Sonserina X Grifinoria

"Severus," disse Mulciber, um garoto alto, magro e de olhos estreitos. "O que temos aqui?" Ele indicou a cena entre o colega e Lily. Mais alguns sonserinos apareceram, incluindo uma garota bonita de cabelos escuros e um garoto loiro e atraente.

"Severus," disse a garota, "o que está fazendo?"

"Ah, com certeza, Colista, não precisa de bons modos por minha causa," exclamou Lily sarcasticamente. Ela não notou que Donna tinha sorrateiramente sacado a varinha na expectativa de uma briga.

"Deve nos desculpar," interferiu Mulciber, gotejando falsa educação; "Veja bem, Severus aqui disse que a amizade de vocês tinha... acabado."

Severus abriu a boca para falar, mas Lily não estava interessada em suas desculpas. "Ele disse a verdade," falou ela, com cuidado para não deixar transparecer o quanto a notícia a machucava. "Não somos mais amigos. Vocês venceram". Ela achou que a última parte confortaria o orgulho deles e colocaria um fim em qualquer contenda que estivesse surgindo.

"Tome cuidado, Evans," retrucou a garota, Colista.

"Vamos," murmurou Severus, mas os outros sonserinos o ignoraram. Remus Lupin, percebendo que Lily parecia estar em algum tipo de disputa, voltou para o seu lado.

"Algum problema, Lily?" indagou ele, fixando os olhos com frieza em Severus.

"Não," disse a ruiva rapidamente. "Não há problema algum. Está tudo bem. Esses agradáveis sonserinos já estavam de saída."

"Nós decidiremos quando vamos sair," interferiu o atarracado e teimoso Samuel Avery. Lily revirou os olhos e começou, novamente, a dar as costas. Percebeu que um bom número de pessoas interromperam as próprias conversas para observar a cena, provavelmente torcendo que algo dramático acontecesse como geralmente ocorria quando sonserinos e grifinórios discutiam.

"Vocês não vão duelar?" indagou um segundanista ingênuo, após um breve silêncio.

"Não," disse a ruiva. Remus, também, sacara furtivamente a varinha por segurança.

"Qual é o problema?", perguntou Colista. "Vocês dois não acham que podem conosco?"

"Nós cinco," corrigiu Mary, adiantando-se, a varinha sacada também. Lily de repente se deu conta que era uma das poucas cuja varinha não estava em mãos agora.

"Ah, estou morrendo de medo," zombou Colista. "O que você diz, sangue-ruim Macdonald? Gostaria que Avery te desse outra prova de alguma de suas azarações mais imaginativas?"

Marlene e Donna se adiantaram. Lily as impediu. "Cale a boca, Black," disparou para Colista. "E estou falando sério – se quiser manter esse adorável nariz magicamente obtido, não vai falar assim nunca mais". Havia ardor em seu tom de voz, e a confiança de Colista vacilou ligeiramente. O loiro ao seu lado colocou uma mão sobre seu ombro.

"O que está acontecendo aqui?" Sirius Black chegara, trazendo consigo Peter Pettigrew e uma sensação de que toda a situação se agravara.

"Nada," disse Lily rapidamente, lançando ao rapaz um olhar que lhe dizia para ficar onde estava.

"Ora, se não é o traidor do sangue do meu primo!" observou Colista. "Como se sente vivendo nas ruas onde você pertence?"

"Cale a boca, Black," disparou Sirius.

"Cale a boca, você, Black," replicou Colista. Sirius deu um passo à frente, mas Lily o deteve com o braço.

"Talvez você devesse ir," murmurou o garoto loiro no ouvido da sonserina.

"Acalme-se, Zabini," vociferou ela para ele. "Você nãomanda em mim."

"Mas ele está certo," disse Sirius, fingindo-se preocupado. "É melhor ficar fora dessa, querida Colista. Pode ser desconfortável para alguém de sua natureza delicada. Avery pode te levar..." Ele disse como que oferecendo um conselho de amigo a um velho camarada. "Sei que há anos ele morre de vontade de ficar a sós com você."

O garoto chamado Zabini ergueu a varinha e Lily se esforçou para conter Sirius. "Vamos todos nos acalmar?" vociferou ela. "Mesmo que duelar sobre com quem Avery quer transar fosse uma decisão inteligente, a Professora McGonagall está por aqui em algum lugar e todos nos encrencaríamos com isso. Agora, vocês podem tomar conta da vida de vocês?Todo mundo!" acrescentou ela de forma significativa para os espectadores. Ninguém saiu do canto, pois apesar de muitos deles respeitarem a monitora, certamente não deixariam passar a oportunidade de assistir ao que prometia ser uma disputa extraordinária.

