O cálice de fogo
– O cálice de fogo.
– Finalmente conheceremos os campeões... – Frank murmurou empolgado.
– É uma sorte vocês serem novos demais para o Torneio. – Lily disse ansiosa – Pelo menos não vou ficar nervosa com o sorteio dos nomes e com as provas!
– Só espero que o campeão de Hogwarts não seja o Diggory! – Sirius bufou – Hogwarts com um campeão da Lufa-lufa seria patético.
Lily revirou os olhos para ele, mas resolveu não responder.
— Eu não acredito! — exclamou Rony, em tom de espanto, quando os alunos de Hogwarts se enfileiraram pelos degraus atrás da delegação de Durmstrang.
— Krum, Harry! Vítor Krum!
— Pelo amor de Deus, Rony, ele é apenas um jogador de Quadribol — disse Hermione.
— Apenas um jogador de Quadribol? — exclamou Rony, olhando para a amiga como se não pudesse acreditar no que ouvia. — Mione, ele é um dos melhores apanhadores do mundo! Eu não fazia idéia de que ele ainda estava na escola!
Quando eles atravessaram o saguão com os demais alunos de Hogwarts, a caminho do Salão Principal, Harry viu Lino Jordan pulando nas pontas dos pés para conseguir ver melhor a nuca de Krum. Várias garotas do sexto ano apalpavam freneticamente os bolsos enquanto andavam:
— Ah, não acredito, não trouxe uma única pena comigo... Você acha que ele assinaria o meu chapéu com batom?
– Provavelmente, sim! – Lily disse pensativa – Mas, isso sim, seria patético... Os alunos de Hogwarts deviam ter a capacidade de tratar ele como outro aluno de Durmstrang qualquer...
– Mas é claro que eles não tem! – Remo riu – E eu duvido muito que as pessoas da nossa época se sairiam melhor nisso!
– Ele é um jogador internacional de quadribol. – Tiago deu de ombros – Não é todo dia que um jogador famoso vem à escola!
– Mesmo assim. – Lily revirou os olhos – Essas meninas deviam ter um pouco mais de dignidade!
— Francamente! — exclamou Hermione com ar de superioridade, ao passarem pelas garotas, agora disputando o batom.
— Vou pedir um autógrafo a ele se puder, — disse Rony — você tem uma pena, Harry?
— Não, deixei todas lá em cima na mochila — respondeu Harry. Os garotos se dirigiram à mesa da Grifinória e se sentaram.
Rony tomou o cuidado de se sentar de frente para a porta, porque Krum e seus colegas de Durmstrang ainda estavam parados ali, aparentemente sem saber onde se sentar. Os alunos de Beauxbatons tinham escolhido lugares à mesa da Corvinal. Corriam os olhos pelo Salão Principal com uma expressão triste no rosto. Três deles ainda seguravam as echarpes e xales que cobriam a cabeça.
– Eu poderia apostar que os alunos de Durmstrang vão se sentar à mesa da Sonserina... – Sirius disse com um meio sorriso maldoso – Eles são simplesmente perfeitos uns para os outros... – completou olhando de relance para Snape.
– Nem todos da Sonserina estão envolvidos com Artes das Trevas. – Lily disse hesitante.
– Nem todos de Durmstrang são envolvidos com Artes das Trevas também. – Sirius deu de ombros – Mas, ás vezes, é difícil negar os valores que são incutidos em você por tempo demais.
– Você conseguiu. – Tiago afirmou com um grande sorriso.
– Provavelmente, não teria conseguido sem amigos como vocês... – Sirius respondeu constrangido.
— Não está fazendo tanto frio assim — comentou Hermione que os observava, irritada. — Por que não trouxeram as capas?
— Aqui! Venham se sentar aqui! — sibilou Rony. — Aqui! Mione chega para lá, abre um espaço...
— Quê?
— Tarde demais — disse Rony com amargura.
Vítor Krum e os colegas de Durmstrang tinham se acomodado à mesa da Sonserina. Harry viu que Malfoy, Crabbe e Goyle pareciam muito cheios de si com isso. Enquanto o garoto observava, Malfoy se curvou para falar com Krum.
— É, vai fundo, puxa o saco dele, Malfoy — disse Rony com desdém. — Mas, aposto como o Krum está percebendo o jogo dele... Aposto como tem gente adulando ele o tempo todo... Onde é que você acha que eles vão dormir? Poderíamos oferecer um lugar no nosso dormitório, Harry... Eu não me importaria de ceder a minha cama, e poderia dormir em uma cama de armar.
– Você estava sendo patético! – Hermione disse com uma gargalhada.
Rony emitiu um som irreconhecível, cruzou os braços irritado, e não respondeu.
Hermione deu uma risadinha desdenhosa.
— Eles parecem bem mais felizes que o pessoal da Beauxbatons — disse Harry.
Os alunos de Durmstrang estavam despindo os pesados casacos de peles e olhando para o teto escuro e estrelado com expressões de interesse; uns dois seguravam os pratos e taças de ouro e examinavam-nos, aparentemente impressionados.
Na mesa dos funcionários, Filch, o zelador, acrescentava cadeiras. Estava usando a velha casaca mofada em homenagem à ocasião. Harry ficou surpreso de ver que ele acrescentara duas cadeiras de cada lado de Dumbledore.
— Mas só tem mais duas pessoas — disse Harry. — Por que Filch está colocando mais quatro cadeiras? Quem mais vem?
– Os outros jurados do Torneio, provavelmente. – Tiago disse – Se os únicos jurados do Torneio fossem os diretores das escolas, não seria nada justo!
– É claro, – Remo concordou enfático – eles sempre dariam mais pontos para os próprios campeões...
– Não acho que Dumbledore faria isso. – Alice deu de ombros.
– Não, – Tiago concordou – mas os outros dois fariam, e isso seria injusto com Hogwarts. Nós perderíamos o Torneio por Dumbledore ser uma pessoa honrada.
— É? — respondeu Rony vagamente. Ainda olhava com avidez para Krum.
Depois que todos os estudantes tinham entrado no salão e sentado às mesas das Casas, vieram os professores, que se dirigiram à mesa principal e se sentaram. Os últimos da fila foram o Professor Dumbledore, o Professor Karkaroff e Madame Maxime.
Quando a diretora apareceu, os alunos de Beauxbatons se levantaram imediatamente. Alguns alunos de Hogwarts riram. A delegação de Beauxbatons não pareceu se constranger nem um pouco e não tornou a se sentar até que Madame Maxime estivesse acomodada do lado esquerdo de Dumbledore. Este, porém, continuou em pé e o Salão Principal ficou silencioso.
– Os franceses levam etiqueta muito a sério... – Tiago comentou – É claro que minha mãe me ensinou que eu devia sempre me levantar à presença de uma figura de autoridade, e que não devia me sentar até a autoridade dar autorização ou se sentar também...
– Meu pai gosta de manter essa regra em casa. – Sirius comentou com um sorriso mórbido – E se eu ou o Régulo não nos levantássemos quando ele aparecesse, ele nos mantinha de pé durante a refeição inteira.
– Seu pai é um tanto duro, não é? – Lily perguntou cuidadosa.
– Na verdade, não. – Sirius disse displicente – Ele não é nada, comparado à minha mãe...
— Boa-noite, senhoras e senhores, fantasmas e, muito especialmente, hóspedes — disse Dumbledore sorrindo para os alunos estrangeiros. — Tenho o prazer de dar as boas-vindas a todos. Espero e confio que sua estada aqui seja confortável e prazerosa.
Uma das garotas de Beauxbatons, ainda segurando o xale na cabeça, deu uma inconfundível risadinha de zombaria.
— Ninguém está obrigando você a ficar! — murmurou Hermione, com raiva.
— O torneio será oficialmente aberto no fim do banquete — disse Dumbledore. — Agora convido todos a comer, beber e se fazer em casa!
Ele se sentou, e Harry viu Karkaroff se curvar na mesma hora para frente e iniciar uma conversa com o diretor.
– Esse nome não me é completamente estranho. – Sirius disse pensativo.
– Que nome? – Alice perguntou confusa.
– Karkaroff. – Sirius respondeu coçando a cabeça – Mas não tenho a mínima ideia de onde ouvi esse nome antes.
– Eu nunca ouvi. – Tiago disse categórico.
As travessas diante deles se encheram de comida como de costume. Os elfos domésticos na cozinha pareciam ter se excedido, havia uma variedade de pratos à mesa que Harry jamais vira, inclusive alguns decididamente estrangeiros.
— Que é isso? — disse Rony, apontando uma grande travessa com uma espécie de ensopado de frutos do mar ao lado de um grande pudim de carne e rins.
— Bouillabaisse — disse Hermione.
— Para você também! — respondeu Rony.
— É francesa — explicou a garota. — Comi nas férias, no penúltimo verão, é muito gostosa.
— Acredito — retrucou Rony, servindo-se de chouriço de sangue.
De alguma forma o Salão Principal parecia muito mais cheio do que de costume, ainda que só houvesse umas vinte pessoas a mais ali, talvez porque os uniformes de cores diferentes se destacassem tão claramente contra o preto das vestes de Hogwarts.
