Sessão reservada.
Como tudo na vida ser Monitor-Chefe tinha seu lado positivo - para a surpresa de James que a princípio ficara sem reação quando soube que o cargo seria dele, antes do início do ano letivo. Um deles inclusive era passar muito mais tempo com Lily Evans do que normalmente teria a chance. Mas por outro lado havia inúmeras desvantagens também, para começar suas responsabilidades tinham dobrado desde então, e como se isso não bastasse, ele ainda tinha que comparecer a todas aquelas reuniões de monitores extremamente maçantes quando poderia estar fazendo outra coisa mais útil.
Era exatamente isso que se passava pela cabeça do Monitor-Chefe enquanto ele aguardava sua companhia da noite em frente ao buraco do retrato do Salão Comunal. Se bem que “companhia da noite” faz a coisa toda soar muito mais divertida do que realmente seria. Então não, a “companhia da noite” definitivamente não é isso que está se passando pela sua cabeça. Quando de repente, a sua "companhia" passa ao seu lado, finalmente.
- Boa noite, Evans. Já estava quase pensando em começar sem você.
– Boa noite, Potter. Se você tivesse feito isso, com certeza teria me deixado impressionada. – Respondeu enquanto voltava a andar em direção a porta.
- E ter te esperado não impressionou? Cavalheirismo não cola com você…Ok, anotado. - Retrucou com um pequeno sorriso se formando no canto dos lábios. Era fácil esquecer o mau humor por ter que realizar a tarefa maçante quando estava na companhia da ruiva. Bem, pelo menos por enquanto, nunca se tem certeza com Lily Evans.
- Ha, que engraçado. Mas não é cavalheirismo, é o mínimo que você deve fazer.
- Por que você demorou, aliás? - Perguntou o moreno, casualmente enquanto começava a descer as escadas da torre da Gryffindor com Lily ao seu lado. Ela não tinha demorado tanto assim, na verdade, mas quando se está esperando alguém os minutos se arrastam e James Potter nunca foi lá a pessoa mais paciente do mundo. “Ah, como Remus faz falta” Lily pensou dando um breve suspiro. Ela realmente sentia saudades da época que o amigo e ela eram monitores da grifinória.
– Eu estava arrumando algumas coisas. – Respondeu brevemente, julgando que ele não precisaria saber mais do que aquilo. – E você, chegou adiantado por quê? Foi abandonado pelos amigos? – Perguntou enquanto fitava a extensão do corredor tomando cuidado para não deixar nada passar por eles. - Ah, aliás. Eu soube que o Sirius ia dar uma festa no dormitório hoje em quanto estivermos fora. Isso não é verdade, né?
- Nem todo mundo pode ser tão pontual quanto você, Cenoura. É realmente um desafio e tanto tentar chegar antes. - Deu de ombros, mas dessa vez não olhou para ela, continuou com o olhar fixo no corredor a sua frente. - Mas, uhm..Sobre o Sirius, ele comentou um coisa ou outra, mas eu não daria muito valor sobre esses rumores que o pessoal costuma espalhar. Afinal, de quem estamos falando é o Sirius. - Mentiu o moreno. Pois, ele sabia muito bem que o amigo estava querendo dar uma pequena festa, em meio de ajudar o amigo, Henry Garret - a se recuperar de seu terminio com a namorada. Mas o maroto sabia muito bem que isso era só mais uma desculpa para ele ter que dar uma festa.
- Cheguei mais cedo só pelo prazer de falar que estava te esperando e fazer você se sentir culpada. Achei que tinha deixado claro já. - Caçoou, enquanto descia mais um lance de escadas, apenas a alguns passos atrás da garota. Queria poder usar o mapa do maroto, faria a coisa toda ficar muito mais fácil. Poderiam ficar na cozinha comendo os restos do jantar e checar o mapa eventualmente para qualquer movimento suspeito, que seria bem mais eficiente do que aquelas rondas pra falar a verdade, porque James ainda não tinha descoberto um jeito de ser onipresente e saber o que se passava em cada canto do castelo - não sem o mapa, pelo menos. Mas Lily não sabia a respeito do mapa, e tinha que continuar assim.
