Estão a caminho
Capítulo 1 - Estão a caminho
Lily Evans se olhava no espelho. Estava com uma calça jeans, uma blusa branca básica, com rendinha nas bordas, e usava uma sapatilha vermelha.
- Bom, não tem como melhorar – se demorou mais alguns minutos, mexendo nos seus cabelos vermelhos, coisa que a tornava famosa na escola em que estudava. Seus olhos e sua inteligência também.
- Vamos filha. Já estamos atrasadas – sua mãe apareceu em seu quarto. Ela estava em sua casa, esperando dar 10 horas para sair da mesma e ir para a estação de trens Kings Cross.
Para ir pra sua escola, ela precisaria pegar uma locomotiva vermelha, gigante, que a levava sempre para o norte. Tem sido desse jeito desde seu primeiro ano. Ela estava no seu sexto. Estava ansiosa por isso. Passou dois meses das férias de verão trancada dentro de sua casa com sua irmã Petúnia maltratando-a. Ela só tinha amigas da escola, do outro mundo. Antes dos seus onze anos não tinha feito nenhum amigo no mundo dos trouxas, por exceção de Severus Snape, mas agora eles não eram mais amigos.
Se olhou novamente no espelho, pensando se deveria passar alguma maquiagem. Nunca foi ligada nessas cosas, mas depois que se atinge a puberdade se pensa melhor a respeito disso. Já tinha passado duas camadas de rímel, e achou que se passasse um batom não a faria ficar com cara de vadia, igual as meninas de sua escola. Pegou seu batom rosa claro e passou em seus lábios. Guardou-o em sua bolsinha, que levaria consigo.
- LILY! – sua mãe gritara novamente, impaciente. A garota olhou em seu relógio, do lado de sua cama. Já era 10:10. Pegou sua bolsinha e passou pela porta. Virou-se, olhou uma última vez para seu quarto com suas paredes verdes bem clarinhas, com sua cama bem no canto, ao lado de sua janela que dava para o jardim, com seu guarda-roupa grande, marrom e antigo, com sua estante que ia até o teto com vários livros. Suspirou, fechando a porta.
Por mais que amasse tudo em Hogwarts, ela sentia falta de seu quarto, seu cantinho. Em seu dormitório dormia mais três garotas. Marlene McKinnon, Katie Greengrass e Alice Lake. As duas primeiras eram suas melhores amigas, a outra nem tanto. Depois que começou a namorar Frank Longbottom se separaram. Por isso ela prometeu para si mesma que quando começasse a namorar nunca iria mudar com suas amigas.
Suas duas melhores amigas sempre estavam a seu lado, sempre se apoiando, se divertindo, aprontando. Isso mesmo. Não era só porque era garota, monitora da sua casa em Hogwarts e uma aluna exemplar que ela não fazia brincadeiras com todos da escola como os marotos. No quarto ano os marotos desafiaram as três garotas a soltarem bombas de bosta no banheiro feminino quando estivesse mais lotado. E, bom, sempre que as desafiavam elas sempre aceitavam o desafio, mesmo Katie não sendo tão maluca quanto Lily e Marlene juntas, e Marlene sendo ainda mais louca que Lily. E foi daí que nasceu essa pequena “rixa” entre os marotos e as garotas. Desde então elas competem com eles para ver quem consegue mais atenção. Mas os marotos deixa para depois. Voltando às garotas.
Marlene e Katie eram as garotas mais bonitas e desejadas de toda Hogwarts, juntando com Lily. Os garotos sempre as tinham em seus próprios assuntos. Isso se tornou mais frequente no ano anterior, quando as três se desenvolveram tanto fisicamente quanto mentalmente.
Marlene era bem branca, com cabelos pretos, ondulados até os ombros, parecendo a branca de neve, e com os olhos azuis um pouco escuros, quase parecendo o céu à noite. Ela era um pouco baixa para sua idade, mas tinha um corpo perfeito para o padrão de beleza geral. Era a mais louca de todas. Se metia em todas as brincadeiras e não se importava se levaria detenção ou não.