Agora que tinham despido as peles, os alunos de Durmstrang deixavam ver que usavam vestes de um intenso vermelho-sangue. Vinte minutos depois do início do banquete, Hagrid entrou discretamente pela porta atrás da mesa dos funcionários. Deslizou para sua cadeira na ponta da mesa e acenou para Harry, Rony e Hermione com a mão coberta de ataduras.
— Os explosivins estão passando bem, Hagrid? — perguntou Harry.
— Otimamente — respondeu ele animado.
— É, aposto que estão — disse Rony em voz baixa. — Parece que finalmente encontraram a comida que gostam, não? Os dedos de Hagrid.
– Conhecendo o Hagrid, ele devia estar tentando brincar com os bichos, – Sirius disse com um sorriso carinhoso – eles devem ter explodido os rabos perto das mãos dele.
– Ou usado os sugadores das barrigas... – Remo concordou rindo.
– E eles tem espinhos, não? – Tiago perguntou risonho.
Naquele instante, ouviram uma voz:
— Com licença, vocês von querrer a bouillabaisse?
Era a garota de Beauxbatons que rira durante a fala de Dumbledore.
Finalmente retirara o xale. Uma longa cascata de cabelos louro-prateados caía quase até sua cintura. Tinha grandes olhos azul profundos e dentes muito brancos e iguais. Rony ficou púrpura. Olhou para a garota, abriu a boca para responder, mas não saiu nada a não ser um fraco gargarejo.
— Pode levar — respondeu Harry, empurrando a terrina para a garota.
— Vocês já se serrvirram?
— Já — disse Rony sem fôlego. — Estava excelente.
A garota apanhou a terrina e levou-a cuidadosamente até a mesa da Corvinal. Rony continuou com os olhos grudados nela como se nunca tivesse visto uma garota na vida. Harry começou a rir. O som das risadas pareceu sacudir Rony daquele transe.
— É uma Veela! — exclamou com a voz rouca para Harry.
– Não é uma Veela! – Remo disse levantando os olhos do livro e encarando Rony – Não pode ser uma Veela...
– Talvez seja apenas uma menina muito bonita. – Sirius deu de ombros – E ele está pensando em Veela por que as viu há pouco tempo...
— Claro que não! — retrucou Hermione mordazmente. — Não vejo mais ninguém olhando para ela de boca aberta como um idiota!
Mas não era bem verdade. Quando a garota atravessou o salão, muitas cabeças de garotos se viraram, e alguns pareciam ter ficado temporariamente sem fala, exatamente como Rony.
— Estou dizendo, não é uma garota normal! — disse Rony, curvando-se para um lado para poder continuar a vê-la sem ninguém na frente. — Não fazem garotas assim em Hogwarts!
Lily, Alice e Hermione encararam Rony ligeiramente irritadas.
– Não, – Lily bufou – fazem garotas decentes em Hogwarts!
– Você não vê as garotas de Hogwarts rindo do discurso de Dumbledore. – Alice concordou com Lily enfática.
— Fazem garotas legais em Hogwarts — respondeu Harry, sem pensar. Cho Chang, por acaso, estava sentada a poucos lugares da garota de cabelos prateados.
– Eu detesto essa garota! – Gina disse trincando os dentes e cruzando os braços sobre o peito – Nós realmente precisamos ler essa besteira?
– Gina, ela é uma boa pessoa... – Hermione disse fazendo Gina bufar e revirar os olhos – E sim, nós temos que ler tudo.
– Mione, você não vai me convencer de que essa Cho-rona é uma boa pessoa. – Gina respondeu levantando uma sobrancelha e fazendo Rony rir enquanto Harry ficava vermelho como um pimentão.
– Cho-rona? – Tiago perguntou em meio a uma gargalhada – Por que você chamou ela de Cho-rona?
– Nós realmente não podemos falar sobre isso agora. – Hermione respondeu sem conseguir segurar o próprio riso.
— Quando vocês dois repuserem os olhos dentro das órbitas — disse Hermione com energia — poderão ver quem acaba de chegar.
Ela apontou para a mesa dos funcionários. As duas cadeiras que estavam vazias acabavam de ser ocupadas. Ludo Bagman sentou-se agora do outro lado do Professor Karkaroff enquanto o Sr. Crouch, chefe de Percy, ficou ao lado de Madame Maxime.
— Que é que eles estão fazendo aqui? — indagou Harry surpreso.
— Eles organizaram o Torneio Tribruxo, não foi? — disse Hermione. — Imagino que quisessem vir assistir à abertura.
– E eles, muito provavelmente, são os outros jurados. – Sirius disse desinteressado.
Quando o segundo prato chegou, os garotos repararam que havia diversos pudins desconhecidos, também. Rony examinou um tipo esquisito de manjar branco mais atentamente, depois o deslocou com cuidado alguns centímetros para a direita, de modo a deixá-lo bem visível para os convidados à mesa da Corvinal. Mas a garota que lembrava uma Veela parecia ter comido o suficiente e não veio até a mesa apanhá-lo.
Depois que os pratos de ouro foram limpos, Dumbledore se levantou mais uma vez. Neste momento, uma agradável tensão pareceu invadir o salão. Harry sentiu um tremor de excitação só de imaginar o que viria a seguir. A algumas cadeiras de distância, Fred e Jorge se curvaram para frente, observando Dumbledore com grande concentração.
— Chegou o momento — disse Dumbledore, sorrindo para o mar de rostos erguidos. — O Torneio Tribruxo vai começar. Eu gostaria de dizer algumas palavras de explicação antes de mandar trazer o escrínio...
— O quê? — murmurou Harry. Rony deu de ombros.
— Apenas para esclarecer as regras que vigorarão este ano. Mas, primeiramente, gostaria de apresentar àqueles que ainda não os conhecem o Sr. Bartolomeu Crouch, Chefe do Departamento de Cooperação Internacional em Magia — houve vagos e educados aplausos —, e o Sr. Ludo Bagman, Chefe do Departamento de Jogos e Esportes Mágicos.
Houve uma rodada mais ruidosa de aplausos para Bagman do que para Crouch, talvez por sua fama de batedor ou simplesmente porque ele parecia muito mais simpático.
– É claro que a grande maioria dos alunos reconhece Bagman! – Tiago revirou os olhos para Harry – Ele é um dos melhores batedores de todos os tempos!
Ele agradeceu com um aceno jovial. Bartolomeu Crouch não sorriu nem acenou quando seu nome foi anunciado. Ao lembrar-se dele vestido com um terno bem cortado na Copa Mundial de Quadribol, Harry achou que parecia estranho naquelas vestes de bruxo.
Seu bigode à escovinha e a risca exata nos cabelos pareciam muito esquisitos ao lado dos longos cabelos e barbas de Dumbledore.
— Nos últimos meses, o Sr. Bagman e o Sr. Crouch trabalharam incansavelmente na organização do Torneio Tribruxo — continuou Dumbledore — e se juntarão a mim, ao Professor Karkaroff e à Madame Maxime na banca que julgará os esforços dos campeões.
– Não consigo ver Crouch dando pontos a mais por gostar de alguém. – Frank disse categórico – A banca de jurados parece muito mais justa com ele...
A menção da palavra "campeões", a atenção dos estudantes que ouviam pareceu se aguçar. Talvez Dumbledore tivesse notado essa repentina imobilidade, porque ele sorriu e disse:
— O escrínio, então, por favor, Sr. Filch.
Filch, que andara rondando despercebido um extremo do salão, se aproximou então de Dumbledore, trazendo uma arca de madeira, incrustada de pedras preciosas. Tinha uma aparência extremamente antiga. Um murmúrio de interesse se elevou das mesas dos alunos. Denis Creevey chegou a subir na cadeira para ver direito, mas por ser tão miúdo, sua cabeça mal ultrapassou a dos outros.
— As instruções para as tarefas que os campeões deverão enfrentar este ano já foram examinadas pelos Srs. Crouch e Bagman, — disse Dumbledore, enquanto Filch depositava a arca cuidadosamente na mesa à frente do diretor — e eles tomaram as providências necessárias para cada desafio. Haverá três tarefas, espaçadas durante o ano letivo, que servirão para testar os campeões de diferentes maneiras... Sua perícia em magia, sua coragem, seus poderes de dedução e, naturalmente, sua capacidade de enfrentar o perigo.
– Eu adoraria participar de um Torneio Tribruxo – Sirius disse empolgado – Imagine a quantidade de coisas que nunca podemos fazer que poderíamos fazer, e ainda ganharíamos dinheiro no final!
– Só quem ganhasse. – Tiago disse – Mas eu também gostaria de estar em Hogwarts durante um Torneio. Seria muito mais interessante do que um ano normal! Imaginem como seria divertido enfrentar um Basilisco!
– Não é divertido. – Harry murmurou fazendo todos rirem – Nem um pouco divertido. – completou esfregando o lugar onde a presa do basilisco havia entrado em seu braço.
– Nós poderíamos enfrentar o basilisco agora mesmo se quiséssemos. – Sirius disse pensativo – Nós estamos aqui, o basilisco está nos canos do banheiro, e nós temos um ofidioglota...
