Os quatro campeões
– Os quatro campeões.
– Isso só pode significar que Harry vai participar do torneio. – Tiago disse nervoso – Dumbledore não deve ter conseguido contornar isso...
– Mas ele não pode participar disso. – Lily repetiu nervosa – Criaram uma regra para proibir menores de idade no torneio!
– O problema é que, como Dumbledore disse, – Tiago disse tentando acalmá-la – quando a pessoa é escolhida pelo Cálice, não tem volta. Não há como não participar. Colocar o nome no Cálice é um ato contratual mágico...
– Mas Harry não colocou o nome dele no Cálice! – Lily bufou irritada.
– Mas alguém colocou. – Tiago murmurou resignado – E essa pessoa deve ter se empenhado de verdade para que Harry fosse escolhido... O Cálice é um objeto mágico muito poderoso... Alguém teria que enfeitiçar ele para que ele escolhesse 4 campeões ao invés de 3...
– Mas por que alguém colocaria o nome dele no Cálice? – Severo ecoou a pergunta que estava na cabeça de grande parte dos presentes – A maioria dos alunos quer entrar no torneio para trazer glória para a escola e ganhar um saco de galeões. Por que alguém teria todo esse trabalho para colocar o nome de outra pessoa?
– Porque é um torneio realmente perigoso. – Alice disse soturna – Não pode haver outro motivo...
– Acho melhor começarmos a ler o capítulo para sabermos... – Sirius disse baixando os olhos para o livro.
Harry ficou sentado ali, consciente de que cada cabeça no Salão Principal se virara para ele. Sentia-se atordoado. Entorpecido. Sem dúvida estava sonhando. Não ouvira direito.
Não houve aplausos. Um zunido, como o de abelhas enraivecidas, começou a encher o salão, alguns estudantes ficaram em pé para ter uma visão melhor de Harry, sentado ali, imóvel, em sua cadeira.
Na mesa principal, a Professora Minerva se levantara e passara por Ludo Bagman e pelo Professor Karkaroff para cochichar urgentemente com o Professor Dumbledore, que inclinara a cabeça para ela, franzindo ligeiramente a testa.
Harry se virou para Rony e Hermione, mais além, viu toda a longa mesa da Grifinória observando-o, boquiaberta.
— Eu não inscrevi meu nome — disse Harry sem saber o que dizer. — Vocês sabem que não.
Os dois apenas olharam para ele também, sem saber o que responder.
– Vocês sabem que não. – Tiago franziu a testa para Rony e Hermione – Vocês sabem que Harry não faria isso sem vocês... Não é?
Hermione acenou afirmativamente com a cabeça, mas Rony desviou os olhos constrangido.
– Eu não acredito! – Tiago começou a falar, mas parou quando Lily segurou sua mão com carinho e fez sinal para que ele não falasse nada.
Sirius hesitou por um momento, encarando Rony, antes de voltar à leitura.
Na mesa principal, o Professor Dumbledore se aprumou, acenando a cabeça afirmativamente para a Professora Minerva.
— Harry Potter! — tornou ele a chamar. — Harry! Aqui, se me faz o favor!
— Anda — murmurou Hermione, dando um leve empurrão em Harry.
O garoto ficou de pé, pisou na barra das vestes e tropeçou brevemente.
Saiu pelo espaço entre as mesas da Grifinória e da Lufa-Lufa. Teve a impressão de estar fazendo uma longuíssima caminhada, a mesa principal parecia não chegar mais perto e ele sentia centenas de olhos fixos nele, como se cada um fosse um refletor. O zunzum não parava de crescer. Depois do que lhe pareceu uma hora, o garoto chegou diante de Dumbledore, sentindo fixos nele os olhares dos professores.
— Bom... Pela porta — disse Dumbledore. O diretor não sorria.
– Isso não é nada bom... – Frank murmurou – Imagino que a maioria dos alunos não vai ser capaz de compreender que Harry não colocou o nome dele no Cálice...
– Eles não vão reagir nada bem... – Alice concordou com um suspiro pesaroso.
Harry passou pela mesa dos professores. Hagrid estava sentado bem no fim. Mas não piscou para Harry, nem acenou nem fez qualquer dos sinais habituais para cumprimentá-lo. Parecia inteiramente perplexo e olhou para Harry quando este passou, como os demais. O garoto passou pela porta e se viu em um aposento menor, com as paredes cobertas de retratos a óleo de bruxas e bruxos.
Um belo fogo rugia na lareira em frente. Os rostos nos retratos se viraram para olhá-lo quando ele entrou.
Surpreendeu uma bruxa encarquilhada passando rapidamente da moldura do próprio retrato para a moldura vizinha, que enquadrava um bruxo de bigodes de morsa. A bruxa encarquilhada começou a cochichar no ouvido do colega.
Vítor Krum, Cedrico Diggory e Fleur Delacour estavam reunidos em torno da lareira. Pareciam estranhamente imponentes, recortados contra as chamas.
Krum, curvado e pensativo, apoiava-se no console da lareira, ligeiramente afastado dos outros. Cedrico estava parado com as mãos às costas, contemplando o fogo. Fleur Delacour virou a cabeça quando Harry entrou e jogou para trás a cascata de cabelos longos e prateados.
— Que foi? — perguntou ela. — Querrem que a jante volte ao salon?
Pensava que ele viera trazer um recado. Harry não sabia como explicar o que acabara de acontecer. Ficou ali parado, olhando para os três campeões.
Percebeu de repente como eram altos.
– Não fique nervoso. – Remo cochichou para o livro, sem saber o que dizer – Você já fez muito mais do que qualquer um deles... Você é completamente capaz...
– Mas ele tem razão em estar temeroso! – Lily suspirou – Ele ainda estava no quarto ano... Nem havia começado de verdade o quarto ano... Ele não aprendeu nem metade do que os outros já aprenderam...
– Lily, – Sirius disse de maneira autoritária – isso realmente não ajuda! Você acha que é a única pessoa que fica preocupada? Nós sabemos que ele está bem aqui... Mas nem ao menos sabemos o que aconteceu na maioria desses livros… Ele pode ter sido mordido por um lobisomem, – disse indicando Remo – pode ter feito uma dúzia de coisas que o deixaram marcado para a vida inteira… Estamos todos nervosos.
Lily olhou para Sirius abismada, não sabia que ele se sentia daquela maneira e nem que todos os outros deviam estar quase tão nervosos quanto ela. Por um segundou, virou-se para Tiago e percebeu, em sua testa franzida e dentes trincados, que ele também estava temeroso.
