Missão em Paralelo
2 – Missão em Paralelo
Ela saiu do banheiro quase uma hora depois. Vestia apenas suas roupas íntimas escuras, andava descalça e tinha uma toalha enrolada no topo da cabeça. Draco estava em uma das confortáveis poltronas com conhaque em um copo largo de vidro na mão e uma pasta aberta nas pernas. Ele apenas ergueu os olhos dos documentos que estudava para acompanhá-la atravessar o quarto, abrir a mala que ele havia trago e vasculhar as roupas até puxar uma camisa qualquer para vestir.
O tamanho da roupa dele era quase o dobro dela, mas a cobria e era o que importava. Hermione sentia o cheiro da comida e seu estômago implorou para que ela fosse mais rápida. Atravessou para a cozinha onde pegou a cesta de nachos, cheddar e bacon e voltou para se sentar numa poltrona próxima a dele puxando as pernas para o assento. Seus dedos pegaram um pedaço recheado e parou no meio do caminho de sua boca percebendo que estava com tanta fome que não tomara nenhuma medida de segurança antes. Seu estômago reclamou e ela cogitou devolver o pedaço que pegara. Seu estômago reclamou mais uma vez e ela se viu num impasse.
“Não está envenenado se é nisso que está pensando.” Draco se fez soar com sua atenção nos documentos em sua mão.
Hermione confiou loucamente na palavra dele e se deixou ser guiada pelo estômago, mas mastigou com cuidado e somente quando não notou nenhum gosto de poção engoliu. O resto ela devorou sem o mesmo cuidado.
“Cansada, suja e faminta.” Ele comentou ainda entretido com as folhas em sua mão. “Você parece estar levando uma boa vida.”
Ela suspirou e lambeu os dedos.
“Acabei de vir de uma missão se quer saber.” Usou seu tom casual. “Não teve bem o fim que eu esperava.”
Ele ergueu uma sobrancelha surpreso pelo que ouvira e a encarou. Os olhos dele eram cinzas e tão frios que sabiam congelar a alma de quem ousasse fixar por muito tempo direto em seus olhos.
“Para quem está trabalhando?” Ele perguntou e ela fez uma cara de quem não havia entendido. “Para quem está trabalhando agora?” Ele repetiu. “Disse que acabou de vir de uma missão.”
Ela riu.
“Não trabalho para ninguém.” Esperava que ele já tivesse deduzido aquilo do tanto que parecia óbvio para ela. “Ocupo o meu tempo protegendo os inimigos da S.I.”
“Você atrapalha as missões dos agentes, quer dizer.”
Ela deu de ombros.
“Se quiser pensar dessa forma, eu não me importo.” Concluiu ela com um sorriso no rosto. “Você foi o único agente que eu nunca consegui salvar o alvo.” Ele torceu as sobrancelhas esperando que ela desse mais detalhes e ela assim o fez. “Sempre tentei atrapalhar suas missões, mas você sempre encontrou uma forma de contornar a situação. Aquele dia em que tudo deu errado no Chile: culpa minha. A explosão do tanque de óleo no Oriente Médio: Eu. O roubo dos tapetes voadores na África: Eu. O sequestro relâmpago na China...” Ela levantou mão de maneira divertida para informar que também havia sido ela.
Draco a encarou por alguns segundos em silêncio. O olhar neutro, mas o maxilar travado. Ele suspirou, por fim, com os lábios apertados, tornou a se focar em sua pasta, virou uma folha e comentou:
“Sempre soube que havia um motivo mais plausível para que eu a odiasse tanto.”
Ela sorriu.
“Trabalhando na sua missão falsa?” Perguntou apontando para os papéis que ocupavam a atenção dele.
“Será que você poderia calar a boca, por favor.” O tom dele não foi rude, mas havia um ar de rispidez que a fez notar que ele não queria discutir sobre aquilo, sobre a missão, sobre ser falsa, sobre a S.I. querer eliminá-lo.
Ela não o culpava. Não poderia exigir que ele fosse se convencer das palavras de uma fugitiva. Se levantou, pegou o copo da mão dele e tomou de uma vez o último gole de conhaque que havia ali. Colocou a mão na cintura e o encarou.
“Amanhã, quando chegar na reunião que deverá comparecer, procure por Nigel Lynch. Ele é um agente da S.I., muito mais velho dentro do programa do que eu e você somados juntos. Ele te recebeu como missão. Ele quem irá eliminá-lo.” Devolveu o copo a ele. “Obrigada pela comida.” Deu as costas e voltou para pequena cozinha onde colocou no lixo sua cesta de comida completamente vazia.