– Não é uma boa ideia. – Lily disse com os olhos arregalados, fazendo sinal para Remo voltar a ler.
A esta última palavra, o salão mergulhou num silêncio tão absoluto que ninguém parecia estar respirando.
— Como todos sabem, três campeões competem no torneio, — continuou Dumbledore calmamente — um de cada escola. Eles receberão notas por seu desempenho em cada uma das tarefas do torneio e aquele que tiver obtido o maior resultado no final da terceira tarefa ganhará a Taça Tribruxo. Os campeões serão escolhidos por um juiz imparcial...“O Cálice de Fogo”.
– E é por isso que eu estou falando desde o início do livro que haveria um Torneio Tribruxo! – Tiago exclamou convencido – Mas é claro que vocês não queriam acreditar em mim...
– Eu acreditei! – Sirius e Remo falaram ao mesmo tempo.
– Eu gostaria muito que você estivesse errado. – Lily suspirou – Mas é bem melhor do que eu estava imaginando. Pensei que, com a inclinação de Harry para o perigo, ele certamente seria um dos campeões... Mas, graças a Merlin, eles aumentaram a idade mínima.
Hermione, Harry e Rony trocaram um olhar antes de Remo voltar à leitura.
Dumbledore puxou então sua varinha e deu três pancadas leves na tampa do escrínio. A tampa se abriu lentamente com um rangido. O bruxo enfiou a mão nele e tirou um grande cálice de madeira toscamente talhado. Teria sido considerado totalmente comum se não estivesse cheio até a borda com chamas branco-azuladas, que davam a impressão de dançar.
Dumbledore fechou o escrínio e pousou cuidadosamente o cálice sobre a tampa, onde seria visível a todos no salão.
— Quem quiser se candidatar a campeão deve escrever seu nome e escola claramente em um pedaço de pergaminho e depositá-lo no cálice — disse Dumbledore. — Os candidatos terão vinte e quatro horas para apresentar seus nomes. Amanhã à noite, Festa do Dia das Bruxas, o cálice devolverá o nome dos três que ele julgou mais dignos de representar suas escolas. O cálice será colocado no saguão de entrada hoje à noite, onde estará perfeitamente acessível a todos que queiram competir.
— Para garantir que nenhum aluno menor de idade ceda à tentação, — continuou Dumbledore, — traçarei uma linha etária em volta do Cálice de Fogo depois que ele for colocado no saguão. Ninguém com menos de dezessete anos conseguirá atravessar a linha.
– Exatamente o que pensamos... – Sirius disse – Basta um bom feitiço de levitação.
– E muita mira. – Remo acrescentou rindo.
– Sou um artilheiro de quadribol. – Tiago disse passando a mão pelos cabelos – Se tem algo que eu tenho, é mira!
Lily riu escondendo a boca com a mão.
— E, finalmente, gostaria de incutir, nos que querem competir, que ninguém deve se inscrever neste torneio levianamente. Uma vez escolhido pelo Cálice de Fogo, o campeão ficará obrigado a prosseguir até o final do torneio. Colocar o nome no cálice é um ato contratual mágico. Não pode haver mudança de idéia, uma vez que a pessoa se torne campeã. Portanto, procurem se certificar de que estão preparados de corpo e alma para competir, antes de depositar seu nome no cálice. Agora, acho que já está na hora de irmos nos deitar. Boa-noite a todos.
— Uma linha etária! — exclamou Fred Weasley, os olhos brilhando, enquanto atravessavam o salão rumo às portas que se abriam para o saguão de entrada.
— Bom, isso deve ser contornável com uma Poção para Envelhecer, não? E depois que o nome estiver no cálice, a gente vai ficar rindo, ele não vai saber dizer se você tem ou não dezessete anos!
– Eles realmente pensaram que Dumbledore não consideraria uma poção de envelhecimento? – Sirius perguntou aparentando decepção.
– Não seja duro com eles. – Remo disse rindo – Apesar deles serem o mais próximo de marotos que temos na época, eles não devem ter passado tanto tempo quanto vocês estudando como burlar cada regra existente na escola!
— Mas eu acho que ninguém abaixo de dezessete anos terá a menor chance — disse Hermione — ainda não aprendemos o suficiente...
— Fale por você — disse Jorge rispidamente. — Você vai tentar entrar, não vai, Harry?
– De jeito nenhum! – Lily bufou – Você não é burro de se colocar em perigo sem qualquer necessidade!
– É verdade. – Remo concordou relutante – Você já se coloca em perigo demais sem isso.
Harry pensou brevemente na insistência de Dumbledore de que nenhum menor de dezessete anos submetesse o nome, mas então a maravilhosa visão de si mesmo ganhando a Taça Tribruxo invadiu mais uma vez sua mente... Ele pensou no quanto Dumbledore ficaria zangado se algum menor de dezessete anos descobrisse uma maneira de atravessar a linha etária...
– Não é só a decepção de Dumbledore que devia te preocupar. – Lily disse irritada – O Torneio tem um limite de idade por um ótimo motivo. E nós sabemos que você já enfrentou muito mais do que qualquer um dos alunos que podem se candidatar, mas mesmo assim, não é uma boa ideia.
– E como a Lily já disse antes, imagine quão idiota seria morrer em um Torneio depois de sobreviver a Voldemort várias vezes. – Sirius deu de ombros – Você já fez o bastante, não precisa disso.
— Onde está ele? — perguntou Rony, que não estava ouvindo uma só palavra dessa conversa, e examinava a aglomeração de alunos para ver que fim levara Krum. — Dumbledore não disse onde o pessoal de Durmstrang vai dormir, disse?
Mas sua pergunta foi respondida quase instantaneamente; os garotos estavam passando pela mesa da Sonserina naquele momento e Karkaroff se apressava em chegar aos seus alunos.
— Voltamos ao navio, então — foi ele dizendo. — Vítor, como é que você está se sentindo? Comeu o suficiente? Devo mandar buscar um pouco de quentão na cozinha?
Harry viu Krum sacudir negativamente a cabeça e tornar a vestir as peles.
— Professor, eu gostaria de beber um pouco de vinho — disse outro garoto de Durmstrang esperançoso.
— Eu não ofereci a você, Poliakoff — retorquiu Karkaroff, seu caloroso ar paternal desaparecendo instantaneamente. — Vejo que derramou comida nas vestes outra vez, moleque porcalhão...
– Me parece óbvio quem o diretor de Durmstrang quer como campeão. – Frank disse categórico.
– Quem não escolheria ele! – Tiago deu de ombros – Ele é um jogador internacional de quadribol! Até o cálice deve escolher ele!
Snape revirou os olhos para Tiago, entediado.
Karkaroff lhe deu as costas e conduziu os alunos para fora, chegando à porta no mesmo momento que Harry, Rony e Hermione.
Harry parou para deixá-lo passar primeiro.
— Obrigado — disse Karkaroff, olhando distraído para o garoto.
E então o bruxo estacou. Tornou a virar a cabeça para Harry e encarou-o como se não pudesse acreditar no que via. Atrás do diretor, os alunos de Durmstrang pararam também. Os olhos de Karkaroff percorreram lentamente o rosto de Harry e se detiveram na cicatriz. Os alunos de Durmstrang miraram Harry cheios de curiosidade, também. Pelo canto do olho, o garoto viu que alguns faziam cara de terem finalmente entendido. O garoto que sujara as vestes de comida cutucou uma colega ao seu lado e apontou abertamente para a testa de Harry.
– Desagradável… – Tiago comentou e Harry concordou enfaticamente.
— É, é o Harry Potter, sim — disse alguém com um rosnado às costas deles.
O Professor Karkaroff virou-se completamente. Olho-Tonto Moody se achava parado ali, apoiado pesadamente na bengala, o olho mágico encarando sem piscar o diretor de Durmstrang. A cor se esvaiu do rosto de Karkaroff enquanto Harry observava a cena. Uma expressão terrível, em que se misturavam a fúria e o medo, perpassou o rosto do homem.
— Você! — exclamou ele, encarando Moody como se duvidasse de que realmente o via.
— Eu — disse Moody sério. — E a não ser que tenha alguma coisa a dizer a Potter, Karkaroff, você talvez queira continuar andando. Está bloqueando a porta.
Era verdade, metade dos estudantes no salão aguardava atrás deles, espiando por cima dos ombros uns dos outros para ver o que estava causando o engarrafamento. Sem dizer mais uma palavra, o Professor Karkaroff arrebanhou seus alunos e saiu. Moody observou-o desaparecer de vista, seu olho mágico fixando as costas do bruxo, uma expressão de intenso desagrado em seu rosto mutilado.
– Moody só pode ter conhecido Karkaroff em seu trabalho anterior… – Tiago disse pensativo – Pelo menos é o que parece pela reação dele.
– Isso quer dizer que Karkaroff é um comensal da morte? – Lily perguntou assustada – Voldemort disse que ele tinha alguém em Hogwarts…
– Pode ser ele. – Sirius deu de ombros – Pode não ser… Ele pode não ter sido um comensal da morte… Ou o homem infiltrado de Voldemort pode ser outra pessoa… Não temos como saber.