Houve um ruído de passos apressados atrás de Harry, e Ludo Bagman entrou na sala. Segurou o garoto pelo braço e levou-o até os outros.
— Extraordinário! — murmurou, apertando o braço de Harry. — Absolutamente extraordinário! Senhores... Senhora — acrescentou, aproximando-se da lareira e falando aos outros três. — Gostaria de lhes apresentar, por mais incrível que possa parecer, o quarto campeão do Torneio Tribruxo.
Vítor Krum se empertigou. Seu rosto carrancudo nublou-se ao examinar Harry. Cedrico fez cara de estupefação. Olhou de Bagman para Harry e de volta como se tivesse certeza de que ouvira mal o que o bruxo acabara de dizer. Fleur Delacour, porém, sacudiu os cabelos, sorriu e disse:
— Que grrande piada, Senhorr Bagman.
— Piada? — repetiu Bagman, confuso. — Não, não, não é não! O nome de Harry acaba de sair do Cálice de Fogo!
As grossas sobrancelhas de Krum se contraíram ligeiramente. Cedrico continuou a parecer educadamente surpreso. Fleur franziu a testa.
— Mas evidaman houve um engano — disse a Bagman com desdém. — Ele non pode competirr. É jovem demais.
— Bom... É surpreendente — concordou Bagman, esfregando o queixo liso e sorrindo para Harry. — Mas, como sabem, o limite de idade só foi imposto este ano como medida suplementar de precaução. E como o nome dele saiu do Cálice de Fogo... Quero dizer, acho que a essa altura não podemos fugir à responsabilidade... Somos obrigados... Harry terá que se esforçar o máximo que...
– Harry não tem como fugir. – Remo suspirou abismado – Só espero que Dumbledore acredite que você não colocou o seu nome no Cálice...
– Ele vai acreditar. – Sirius disse categórico – Ele tem um talento especial para saber quando as pessoas estão mentindo para ele. É com os outros jurados que temos que nos preocupar, eles não conhecem Harry...
A porta às costas deles se abriu e um grande grupo de pessoas entrou: o Professor Dumbledore, seguido de perto pelo Sr. Crouch, o Professor Karkaroff, Madame Maxime, a Professora McGonagall e o Professor Snape. Harry ouviu o zunzum de centenas de estudantes do outro lado da parede, antes da Professora McGonagall fechar a porta.
– Eu realmente entendo a necessidade de todas as outras pessoas que entraram na sala... – Sirius disse levantando os olhos do livro e encarando Severo – Mas o que você estava fazendo ali? Quero dizer, você não é jurado do torneio, nem diretor da escola, e Harry não é da sua casa...
– Eu não tenho como saber isso, tenho? – Snape respondeu desdenhoso.
— Madame Maxime! — chamou Fleur na mesma hora, indo ao encontro de sua diretora. — Eston dizando que esse garrotinho vai competirr tambá!
Sob o seu atordoamento e incredulidade, Harry sentiu uma crispação de raiva. Garrotinho?
– É revigorante saber que de tudo o que estava acontecendo ao seu redor, essa era sua maior preocupação... – Gina disse sorrindo para Harry com carinho.
– No tempo entre você entrar na salinha e Dumbledore ir atrás de você, ele mandou todo mundo de volta para as salas comunais... – Neville disse tentando recordar o momento – A mesa da Lufa-lufa parecia um enxame de abelhas furiosas. Eles gritavam todo o tipo de coisa em direção à nossa mesa... Como se estivéssemos impedindo eles de ter o seu momento.
– Eu até consigo entendê-los. – Frank disse pensativos – A casa deles é a que tem menos reconhecimento. Eles não costumam ganhar muitas coisas e, quando pensaram que o momento deles havia chegado, tiveram que dividi-lo com a Grifinória.
– Faz todo o sentido. – Sirius suspirou pesaroso – E Sonserina nunca apoiaria Harry como campeão… Só espero que Corvinal não fique contra...
Madame Maxime se empertigara até o limite de sua considerável altura. O cocuruto da bela cabeça roçou o lustre repleto de velas, e seu imenso peito coberto de cetim negro se estufou.
— Que significa isso, Dumbly-dorr? — perguntou imperiosamente.
— Eu também gostaria de saber, Dumbledore — disse o Professor Karkaroff. Em seu rosto havia um sorriso inflexível e seus olhos azuis eram duas lascas de gelo. — Dois campeões de Hogwarts? Não me lembro de ninguém ter me dito que a escola que sediasse o torneio poderia ter dois campeões, ou será que não li o regulamento com a devida atenção?
Ele deu um sorrisinho maldoso.
— Impossível — exclamou Madame Maxime, cujas enormes mãos com numerosas e soberbas opalas descansavam no ombro de Fleur. — Hogwarts não pode terr dois campeons. Serria muito injusto.
— Tivemos a impressão de que a sua linha etária deixaria de fora os competidores mais jovens, Dumbledore — disse Karkaroff, o sorriso inflexível ainda no rosto, embora seus olhos estivessem mais frios que nunca. — Do contrário, teríamos, naturalmente, trazido uma seleção de candidatos mais ampla de nossas escolas.
— Não é culpa de ninguém, exceto de Potter, Karkaroff — falou Snape suavemente. Seus olhos negros brilharam de malícia. — Não saia culpando Dumbledore pela determinação de Potter de desobedecer às regras. Ele não tem feito nada exceto transgredir limites desde que chegou aqui...
– E está explicado o motivo de você ter entrado nessa sala! – Tiago disse entredentes – Que outro motivo você poderia ter a não ser envenenar as pessoas contra Harry!
– Como você pode ser tão cruel com uma criança? – Lily perguntou a Severo com os olhos cheios de mágoa – Não consigo acreditar que já te considerei um amigo!
– Eu não... – Severo começou a dizer, mas foi interrompido por Sirius.
– Não venha com "eu ainda não fiz isso". – Sirius bufou – Todos aqui estão cansados de saber que você faria exatamente a mesma coisa se isso estivesse acontecendo agora... Você sempre saiu do seu caminho para tentar atingir Tiago.
– Pelo menos as brigas comigo eram justas. – Tiago disse irritado.
– Justas? – Severo se irritou – Você estava sempre cercado pelos seus amiguinhos, Potter.
– E nunca precisei da ajuda deles para nada. – Tiago respondeu com um meio sorriso – Poderia te enfrentar agora mesmo, com uma mão nas costas.
– Parem! – Hermione exclamou levantando-se do sofá onde estava – Lembrem-se de que não estamos aqui para nada disso! Vocês precisam saber o que vai acontecer e discutir não vai ajudar em nada!