Parou quando ele atendeu um telefone privado que escondia no bolso. Observou enquanto ele falava muito provavelmente com seu comandante de missão. Ele colocou os olhos sobre ela com uma expressão extremamente séria quando informou que estava tudo em seu lugar e ocorrendo exatamente como ele queria. Hermione somente tornou a se mover quando ele finalizou a ligação e devolveu o telefone ao bolso.
Foi ao banheiro onde ajeitou os cabelos da melhor forma que pode sem pente ou escova e quanto voltou para o quarto seguiu direto para a cama onde começou a jogar todos os travesseiros desnecessários no chão e puxar as cobertas.
“O que pensa que está fazendo?” Draco se pronunciou nada contente ainda de sua poltrona.
Ela iria dormir. Draco tinha mil motivos para não entregá-la, se ele fosse inteligente e prezasse pela própria vida, o que ela acreditava que ele era. E aquele era um lugar seguro longe dos olhos da divisão. O último lugar que a S.I. procuraria por ela era no quarto de um dos seus agentes em missão.
“Agora quer que eu fale?” Há alguns minutos estava pedindo para que ela se calasse.
“Não está pensando em passar a noite no meu quarto, está?”
“É apenas uma noite.” Ela não tinha mesmo a esperança de ficar outra noite em um lugar realmente seguro. Além do mais, tinha trabalho a fazer. Também não estava com paciência para barganhar um quarto confortável com Draco Malfoy.
“Eu não quero você no meu quarto por tanto tempo. É uma fugitiva da divisão, certamente deve haver mais de um agente que te tem como alvo de missão.”
“É apenas uma noite, Malfoy.” Disse sem paciência. “Deixei rastros o suficiente na Itália para manter os agente da S.I. que me tem como alvo ocupados por pelo menos uma semana antes de perceberem que já deixei o país. Acredite, eu e os agentes que me tem como missão temos um histórico longo. Conheço-os bem.”
Ele continuou com aquele olhar de quem não estava nem um pouco satisfeito com a situação. Draco era um homem intenso até mesmo quando expressava desgosto. Os olhos, os cabelos loiros, o desenho firme de seu queixo, os músculos que faziam a moldura de seu pescoço. Tudo nele afirmava poder.
“Quero você longe assim que amanhecer.” Ele deu seu ultimato.
Ela revirou os olhos.
“Me dê um tempo...”
“Não está mesmo reclamando, está?” Ele a cortou, incrédulo de que ela ainda estava querendo abusar da boa vontade dele em ceder o quarto. Ela soltou o ar impaciente. “E eu vou usar essa camisa amanhã.”
Dessa vez ela não acreditou. Colocou a mão na cintura e cerrou os olhos. Sabia bem o que ele queria e não podia simplesmente acreditar.
“Não, você não vai.” Ela disse.
“Granger, você invadiu meu quarto, usou meu banheiro, me fez lhe comprar comida, vai usar minha cama e também quer minhas roupas! Que eu saiba, você não é nenhuma realeza e eu não sou nenhum servente.”
Dessa vez ela quem se prezou a expressar desgosto. Teria outra chance de dar uma surra nele, de preferencia quando estivesse no ápice de sua energia. Soltou ar querendo mata-lo. Daria o que ele queria, sabia que ele jamais teria o prazer de tocar de qualquer forma. O encarou deixando bem claro que teria sua chance de vingança pelo olhar e começou a desabotoar a camisa. Quando a tirou o sorriso lateral dele cresceu.
“Assim está melhor.” Ele comentou e levou o copo a boca para tomar um gole do conhaque que ele havia recolocado sem tirar os olhos dela.
Hermione lutou para não revirar os olhos. Deu as costas, terminou de puxar a coberta e se enfiou no colchão macio, confortável, delicioso e acolhedor. Todas as sensações boas de estar tendo a chance de dormir em uma cama decente percorreram seu corpo acentuando o poder do hormônio do sono que a fez apagar em menos de cinco minutos.
O relógio quase batia meia noite quando Draco finalmente levantou da poltrona em que havia se sentado. Hermione estava espalhada em sua cama usando apenas peças íntimas. Céus, ele queria tocá-la. Por mais que ela fosse Hermione Granger, ele continuava sendo homem e o corpo que ela tinha... Ah, o corpo que ela tinha!