– Mas ele com certeza é um dos suspeitos. – Remo disse categórico – Se ele ficou tão abismado ao ver Moody, ele, definitivamente, é um suspeito.
Como o dia seguinte era sábado, normalmente a maioria dos estudantes teria tomado o café da manhã mais tarde. Harry, Rony e Hermione, porém, não foram os únicos a se levantarem muito mais cedo do que costumavam nos fins de semana. Quando desceram para o saguão, viram umas vinte pessoas andando por ali, alguns comendo torrada, todos examinando o Cálice de Fogo. A peça fora colocada no centro do saguão sobre o banquinho que era usado para o Chapéu Seletor. Uma fina linha dourada fora traçada no chão, formando um círculo de uns três metros de raio.
— Alguém já depositou o nome? — perguntou Rony, ansioso, a uma aluna do terceiro ano.
— Todo o pessoal da Durmstrang — respondeu ela. — Mas ainda não vi ninguém de Hogwarts.— Aposto como tem gente que depositou ontem à noite depois que fomos todos dormir — disse Harry. — Eu teria feito isso se fosse eles... Não iria querer ninguém me olhando. E se o cálice cuspisse o meu nome de volta na hora?
– É claro que o cálice não faria isso! – Sirius disse gargalhando antes de perceber a intensa troca de olhares entre Harry e Rony.
Remo, que também percebera os olhares, voltou a ler desconfiado.
Alguém riu às costas de Harry. Ao se virar, ele viu Fred, Jorge e Lino Jordan correndo escada abaixo, os três parecendo excitadíssimos.
— Resolvido — disse Fred num cochicho vitorioso a Harry, Rony e Hermione. — Acabamos de tomá-la.
— Quê? — exclamou Rony.
— A Poção para Envelhecer, cabeça-de-bagre — disse Fred.
— Uma gota cada um — acrescentou Jorge, esfregando as mãos de alegria. — Só precisamos envelhecer alguns meses.
— Vamos dividir os mil galeões entre os três se um de nós vencer — disse Lino, com um largo sorriso.
— Não tenho muita certeza de que isso vai dar certo — disse Hermione em tom de aviso.
— Tenho certeza de que Dumbledore terá pensado nessa possibilidade.
Fred, Jorge e Lino não lhe deram atenção.
— Pronto? — perguntou Fred aos outros dois, tremendo de excitação. — Vamos então, eu vou primeiro...
Harry observou, fascinado, quando Fred tirou do bolso um pedaço de pergaminho com as palavras "Fred Weasley — Hogwarts".
– É uma pena que a poção não vai ser o suficiente para atravessar a linha etária. – Sirius afirmou ainda decepcionado.
– É melhor assim. – Alice afirmou com um meio sorriso – Apesar deles já estarem no sexto ano, eles ainda tem muito o que aprender…
– Eu tenho certeza de que eu teria capacidade de competir no Torneio com a idade deles. – Sirius respondeu categórico – Afinal, eu já era um animago no meu quinto ano. – completou jogando os cabelos para o lado displicente.
O garoto foi direto à linha e parou ali, balançando-se nas pontas dos pés como um mergulhador se preparando para um salto de quinze metros. Depois, acompanhado pelo olhar de todos que estavam no saguão, ele respirou fundo e atravessou a linha.
Por uma fração de segundo, Harry achou que a coisa dera certo, — Jorge certamente pensara o mesmo, porque soltou um berro de triunfo e correu atrás de Fred — mas no momento seguinte, ouviram um chiado forte e os gêmeos foram arremessados para fora do círculo dourado, como bolas de golfe. Eles aterrissaram dolorosamente, a dez metros de distância no frio chão de pedra e, para piorar a situação, ouviram um forte estalo e brotaram nos dois longas barbas brancas e idênticas.
– Avisei que não funcionaria. – Hermione disse ligeiramente satisfeita consigo mesma.
– Porque é óbvio que não funcionaria! – Sirius concordou enfático – Dumbledore não seria burro de não pensar nisso!
– Eles me contaram, – Gina disse com um meio sorriso saudoso – que chegaram a pensar em colocar o nome dos dois em cada papel para serem co-campeões, ou algo do tipo, caso fossem escolhidos. Mas mudaram de ideia no meio do caminho, porque pensaram que era muito improvável que o cálice escolhesse os dois e eles precisavam do prêmio.
O saguão de entrada ecoou de risadas. Até Fred e Jorge riram depois de se levantar e dar uma boa olhada nas barbas um do outro.
— Eu avisei a vocês — disse uma voz grave e risonha, ao que todos se viraram e deram com o Professor Dumbledore saindo do Salão Principal. Ele examinou Fred e Jorge, com os olhos cintilando. — Sugiro que os dois procurem Madame Pomfrey. Ela já está cuidando da Srta. Fawcett da Corvinal e do Sr. Summers da Lufa-Lufa, que também resolveram envelhecer um pouquinho. Embora eu deva dizer que as barbas deles não são tão bonitas quanto as suas.
Fred e Jorge seguiram para a ala hospitalar acompanhados por Lino, que rolava de rir, e Harry, Rony e Hermione, também às gargalhadas, foram tomar o café da manhã.
A decoração no Salão Principal estava mudada essa manhã. Como era o Dia das Bruxas, uma nuvem de morcegos vivos esvoaçava pelo teto encantado, enquanto centenas de abóboras esculpidas riam-se em cada canto.
– Apenas um ano antes disso eu estava tentando invadir a torre da Grifinória... – Sirius disse pensativo – E agora ninguém se importa mais em procurar a única pessoa que já conseguiu escapar de Azkaban...
– Você devia ficar satisfeito de não estar sendo caçado por dementadores. – Tiago bufou.
– Meu eu-futuro deve ter ficado satisfeito... – Sirius deu de ombros – Mas um ano antes todos estavam apavorados achando que eu era um comensal da morte terrível, e agora já se esqueceram de mim...
Tiago e Remo reviraram os olhos ao mesmo tempo e Remo retomou a leitura.
Harry, à frente dos três, foi até Dino e Simas, que discutiam quais alunos de Hogwarts com dezessete anos ou mais estariam se inscrevendo.
— Corre um boato que Warrington se levantou cedo e depositou o nome no cálice — disse Dino a Harry. — Aquele grandalhão da Sonserina que parece uma preguiça.
Harry, que jogara Quadribol contra Warrington, sacudiu a cabeça, desgostoso.
— Não podemos ter um campeão da Sonserina!
— E todo o pessoal da Lufa-Lufa está falando em Diggory — disse Simas com desprezo. — Eu não teria imaginado que ele fosse querer arriscar aquele belo físico.
— Escutem! — disse Hermione de repente.
As pessoas estavam aplaudindo no saguão de entrada. Todos se viraram nas cadeiras e viram Angelina Johnson entrando no salão, sorrindo meio encabulada. Uma garota alta, que jogava como artilheira no time de Quadribol da Grifinória, Angelina se aproximou dos colegas, sentou-se e disse:
— Bom, está feito! Depositei o meu nome!
– Ela seria uma ótima campeã de Hogwarts! – Alice disse com um meio sorriso.
– Com certeza! – Sirius concordou empolgado – Ela é da casa certa e, pelo que sabemos, é uma ótima jogadora de quadribol…
– Torço por ela. – Tiago afirmou sorrindo – Muito melhor do que alguém da Sonserina ou Diggory…
– O interessante é que a maioria das pessoas que estão se inscrevendo jogam quadribol pelas suas casas. – Remo disse pensativo.
– Jogadores de quadribol são mais corajosos do que as pessoas normais. – Tiago disse passando a mão pelos cabelos com um meio sorriso convencido – Quero dizer, – completou ao perceber Lily revirando os olhos – nós passamos boa parte do tempo a 15 metros ou mais de altura, enfrentamos balaços e outros jogadores truculentos, e consideramos tudo isso muito divertido…
Foi a vez de Severo revirar os olhos, não considerava jogar quadribol algo que demonstrava coragem e sim algo para as pessoas mais convencidas poderem se exibir ainda mais.
— Você está brincando! — disse Rony, parecendo impressionado.
— Então você já fez dezessete? — perguntou Harry.
— Claro que sim. Você está vendo alguma barba? — respondeu Rony.
— Fiz 17 anos na semana passada — disse Angelina.
— Fico feliz que alguém da Grifinória esteja concorrendo — comentou Hermione. — Espero sinceramente que você seja escolhida, Angelina!
— Obrigada, Hermione — agradeceu Angelina, sorrindo para ela.
— É, é melhor você do que o Zé Bonitinho Diggory — disse Simas, fazendo vários alunos da Lufa-Lufa que passavam pela mesa amarrarem a cara para ele.
— Então, que é que vocês vão fazer hoje? — perguntou Rony a Harry e Hermione, quando saíam do salão depois do café.
— Ainda não fomos visitar o Hagrid — lembrou Harry.
— OK, desde que ele não nos peça para doar uns dedos aos explosivins.
Uma expressão de grande excitação surgiu de repente no rosto de Hermione.