— Muito obrigado, Severo — disse Dumbledore com firmeza, e Snape se calou, embora seus olhos continuassem a brilhar maldosamente por trás da cortina de cabelos negros e oleosos.
O Professor Dumbledore olhou então para Harry, que o encarou, tentando perceber a expressão dos olhos do diretor por trás dos oclinhos de meia-lua.
— Você depositou seu nome no Cálice de Fogo, Harry? — perguntou Dumbledore calmamente.
— Não — respondeu Harry. Estava consciente de que todos o olhavam com atenção.
Nas sombras, Snape fez um barulhinho impaciente de descrença.
– A resposta dele não é boa o bastante para você? – Lily perguntou surpreendendo a todos – Você sempre acha que ele está mentindo, ou que ele está fazendo algo errado. Será que você não tem nenhuma capacidade de esquecer suas rivalidades com Tiago e tratar Harry como uma pessoa diferente do pai dele?
– Eu não... – Severo começou a dizer, mas Lily levantou a mão cortando-o.
– Não quero saber. – ela disse – Atitudes dizem muito mais do que palavras. Não é só o seu eu-futuro que trata Harry mal. Você está preso nessa sala conosco, e ainda assim você age como se Harry não existisse! Em momento algum você o tratou bem, em momento algum você disse alguma coisa agradável para ele... E, para ser sincera, eu não tenho ideia do por quê ele quis que você lesse esses livros conosco, mas eu sei porque os amigos dele eram contra.
Sirius esperou por alguns segundos que Snape tivesse alguma reação ou que Lily voltasse a falar, quando nenhum dos dois se manifestou ele voltou a ler.
— Você pediu a um estudante mais velho para depositá-lo no Cálice de Fogo para você? — tornou o diretor, sem dar atenção a Snape.
— Não — disse Harry com veemência.
— Ah, mas é clarro que ele está mentindo — exclamou Madame Maxime.
Snape agora sacudia a cabeça, a boca crispada.
— Ele não poderia ter atravessado a linha etária — interpôs a Professora Minerva energicamente. — Tenho certeza de que todos concordamos nisso...
— Dumbly-dorr deve terr se enganado ao traçarr a linha — concluiu Madame Maxime, encolhendo os ombros.
— É claro que isto é possível — respondeu Dumbledore polidamente.
— Dumbledore, você sabe muito bem que não se enganou! — exclamou a Professora Minerva, aborrecida. — Francamente, que tolice! Harry não poderia ter cruzado a linha pessoalmente, e como o Professor Dumbledore acredita que ele não convenceu um colega mais velho a fazer isso por ele, decerto isto deveria bastar para todos nós!
Ela lançou um olhar muito zangado ao Professor Snape.
– Acredito que assim como eu, todos aqui consideram McGonagall mil vezes mais professora do que Snape... – Remo disse com um meio sorriso satisfeito – E é bem claro o posicionamento dela.
– É claro que ela acredita em Harry. – Sirius disse satisfeito – Ela conhece o caráter dele e não julga ele pelos antepassados!
— Sr. Crouch... Sr. Bagman, — começou Karkaroff, a voz mais uma vez untuosa — os senhores são os nossos... Hum... Juizes objetivos. Certamente os senhores concordarão que isto é extremamente irregular?
Bagman enxugou o rosto redondo e infantil com o lenço e olhou para o Sr. Crouch, que estava parado fora do círculo das chamas da lareira, o rosto semi-oculto pelas sombras. Parecia um pouco sobrenatural, a obscuridade fazia-o parecer muito mais velho, emprestando-lhe quase uma aparência de caveira.
Quando falou, porém, foi em seu tom habitualmente seco.
— Devemos obedecer ao regulamento e o regulamento diz claramente que as pessoas cujos nomes saírem do Cálice de Fogo devem competir no torneio.
— Bom, Bartô conhece os regulamentos de trás para diante — disse Bagman, sorrindo, e se voltou para Karkaroff e Madame Maxime como se o assunto estivesse definitivamente encerrado.
— Eu insisto em tornar a submeter os nomes do restante dos meus alunos — disse Karkaroff.
– Se tem alguém incapaz de burlar o regulamento, – Frank afirmou categórico – esse alguém é o Crouch.
– Karkaroff parece bastante revoltado com o assunto. – Sirius disse pensativo.
– Mas isso é normal. – Alice deu de ombros – Ele está em Hogwarts pelo torneio, deseja que seu aluno seja campeão... Harry participar do torneio reduz as chances de todos os outros.
Ele agora deixara de lado seu tom untuoso e o sorriso. Seu rosto tinha uma expressão realmente feia.
— Vocês prepararão novamente o Cálice de Fogo e continuaremos a depositar nomes até cada escola ter dois campeões. Seria o justo, Dumbledore.
— Mas Karkaroff, a coisa não funciona assim — comentou Bagman. — O Cálice de Fogo se apagou, e não voltará a arder até o inicio do próximo torneio...
—... No qual Durmstrang, com toda a certeza, não irá competir! — explodiu Karkaroff — Depois de tantas reuniões e negociações e tantos compromissos, eu não esperava que acontecesse uma coisa desta natureza! Tenho até vontade de me retirar agora mesmo!
— Uma ameaça inútil, Karkaroff — rosnou uma voz próxima à porta. — Você não pode abandonar o seu campeão agora. Ele tem que competir. Todos têm que competir. Um ato contratual mágico, conforme disse Dumbledore. Conveniente, não é mesmo?
Moody acabara de entrar na sala. Encaminhou-se, mancando, até a lareira, e a cada passo que dava, ouvia-se uma batidinha.
— Conveniente? — perguntou Karkaroff. — Receio não estar entendendo, Moody.
Harry percebeu que o bruxo tentava parecer desdenhoso, como se não valesse a pena dar atenção ao que Moody dissera, mas suas mãos o traíam, tinham se fechado em punhos.
– As reações de Karkaroff quando Moody está presente o denunciam... – Remo disse pensativo – Não é a primeira vez que ele perde o controle.
– Continuo achando que eles tem um passado, – Sirius afirmou categórico – mas não consigo me lembrar de onde conheço o nome dele...
— Não mesmo? — perguntou Moody em voz alta. — É muito simples Karkaroff. Alguém depositou o nome de Harry naquele cálice sabendo que o garoto teria que competir se saísse o seu nome.
— Evidaman algém que querria oferrecer a Hogwarts duas oporrtunidades de vancerr! — comentou Madame Maxime.
— Eu concordo, Madame Maxime — disse Karkaroff, com uma reverência. — Vou reclamar com o Ministério da Magia e a Confederação Internacional dos Bruxos...