– Estou tentando essa coisa de ser mais responsável… - Disse subitamente, respondendo a pergunta dela - agora com sinceridade - e ele mesmo se surpreendeu com a resposta como se não soubesse daquilo até ter verbalizado. – É um território novo pra mim.
"Então James Potter queria ser mais responsável? Ta aí uma coisa que a gente não escuta todo dia." pensou Lily após de ter ouvido a frase do colega. Pensou consigo mesma, enquanto controlava sua surpresa por aquela revelação inesperada.
– Bom, você vai ver que ter responsabilidades tem lá suas vantagens e você consegue dar conta da Monitoria e do Time de Quadribol.
- Bem, tudo pode ser divertido. E mais do que isso: tudo deveria ser divertido. - Agora ele a fitava, os olhos presos nela e um sorriso no canto de seus lábios. - Não tem razão pra não tornamos as coisas mais interessantes se pudermos, certo? Sejam elas qual forem.
Lily encarou James por uns bons 5 segundos pensando no que ele havia dito. Era uma certa verdade.
- Mas se tudo fosse divertido e fácil, por que você se esforçaria para viver afinal?
James parou para pensar um segundo, e logo abriu um sorriso maroto, não deixando de encarar a ruiva.
- Bem, Lily Evans. Você acabou de descrever todo o nosso relacionamento.
- Ah, cala a boca, Potter. - retrucou ela revirando os olhos.
- Você já está comigo, que companhia melhor você pode esperar? - Brincou, enquanto desciam mais um lance de escadas. Caminhavam por outro corredor quando James ouviu um barulho de vozes que não pareciam vir de muito longe. Parou de andar subitamente e franziu o cenho, para se concentrar no que ouvia e achou ter escutado uma voz familiar. Que falta a capa da invisibilidade fazia em horas como aquela.
– Olha, eu costumava andar muito bem acompanhada até ano passado. Você ainda está sob avaliação no quesito ‘melhor companhia’, então não abusa. – Caçoou enquanto sentia silenciosamente a estranha diferença em olhar para o lado e não ver o habitual garoto com um sorriso simpático e alguns arranhões no rosto e sim outro bem mais alto com um sorriso sarcástico que não desvanecia nunca.
Lily parou e notou que James tentava observar algo.
– Você está entendendo algo?- Sussurrou, agora indo para o outro lado da porta a fim de ficar de frente para o Potter. O receio e a excitação começaram a dar sinais de sua presença para a garota. Ela sabia que se fosse algum tipo de assunto mais sério, eles não deveriam nem ter chegado perto da porta, mas afinal, quem queria sigilo não usaria uma sala no meio do Castelo. Por fim, pode identificar algumas vozes dentro do cômodo e lançou um olhar surpreso para Potter, levando uma das mãos a boca brevemente, limitando-se a ouvir apenas.
James e Lily não conseguiram ouvir muito coisa, apesar do esforço, só conseguiram ouvir algumas frases de conversas compartilhadas entre a Professora Minerva, Dumbledore e o que parecia ser o ministro da mágia.
- Não é nada muito sério, Alvo. Não creio que precisemos de aurores na floresta proibida por causa disto. - o ministro balbuciou, conseguindo folego - Você sabe pelo o que o ministério está passando. Já ocorreu mais de 8 assassinatos sem caso ainda justificado em torno da cidade, e os aurores estão tentando ao máximo....
Depois disso ouviu-se um barulho forte, e os presentes na sala pararam de se comunicar. Lily fitou James seriamente por alguns minutos, depois fez um gesto para que o garoto deixasse a porta e continuasse com o caminho. Eles não poderiam correr o risco de serem pegos e aquela conversa estava com tom de que continuaria mais tarde.
James se afastou da porta com o cenho franzido em uma expressão que não era exatamente séria, mas compenetrada. Manteve-se calado enquanto processava tudo aquilo que acabara de ouvir. Ele voltou a olhar Lily de soslaio, sem conseguir evitar de pensar no como reagiria caso fosse ela a vítima de um dos muitos ataques que andavam acontecendo e como um reflexo, cerrou os punhos e apertou a mandíbula, relaxando pouco depois para que ela não percebesse.