— Acabei de me tocar, ainda não pedi ao Hagrid para se alistar no F.A.L.E.! — disse ela animada. — Me esperem aqui enquanto dou uma corrida lá em cima para apanhar os distintivos.
– Hagrid não vai se alistar no F.A.L.E., – Tiago afirmou categórico – ele sabe muito bem como os elfos de Hogwarts realmente são tratados... E, além disso, ele sabe como os elfos reagiriam se fossem libertados contra a própria vontade.
— Qual é a dela? — exclamou Rony, exasperado, quando Hermione saiu correndo escada acima.
— Ei, Rony — disse Harry de repente. — É a sua amiga...
Os alunos de Beauxbatons entravam no castelo, vindo dos jardins, entre eles a garota Veela. O pessoal aglomerado à volta do cálice se afastou para deixá-los passar, observando-os ansiosos. Madame Maxime entrou atrás dos alunos e organizou-os em fila. Um a um eles atravessaram a linha etária e depositaram seus pedaços de pergaminho nas chamas branco-azuladas. A cada nome inscrito o fogo se avermelhava e faiscava por um breve instante.
— Que é que você acha que acontece com os que não são escolhidos? — murmurou Rony para Harry, quando a garota Veela deixou cair seu pedaço de pergaminho no Cálice de Fogo. — Você acha que voltam para a escola ou ficam por aqui para assistir ao torneio?
— Não sei — disse Harry. — Ficam por aqui, suponho... Madame Maxime vai ficar para julgar, não é?
– Talvez os diretores tenham feito um acordo e os alunos das outras escolas vão assistir aulas com os alunos do sexto e sétimo anos… – Lily disse pensativa – Ou vão receber aulas de seus diretores… Não consigo imaginar todos eles a toa em Hogwarts quando deveriam estar recebendo instrução em magia. – completou dando de ombros.
– É possível. – Remo concordou pensativo – Mas, a não ser que alguém fale sobre isso, nós não saberemos… Afinal, todos eles tem 17 anos… Nenhum estaria na mesma turma que Harry.
Depois que os alunos de Beauxbatons se inscreveram, Madame Maxime levou-os de volta aos jardins.
— Onde é que eles estão dormindo, então? — perguntou Rony chegando até as portas de entrada e acompanhando-os com o olhar.
– Na carruagem. – Sirius afirmou – Devem ter colocado um feitiço indetectável de extensão…
Um ruído de chocalho às costas dos dois anunciou a reaparição de Hermione com a caixa de distintivos do F.A.L.E.
— Ah, bom, vamos logo — disse Rony e desceu aos saltos os degraus de pedra, mantendo os olhos fixos na garota Veela, que a essa altura já estava no meio do jardim com a diretora.
Ao se aproximarem da cabana de Hagrid na orla da Floresta Proibida, o mistério do dormitório dos alunos de Beauxbatons se esclareceu. A enorme carruagem azul-clara em que haviam chegado fora estacionada a menos de duzentos metros da porta da cabana de Hagrid, e eles estavam embarcando nela.
Os cavalos elefânticos que puxavam a carruagem pastavam agora em um picadeiro improvisado montado a um lado.
Harry bateu na porta de Hagrid e os latidos retumbantes de Canino responderam imediatamente.
— Até que enfim! — saudou-os Hagrid, quando abriu a porta e viu quem batia.
— Achei que vocês tinham esquecido onde eu morava!
— Estivemos realmente ocupados, Hag... — Hermione começou a dizer, mas parou de chofre, encarando Hagrid, aparentemente sem saber o que dizer.
Hagrid estava usando seu melhor (e horroroso) terno de tecido marrom peludo, com uma gravata amarela e laranja. Mas isto não era o pior, ele evidentemente tentara domesticar os cabelos, usando uma grande quantidade de um produto que parecia graxa para eixo de rodas. Estavam agora alisados em dois molhos — talvez ele tivesse tentado fazer um rabo-de-cavalo como o de Gui, mas descobrira que tinha cabelo demais. O penteado realmente não combinava nadinha com Hagrid.
– Hagrid deve estar apaixonado! – Alice disse abrindo um grande sorriso – Eu sabia que ele e Maxime eram perfeitos um para o outro!
– Não é só por causa do tamanho que eles tem que eles são perfeitos um para o outro… – Frank disse cuidadoso – Talvez eles não tenham nada em comum…
– Ainda acho que eles vão encontrar o amor um no outro. – Alice disse ignorando Frank.
Por um instante, Hermione mirou-o de olhos arregalados, depois, obviamente decidindo não fazer comentários disse:
— Hum, onde estão os explosivins?
— Lá fora no canteiro de abóboras — respondeu Hagrid alegre. — Estão ficando uns bichões, quase um metro de comprimento agora. O único problema é que começaram a se matar uns aos outros.
– Pelo menos não terão dúzias de explosivins de dois metros de altura andando pela propriedade… – Sirius disse franzindo a testa.
— Ah, não, sério? — exclamou Hermione, lançando um olhar de censura a Rony, que olhava sem disfarçar o penteado esquisito de Hagrid, e acabara de abrir a boca para dizer alguma coisa.
— É — disse Hagrid com tristeza. — Mas tudo bem, eles agora estão em caixas separadas. Ainda sobraram uns vinte.
— Isso é que foi sorte! — disse Rony. Mas Hagrid não percebeu a ironia.
A cabana de Hagrid tinha um único cômodo, e a um canto havia uma cama gigantesca coberta com uma colcha de retalhos. Uma mesa igualmente enorme com cadeiras ficava diante da lareira, sob uma quantidade de presuntos curados, e aves mortas que pendiam do teto. Os garotos se sentaram à mesa enquanto Hagrid preparava o chá e logo se deixaram absorver por mais uma discussão sobre o Torneio Tribruxo. Hagrid parecia tão excitado com o assunto quanto eles.
— Aguardem — disse ele, sorrindo. — Aguardem só. Vocês vão ver uma coisa que nunca viram antes. A primeira tarefa... Ah, mas eu não posso contar.
— Vamos, Hagrid! — insistiram Harry, Rony e Hermione, mas ele apenas sacudiu a cabeça, rindo.
— Não quero estragar a surpresa. Mas vai ser espetacular, isso eu posso dizer. Os campeões vão ter tarefas escolhidas sob medida. Nunca pensei que ia viver para ver organizarem novamente um Torneio Tribruxo!
– Pela animação de Hagrid, – Tiago disse pensativo – e pelo que Carlinhos falou quando deixou vocês na plataforma, eu aposto em dragões para a primeira tarefa…
– Eu não gosto nada disso. – Lily suspirou – Já não gostei de Hagrid expor vocês ao filhote de dragão…
– Não se preocupe com isso. – Remo disse jogando o braço para o alto displicente – Os dragões podem ser contidos perfeitamente bem por profissionais!
Os garotos acabaram almoçando com Hagrid, embora não comessem muito — ele disse que preparara um picadinho de carne, mas quando Hermione encontrou uma garra no dela, os três perderam um pouco o apetite. Mas se divertiram tentando fazer Hagrid contar as tarefas que haveria no torneio, especulando quais dos inscritos seriam provavelmente escolhidos para campeões, e imaginando se Fred e Jorge já teriam perdido as barbas.
Uma chuva leve começara a cair lá pelo meio da tarde, foi muito gostoso sentarem ao pé da lareira e escutar as gotas de chuva tamborilando de leve na janela, vendo Hagrid cerzir suas meias enquanto discutia com Hermione sobre os elfos domésticos — porque ele se recusou terminantemente a entrar para o F.A.L.E. quando a garota lhe mostrou os distintivos.
— Seria fazer a eles uma maldade, Hermione — disse sério enquanto trabalhava com uma enorme agulha de osso enfiada com uma linha de cerzir amarela. — Faz parte da natureza deles cuidar dos seres humanos, é disso que eles gostam, entende? Você os faria infelizes se tirasse o trabalho deles e os insultaria se tentasse lhes pagar um salário.
— Mas Harry libertou o Dobby e ele foi à lua de tanta felicidade! — disse Hermione. — E ouvimos dizer que ele está exigindo salário agora!
— Tudo bem, tem aberrações em toda espécie da natureza. Não estou dizendo que não haja elfo esquisito que aceite a liberdade, mas você jamais convenceria a maioria deles a concordar com isso, não, nada feito, Hermione.
Hermione pareceu ficar realmente contrariada e guardou a caixa de distintivos no bolso da capa.
– Exatamente! – Tiago disse concordando com Hagrid enfático – Eu sabia que ele não entraria. Ele entende muito bem as criaturas mágicas.
– Eu admito. – Hermione suspirou – Eu tinha dificuldade de entender muitas coisas sobre os elfos-domésticos… E hoje eu tenho uma opinião diferente sobre o assunto.
– E qual a sua nova opinião? – Tiago questionou curioso.
– Você sabe que não posso falar sobre isso… – Hermione disse depois de pensar por alguns segundos.
– Eu não acho que isso faria diferença para a história. – Gina deu de ombros.