— Se alguém tem razão para reclamar é o Potter — rosnou Moody —, mas... O que é engraçado... Não estou ouvindo ele dizer uma única palavra...
— Por que ele irria reclamar? — disse Fleur Delacour de repente, batendo o pé. — Ele tam a chance de competirr, não é? Durrante semanas vivemos a esperrança de serr escolhidos! A honrra de nossas escolas! Mil galeões de prrêmio, é uma chance pela qual muita jante morrerria!
— Talvez alguém tenha esperança de que Harry morra — disse Moody, com um leve vestígio de rosnado na voz.
– Gostaria que Moody estivesse errado. – Tiago murmurou nervoso – Mas é o que faz mais sentido... Imagine o trabalho que deu colocar o nome de Harry no Cálice e garantir que ele seria escolhido... E sabemos que Voldemort tem alguém em Hogwarts e um plano...
– Mas isso não pode ser parte do plano dele! – Lily disse abismada – Pode?
– Talvez. – Tiago suspirou – Não temos como saber... Mas não acho que quem colocou o nome de Harry tivesse boa intenção... E não acho que tenha sido algum outro aluno.
– Nenhum dos alunos teria a capacidade de enfeitiçar o Cálice dessa maneira. – Remo concordou com Tiago enfático – Se, quem colocou o nome de Harry no Cálice queria fazer mal a ele, a pessoa deve estar bem satisfeita.
– Ou talvez a pessoa saiba mentir muito bem. – Sirius disse olhando de soslaio para Snape antes de continuar lendo.
Seguiu-se um silêncio extremamente tenso às suas palavras.
Ludo Bagman, que parecia de fato muito ansioso, balançou-se nervoso e disse:
— Moody, meu caro... Que coisa para você dizer!
— Todos sabemos que o Professor Moody considera a manhã perdida se não descobrir seis conspirações para assassiná-lo antes do almoço — disse Karkaroff em voz alta. — Pelo visto, agora está ensinando a seus alunos o medo de serem assassinados, também. Uma estranha qualidade para um professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, Dumbledore, mas com toda a certeza você tem suas razões.
— Será que estou imaginando coisas? Vendo coisas? — rosnou Moody. — Foi um bruxo ou uma bruxa habilitada que pôs o nome do garoto naquele cálice...
— Ah, que prrova há disso? — exclamou Madame Maxime, erguendo as enormes mãos.
— Porque enganou um objeto mágico de grande poder! — disse Moody. — Seria preciso um Feitiço para confundir excepcionalmente forte para mistificar aquele cálice a ponto de fazê-lo esquecer que apenas três escolas competem no torneio... Estou imaginando que alguém tenha inscrito Potter em uma quarta escola, para garantir que ele fosse o único de sua categoria...
— Você parece ter pensado muito no assunto — disse Karkaroff com frieza —, e não deixa de ser uma teoria criativa, embora, é claro, eu tenha ouvido dizer que recentemente você meteu na cabeça que um dos seus presentes de aniversário continha um ovo de basilisco ardilosamente disfarçado e o fez em pedaços antes de se dar conta de que era um relógio de viagem. Então você compreenderá se não o levarmos inteiramente a serio...
— Há pessoas que usam ocasiões inocentes em proveito próprio — retrucou Moody num tom ameaçador. — o meu trabalho é pensar como os bruxos das trevas pensariam, Karkaroff, como você deve se lembrar...
– Não poderia ser mais óbvio. – Tiago disse categórico – Moody e Karkaroff tem um passado e este passado é recheado de Artes das Trevas.
– Então ele pode ser o comensal da morte fiel que Voldemort citou no inicio do livro? – Alice perguntou nervosa.
– Pode ser… – Remo disse pensativo – Ou pode ser qualquer outra pessoa. Infelizmente não dá para sabermos ao certo quem é um comensal da morte…
– A não ser que a pessoa saia mostrando os braços por ai. – Sirius deu de ombros – Bellatrix não se importa muito em esconder a marca dela quando está entre familiares… Mas ela é bem discreta em público.
— Alastor! — exclamou Dumbledore em tom de aviso. Harry se perguntou por um momento com quem ele estaria falando, mas logo percebeu que "Olho-Tonto” não poderia ser o verdadeiro nome de Moody. Este se calou, embora ainda observasse Karkaroff com satisfação, o rosto de Karkaroff estava em brasa.
– Levando em conta que até hoje Moody tem os dois olhos normais… – Tiago disse rindo – É óbvio que ele tem um nome verdadeiro.
— Como foi que essa situação surgiu, não sabemos — disse Dumbledore dirigindo-se às pessoas reunidas na sala. — Parece-me, no entanto, que não temos alternativa alguma senão aceitá-la. Os dois, Cedrico e Harry, foram escolhidos para competir no torneio. E, portanto, é o que farão...
— Ah, mas Dumbly-dorr...
— Minha cara Madame Maxime, se a senhora tiver uma alternativa, ficarei encantado em ouvi-la.
Dumbledore aguardou, mas Madame Maxime não disse nada, apenas o fitou de cara amarrada. E não foi a única, tampouco. Snape parecia furioso, Karkaroff, lívido. Bagman, porém, parecia bastante excitado.
– Essa é uma atitude suspeita. – Frank disse franzindo a testa – Bagman passou meses planejando esse torneio, por que ele ficaria animado com a perspectiva de ter Harry como quarto campeão?
– Porque ele é um ex-jogador de quadribol irresponsável que acha que o Torneio vai ficar mais divertido com alguma polêmica? – Sirius perguntou retoricamente.
– Mas, mesmo assim… – Frank disse pensativo – Eu não tiraria ele da lista de suspeitos.
— Bom, vamos agilizar isso, então? — disse, esfregando as mãos e sorrindo para os presentes. — Temos que dar nossas instruções aos campeões, não é mesmo? Bartô, quer fazer as honras da casa? — O Sr. Crouch pareceu despertar de um profundo devaneio.
— Sim, — disse ele — instruções. E... A primeira tarefa...
Encaminhou-se, então, para a claridade das chamas. De perto, Harry achou que ele parecia estar passando mal. Havia sombras escuras sob seus olhos e sua pele enrugada tinha uma aparência frágil que lembrava papel, traços que não estavam ali durante a Copa Mundial de Quadribol.
– As coisas devem estar difíceis para ele sem a Winky. – Alice disse irônica – Não imagino que ele saiba cuidar de si mesmo muito bem.
— A primeira tarefa destina-se a testar o arrojo dos campeões, — disse ele a Harry, Cedrico, Fleur e Krum — por isso não vamos lhes dizer qual é. A coragem diante do desconhecido é uma qualidade importante em um bruxo... Muito importante...