Ela e James haviam escutado demais e as informações que conseguiram eram mais do que suficientes para que os dois permanecessem alertas. Afinal, o garoto ao seu lado não tinha cara de quem iria deixar aquela história para trás tão cedo e Lily não sabia se ficava satisfeita com aquilo ou preocupada, então simplesmente aceitou as duas condições apreensivamente.
- O que você acha disso tudo? - perguntou a garota, um pouco nervosa.
- Não sei se devemos falar sobre isso aqui.
- Pensei que não se importasse muito com esse tipo de coisa. Apesar de estar certo.
- Tem muita coisa sobre mim que você não sabe. - Ele rebateu quase automaticamente, sem conseguir - ou sequer tentar - evitar o tom sugestivo em sua voz. Mas deixando de lado a óbvia insinuação que sua frase trazia aquilo nada mais era além da verdade: havia muitas coisas sobre ele que Lily não sabia além de sua arrogância, como que ele pensava nela com mais frequência do que gostaria de pensar, com mais frequência do que seu orgulho permitia admitir.
- Mas vamos continuar, agora é a hora de agir, sem mais. - concluiu Lily.
***
Era sexta-feira à noite e, como qualquer bom grifano que se preze, Henry Garret resolveu dar as caras pela festa que havia sido o assunto da semana por prometer ser um grande e supremo sucesso. Organizada por alguns grifinórios do time de quadribol, a suposta reunião escolar dizia-se por si só um evento de pura diversão. Ninguém perderia a festa daquela semana e Henry achou que seria um bom momento para encher a cara e esquecer-se de seus problemas.
A Sala Comunal da Grifinória estava abarrotada por alunos do sexto e sétimo anos, e poucos do quinto. E a música alta logo envolveu Henry . Fazendo uma pesquisa rápida pelo ambiente que tremelicava com a música o jovem se deu conta de como prometido bebida e mulheres não faltavam. Serviu-se de seu primeiro copo de firewhisky e acreditou que com tudo aquilo ele conseguiria se recuperar do seu terminio com a ex namorada da Lufa Lufa. Dorcas Meadowes. Ele e Dorcas haviam terminado há apenas alguns dias. Henry não conseguia tirar as lembranças desagradáveis da cabeça, e estava muito triste pela separação tardia e se sentia o grande culpado para que o fim de relacionamento tivesse se dado. A amizade dele com Dorcas fora um marco muito grande para ele. Eram amigos demais e namorados de menos. Não combinavam e após aquela briga que haviam tido provavelmente não teriam volta.
- Amigo! – Disse se aproximando de Sirius da maneira mais repentina que poderia se imaginar colocando um dos braços pelo pescoço do mesmo para estrangula-lo com uma espécie de chave de pescoço que desistiu de aplicar ficando de frente para o garoto de cabelos vermelhos.
– Festa boa, viu? Assim vou esquecer de Dorcas mais rápido do que o esperado! – Comentou com uma rápida risada acreditando piamente que o colega havia feito o evento para que Henry se esquecesse da ex-namorada. Animado e um pouco disperso o jovem não pensou duas vezes antes de pegar a bebida que Sirius tinha em mãos e fazê-la escorrer por sua garganta.
Uma festa era exatamente do que os alunos de Hogwarts precisavam em tempos sombrios como aqueles. Mas sorte da Grifinória nesse caso que tinha pessoas como Sirius Black que sabia mesmo como dar uma festa, e apenas tornava as coisas ainda mais fáceis, tendo a bênção do monitor-chefe, que é o melhor amigo do criador. Podia não ser exatamente uma festa, não dos moldes a que estavam acostumados, já que faziam vista grossa agora, mas seria uma boa social se tudo desse certo, e tendo bebida, música e hormônios no meio era difícil errar. Nessa hora, podia-se ver algumas garotas descendo dos dormitórios femininos, e antes mesmo de Henry e Sirius perceber, uma loira muito familiar estava na frente deles.
Marlene sorriu e então caminhou na direção de Sirius.