– Não faria. – Hermione respondeu – Mas saber como minhas opiniões mudaram ao longo dos anos pode dar pistas de como as coisas se desenvolveram ao nosso redor. – completou encarando Tiago com um meio sorriso – E sabemos muito bem como certas pessoas aqui são boas em interpretar pistas.
Lá pelas cinco horas começou a escurecer, e Rony, Harry e Hermione decidiram que já era hora de voltar ao castelo para a festa do Dia das Bruxas — e, o que era mais importante, para o anúncio de quem seriam os campeões das escolas.
— Vou com vocês — disse Hagrid, deixando o cerzido de lado. — Me dêem um segundo.
Ele se levantou, foi até a cômoda ao lado da cama e começou a procurar alguma coisa nas gavetas. Os garotos não prestaram muita atenção, até que um fedor realmente horrível chegou às suas narinas. Tossindo, Rony perguntou:
— Hagrid, que é isso?
— Eh? — exclamou Hagrid, virando-se com um enorme frasco na mão. — Você não gostou?
— Isso é loção de barba? — perguntou Hermione, com um tom de voz levemente chocado.
— Hum... Eau-de-Cologne — murmurou Hagrid. Ele ficou vermelho. — Talvez seja um pouco demais — disse meio impaciente. — Vou tirar, esperem aí...
Ele saiu desajeitado da cabana e os garotos o viram lavar-se vigorosamente no barril de água do lado da janela.
— Eau-de-Cologne? — repetiu Hermione surpresa. — Hagrid?
— E qual é a explicação para os cabelos e o terno dele? — perguntou Harry em voz baixa.
— Olhem lá! — exclamou Rony de repente, apontando para fora da janela.
Hagrid acabara de se aprumar e se virara. Se ficara vermelho antes, não era nada comparável ao que estava acontecendo agora. Levantando-se muito cautelosamente, para que Hagrid não os visse, Harry, Rony e Hermione espiaram pela janela e viram que Madame Maxime e os alunos de Beauxbatons tinham acabado de sair da carruagem, obviamente para irem à festa também. Os garotos não conseguiam ouvir, mas Hagrid estava falando com a diretora com os olhos embaçados e uma expressão de arrebatamento, que Harry só notara nele uma única vez — quando admirava o filhote de dragão Norberto.
– Hagrid está apaixonado! – Alice exclamou empolgada – Eles fazem um casal perfeito!
– Alice… – Lily disse rindo – Nós nunca nem vimos essa Madame Maxime, nem sabemos como ela é! Se ela é uma pessoa boa, justa, amorosa como o Hagrid… Tudo o que sabemos é que ela é uma francesa grande!
– Não importa! – Alice disse ainda sorridente – Se ele gosta dela é porque ela deve ter algo de bom! Não consigo imaginar Hagrid apaixonado por uma pessoa ruim...
– Nem sempre o Hagrid gosta apenas de quem é bom… – Remo disse receoso – Não se esqueça de que estamos falando da pessoa que criou uma acromântula na floresta e esperava que ela não fosse devorar o Harry e o Rony, só por serem seus amigos!
— Ele está indo com ela para o castelo! — disse Hermione indignada. — Pensei que ele estava nos esperando!
Sem lançar sequer um olhar à cabana, Hagrid foi subindo pelo gramado com Madame Maxime, e os alunos de Beauxbatons seguiam em sua cola, quase correndo para acompanhar os passos enormes dos dois.
— Ele está caído por ela! — comentou Rony incrédulo. — Bom, se eles tiverem filhos, vão marcar um recorde mundial, aposto como um bebê deles iria pesar uma tonelada.
Os três saíram da cabana sozinhos e fecharam a porta ao passar. Estava surpreendentemente escuro do lado de fora. Puxando as capas para mais junto do corpo, eles subiram pelos gramados da propriedade.
— Ah, são eles. Olhem lá! — sussurrou Hermione.
A delegação de Durmstrang seguia do lago para o castelo. Vitor Krum caminhava ao lado de Karkaroff e os outros os acompanhavam em pequenos grupos. Rony observou Krum excitado, mas o jogador nem olhou para os lados ao alcançar as portas do castelo um pouco à frente de Hermione, Rony e Harry, andando sempre reto.
Rony bufou chamando a atenção de Tiago, Sirius e Remo e fazendo Hermione dar um tapa em seu braço discretamente.
Quando os três amigos entraram, o salão iluminado por velas estava quase cheio. O Cálice de Fogo fora mudado de lugar; agora se encontrava diante da cadeira vazia de Dumbledore, à mesa dos professores. Fred e Jorge — novamente de cara lisa — pareciam ter aceitado o desapontamento muito bem.
— Espero que seja Angelina — disse Fred, quando Harry, Rony e Hermione se sentaram.
— Eu também! — disse Hermione sem fôlego. — Bom, vamos saber daqui a pouco!
A festa das bruxas pareceu durar muito mais do que habitualmente. Talvez porque fosse o segundo banquete em dois dias, Harry não pareceu interessado na comida preparada com extravagância tanto quanto das outras vezes. Como todas as pessoas no salão, a julgar pelas constantes espichadas de pescoços, as expressões impacientes nos rostos, o desassossego de todos que se levantavam para ver se Dumbledore já acabara de comer, Harry simplesmente queria que os pratos fossem retirados e os nomes dos campeões anunciados.
– É claro que queremos saber quem são os campeões… – Sirius disse pensativo – Mas, sabendo que nenhum de vocês se inscreveu, nós ficamos bem menos ansiosos – completou recebendo acenos de concordância de quase todos os presentes.
Depois de muito tempo, os pratos voltaram ao estado de limpeza inicial, houve um aumento acentuado no volume dos ruídos no salão, que caiu quase instantaneamente quando Dumbledore se ergueu. A cada lado dele, o Professor Karkaroff e Madame Máxime pareciam tão tensos e ansiosos quanto os demais.
Ludo Bagman sorria e piscava para vários alunos. O Sr. Crouch, porém, parecia bastante desinteressado, quase entediado.
– O Crouch é muito estranho mesmo… – Alice disse pensativa – Ele não estava animado para a copa mundial, e nem ao menos apareceu para assistir ao jogo. E agora não está nem interessado no torneio tribruxo depois de passar meses trabalhando nisso…
— Bom, o Cálice de Fogo está quase pronto para decidir — disse Dumbledore. — Estimo que só precise de mais um minuto. Agora, quando os nomes dos campeões forem chamados, eu pediria que eles viessem até este lado do salão, passassem diante da mesa dos professores e entrassem na câmara ao lado, — ele indicou a porta atrás da mesa — onde receberão as primeiras instruções.
– A sala onde estamos. – Frank constatou – Interessante que nunca tinha percebido a existência dessa sala até Dumbledore nos chamar aqui para ler os livros…
Ele puxou, então, a varinha e fez um gesto amplo, na mesma hora todas as velas, exceto as que estavam dentro das abóboras recortadas, se apagaram, mergulhando o salão na penumbra. O Cálice de Fogo agora brilhava com mais intensidade do que qualquer outra coisa ali, a brancura azulada das chamas que faiscavam vivamente quase fazia os olhos doerem. Todos observavam à espera... Alguns consultavam os relógios a todo momento...
— A qualquer segundo agora — sussurrou Lino Jordan, a dois lugares de distância de Harry.
As chamas dentro do Cálice de repente tornaram a se avermelhar.
Começaram a soltar faíscas. No momento seguinte, uma língua de fogo se ergueu no ar, e expeliu um pedaço de pergaminho chamuscado — o salão inteiro prendeu a respiração.
Dumbledore apanhou o pergaminho e segurou-o à distância do braço, de modo a poder lê-lo à luz das chamas, que voltaram a ficar branco-azuladas.
— O campeão de Durmstrang — leu ele em alto e bom som — será Vítor Krum.
— Grande surpresa! — berrou Rony, ao mesmo tempo que uma tempestade de aplausos e vivas percorreu o salão. Harry viu Vítor Krum se levantar da mesa da Sonserina e se encaminhar com as costas curvas para Dumbledore, ele virou à direita, passou diante da mesa dos professores e desapareceu pela porta que levava à câmara vizinha.
— Bravo, Vítor! — disse Karkaroff com a voz tão retumbante que todos puderam ouvi-lo apesar dos aplausos. — Eu sabia que você era capaz!
– Sabia! – Tiago exclamou empolgado.
– Esse era bem óbvio. – Remo disse rindo – Até o Cálice deve ter reconhecido ele como o candidato mais forte de Durmstrang.
– Vamos ver quem o Cálice vai escolher para Hogwarts… – Sirius disse ligeiramente preocupado – As opções não estão muito boas… A única decente é Angelina!
Os aplausos e comentários morreram. Agora todas as atenções tornaram a se concentrar no Cálice de Fogo, que, segundos depois, tornou a se avermelhar.
Um segundo pedaço de pergaminho voou de dentro dele, lançado pelas chamas.
— O campeão de Beauxbatons é Fleur Delacour!
— É ela, Rony! — gritou Harry, quando a garota que parecia uma Veela levantou-se graciosamente, sacudiu a cascata de cabelos louro-prateados para trás e caminhou impetuosamente entre as mesas da Corvinal e da Lufa-Lufa.