— A primeira tarefa terá lugar, em vinte e quatro de novembro, perante os demais estudantes e a banca de juizes. É proibido aos campeões pedirem aos seus professores, ou aceitarem deles, ajuda de qualquer tipo para realizar as tarefas do torneio. Os campeões enfrentarão o primeiro desafio armados apenas de varinhas. Receberão informações sobre a segunda tarefa quando a primeira estiver concluída. Por força da natureza árdua e demorada do torneio, os campeões estão dispensados dos exames do fim do ano letivo.
– Levando em conta que podemos fazer quase qualquer coisa com uma varinha, – Sirius deu de ombros – não vejo grandes dificuldades.
– Só o fato de não termos a mínima ideia do que eles vão ter que enfrentar e Harry não ter aprendido metade do que os outros campeões aprenderam? – Remo perguntou irônico – Realmente, problema nenhum!
– Mas o Cedrico não teria que fazer os NIEM’s? – Alice perguntou confusa – Não acho que alguém possa se formar sem fazer…
– Na verdade, o Cedrico estava no sexto ano. – Neville deu de ombros.
– Mas o que eles fariam se um dos campeões estivesse no sétimo ano? – Lily perguntou curiosa.
– A pessoa provavelmente teria que se desdobrar para fazer as duas coisas. – Sirius respondeu sem dar muita atenção.
O Sr. Crouch virou-se para encarar Dumbledore.
— Acho que é só isso, não é, Alvo?
— Acho que sim — respondeu Dumbledore, que observava o Sr. Crouch com uma leve preocupação. — Você tem certeza de que não quer pernoitar em Hogwarts, Bartô?
— Não, Dumbledore, preciso voltar ao Ministério. Estamos passando um momento muito movimentado e muito difícil... Deixei o jovem Weatherby responsável pelo departamento... Muito entusiasmado... Um pouquinho demais, para dizer a verdade...
– É bem estranho ele não saber o sobrenome do seu irmão, sabe? – Alice disse pensativa – Afinal, ele conhece o pai de vocês há anos…
– Talvez ele apenas não dê mesmo qualquer importância para Percy. – Sirius deu de ombros antes de voltar ao capítulo.
— Você vai pelo menos tomar um drinque antes de partir? — convidou Dumbledore.
— Vamos, Bartô, eu vou ficar! — disse Bagman animado. — As coisas estão acontecendo em Hogwarts agora, sabe, está muito mais excitante aqui do que no escritório!
— Acho que não, Ludo — respondeu Crouch, com um toque de sua antiga impaciência.
— Professor Karkaroff, Madame Maxime, um último drinque antes de nos recolhermos? — perguntou Dumbledore.
Mas Madame Maxime já passara um braço pelos ombros de Fleur e a conduzia rapidamente para fora da sala. Harry ouviu as duas conversarem muito depressa em francês, ao atravessarem o Salão Principal. Karkaroff fez sinal para Krum e eles, também, agitados, saíram em silêncio.
— Harry, Cedrico, sugiro que vocês vão se deitar — disse Dumbledore, sorrindo para os dois. — Tenho certeza de que Grifinória e Lufa-Lufa estão aguardando vocês para comemorar e seria uma pena privar seus colegas desta excelente desculpa para fazerem muito barulho e confusão.
– Resta saber se todos da Grifinória vão estar comemorando… – Tiago disse olhando de soslaio para Rony e observando o garoto corar – Imagino que não.
Harry olhou para Cedrico, que concordou com a cabeça, e juntos saíram da sala.
O Salão Principal agora estava deserto; as velas já estavam pequenas, dando aos sorrisos serrilhados das abóboras um ar misterioso e bruxuleante.
— Então — disse Cedrico com um sorrisinho. — Vamos jogar um contra o outro novamente!
— Acho que sim — respondeu Harry. Na realidade ele não conseguiu pensar no que dizer. Dentro de sua cabeça parecia haver uma desordem total, como se o seu cérebro tivesse sido saqueado.
— Então... Me conta... — disse Cedrico, quando chegaram ao saguão de entrada, que estava agora iluminado por archotes, na ausência do Cálice de Fogo. — No duro, como foi que você conseguiu inscrever seu nome?
— Não inscrevi — disse Harry erguendo os olhos para o colega. — Não pus o meu nome lá. Falei a verdade.
— Ah... Tá — respondeu Cedrico. Harry percebeu que Cedrico não acreditara nele. — Bom... A gente se vê, então!
– A gente já imaginava que as pessoas não acreditariam. – Lily suspirou olhando para Harry pesarosa – Pelo menos, Sirius vai estar por perto para te dar apoio… Te ajudar nas tarefas e tudo mais…
– Pode ter certeza que sim! – Sirius afirmou categórico, e acrescentou observando Rony pelo canto do olho – Eu confio em você, não vou sair do seu lado, mesmo que mais ninguém confie.
Em vez de subir a escadaria de mármore, Cedrico rumou para a porta à direita. Harry ficou parado escutando-o descer os degraus de pedra, depois, lentamente, começou a subir os de mármore.
Será que mais alguém além de Rony e Hermione acreditaria nele ou iriam todos pensar que se inscrevera no torneio? Contudo, como é que alguém podia pensar uma coisa dessas, quando ele ia enfrentar competidores que tinham mais três anos de educação mágica — quando ia enfrentar tarefas que não somente pareciam perigosas, mas que deveriam ser executadas diante de centenas de pessoas? E, ele pensara nisso... Devaneara sobre isso... Mas fora brincadeirinha, verdade, uma espécie de sonho descomprometido... Jamais considerara seriamente se inscrever, verdade...
Rony encarava os próprios pés completamente constrangido, ainda não acreditava que fora tão obtuso. Harry nunca havia mentido para ele na vida, e, no momento em que ninguém acreditava nele, Rony tinha a obrigação de acreditar, sendo seu melhor amigo.
Mas alguém considerara isso... Alguém quisera vê-lo no torneio, e tomara providências para tanto. Por quê? Para lhe fazer um gosto? Tinha a impressão que não...
Para vê-lo fazer papel de bobo? Bom, provavelmente ia ter o seu desejo satisfeito... Mas, para vê-lo morto? Moody estaria agindo com a sua paranóia habitual? Alguém não poderia ter posto o nome de Harry no Cálice de Fogo de brincadeira, para pregar uma peça? Será que alguém queria realmente vê-lo morto?
Essa pergunta Harry pôde responder na hora. Sim, alguém queria vê-lo morto, alguém queria vê-lo morto desde que tinha um ano de idade... Lord Voldemort.