Katie era branquinha também, mas com os cabelos loiros meio ondulados até seus seios. Seus olhos eram de um azul bem claro, tornando-os angelicais. Parecia a cinderela. Era um pouco maior que Marlene, e também tinha um corpo adepto à beleza. Ela era a mais tranquila, não tinha o tempo todo em mente fazer brincadeiras que deixassem os marotos no chinelo.
Lily, como as outras,era branca, mas com cabelos ruivos, cor de fogo, longos e ondulados. Parecendo a Ariel. Seus olhos verdes vivos encantavam a todos, até mesmo os professores. Era do tamanho de Katie, e também tinha o corpo escultural. Se metia nas provocações contra os marotos, mesmo sendo a monitora, e possível monitora chefe.
Juntas, as três atraiam os olhares de todos, por onde passavam, tanto dos meninos, que as vangloriavam, quanto as meninas, maldosas, sempre fazendo comentários ridículos e invejosos.
Mesmo causando essa impressão, Lily não se sentia tão confiante quanto aparentava. Sempre tinha crises achando que não era boa o suficiente ou bonita o suficiente para fazer os garotos olhá-la e elogiá-la. Até aquele momento ela não tinha tido um namorado, mesmo que suas amigas dissessem que era somente porque não queria, pois havia uma fila enorme a sua espera. Fila essa que ela nunca viu.
Desceu as escadas até a sala, onde sua mãe a esperava, ao lado de seu malão e sua coruja marrom clara, Athena.
- Já são 10:15. Vamos antes de pegar engarrafamento – sua mãe a apressou. Ela era a cópia exata de Lily, somente tinha alguns anos a mais, e a pele estava meio enrugada nos cantos dos olhos, e tinha olheiras profundas.
- Mãe, a estação é daqui 15 minutos. E não vai ter engarrafamento em pleno domingo.
- Mas pode ter – a garota revirou os olhos, sem que a mãe notasse, porque senão iria ralhar com ela. Pegou sua gaiola e pôs no carro junto com sua bolsinha. Voltou para dentro de sua casa para então arrastar seu malão. Viu que lá em cima da escada sua irmã estava parada, somente observando-a de cara fechada e braços cruzados.
- Finalmente vai embora – Petúnia disse, carrancuda.
- Também vou sentir sua falta irmãzinha – disse irônica
- Eu vou ser mais feliz com você longe daqui.
- Não gosto de ir e ficar brigada com você – ela olhou meigamente para irmã.
- Não ligo – disse descendo as escadas.
- Tudo bem Petúnia – ela suspirou, se abaixando para pegar o malão e arrastá-lo – Adeus e até as férias. Vou sentir sua falta – saiu, antes de ouvir a resposta dela, fechando a porta de sua casa. Colocou, com ajuda de sua mãe, o malão no porta-malas de seu carro, entrando nele em seguida e indo para a estação.
- Então, animada para o penúltimo ano? – a Sra. Evans perguntou para a filha depois de mais de cinco minutos em silêncio.
- Não quero falar disso – Lily disse tristemente.
- Por que querida? – demonstrou preocupação franzindo o cenho e olhando para a filha pouco mais de dois segundos.
- Porque – suspirou – é o penúltimo ano. Só falta esse e mais outro. E ai acaba. Acaba Hogwarts, acaba Marlene e Katie, acaba tudo – ainda olhava para a frente, mexendo na sua pulseirinha que seu pai dera logo que recebe a carta de Hogwarts quando tinha onze anos e soube que era bruxa.
Adorava aquela pulseirinha. Era prata com várias argolas, uma entrelaçando na outra. E em volta tinha pequenos pingentes. O primeiro fora de seu pai, quando comprara a pulseira. Era uma mini coruja prateada. Ela amava corujas. A segunda, de sua mãe, era um lírio. Tá certo que gostar de flores era clichê, mas ela amava flores, e o lírio era sua favorita, por conta do significado de seu nome. A terceira e a quarta foram dadas ao mesmo tempo por suas duas melhores amigas. Marlene dera um leão, em homenagem à Grifinória, pois sabia que Hogwarts era o sonho perfeito de Lily. E Katie dera uma pena, pois Lily amava penas, as de escrever. Tinha uma pequena coleção, com cinco penas.
