensar se estivessem lendo também! Eu li algumas partes de Relíquias da Morte + Beijo do Harry e da Gina + Morte de um monte de gente pensando "Como que ela vai escrever essa parte na fanfic...?"Então POR FAVOR nunca desiste da fanfic porque é incrivel.
2015-10-25Heeeeeey,girl! Leitora nova aqui. Ok, talvez não tão nova assim, mas dá um desconto, não é tão rapido ler todos os livros e todos os capitulos. E admito que dei uma enrolada quando vi que vc só tinha postado até o Calice de Fogo pq sua fic é muito perfeita pra viver sem kkkkkk Okay, focando na história, EU ODEIO RITA SKEETER! Quase não li aquele conto da J.K. que era narrado por ela por causa disso, mas a curiosidade falou mais alto :p Hagrid não merece isso, ele é meigo demais e,infelizmente, inocente demais também, e a Rita se aproveita disso, vagab...Acho que o que ela disse do Moody no começo do artigo também foi sacanagem, mesmo que o cara que tá em Hogwarts não seja ele. Mudando de assunto, tem vários momentos que eu tô bem ansiosa pra saber como vai ser a reação do povo, tipo quando o Harry descobre sobre os pais do Neville, vai ser tenso. A morte do "Tio Dumby" também vai dar altas tretas, tÔ até com pena do Snape por antecipação kkk Vou continuar acompanhando, de quanto em quanto tempo você atualiza a fic? Bjos :*
2015-10-25