Deu as costas para manter seu foco, guardou tudo que precisava guardar, pegou o cartão do quarto e deixou o hotel para a noite de Nova York. Aquela cidade não parava nunca. Ele tinha seu carro particular, mas não precisava usá-lo agora. Queria sentir a cidade novamente como havia a sentido dois anos atrás quando se infiltrou numa organização governamental para seguir os passos e colher todas as informações possíveis de Liz Rice quando ainda trabalhava apenas com espionagem. Dois meses em Manhattan naquela época foram o suficiente para leva-lo a loucura. Cidade sempre lotada, pessoas de todo o lugar do mundo falando línguas que ele nunca havia escutado, tráfego de gente, sujeira, falta de educação, pressa, buzina de carros, turistas, ambulâncias, mal cheiro. No fim ele apenas clamava por um lugar calmo e deserto.
Desceu em uma das estações que sabia que o levaria para onde queria, e esperou pelo trem. O lugar não era lindo assim como a maioria das estações na cidade, não tinha nada perto do charme do metro de Paris ou até mesmo o que ele considerava o luxo de Washington D.C., mas era muito melhor do que ter que enfrentar o trânsito da cidade.
Imergiu do subsolo alguns minutos depois. O fluxo de mulheres de salto rindo alto indicou qual caminho deveria seguir. Não demorou a ver o suntuoso letreiro brilhando Salter East Hotel. Não o pararam quando entrou, mesmo que não tivesse nenhuma acompanhante. O preço que seu terno ostentava já dizia o suficiente.
Subiu para a cobertura onde a magia das noites de Nova York acontecia e se confinou no bar em um lugar onde tinha vista para o que acontecia no espaço. Não demorou para identificar os rostos que estivera estudando fazia algumas horas. O primeiro investidor estava conversando com uma morena na outra ponta da bar. Outros três estavam em um grupo no espaço aberto onde podiam fumar e discutir sobre algo aparentemente sério. Não conseguiu encontrar mais nenhum que a S.I. havia colocado em sua lista de importantes. Talvez não tivessem vindo ou talvez até já tivessem se ocupado no quarto de alguma mulher. Observou aqueles homens por um bom tempo. Tempo o suficiente para conseguir puxar o máximo de informações sobre cada um apenas pelo modo como se expressavam corporalmente.
Ele precisava de uma companhia, assim poderia manter os olhos no lugar sem parecer um completo esquisito assustador sentado no bar. Procurou pela mulher mais bonita da festa com os olhos e a encontrou conversando com um homem perto de uma das pilastras próximo a uma mesa reservada porém vazia. Longos cabelos negros e lisos, olhos escuros, feições asiáticas, esbelta e bem arrumada. Ele manteve o olhar sobre ela por muitos minutos até ela finalmente colocar os olhos sobre ele por acidente. Draco não desviou. Levou seu copo de bebida a boca e apenas com o olhar a convidou. A mulher nem sequer chegou a terminar sua conversa com o outro homem.
“Te vi quando chegou aqui.” A mulher disse assim que se aproximou. Gostava de saber que tinha o poder de fazer com que as mulheres viessem até ele. “Gosta de ser assim em todo lugar que vai?”
“Assim como?” perguntou ele.
“Misterioso.” Ela respondeu e ele não pode deixar de sorrir. Levaria aquela mulher para cama. “Me chamo Ivy May.” Ela se apresentou.
“Gregory Owen.” Deu seu nome falso.
Ela sorriu. Havia algo de sedutor ali.
“Britânico, hum.” Comentou ela. “O que te traz a Nova York?”
“Investimentos.” Respondeu.
“Homem de negócios...” disse se encostando-se no balcão. “Sexy.” Concluiu. Ele riu e tomou mais um gole de sua bebida. “O que acha de me pagar uma bebida?” sugeriu ela.
Ele a encarou com um olhar de quem já podia vê-la nua.
“O que acha de irmos para um lugar mais privado?” sugeriu. Ela mordeu os lábios para conter um sorriso que queria ocupar todo o seu rosto.
“Estou hospedada no hotel e tenho uma boa garrafa de vinho no meu quarto.” Ela disse e ele sorriu.
“Perfeito.” Apenas disse. Ainda dera a sorte de que ela estava hospedada no hotel.
“Vou falar com algumas amigas antes. Poderia me esperar aqui?”