Uma era branca e plumada, outra era marrom claro com pequenas manchas brancas, como era sua coruja Athena, outra era âmbar, da cor dos olhos da mesma, outra era preta, e a última que comprara era meio verde meio azul.
- Eu sei querida – sua mãe olhara novamente por alguns segundos. – Sei que Hogwarts é muito importante para você. Mas depois que terminar você ainda estará cercada por magia.
- Não vai ser a mesma coisa – olhara, por fim, para sua mãe.
- Sei que não. Mas seus amigos vão estar ao seu redor também. Todos temos que passar por isso algum dia. Meu último dia do colégio foi triste também, mas eu sabia que uma nova etapa da minha vida iria surgir e olha onde eu estou.
- É, eu sei mamãe. Ser chefe das enfermeiras sempre fora seu sonho. Você sempre diz isso. – sorriu fracamente e voltou a olhar para frente.
- Então você não tem com o que se preocupar. Só viva cada dia. Faça coisas diferentes todos os dias. Se divirta, se apaixone, brinque, curta seus amigos. Mais cedo ou mais tarde você mudará a fase de sua vida.
- Tem razão – ela concordou, suspirando. Sua mãe sabia sempre o que falar. Sempre que precisava de algum conselho ela sempre pedia a sua mãe. Não tanto como antes, porque agora tinha Marlene e Katie, e esperar por uma resposta de sua mãe poderia levar alguns dias. Vários deles. Mas ainda prezava sua inteligência.
Durante os quinze minuto que ficaram no carro, continuou silêncio. Já era 10:40 e as mãe acabara de estacionar o carro na estação de trem. Desceram e foram juntas pegar o malão de Lily porque era muito pesada para uma só carregar.
O Sr. Evans costumava ir com Lily todas as vezes, mas naquele ano ele teve que resolver um problema no banco em que trabalhava. Ele era o gerente. Eram raros esses momentos, mas sempre que aconteciam era em um momento especial. Aniversários, noites em família, cinema pai-e-filha, parque de diversão, piqueniques. Mesmo Lily dizendo que estava tudo bem, tranquilizando seu pai, lá no fundo ela ficava triste por ele não estar por perto. Dos dois pais, o Sr. Evans era o mais próximo de Lily. Eles sempre estavam um perto do outro, mesmo tendo diminuído quando ela entrou para Hogwarts.
Tiraram o malão do carro e Lily foi achar um carrinho. Tinha um bem próximo a ela. Pegou-o trazendo até o carro. Colocou o malão com as letras L.E. em dourado, bem na frente do mesmo, colocou a gaiola de Athena junto dela e a bolsinha. Empurrou o carrinho durante todo o trajeto, em silêncio. Chegou entre a plataforma 9 e 10. Olhou para os lados. As pessoas passavam, mas não olhavam. Sua mãe colocou a mão em seu ombro, e, juntas, passaram pela parede que parecia sólida mas não era.
E quando pôs o pé pra fora dessa parede ouviu o apito do trem, as vozes, a correria, sentiu o cheiro da fumaça da locomotiva vermelha e preta enorme. Sorriu, sentindo acalentar-se. Andou mais, até achar um compartimento vazio onde poderia colocar seu malão, onde guardou o mesmo, junto com a bolsinha que carregara junto dela até aquele momento. Em sua mão só estava a gaiola de Athena, que estava impaciente, querendo sair. Foi para um canto dando espaço para os outros.
- Já viu suas amiguinhas? – sua mãe disse. Ela revirou os olhos.
- Já disse que não são amiguinhas, mãe – disse impaciente. – São amigas. Melhores amigas.
- Tudo bem – ela riu. – Já viu elas?
- ainda não. Costumam chegar neste horário – não tinha nem terminado de falar e viu uma cabeleira loira brilhante a poucos metros. Levantou a mão, abanando-a e sorrindo. A garota loira viu e cutucou uma com um cabelo preto e longo. Ambas foram ao encontro da ruiva.
- LILY! – gritaram, se jogando em cima da garota quase a derrubando.
- Kay! Lene! – ela disse rindo – Que saudade de vocês.