- Bom trabalho, Black. - Disse, apertando as costelas do amigo por trás antes que ele se desse conta de sua aproximação e riu, antes de afanar o copo de firewhiskey das mãos do rapaz. - E obrigada pela bebida! - Acrescentou, rindo ainda mais, antes de virar o conteúdo do copo de uma vez.
– Ei, Mar… Marlene. – Gaguejou Henry com uma sorriso fraco e tímido. – Sou Henry Garret. – Afirmou estendendo a mão com um gesto que apenas desejava toca-la através de um simples cumprimento. Não fazia o mínimo sentido Henry se apresentar para uma pessoa a qual estudava e convivia há quase sete anos, mas mesmo assim ele esperou a garota retornar o gesto.
- Eu sei quem você é. - Ela disse de uma vez, como se fosse uma palavra só enquanto uma expressão de adoração se formava em seu rosto.- Você é amigo dos marotos, eu já te vi algumas vezes andando com eles. E pensando bem, eu acho que já ti vi falando com a Lily e Alice também. - . Ela estendeu a mão para responder ao cumprimento do rapaz e sentiu um arrepio ao singelo contato.
- Mas enfim, eu sou Marlene. - E então se deu conta do quão idiota soava, visto que Henry havia dito o seu nome e obviamente sabia quem ela era.
- Ah, eu também sei quem você é. Sou um colega de Lily já faz um tempo, e sempre vejo uma garota loira andando com ela. - disse com um sorriso no rosto - E este rapaz aqui também vive falando de uma Marlene que anda com a ruiva, julgo ser você. - ele completou agora apontando para Sirius que estava o seu lado.
Marlene corou, e voltou a rir.
- É, ele fala de todo mundo. O Black é assim mesmo.
Sirius sorriu e balançou a cabeça, nem um pouco surpreso com a resposta de Marlene, entretanto a postura da loira ainda era arredia e ela negaria se ele apontasse o fato, mas conhecia-a o suficiente para saber que algo estava errado. Mas a abordagem direta não lhe traria resultados algum, teria que ser mais esperto e jogar com a amiga.
– Como sempre. – Ele ssentiu com a cabeça, tendo o sorriso maroto de volta aos seus lábios. Desviou o olhar e coçou a nuca encoberta pelos cabelos mais longos, afastando qualquer pensamento indesejado da amiga. Era isso que Marlene era, sua amiga. E estava ali para resolver ou ao menos tentar resolver, qualquer problema que Henry tinha, e aproveitar a festa. – Mas eu só falo das pessoas que me interessam, sabe. - concluiu ele.
- Mas você se interessa por todos, Black. - Ela caçoou, esboçando um sorrisinho zombeteiro.
- Ahn, não não não. - disse rindo, mas com um tom sarcástico na voz - É aí que você se engana, McKinnon...
- É verdade - interrompeu Henry - Sirius não se interessa pelas Slytherins, certo?
- Verdade, Henry. Mas eu já vi ele correndo atrás de algumas.
Os três riram em harmonia e voltaram a falar sobre outro assunto, até que acabaram se separando. Sirius fora sentar na poltrona perto da entrada do salão, Marlene foi encontrar algumas de suas amigas, e Henry ficou parado no mesmo local somente observando.
Enquanto isso Marlene McKinnon conversava com as suas duas amigas Alice Fontescue, Mary MacDonald, e o namorado de Alice, Frank. E assim, de repente teve uma ideia para animar a festa.
- SIRIUS! - Gritou Marlene animada. O Maroto que estava do outro lado do dormitório, apenas levantou a cabeça para saber o que ela queria. - Vem cá logo!
Segundos depois Sirius já estava ao lado da loira, e dos amigos. Ainda segurando uma garrafa de Firewhiskey.
- O que é, McKinnon?
- Eu tive uma ideia para animar essa festa, porque sinceramente se continuarmos nesse ritmo...
- Ah, fala logo vai.
- Eu estava pensando em fazermos uma roda entre a gente de verdade e desafio. Ia animar muito isso aqui.
Sirius pensou por um segundo mas logo percebeu que isso podia ser uma boa ideia.
- Ok vamos lá - E com isso Sirius gritou para os participantes da festa, informando a todo mundo. Mas como era muito gente, nem todo mundo iria participar, então ele decidiu fazer uma roda só para ele.