Mas como é que o bruxo conseguira providenciar para que o nome de Harry fosse posto no Cálice de Fogo? Estava supostamente muito longe, em algum país distante, escondido, sozinho... Fraco e impotente…
No entanto naquele sonho que tivera, pouco antes de acordar com a cicatriz doendo, Voldemort não estava sozinho... Estava falando com Rabicho... Conspirando para matar Harry...
– Mas ele ainda tem seguidores fiéis. – Remo suspirou – E ouvi dizer que alguns deles podem ser tão ruins quanto Voldemort…
– Com certeza Pedro não é um deles. – Sirius bufou – Mas sabemos que ele tem alguém em Hogwarts... E isso é ruim o bastante.
Harry levou um choque ao se descobrir diante da Mulher Gorda. Mal reparara aonde seus pés o levavam. Foi também uma surpresa ver que ela não estava sozinha na moldura. A bruxa encarquilhada, que passara para o quadro vizinho quando ele fora se reunir aos campeões na sala embaixo, agora estava sentada, toda cheia de si, ao lado da Mulher Gorda. Devia ter corrido pelos forros de todos os quadros de setes escadas para chegar ali antes dele. As duas, ela e a Mulher Gorda, o miravam com o maior interesse.
— Ora muito bem, — disse a Mulher Gorda — Violeta acaba de me contar tudo. Então quem foi afinal o escolhido para campeão da escola?
— Asnice — disse Harry sem emoção.
— Certamente que não é! — protestou a bruxa pálida, indignada.
— Não, não, Vi, é a senha — explicou a Mulher Gorda para acalmá-la, e rodou nas dobradiças para deixar Harry entrar na sala comunal.
O estardalhaço que feriu os ouvidos de Harry quando o retrato girou quase o derrubou de costas. A próxima coisa de que teve consciência foi que estava sendo arrastado para dentro da sala por uns doze pares de mãos, diante dos alunos da Grifinória em peso, que gritavam, aplaudiam e assobiavam.
— Devia ter nos avisado de que tinha se inscrito! — berrou Fred parecia meio aborrecido e meio impressionado.
— Como foi que você fez isso, sem ficar barbudo? Genial — rugiu Jorge.
— Não fiz — disse Harry. — Não sei como foi que...
Mas Angelina agora se atirava em cima dele.
— Ah, se não pôde ser eu, pelo menos foi alguém da Grifinória...
— Você vai poder dar o troco ao Diggory por aquela última partida de Quadribol, Harry! — gritou a voz fina de Katie BelI, outra artilheira da Grifinória.
— Temos comida, Harry, venha comer alguma coisa...
— Não estou com fome, comi bastante no banquete...
Mas ninguém quis ouvir falar de sua falta de apetite, ninguém quis saber que ele não pusera o nome no Cálice de Fogo, ninguém parecia ter notado que ele não estava com a menor disposição de comemorar... Lino Jordan desencavara uma bandeira da Grifinória em algum lugar, e insistia em enrolá-la em Harry como uma capa.
– As pessoas podem até não acreditar nele, – Tiago suspirou – mas pelo menos estão felizes em tê-lo como campeão.
– E eles são tão extravagantes que, mesmo que só a Grifinória apoie Harry, ainda assim é torcida o bastante! – Remo disse com um sorriso afetuoso.
Harry não conseguiu fugir; sempre que tentava escapulir até a escada dos dormitórios, os colegas à sua volta cerravam fileiras e o forçavam a aceitar mais uma cerveja amanteigada, metendo salgadinhos e amendoins nas mãos dele... Todos queriam saber como é que ele fizera aquilo, como ludibriara a linha etária de Dumbledore e conseguira depositar o nome no Cálice de Fogo...
— Não fui eu, — repetia ele sem parar — não sei como foi que aconteceu.
Mas pela pouca atenção que os colegas lhe davam, os protestos do garoto não faziam a menor diferença.
— Estou cansado! — berrou ele finalmente depois de quase meia hora. — Não, é sério, Jorge, vou me deitar...
A coisa que ele mais queria era encontrar Rony e Hermione para buscar um pouco de sanidade, mas nenhum dos dois parecia estar na sala comunal.
Insistindo que precisava dormir, e quase achatando os irmãozinhos Creevey quando tentaram desviá-lo ao pé da escada, Harry conseguiu se livrar de todo mundo e subiu para o dormitório o mais depressa que pôde.
Para seu grande alívio, encontrou Rony, ainda vestido, deitado na cama de um dormitório em que não havia mais ninguém. Ele ergueu os olhos quando Harry entrou batendo a porta.
— Por onde você andou? — perguntou Harry.
— Ah, olá — respondeu Rony.
Sorria, mas parecia um sorriso muito estranho e tenso. Harry, de repente, se deu conta de que ainda vestia a bandeira vermelha da Grifinória que Lino amarrara nele. Apressou-se em despi-la, mas o nó estava muito apertado. Rony continuou deitado na cama sem se mexer, apreciando os esforços de Harry para retirar a bandeira.
A maioria dos presentes observava Rony com expressões que variavam entre raiva e pena.
– Não consigo acreditar nisso. – Tiago murmurou entredentes – Eu pensei que você era um bom amigo...
– Não o julgue ainda. – Lily disse tentando acalmar Tiago – E não se esqueça de que ele tinha só 14 anos. – completou para que apenas Tiago escutasse.
— Então — disse ele, quando Harry finalmente conseguiu remover e atirar a bandeira a um canto. — Meus parabéns.
— Que é que você quer dizer com parabéns? — perguntou Harry encarando-o.
Decididamente havia alguma coisa esquisita no jeito com que Rony sorria, parecia mais uma careta.
— Bom... Ninguém mais conseguiu atravessar a linha etária. Nem mesmo Fred e Jorge. Que foi que você usou, a Capa da Invisibilidade?
— A Capa da Invisibilidade não teria me ajudado a atravessar aquela linha — disse Harry lentamente.
— Ah, certo. Achei que você teria me contado se fosse a capa... Porque ela poderia cobrir nós dois, não é mesmo? Mas você encontrou outro jeito, não foi?
– Se ele tivesse encontrado outro jeito ele te falaria! – Sirius gritou sem conseguir segurar a raiva – Porque é isso que os amigos fazem! Confiam nos outros incondicionalmente!
– Eu confiei no Sirius até quando todos diziam que ele tinha me traído. – Tiago disse duro – Eu nunca trairia um amigo. E Harry nunca trairia um amigo! E, se você não sabe disso, talvez sua amizade simplesmente não seja verdadeira.