- Também estava menina – Marlene disse assim que se separaram.
- Você tinha que ter ido visitar a gente – Katie completou.
- É. Eu sei. Mas me acomodei em casa.
- Esse é seu problema. Você sempre se acomoda. E muito fácil. – Marlene disse, revirando os olhos.
- Olá meninas – a mãe de Lily se pronunciou pela primeira vez desde a chegada das garotas.
- Tia Dorea! – ambas falaram e foram dar um abraço na cópia exata, só mais velha, de sua amiga.
- A senhora não pode deixar a Lily se acomodar – disse Katie.
- Eu sei – disse culpada – Mas é difícil tirar ela do quarto quando ela deita na cama. Só se for comprar alguma coisa pra ela.
- Interesseira – Marlene disse, fazendo as três rirem – Tia, essas férias a senhora, o tio Charlus e a Petúnia vão lá pra casa. Já falei com minha mãe e ela adorou a ideia.
- Melhor deixar a Petúnia de fora – Lily disse sem graça.
- Bom, ainda tem você, a tia e o tio. Pronto. Tá feito – Marlene disse, quebrando a tensão.
- Tudo bem. Falo com o Charlus e aviso a Lily – a Sra. Evans sorriu, graciosamente.
- Acho melhor a gente subir no trem. Faltam dez minutos pra ele sair e fica uma loucura – Katie disse.
- Tudo bem – Lily concordou.
- Tchau filha – sua mãe abraçou-a, afagando seus cabelos.
- Tchau mãe – ela disse, fechando os olhos e escondendo o rosto nos cabelos macios e cheirosos de sua mãe.
- Juízo meninas. Se comportem – disse enquanto abraçava Katie e Marlene.
- E quem disse que não temos? Não fazemos nada, nunca. – Marlene disse fingindo estar ofendida.
- Não é o que diz as cartas da professora McGonagall que chegam em casa todos os meses – as três garotas riram, juntando os polegares e indicadores circularmente e colocando em cima de suas cabeças fingindo uma auréola e se afastando – É sério! Comportem-se, - continuou, gritando em meio as conversas, para as garotas ouvirem. Concordaram ainda com os sorrisos marotos e as mãos em cima da cabeça.
- Que sua mãe acha que nós somos? – Marlene perguntou.
- Umas macacas – Lily respondendo fazendo-as rirem.
- Não tenho culpa se os marotos nos provocam toda hora – continuou, fazendo-se de santa.
- E falando em marotos – Katie disse olhando para algo na sua frente, fazendo as outras duas seguirem sem olhar. Eram os quatro marotos, vindo em suas direções, fazendo todas as meninas olharem e cochicharem e os meninos se afastarem.
- Só pode tá brincando comigo – disse Lily após seus olhos recaírem nele.
James Potter.
O motivo de todos os gritos de Lily, de todas as brincadeiras que fazia por ser desafiada ou querer demonstrar que é melhor. O motivo de noites mal dormidas por estar pensando em maneiras de matá-lo da forma mais dolorosa possível pelos vários beijos que ele roubava dela.
Lá estava ele, em seu ápice de beleza. Com seus cabelos negros apontando para todos os lados. Seus olhos castanhos esverdeados brilhantes atrás de óculos redondos. Seus músculos propriamente distribuídos por todo seu 1,85 de altura. O garoto mais desejado de toda Hogwarts.
Estava ao lado de Sirius, ambos no meio do quarteto. Sirius, com seus cabelos pretos ondulados e um pouco grandes jogados no rosto de um jeito que o deixava sexy. Seus olhos azuis acinzentados, intensos. Músculos e mais músculos devido sua posição de batedor no time de quadribol de sua casa. E enorme, como James, só uns centímetros a mais.
Ao lado dele, Remus, o único com o cabelo claro, quase loiro. Seu cabelo era pouco comportado, como ele. Somente um topete em sua franja, deixando visíveis seus olhos cor de âmbar, a mesma cor dos olhos da coruja de Lily. Era somente alguns centímetros mais baixo que James. Também tinha um corpo forte, com vários músculos do braço aparecendo sob a camisa branca, mas não era tanto quanto seus amigos, devido ao quadribol.