— Ah, olha lá, eles estão desapontados — disse Hermione sobrepondo sua voz ao barulho e indicando com a cabeça o resto da delegação de Beauxbatons.
"Desapontados" era dizer pouco, pensou Harry. Duas das garotas que não tinham sido escolhidas debulhavam-se em lágrimas e soluçavam, com as cabeças deitadas nos braços.
– Elas realmente deviam estar precisando do dinheiro… – Lily disse pensativa.
– Ou da glória. – Tiago deu de ombros – Franceses são muito orgulhosos…
– Glória e dinheiro… – Snape murmurou consigo mesmo – Eu preciso de ambos.
Quando Fleur Delacour também desapareceu na câmara vizinha, todos tornaram a fazer silêncio, mas desta vez foi um silêncio tão pesado de excitação que quase dava para sentir seu gosto. O campeão de Hogwarts é o próximo... E o Cálice de Fogo ficou mais uma vez vermelho; jorraram faíscas dele; a língua de fogo ergueu-se muito alto no ar e de sua ponta Dumbledore tirou o terceiro pedaço de pergaminho.
— O campeão de Hogwarts — anunciou ele — é Cedrico Diggory!
– Ah, não! – Sirius bufou irritado.
– O pai dele vai ficar ainda pior… – Remo suspirou desanimado.
– Hogwarts com um campeão da Lufa-lufa? – Sirius jogou os braços para cima em sinal de desistência – Parece uma piada de muito mau gosto!
– Ele não é tão ruim assim. – Lily disse com um meio sorriso – Ele me pareceu um garoto bem honesto quando tentou anular o jogo quando o Harry desmaiou… E ele não ficou se gabando na copa mundial… Quem ficou falando um monte de besteiras foi o pai dele…
– Mesmo assim! – Sirius exclamou – O pai dele foi completamente ofensivo com o Harry e agora ele vai ter mais um motivo para falar que o filho dele é melhor que o nosso…
– Sirius… – Lily entortou a cabeça preocupada – Você sabe que o Harry não é seu filho… Não é?
– É como se fosse. – Sirius disse juntando as sobrancelhas como se desafiasse Lily a contradizê-lo.
– É melhor não contrariar. – Tiago murmurou no ouvido de Lily com uma risada carinhosa.
— Não! — exclamou Rony em voz alta, mas ninguém o ouviu exceto Harry; a zoeira na mesa vizinha era grande demais. Cada um dos alunos da Lufa-Lufa ficou de pé, gritando e sapateando, quando Cedrico passou por eles, um enorme sorriso no rosto, e se encaminhou para a câmara atrás da mesa dos professores.
Na verdade, os aplausos para Cedrico foram tão longos que passou algum tempo até que Dumbledore pudesse se fazer ouvir novamente.
— Excelente! — exclamou Dumbledore feliz, quando finalmente o tumulto serenou. — Muito bem, agora temos os nossos três campeões. Estou certo de que posso contar com todos, inclusive com os demais alunos de Beauxbatons e Durmstrang, para oferecer aos nossos campeões todo o apoio que puderem, torcendo pelo seus campeões, vocês contribuirão de maneira muito real...
Mas Dumbledore parou inesperadamente de falar, e tornou-se óbvio para todos o que o distraíra. O fogo no Cálice acabara de se avermelhar outra vez.
Expeliu faíscas. Uma longa chama elevou-se subitamente no ar e ergueu mais um pedaço de pergaminho.
– O que? – Tiago perguntou para Remo espantado – O Cálice não pode ter se avermelhado de novo! Ele é encantado para encontrar apenas 3 campeões!
– Se você parar de falar, nós vamos saber o que está acontecendo. – Severo bufou ligeiramente curioso.
Com um gesto aparentemente automático, Dumbledore estendeu a mão e apanhou o pergaminho.
Ergueu-o e seus olhos se arregalaram para o nome que viu escrito.
Houve uma longa pausa, durante a qual o bruxo mirou o pergaminho em suas mãos e todos no salão fixaram o olhar em Dumbledore. Ele pigarreou e leu...
— Harry Potter!
– Ah, não! – Lily gritou batendo o pé no chão com raiva – Não é possível! Você não colocou o nome no Cálice!
– Não… – Harry respondeu cuidadoso.
– Então como o Cálice pode ter expelido o seu nome? – Tiago perguntou tão chocado quanto Lily.
– Isso é impossível! – Remo disse relendo o último parágrafo espantado – Não podem haver 4 campeões! O Cálice não poderia escolher você! Você nem colocou o seu nome!
– Mas se você não colocou o seu nome, – Tiago perguntou confuso – quem colocou o seu nome? E por que?
Snape estava pensando exatamente o mesmo. Se o livro mostrava tudo o que o filho de Potter fazia, então ele realmente não havia colocado o próprio nome no Cálice. Mas quem poderia colocar o nome dele e enfeitiçar o Cálice para que ele escolhesse 4 campeões ao invés de 3?
– Você não pode participar disso! – Lily bufou – De jeito nenhum!
– É como se você tivesse um imã para tudo que é perigoso! – Sirius exclamou nervoso – Não é possível te manter em segurança?
– Acho que o livro “Harry Potter e o ano em que ele apenas estudou em paz” realmente não está chegando… – Alice murmurou para que apenas Frank e Neville escutassem.
Rony encarou Harry desconcertado, o livro estava entrando em um momento muito complicado da amizade deles e ele não sabia se estava pronto para que as pessoas da sala soubessem tudo o que aconteceu. Ele abriu a boca para falar, mas Harry fez sinal para que ele não falasse nada, ele não precisava falar, Harry sabia como ele se sentia.
Sirius percebeu a troca de olhares pensativo, algo não estava certo…
– Ele não pode participar do torneio! – Lily exclamou irritada – Ele é menor! Mudaram as regras para que ninguém menor pudesse participar!
– Acho que só vamos saber se ele vai participar ou não lendo o próximo capítulo… – Frank disse cuidadoso. Sirius acenou em concordância, pegou o livro da mão de Remo e o abriu no capítulo seguinte:
– Capítulo XVII – Os quatro campeões.
Hey leitores mais queridos do FeB! Em primeiro lugar, não encarem eu ter postado esse capítulo apenas uma semana depois do anterior como se eu fosse postar um capítulo por semana sempre, estou apenas compensando o tempo que demorei para postar o capítulo anterior, então não me pressionem, por favor. E segundo, o capítulo anterior teve seis comentários, muito obrigada a cada uma das pessoas que parou uns minutos a mais e comentou, mas isso é um bocado triste ás vezes, a média de comentários costumava ser entre 10 e 15 por capítulo, então, voltem a comentar, eu não vou parar de postar em respeito as pessoas que comentam e tudo mais, mas a queda nos comentários não anima!
- MionGinnyLuna: Muito provavelmente minha amiga leu seus parabéns para ela, então nem preciso transmitir. Eu adorei escrever a Alice shipper, acho que é a cara dela. Muito provavelmente o Tiago seria o padrinho do Teddy se nada tivesse dado errado, mas acho que Tiago vai apoiar o Harry no que ele falou para o Remo, não acho que Tiago seja a favor de abandonar a própria família... Pode deixar que se eu for ao Pará eu aviso! Se vier ao Rio, ou mais precisamente, a Petrópolis, me avise!
- Ana Marisa Potter: Fico feliz que esteja gostando! E minha amiga deve ter lido seus parabéns, então nem preciso transmitir para ela. Espero que a reação deles tenha te agradado.
- Luiza Snape: Espero que a reação dela tenha te agradado.
- Day Caracas: Se um dia eu for para os seus lados a gente se encontra... Ou se você resolver vir para o Rio! O ano do Harry mais calmo com certeza foi o terceiro, apesar de que ele passou boa parte do ano achando que o Sirius era um traidor assassino, mas pelo menos ele não estava em perigo de verdade (se descontarmos os dementadores). Acho que o Tiago e o Harry também sentiram muita falta do quadribol nesse ano, principalmente o Harry, já que a única chance que ele teve de voar foi quando enfrentou o dragão... Acho que por causa dos marotos e da McGonagall (minha professora favorita), transfiguração é minha matéria favorita também, mas acho que a segunda é feitiços... Eu sou Corvinal, e já fiz dezenas de testes, mas mesmo assim achei legal o campeão ser da Lufa-lufa, apesar da Corvinal não ter muito reconhecimento também... Eu adoraria que a JK escrevesse QUALQUER coisa nova de HP! Cada coisa nova que ela posta no pottermore já me deixa empolgada, gostei particularmente do que ela escreveu do Draco... Talvez a Alice tenha aprendido a lição dela, talvez não, vamos ver quando chegar a hora...
- Nati Wood: Seja muito bem-vinda! Não te garanto que vou postar uma vez por semana, eu tenho metas e tenho que cumprí-las antes de prometer qualquer coisa. Mas se quiser mais informações, sobre a frequencia de postagens, sobre a fic, ou qualquer outra coisa, basta entrar no grupo da fic, o link fica aqui embaixo.