Ele assentiu e a viu dar as costas em direção a um grupo de mulheres do lado descoberto. Sua expressão se tornou séria no mesmo instante e ele virou sua bebida de uma vez num gole apenas tornando a checar os investidores que pouco haviam se movido de onde estavam. O que estava na outra ponta do bar se ocupava agora com uma loira. Os três do lado de fora continuavam agora numa conversa ainda calorosa. Se perguntou se eles estavam conversando sobre as expectativas para a reunião de amanha, mas seus pensamentos foram interrompidos quando uma figura ocupou o assento ao seu lado.
“Festa parada essa aqui.” Comentou ele. Era um homem alto, talvez um pouco mais velho, mas ainda jovem. Rosto fino, olhos castanhos, cabelos escuros e bem cortados.
“É o que eles dizem sobre coberturas de hotel, não é?” Draco não queria soar arrogante e resolveu não ignorar o homem, já estava mesmo de saída.
“Eu tinha lido boas recomendações sobre esse lugar. Não parece fazer jus.” Disse o outro.
Draco quase riu. Alguém que lia recomendações de festas em Nova York na internet não tinha menos espírito de turista do que aqueles de bermuda, tênis e camiseta com uma máquina fotografia na mão andando pela Times Square.
“Você deveria tentar ir na 230.” Recomendou Draco.
“Já ouvi falar dessa...” O homem parou quando Ivy tornou a se aproximar. “Uau!” ele soltou e Draco sorriu. Sabia que era bom para escolher mulheres.
“Vamos?” Ivy se direcionou a Draco corando por ter escutado o homem. Ele assentiu e voltou-se para se despedir da companhia ao seu lado.
“Sou Gregory Owen.” Disse de maneira educada enquanto se levantava.
“Nigel Lynch.” Retrucou o homem.
Draco precisou de muito esforço para não deixar nada em sua expressão mudar quando um gelo percorreu sua espinha ao escutar aquele nome.
“Foi um prazer te conhecer.” Lutou para não deixar nada ríspido sair em seu tom de voz. Deu as costas e acompanhou a mulher.
Se Granger estivesse certa aquele homem o seguira até ali e ele nem sequer havia notado.
NA: E aí?? Hermione acabou de se provar certa, hein!! Será como que o Draco vai reagir diante disso? Deixe seu comentário e não esqueça de votar!! Pessoal, não sei nem como agradeceu o apoio e os comentários! Espero que vocês tenham curtido esse capítulo tanto quanto o anterior!
Jaque Granger Malfoy: Sou sim! E sim, Trono de Vidro super me inspirou assim como Nikita também embora eu tenha assistido a série faz tempo! E The Legend Novel tbm inspirou com certeza! hahaha
Comentários (6)
Parei de acompanhar no Nyah pra comenetar aqui. Sou fã da sua ecrita e essa fic me prendeu demais. Vou para o próximo.
2015-05-28Tds as fins que escrevem são sensacionais. Rsrsrs acho que fraco terá muita ação no próximo capítulo. Rsrsrs mione desinibida essa kkkk.quase me mudando completamente Daí me tornarei presente sempre nas duas fics
2014-11-25eita que isso ta bom demais.
2014-11-19ousadia da mioone desfilando de lingerie ! hahahahha mas ela pooooode ! quero ver esse circo pegar fogoooo !!!!!!
2014-11-18Atitude e confiança não faltam na Hermione, hein?Lingerie arrasou tranquilamente com o Draco e só quero ver o que ele vai fazer em relação a ela e ao seu assassino.Fiquei pensando... essa japa poderia ser uma agente também?Arg... curiosa para o próximo capítulo.Por favor, não nos deixe em uma longa abstinência.Beijos.
2014-11-18E agora, acompanho a fic no nyah e aqui, onde comento? hahaHermione ousada desfilando só de roupas íntimas pelo quarto, e Draco sem vergonha pedindo pra tirar a camisa ‘porque eu vou usar amanhã‘ AHAM, acredito.Era de se esperar que ele nao acreditaria na Hermione, ele é o moço correto e ela é a pessoa com desvio de caráter, mas essa é só a superficie. Estou muito curiosa com os eventos que a fizeram mudar de lado, pq foi tudo muito vago até agora e como já percebi que vc sabe fazer muito bem uma construção de enredo, sei que a fic se desenvolverá muito bem no quesito romance e o suspense da SI.ameei a resposta longa do comentário, é bom ter alguém pra falar de ToG, nao conheço ngm que leu, só minha mãe mas ela nao discute detalhes e tals..Espero ansiosa as proximas atualizações
2014-11-17