E fechando o quarteto, Peter. O menor, visivelmente assustado por tantos olhares nele. Era um palmo menor que James. Não tinha nenhum músculo aparente, pois não fazia nada. Seus cabelos eram castanho escuro e um pouco curtos, e seus olhos eram também castanhos, pouco brilhantes.
“Caralho, que gostoso!”, Lily pensou, involuntariamente é claro.
“Tá louca garota?”
“Por que estaria?”
“Ele é James Potter! James! Potter!”
“Continua o mesmo gostoso”
“ACORDA!!! Você odeia ele”
“Continua o mesmo gostoso”
“TAP!”
Ninguém ouviu, é claro, a mini discussão com sua própria consciência, nem, é claro também, o tapa estalado. Saiu de seus devaneios bem na hora que os marotos se postaram na frente dela e de suas amigas.
- Olá meninas! – Remus disse, educadamente.
- Oi Remus! – as três responderam em uníssono.
- E ai ruivinha! Já sabe a roupa que vai colocar no nosso encontro? – James disse, galanteador, arrepiando os cabelos com a mão.
- Desde quando nós temos um encontro? – ela disse levantando uma sobrancelha. “Já começou”, pensou irônica.
- Você disse. Lembra?
- Ah é! – concordou, irônica novamente. Todos olharam assustados para ela. Desde quando Lílian Evans concordava que tinha um encontro com James Potter?, todos pensaram. – A Lily do seu sonho parece ter um SÉRIO problema mental. – disse sorrindo desdenhosa.
- Ui! – todos disseram em uníssono, rindo.
- Cinco minutos! – alguém em cima do trem gritou, e logo em seguida assoprou o apito.
- Vamos antes de você perder a dignidade no que tem entre as pernas – Sirius disse, ainda rindo, com a mão no ombro do amigo – Garotas – fez uma mini reverência, se despedindo delas. As três sorriram. Então os marotos entraram no trem.
- Como pode ficar mais gostoso que antes? – Marlene disse, olhando os garotos entrarem na locomotiva.
- Sirius? – Lily perguntou rindo.
- Quem mais seria? – Katie disse, rindo também.
- Olha a bunda dele – Marlene continuou. Inclinou a cabeça, vendo de outro ângulo. Colocou as mãos para frente apalpando o ar e fazendo biquinho.
- Tá bom safada. Vamos entrar para achar algum lugar – Lily disse ainda rindo e empurrando a amiga. Sentiu falta daquilo. Suas amigas, os marotos, as brincadeiras. Na sua casa era difícil rir. Ela só ficava na sua cama, lendo, dormindo, ouvindo música ou olhando as estrelas e a lua florescente que pregara no seu teto, ou os pisca-piscas brancos em cascata que pregara na sua parede, acima de sua cama. Ela ria de verdade, quando chegava as cartas de suas amigas e seus comentários.
- Desde o primeiro ano, nas férias de Natal e de verão, elas mandavam cartas, mas não eram cartas convencionais, era tipo correio ambulante. Era a mesma folha e as três escreviam nela. Tipo os bilhetinhos que elas trocavam em sala quando a aula era chata, ou quando precisavam falar algo urgente e não podiam esperar a aula terminar.
Quando acabava o espaço na carta, pegavam outra folha e faziam um resumo da última que escreveu e assim conversavam em grupo. Lily sempre mandava a carta para Katie, e Katie sempre mandava para Marlene, e a mesma para a Lily, continuando o círculo. Era mais fácil e mais engraçado, pois sempre ria com as discussões de Marlene e Katie (elas sempre discutiam, sobre tudo, por seu uma o oposto da outra).
Suspirou, pensando em como seria dali a dois anos, sem nada daquilo. Balançou a cabeça espantando tais pensamentos. Ia fazer o que sua mãe dissera. Ia viver cada dia fazendo coisas diferentes, não pensando no final daquilo.