– Não faça isso! – Lily disse segurando o braço de Tiago com cuidado, esse era obviamente um assunto que o deixava fora de si, ela continuou com um sussurro apenas para Tiago – Ele está aqui. Essa viagem é perigosa e, ainda assim, ele veio com Harry. Não se esqueça disso.
— Escuta aqui. Eu não depositei meu nome naquele cálice. Deve ter sido outra pessoa.
Rony ergueu as sobrancelhas.
— Por que alguém faria uma coisa dessas?
— Não sei. — Harry achou que seria muito melodramático dizer para me matar.
Rony respirou profundamente, seu rosto carregado de arrependimentos.
– Você devia ter dito. – Gina disse para Harry – Depois de tudo o que vocês passaram juntos, se você tivesse falado para ele do seu sonho e de como Moody achava que quem colocou seu nome no Cálice queria te matar, ele acreditaria.
– Mas ele tinha que acreditar no Harry sem isso! – Remo disse categórico – Tiago e Sirius acreditaram em mim, mesmo que eu não pudesse contar a eles o que acontecia comigo uma vez por mês.
– Nós fizemos tudo para descobrir sozinhos, – Tiago afirmou – mas nunca deixamos de acreditar em você.
Rony baixou os olhos novamente.
Rony ergueu as sobrancelhas tão alto que elas correram o risco de desaparecer sob seus cabelos.
— Tudo bem, a mim você pode contar a verdade. Se você não quer que o resto do pessoal saiba, ótimo, mas não sei por que está se dando ao trabalho de mentir, você nem ficou mal por isso, não é? A amiga da Mulher Gorda, a tal da Violeta, já contou a todo mundo que Dumbledore vai deixar você competir. Mil galeões de prêmio, hein? E nem vai precisar prestar os exames de fim de ano...
— Eu não pus o meu nome naquele cálice! — disse Harry começando a se aborrecer.
— Ah, tá — retorquiu Rony com o mesmíssimo tom cético de Cedrico. — Só que ainda hoje de manhã você disse que teria posto à noite passada sem que ninguém o visse... Eu não sou burro, sabe?
– Mas está parecendo! – Tiago, Sirius e Remo exclamaram juntos – Você age como se nada de estranho nunca tivesse acontecido com o Harry. – Remo concluiu sozinho, seu rosto não escondia a decepção.
— Pois está parecendo — disse Harry com rispidez.
— Ah, é? — respondeu Rony, mas agora não havia nenhum vestígio de sorriso em seu rosto amarelo ou de qualquer cor. — Você está querendo se deitar, Harry, imagino que vai precisar se levantar cedo amanhã para a sessão de fotografias, ou seja, lá o que for.
E fechou com força as cortinas em torno de sua cama de colunas, deixando Harry parado ali à porta, encarando as cortinas de veludo vinho, que agora escondiam uma das poucas pessoas que ele contara que fosse acreditar nele.
– Desculpa! – Rony disse sem conseguir mais se segurar – Eu fui um idiota! Eu sei que fui! Eu fiquei com inveja, sabe? Você sempre ficava com a fama, você sempre teve tudo o que queria... Hoje eu sei que nada disso é verdade, mas eu tinha inveja de você! Eu devia saber que você não mentiria para mim! Você nunca mentiu!
– Rony... – Hermione murmurou pousando a mão no ombro dele – Você não devia se descontrolar assim... Você sabe o que está em jogo aqui.
– Nada do que eu estou falando vai interferir na história! – Rony bufou – E, lendo os livros, é bem óbvio que eu nunca soube lidar com a fama do Harry!
– Nem eu! – Harry respondeu – E eu sempre tive inveja de você! Você tinha uma família que não preferia que você estivesse morto! Uma mãe que sempre fez tudo por você! Seus irmãos! Um pai... Eu não tive nada disso. A primeira família que tive foi o Sirius e ele era um fugitivo! – Harry mordeu o lábio nervoso olhando de Lily e Tiago para Sirius e Remo com carinho – Eu daria cada nuque que do nosso cofre para ter vocês comigo...
Sirius limpou a garganta emocionado enquanto passava o livro para Gina. Lily escondeu o rosto no ombro de Tiago antes de Gina abrir o livro no próximo capítulo:
– Capítulo XVIII – A pesagem das varinhas.
Hey leitores mais queridos do FeB! Como eu disse no grupo, sábado foi aniversário do meu noivo, e por isso não tive como postar ontem. E o fato de eu estar postando hoje não significa que vou postar toda semana, mas sim, é a terceira semana seguida... Para ser sincera, estabeleci uma meta de escrita semanal para mim, e quando cumpro a meta, posto o capítulo na semana. Torçam para eu continuar cumprindo minha meta.
- AndressaSR: Seja bem-vinda! Fico sempre muito feliz quando me dizem que fizeram um esforço para poder comentar. Faz muita diferença, cada comentario me incentiva a escrever cada vez mais! Ler os livros com os Marotos e com vocês me faz perceber coisas que também não percebi nas outras vezes que li. E para falar a verdade, tenho certeza de que, quando for ler de novo, vou descobrir ainda mais... Se quiser entre no grupo da fic, o link fica aqui embaixo.
- Izabella Bella Black: Eu sei bem como é, pintar a casa deixa tudo uma bagunça... Eu estou para pintar meu apartamento há um tempo, mas eu tenho alergia a cheiro forte e minha cachorrinha sofreria muito também, então temos que organizar isso muito bem. Acho que aos poucos a Lily está entendendo que não tem jeito, que o Harry é um imã para o perigo. Não acho que o Harry vá apanhar da Gina, mas ele vai ouvir bastante. O bom da Fleur é que ela mostra que as pessoas mudam de acordo com a situação, e no final ela se mostrou uma pessoa realmente forte e corajosa, ta ai porque o cálice escolheu ela! O pai do Sirius é um Black, preconceituoso e cheio de concepções sobre pureza de sangue, então ele também é bem ruim... Só que a mãe do Sirius é pior. Eu sinto muito de verdade pela sua cachorrinha, eu amo animais, e sempre sofro muito em saber que estão sofrendo, espero que o sofrimento dela acabe logo e que ela fique em paz.
- Arthur Lacerda: É sempre bom encontrar leitores que sabem que eu tenho outras coisas para fazer na vida, muitos leitores pensam que eu só escrevo e posto e agem como se eu tivesse alguma obrigação... Muito obrigada pelo apoio. O FeB as vezes da esses problemas com comentários mesmo, mas não se preocupe, você é um dos leitores que me acompanha desde o inicio e sei que está ai, mesmo quando você perde um capítulo.