"Vamos embora," Severus reiterou o pedido. O rapaz não fez contato visual com ninguém.

"Espere só um instante," disse Mulciber, falso como sempre. "Severus, Colista aqui levantou uma questão interessante..."

"Sério?" interferiu uma desesperada Lily. "Não estou nem um pouco interessada."

Como se não a tivesse ouvido, Mulciber continuou: "Você nos disse que sua amizade com Evans tinha acabado, e ainda assim te encontramos de papo com ela. Agora, eu não tenho dúvida alguma sobre sua lealdade, mas acho que Avery tem. Não tem, Sam?"

Samuel Avery, um sujeito moreno, parecia perplexo, dando-se conta, de repente, de que tinham se dirigido a ele, mas sem ter certeza do porquê. "Apenas diga ‘sim,‘" disparou Colista, revirando os olhos.

"Ah, certo. Sim. Sim."

"Acho que deveria provar sua lealdade a ele, Severus," continuou Mulciber.

"Vamos, Nick," disse o loiro, Zabini. "Aqui não... ele vai ser pego com certeza." Lily estava aliviada por ver que pelo menos um dos supostos "amigos" de Severus se preocupava com ele. Mas Colista mandou Zabini ficar calado, e ele obedeceu.

"Eu não quero que a machuque ou algo assim," continuou Mulciber. "Nem sonharia em te pedir isso. Severus, tudo que tem que fazer para provar a Avery que sua lealdade está completamente com seus amigos de verdade... com a Sonserina, é me entregar a varinha de Lily Evans."

Aparentemente um simples pedido, mas certamente era uma declaração cheia de significados. Para pegar a varinha dela, o rapaz teria que – presumivelmente – desarmá-la usando a sua.

"Você não vai pegar minha varinha," disse Lily com firmeza, todo o tempo certificando-se de manter o aperto no braço de Sirius para que ele não atacasse. "Na verdade, toda essa conversa está oficialmenteacabada." Mas ninguém estava dando ouvidos a ela.

"Faça, Severus," disse Colista. "Faça, ou não é nosso amigo."

"Snape, se você levantar a varinha para Lily," disse Donna, sempre autoritária, "vai infringir as regras de Hogwarts e estará sujeito a detenção."

Avery bufou. Evidentemente, se Snape não levantasse a varinha para Lily naquele instante, estaria sujeito a algo muito pior que detenção.

"Quer saber," começou a ruiva, irritada; "Isso é tão idiota. Se vocês querem minha varinha, apenas peguem. Mas vou precisar dela para as aulas amanhã." Ela sacou a varinha e a estendeu para Severus pegar. Mulciber ergueu a própria mão em aviso.

"Pegue, Severus," disse ele, todos os vestígios da sempre superficial educação haviam sumido. Lily encarou Mulciber e afastou a varinha novamente. Severus não a atacaria. Ele não podia fazer aquilo.

"Severus," murmurou Colista. "Pegue, agora."

"Agora," concordou Avery.

A maioria dos alunos ao redor deles parara para observar o drama. Lily inconscientemente soltou o pulso de Sirius. A garota observou Severus atentamente; ele sacou a varinha.

"Severus, por favor," Lily praticamente sussurrou. Ela não estava com medo de ser atacada, mas a probabilidade de perder todas as esperanças acerca da amizade do sonserino era agonizante.

"Severus."

A mão do sonserino se contraiu. Ele levantou levemente o braço. Donna, Mary, Marlene, Sirius, e até Peter, ergueram suas varinhas. Vários sonserinos fizeram o mesmo. Lily via apenas Snape. A mão dele se contraiu novamente.

Então, várias coisas aconteceram de uma vez.

Conforme Severus levantava um pouco mais o braço, Colista erguia a varinha e apontava para Mary Mcdonald. Sirius levantou a varinha também, e, em sua mente, começou a formar as palavras de um feitiço estuporante. Remus começou a se adiantar, pronto para empurrar Lily, se necessário, e Zabini, o loiro, agarrou Colista, forçando seu pequeno corpo para trás do seu.

No entanto, um gesto em particular se sobrepujou aos demais em importância e espetáculo. Aparentemente do nada, um rapaz alto com cabelos escuros e despenteados apareceu de algum lugar, bem atrás de Marlene. James Potter – era o rapaz – passou empurrando todo mundo, e em um movimento simples, elegante e completamente devastador, socou Nicolai Mulciber no maxilar. Lily arfou, e Severus quase derrubou a varinha em surpresa; Mulciber estava no chão em seguida, segurando o queixo e gemendo de dor.

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