Lily, Katie e Marlene andavam pelo corredor do trem, que ainda estava parado, esperando dar 11 horas em ponto para começar a se mover rumo ao norte. Na medida em que andavam as pessoas nas cabines e no imenso corredor olhavam, sorrindo, cochichando, acenando, dando “ois” para o trio. Querendo ou não eram conhecidas, assim como os marotos, e pelas mesmas causas: aprontando nas aulas, fazendo brincadeiras nos banheiros ou no Salão Comunal ou no Salão Principal, sendo os melhores na sala no quesito de notas, sempre fazendo brincadeiras com os outros, principalmente Sonserinos, que odiavam mais que tudo. Na verdade a escola inteira odiava a Sonserina. Não tinha uma pessoa nesta casa que salvava, eram todos mesquinhos, metidos, se achando os melhores por serem de uma longa família de puro-sangue, sempre ricos e com muitas influências no mundo mágico, e odiando pessoas que eles chamavam de traidores de sangue e sangue-ruim.
- Oi Lily! – uma terceiranista disse um pouco alto e empolgadamente. Era Milly Hanfield. Ela tinha uma pequena... obsessão por Lily, por assim dizer.
Desde seu primeiro ano, quando Lily estava no quarto ano, ela queria sempre estar por perto da garota mais inteligente de Hogwarts, e queria também ser uma aluna aplicada. Sempre perguntava coisas sobre as matérias para Lily, sempre ficava na biblioteca, perto dela, praticamente o dia todo. Ela era uma garotinha grifinória bem baixa, de cabelos pretos até os ombros, bem lisos, e com lindos olhos cor de mel. Ela era uma linda garotinha, sempre animada. Lily a adorava, mesmo que às vezes se irritava com ela. Não tinha muitos amigos, não era muito boa em se socializar. Tinha somente duas amigas, aparentemente, que sempre estavam juntas a ela, coladas.
- Oi Milly – disse gentil, sorrindo. – Como foram as férias?
- Fiquei lendo os dois livros de transfiguração que você me emprestou – ela respondeu, ainda empolgada. – Eu te entrego quando chegar no dormitório.
- Ah, sem problemas! Não precisa ter pressa – sorriu meiga, e continuou a andar.
- Lily, Lily, Lily – Marlene disse em falsete, esganiçada, imitando a pequena garota – Não sei como você aguenta ela.
- Ela é legal Lene. Não seja maldosa. – Katie disse.
- Concordo com a Kay. Mesmo ela sendo esganiçada, eu gosto dela. Ela lembra eu nos primeiros anos.
- Eu não tenho paciência. – Marlene revirou os olhos. Neste momento o relógio lá fora bateu apontando ser 11 horas em ponto. O trem começou a andar, bem devagar, quase despercebido. – Oh! Olá garotos! – continuou, dizendo galanteadora, passando pela cabine de corvinais sextanistas, depois de eles sorrirem, acenando.
- Larga desse fogo Marlene – Katie disse, rindo.
- O que eu posso dizer se corvinais são sempre os mais lindos? – a garota respondeu, depois de se virar pra frente, ainda acenando para as pessoas que as cumprimentavam. Marlene gostava de toda essa atenção. Era a que mais se divertia com isso tudo. Gostava de ser sempre o assunto de todos.
- Tenho certeza que os grifinórios são bem melhores – Lily disse e Marlene balançou os ombros, não se preocupando. Quase no final do vagão em que estavam acharam uma cabine totalmente vazia. Entraram e logo fecharam a porta. Lily abriu a gaiola, soltando Athena pela janela. A coruja saiu rapidamente, feliz por estar livre e não mais dentro de um espaço pequeno em que não podia abrir totalmente suas asas.
- Acho que Athena odeia a gaiola dela – Lily disse vendo sua coruja marrom clara voando para longe da locomotiva.
- Nenhum pássaro gosta de ficar preso Lil – Katie disse, se sentando do lado da janela.
- Filosofou Katie – Marlene disse irônica, se sentando em frente a amiga.
- Eu preciso ir ao banheiro – Lily disse, e saiu da cabine, deixando as amigas conversando.
Enquanto passava pelo corredor, assim como antes, as pessoas a olhava, e como ainda não a tinha visto, lãs acenavam, e a garota os cumprimentava de volta, com um pequeno sorriso. Foi então que ela ouviu uma risada/latido. Ela sabia que essa era a marca de Sirius Black. Parou, antes de chegar na cabine onde aparentemente parecia estar os marotos.