Com isso começou o jogo, todos sentaram, em cerca de 10 pessoas - incluindo a própria Marlene. Seus olhos acompanharam a garrafa vazia no centro do círculo, os arregalando quando a ponta do recipiente apontou para si. Olhou de relance para Henry que estava encarregado de lhe desafiar, ouvindo com atenção o que teria que fazer. Bebeu até a última gota que restava em seu copo antes de se levantar, erguendo ambas sobrancelhas ao posicionar-se no meio da roda. Ela deveria tentar cantar uma música qualquer, e eles deveriam tentar adivinhar.
— Sem rítimo? Vamos lá então. — Disse ela sem esperar uma resposta, e começou a cantar. Um tempo depois somente 3 participantes da roda conseguiram distinguir qual era a música que a loira estava cantando.
— Hm, vamos ver como posso te tortura- digo, desafiar. — Ela brincou com um sorriso em seus lábios. — Eu te desafio a… — hesitou, pensando em algum desafio para lançar ao moreno — A fingir um strip-tease! — Riu brevemente fixando as iris azul-esverdeadas no garoto, com uma expressão de quem se desculpava. Todos começaram a rir com a proposta, principalmente Sirius.
- Onde está o Pontas nessas horas - murmurou o maroto, rindo.
- Aaaaah não, isso é inaceitável. É para ser um desafio, não algo impossível. Peça outra coisa - disse o desafiado, suplicante.
- Mas não tem graça, não sei o que pedir!
- Peça qualquer coisa que você pediria a outra pessoa, Marls. - Alice se pronunciou
E assim continuou a brincadeira até a festa acabar, o que não demorou muito. Quase todos da roda tiveram a oportunidade de participar. Mas como já estava tarde, e muitos alunos estavam subindo para os dormitórios, Sirius decidiu encerrar a festa por ali e subir para o dormitório. Com isso, Marlene, Mary e Alice subiram igualmente, todas se perguntando como estava sendo a ronda de Lily e James, e o onde poderia estar Victoria.
***
Lá estava ela. Eram 18:30, e Victoria estava a fora da Floresta Proibida um pouco longe esperando seu parceiro, Mulciber, chegar para conseguirem começar o trabalho. E a pior parte de tudo é que depois da Floresta, os dois ainda teriam que ir na sessão reservada da Biblioteca e anotar algumas coisas sobre a planta para o poder entregar o trabalho. A Grifinória continuou esperando por mais um tempo, até que conseguiu ver alguém se aproximando ao longe, e logo agradeceu por ser seu parceiro, finalmente.
- Me atrasei, vamos logo. - ele disse caminhando, e ao chegar perto dela nem teve tempo de por os olhos sobre ela, que a garota já se virou abruptamente, fazendo com que os dois se esbarraram por meio dos ombros.
Victoria quase deu um passo a frente afastando-se do toque do garoto, mas manteve-se os pés firmes no chão, não sabia lidar com esse tipo de proximidade com Mulciber. O Sonserino apenas olhou para ela e se afastou, tirando a sua varinha da mão e conjurando um "Lumus". Imitando o gesto do rapaz, também retirou a varinha das vestes e sussurou o feitiço para acender a ponta da mesma, iluminando assim seu trajeto até até a Floresta Proibida.
- Uma combinação um tanto contraditória, não?- Ele apontou friamente, fitando-o com curiosidade, ela estava se referindo a planta que iriam procurar.
- É, acho que “combinação contraditória” define. – Respondeu ao mesmo tom com a garota. Ele nem mesmo entendia porque ele estava respondendo-a. – Culpe a Sprout por isso. – Acrescentou, dando de ombros enquanto seguia em frente pela floresta, olhando aos cantos a procura da planta. Então voltou a fitar Victoria, e ver se ela ainda continuava o seguindo. Depois voltou o olhar para a floresta e continuou a andar. Depois de um tempo, avistou várias espécies de plantas no chão perto das árvores. Mas só uma era verde como esperado. Mulciber podia estar pouco interessado no trabalho, ou estar de má vontade por estar perto de Victoria. Mas ele sabia que tipo de planta estava procurando.