- Ariane Potter: Fico feliz de verdade que tenha conseguido um tempinho para comentar, cada comentário me deixa mais feliz. Espero que a reação da Lily, e do resto dos marotos tenha te agradado... Eu adoraria que ela escrevesse Hogwarts, uma história, mas cada coisinha mínima que ela escreve no pottermore já me deixa muito feliz, eu adoro explorar o pottermore e saber o que ela estava pensando quando escreveu cada detalhe. Sabe que se você ganhar o concurso eu vou te dar um dos livros de HP né? A pessoa que ganha tem direito de escolher o livro, mas eu que dou as opções, e se a pessoa me diz que não tem algum de HP eu não posso deixar passar!
- Stehcec: Vou te dar uma resposta super-resumida do seu comentário do outro capítulo. A Alice simplesmente não sabe porque a Cruciatus deixa o Neville tão mexido, mas ela não pensou em nada específico, ela ficou com medo de pensar, afinal, não queria que tivesse acontecido com ele, e nem com ela... Essa foi a primeira vez que a Avada foi citada em toda a série, então eles não tinham nem como saber.
Não deixem de comentar!
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E para quem é do grupo: Quem acertou a frase da semana?
Comentários (10)
o Sirius agindo como se fosse pai do Harry é muito fofo
2018-09-16Olá Juh, Não gosto de ficar sem comentar e muito menos sem ler, desculpe minha demora pra ler e comentar. Fico rindo já no começo do cap, tanto Lily qnto o Sirius estão errados sobre os campeões das escolas. Concordo plenamente com a Lily sobre as meninas ter dignidade. O Sirius ainda nem conhece direito o pessoal de Durmstrang e já tá julgando... hahahahahahahahhahha e acertando em partes. O Rony foi realmente patetico, mas eu não o culpo, se fosse comigo e tipo um Messi da vida faria a mesma coisa. O Sirius sempre fala da mãe, o pai dele quase nunca é citado, mas como sou pessima de memoria e muitos detalhes me passam despercebidos não posso afirmar. Nós já falamos de Veela aqui, e se não me engano essa menina é a Fleur, ela tem algo ligado as Veelas num tem??? Faltou a Gina olhar feio para o Rony tbm. hahahhahahahahahaahaa Eu realmente AMO, AMO, AMO a Gina com ciúmes. E eu gostava da Cho antes, então não consigo ter raiva dela agora. Mas sou Shipper ‘Harina‘ (é assim q é o Shipper Harry/Gina?) hahahahaaha e adoro ver ela com ciúmes e estou louca pela parte do Harry com ciúmes dela. Eu nunca tinha pensado que o Basilisco está em Hogwarts nesse momento da leitura. Juh como vc consegue pensar em vários detalhes??? Remo tem razão sobre os gêmeos, mas eu achei meio estranho eles subestimarem o Dumbledore. hahhaahaha Com certeza Karkaroff seria um suspeito. Mas o maior suspeito eles nunca vão acertar. Qualquer um dos marotos teria capacidade para competir e aposto assim como Tiago apostou q o Cálice escolherá Krum q se os marotos estivessem o Cálice escolheria o Tiago. Aposto como tem bruxos procurando o Sirius ainda, mas ele ta certo, depois de um ano procurando um bruxo q fugiu de Azkaban, no outro nem lembram dele, seria perigoso ter a copa mundial de quadribol e eles nem pensaram nisso. Claro q sabemos q ele é inocente, mas o ministério ainda não sabe. O Tiago é ótimo, eu adoro ele convencido. E eu tava torcendo pra Angelina ser escolhida. Sobre eles receberem aulas dos diretores, foi falado em alguma parte Juh?? Não me lembro. Essa Alice e seu Shipper. haahhahahaaaha O Tiago é muito perspicaz, não sei como a gente (digo eu) não percebia algumas coisas antes quando estava lendo, parece tão obvias agora. Hermione está certa, mas estou curiosa para saber o que ela pensa agora a respeito dos elfos-domesticos. A Alice não está pensando racionalmente, mas é legal ver ela shippando o casal. Todos que leram o livro pela primeira vez sabia q o Krum seria escolhido, era óbvio. Claro q o Snape quer glória e dinheiro. Lily, vc agora disse oq eu penso, o Cedrico nem é ruim. Ah q fofo o Sirius dizendo q o Harry é como se fosse filho dele tbm, acho q é como vou me sentir qnd minha melhor amiga tiver um filho. Eu não me lembro de como o Crouch Jr. fez para colocar o nome do Harry e enganar o cálice. Entendo perfeitamente bem o desespero da Lily. Mas o livro chama Harry Potter e o Cálice de Fogo, claro q ele seria escolhido. E vamos ver oq os marotos vão achar do Rony ter ficado contra o Harry. Juh, vou tentar não ficar sem comentar viu. Bjs
2015-08-08UM MILHÃO DE DESCULPAS. Não tive tempo de comentar no capítulo anterior, e eu tô enlouquecendo com as provas. Estudar um bocado de matérias em um dia só não me faz bem. Mas eu estou aqui, e vou fazer um comentário que vai compensar o que faltou. Eu tava bem ansiosa para essa parte que o Harry é escolhido. Sei lá, a agonia que a Lily deve estar sentindo deve ser indescritível. Mas Cálice de Fogo é um dos meus livros preferidos - se não o preferido. Ele deixa a pessoa tensa em todas as partes, e prende a pessoa na leitura. Alice, tenha certeza que nunca vai ter um livro com esse título. Se tiver, tenha certeza de que não se trata do mesmo Harry. Sirius, querido, se decida. Ou quer ser um comensal da morte procurado ou quer fugir em paz. Os dois não dá pra ser, né querido?Continua, Bjs.
2015-08-06Muito obrigada! Amei o capitulo, e a culpa é sua que me faz querer um por semana, niguém mandou me viciar!Pobre Lily, estava crente que o Harry não iria competir no torneio, se ela já ficou nervosa com a Noberta, quem dirá com o Rabo Corneo Hungaro.Já estou no grupo! Continue postando e parebéns!bjs
2015-08-03Muito bom o capítulo Julia, parabéns!
2015-08-03Aaaaaai agora vai começar a parte boa!Mais uma vez te parabenizar pela sua fic!Sou sua fã!
2015-08-03Acho que a partir de agora a Lily vai precisar de um caldeirão gigante de poção calmante para cada capítulo que ler.
2015-08-03Como sempre, amei. Alice sendo fofa... Aaté da pra esquecer das merdas das outras fics... (subtamente, lembro de como ela tratou o remmy, não esqueço, fofura cai). Enfim, mas amei mt."Sirius... Viocê sabe que o Harry não é seu filho, certo?" desmaiei de rir.Lily tão inocente, achando q o baby dela ia se safar por um ano todinho. Gente, essa dai fica grisalha até o final desse livro.10/10 pra esse cap. AMEI!!
2015-08-03Fantástico, como todos que saem da sua brilhante mente. Nunca a pressionaria por atualizações rápidas (por mais ansioso que fique). Eu respeito seu tempo. E sei, também, que sua vida não é só escrever e postar. Parabéns. E até o próximo capítulo da missão cabelos brancos e enfarto da lily. Ps.: Não sei o que aconteceu com o comentário do capítulo anterior, pois eu fiz. Não é a primeira vez que isso acontece, não sei se é problema no site ou no meu note. Me desculpe por isso.
2015-08-03Olá;No ultimo capitulo eu deixei para comentar depois e acabei esquecendo, meu pai resolveu pintar a casa e tudo ficou uma bagunça só ondem que as coisas foram se acalmar e mesmo assim fiquei um pouco sem tempo.Sobre esse capitulo, gostei muito dele, tadinha da Lily não foi dessa vez, é impossivel deixar o Harry em segurança, se eles soubessem que Harry nunca deve um ano normal, ainda acho que ate o final do quinto livro Harry apanha da Gina por causa da Cho - rona, eu no começo achei a Fleur um chata, mas conforme se foi conhecendo mais dela passei a gostar da personagem, hoje em dia ela é uma das minhas personagens favoritas de HP, ri muito com o Hagrid por estar apaixonado e ri ainda mais com os comentarios, eu tambem sempre achei que o pai do Sirius não era tão severo quando a mãe dele, quando o nome do Harry foi escolhido pelo calice eu lembro que fiquei bem confusa, pois todos falavam que era somente três campeões e achava impossivel um quarto ser escolhido, mas aparentemente quando se trata do Harry nada é impossivel, estou curiosa para saber como eles iram reagir ao saber como Rony reagiu quando Harry foi escolhido.Bem acho que é só, Beijos.P.S. também espero que a minha cachorra não sinta dor, aparentemente ela não sente, só acabou desenvolvendo diabetes e ficando cega, em questão de três semanas. Isso é o que mais me deixa nervosa ver ela desse jeito, batendo nas coisas, tendo que mostrar onde esta a comida e tudo o mais, na minha casa tem uns tres degraus que levanvam da area para o quintal, ela desce eles bem, mas tem vezes que ela não consegue achar os degraus para subir e tem que chamar ela e ir mostrando o caminho ate ela subir para a area de novo. Eu preferia que ela moresse logo do que ficar sofrendo desse jeito.
2015-08-02