- MionGinnyLuna: Tadinha da Alice, você tem que esquecer mesmo de como ela era antes, as pessoas mudam, ela não tem culpa de como ela era antes, afinal, ela cresceu com medo, e lembre-se, o Rony é exatamente como ela, os dois cresceram acreditando em tudo o que o ministério e o jornal diziam, e o mundo bruxo nunca foi bom com lobisomens.
- Luiza Snape: Pobrezinha da Lily! A cada capítulo as coisas pioram! Mas acho que ela está começando a se acostumar com o fato do Harry ter um imã para o perigo.
- Samara Lima: Muito obrigada! Queria saber se você está no grupo da fic, se tiver me avise quem é você lá, se quiser participar do concurso, para eu poder te dar os pontos de comentário...
- Flaa: Muito obrigada!
- Nati Wood: Então torça para que eu consiga cumprir minha meta, pois só vou continuar postando toda semana se alcançar a meta! Pobre Lily, mal sabia em PF quantos dragões ainda passariam pela vida de Harry. Se quiser receber os pontos pelos comentários aqui, e se quiser participar do concurso, precisa me dizer seu nome no grupo!
- Ali Weasley Potter: Eu sei bem como é estudar para várias provas ao mesmo tempo! No momento estou estudando para concursos e isso já me deixa bem estafada! A Lily já devia ter entendido que o Harry já nasceu com um imã para tudo o que é perigoso, mas aos poucos ela está ficando mais conformada, afinal, ela não tem o que fazer além de se conformar, não é? Para ser sincera CdF é o livro que menos gosto (ainda assim amo), mas mesmo assim está sendo mais fácil de escrever as reações de todo mundo a ele do que a PdA (que é meu favorito). Tadinho do Sirius, pense bem, ele estava se sentindo muito importante por ter sido o primeiro a escapar de Azkaban e ter todo o mundo bruxo atrás dele, agora ninguém mais da importancia a ele, e ele se sente deixado de lado! Você está no grupo da fic? Se sim me diga seu nome lá para eu te dar os pontos do concurso, se você quiser participar, é claro.
- Stehcec: Eu entendo que você estava enrolada Stehzinha! E mesmo demorando você comentou todos os capítulos, e sabe o quanto isso significa para mim! O Sirius não está exatamente julgando o pessoal da Durmstrang, é como ele falou, as vezes os principios são incutidos em você por tanto tempo que você quase não tem como fugir (seria o caso do Régulo e do Draco, os dois foram atirados no mundo dos comensais porque não sabiam que tinham outras opções). Acho que meu noivo faria o mesmo que você e o Rony, então nem posso julgar. Ele quase nunca fala do pai, mas apesar da mãe dele ser pior que o pai, o pai também devia ser bem ruim, afinal também era um Black e tinha as mesmas ideias dos outros Black. A Fleur é neta de uma Veela. A Gina não olhou feio para o Rony porque não se sentiu atingida, ela já sabia que o irmão era meio idiota, afinal, cresceu com ele. Eu nunca fui muito com a cara da Cho... E o ship se chama Hinny. E eu adoro escrever a Gina com ciúmes, ela é muito engraçada! Não tenho certeza se o cálice escolheria o Tiago ou o Sirius, tenho sérias dúvidas. Acho que eles fizeram tudo o que podiam para proteger a copa mundial, mas eles não poderiam impedir ela de acontecer, afinal, é igual à copa do mundo, mas com tudo o que aconteceu na copa, me surpreendo que eles não tenham colocado a culpa de tudo no Sirius... Ninguém nunca falou sobre o que os alunos das outras escolas fizeram em Hogwarts durante o ano, tentei perguntar para JK pelo twitter, mas ela não me respondeu... Creio que agora Hermione sabe que a solução não é libertá-los a qualquer custo, e sim lutar para dar a eles direitos e condições de trabalho mais justas. A Alice é uma menina romantica! Crouch Jr, disfarçado de Moody, deve ter ido até o cálice de madrugada, com todos dormindo, confundiu o cálice e inscreveu o Harry em outra escola, e como o Harry era o único dessa quarta escola, ele seria obviamente escolhido. Do cap anterior: Não acho que alguém ficasse observando as corujas, mas Hedwiges é uma coruja muito chamativa, alguém poderia ver ela indo para o esconderijo de Sirius um dia, e no outro de novo, e com o tempo perceberia um padrão e desconfiaria, e o Sirius não estava podendo se dar ao luxo de ser percebido. Creio que os feitiços sobre objetos voadores no campo aéreo de Hogwarts vieram depois do retorno de Voldemort. E amei conhecer você!
Não deixem de comentar!
Quem quiser fazer parte do grupo da fic, onde posto novidades, jogos, prévias e enquetes:
https://www.facebook.com/groups/742689499098462/
E para quem é do grupo: Quem acertou a frase da semana?
Comentários (16)
Capitulo maravilhoso. Arrasou como sempre, foi emocionante!
2015-08-13Você é diva, esse cap. arrasou. É o que eu tenho a dizer. (Aliás, Harry com 3 pais (tiago, remo, sirius) e uma mã é uma fofura)
2015-08-12Ooi Juh! Estou no grupo da fic sim... Estou como Samara Moura no Facebook.Amei o capítulo, gosto muito de CdF da historia em si,Mais odeeeio o Rony nesse livro! KkkkComo ele pode ser tão tapado?Chega a dar raiva! Em fim parabéns pelo capítulo!
2015-08-11Oi Juh, parabéns por mais um capítulo incrível! Que excelente maneira de começar a semana, podendo ler um pouco mais dessa história. Esse realmente é um dos momentos mais tensos, mal posso esperar pelas reações dos próximos capítulos e confesso que, uma das minhas cenas preferidas, a noite em que o Harry leva o ovo para decifrar a pista e quase é apanhado pelo Snape, o quão perto ele chega da verdade é hilário e poder contar com o Moody, mesmo que Comensal, veio a calhar. Que não te falte inspiração, beijos.
2015-08-11Como sempre, é um imenso prazer ler o seu capítulo. Sempre vou acompanhar suas história, você conquistou isso. Parabéns pela dedicação e empenho de sempre tentar postar, mesmo quando deve está sendo corrida a sua vida. Obrigado pelas palavras. E até o próximo.
2015-08-11Olha, eu vou ser bem sincera, eu não gostei desse capítulo, você escreve bem e e a fic está com uma trama legal mas toda vez que o Snape tenta se desculpar pelas ações do eu futuro ele é apedrejado , eu sei que se ele está tendo a chance de ver a quantidade de erros que ele cometeu no futuro é porque ele vai ter a chance de se redimir, só queria que ele não fosse tão tapado e se tocasse disso logo.
2015-08-11