- Essa é uma boa brincadeira Sirius, mas eu tenho uma melhor – Lily reconheceu a voz de Potter.
- Então fala – Sirius disse parecendo impaciente.
-Nós podemos colocar bombas de bosta nos frangos da mesa da Sonserina – James disse, aparentemente tentando esconder a empolgação, mas sem sucesso.
- Nossa. Essa foi boa – Sirius riu, como costuma rir.
- E você acha que o Dumbledore não vai ligar isso aos marotos? – Lily reconheceu a voz de Remus.
- Você tem que estragar né Remus? – ela ouviu a indignação na voz de James.
- É! Deixa eles serem felizes – Peter se manifestou pela primeira vez desde a chegada da garota.
- Deixa “ELES” – Sirius indagou. Lily percebeu ele frisando a última palavra.
- Você acha que vai sair ileso disso? Ainda acha isso? – James pareceu achar graça – Que inocente – riu.
- Então como vamos fazer isso? – Para Lily, aparentemente, Peter não conseguia ganhar uma guerra em que James usava seu tom persuasivo.
- Esse é o Peter que conheço – o garoto continuou – Quando chegarmos lá vamos direto pra cozinha, colocamos as bombas no frango o mais rápido possível, sem os elfos perceberem, e voltamos enquanto todos ainda estão se arrumando, pra ninguém perceber. Simples.
- Bolou tudo isso nas férias? – Lily percebeu a ironia na voz de Remus.
- Isso e mais dez pegadinhas. Oito contra sonserinos.
- Bom, então já sabemos o que fazer pro início do ano.- Remus concluiu, ainda em ironia. – Será que as meninas vão fazer alguma coisa? Elas sempre fazem.
- Acho que não. Bom, pelo menos não tá na cara delas que vão fazer algo né – Sirius disse.
- E você é um ótimo dedutor de caras né? – James disse irônico.
- Dedutor? Essa palavra nem existe James – Remus disse, parecendo rir.
Quando Lily percebeu que eles não iam falar mais disso, porque ela não queria que soubessem que ela estava escutando, então passou pela cabine deles, andando rápido.
- Lily, meu amor! Pronta pro nosso encontro? – ela ouviu James dizendo galante.
- Só no seu sonho – disse sobre o ombro, sem se importar em se virar, até mesmo porque ele ainda estava em sua cabine, e não colocara a cabeça para fora da mesma para acompanhar a ruiva.
-x-
Bom, já dividi os dois primeiros capítulos. O segundo é um pouco maior e com mais diálogo. Eu escrevo na terceira pessoa, expressando as emoções e ações de todos. Já me elogiaram do jeito que escrevo e acho que esse é um bom jeito. Enfim, quero agradecer em quem já passou por aqui, tendo só o trailer. E por favor não vão embora. Vai ter muitas coisas. Espero não demorar tanto para postar os próximos capítulos. Enfim, até o próximo capítulo.
Comentários (2)
Que amorzinho esse capítulo! Adorei <3
2016-02-17Má, sua louca! Eu não sabia dessa sua fic! Como assim, vc escreveu outra e eu ainda não li? Hahaha! Estou aqui por motivos de: saudades de você, autora mais malvada que me fez chorar demais em Apaixonada pelo Maroto. E também para te dar uma bronca: EU JÁ LI SUA TRILOGIA PERFEITA UMAS DEZ VEZES DESDE QUE VOCÊ TERMINOU (em 2013! Parece que foi ontem!) E AINDA CHORO TODAS AS VEZES! T-O-D-A-S! Eu não aguento mais! Varias amigas minhas já leram suas fics de tanto que enchi o saco delas para fazerem isso hahaha! Então, estou aqui, sua fã número um, de volta! EU TE ACHEI HAHAHAHA! Ah, e também queria te contar que estou escrevendo uma história original, e queria muito que você lesse. Escrever é uma das minhas paixões, e ninguém melhor que uma amiga autora para entender o que nós sentimos
2016-02-17