– Olha lá. – Ele disse apontando com a varinha, iluminando a relva e tornando clara a visão para a planta procurada.
- Ah, pronto. - Falou Victoria, deixando claro o tom de sua voz que estava satisfeita por já terem encontrado. Depois de um longo suspiro, passou a caminhar em direção ao local apontando. Mantinha os olhos presos ao chão e aproximou a varinha o máximo que conseguiu do mesmo, de forma a não comprometer o seu andar. A Grifinória dispunha demasiada atenção no chão, enquanto pegava as suas duas luvas que estavam guardadas no seu bolso.
- Tome, pegue uma. - Indicou uma das luvas para Mulciber, e este que ficou um tempo refletindo se deveria pega-las ou não. Se abaixou ao lado da garota, e pegou elas rapidamente, quase de uma maneira grossa.
Os dois se curvaram sobre a planta, tentando não chegar muito perto da mesma,e e jogram a luz que sua varinha emitia para o melhor lado da planta. Victoria voltou a fitar Mulciber
- Você poderia pega-la por ali? Só em quanto eu pego esse frasco para coloca-la. - Perguntou, deixando transparecer certo receito em sua voz, enquanto sentiu a mão tremer levemente enquanto apontava novamente para o lado da planta. Tinha motivos para fazer o pedido a ele e não era apenas por ele claramente conhecer mais de Herbologia que ela, mas porque ela não queria se arriscar.
Mulciber franziu o cenho em uma careta não muito visível e levou a mão a onde a planta estava localizada. Então tentou manter a seriedade enquanto se agachava diante de uma das plantas e iluminou-a com sua varinha em busca de que o ajudasse. Assim, ele pegou a planta com cuidado e com o braço indicou para Victoria, para ela posicionar o pote. Ele colocou rapidamente a planta no local, com cuidado. E depois deixou a garota para guardar o material, enquanto entregava para ela a sua luva.
- Bom trabalho, Thompson. - Balbuciou em um tom indiferente, mais para si mesmo do que para a garota, enquanto se levantava e postava-se ao lado dela para estudar mais de perto a planta.
- Agora só falta irmos para a sessão reservada fazer as últimas anotações, e pronto. - disse Victoria com um quase alívio.
Mulciber assentiu com a cabeça, virou a varinha entre os dedos por mero hábito e seguiu para o lado da garota indo em rumo ao castelo.
*Minutos depois*
Depois dos dois terem adentrado no castelo, eles começaram a andar rapidamente em direção a biblioteca. Principalmente Mulciber, que ficava verificando os lados, para ter certeza que ninguém estava vendo eles. Por parte ele agradeceu por terem entrado depois do toque de recolher, pois assim não teria ninguém nos corredores. Mas seria mais fácil os dois serem pegos dessa forma. Eles finalmente conseguiram chegar até a biblioteca, e foram ao compartimento reservado. Todo o local estava escuro, deixando assim a única luz que foi originada da varinha dos dois.
Chegaram á porta que dá acesso á sessão reservada, e depois de um "Alohomora" utilizado pela varinha de Mulciber, os dois conseguiram entrar. Eles começaram a olhar para todos as sessão, e ver se havia algum rastro do Filtch por ali. Depois que acharam a estante de Herbologia, ficaram entre ela, e começaram a vasculhar alguns livros.
- Procure na parte de Afros... - sussurrou Victoria não tirando o olhar do livro. Mulciber simplesmente assentiu e continuou a busca.
Os dois continuaram a procurar por qualquer informação sobre a Acariçoba, no começo foi difícil, eles tiveram que pegar pelo menos uns 3 livros até Victoria tê-la encontrado.
Eles pegaram os pergaminhos e as penas, e começaram a anotar rapidamente, qualquer informação possível e útil para depois poderem passar a limpo. Como os dois alunos estavam lado a lado, o seus cotovelos ficavam se encostando algumas vezes, nada de mais. O que deixou Victoria surpresa, pois o sonserino estava tão concentrado no trabalho que nem se deu ao esforço de se afastar dela.
Perdida nos seus pensamentos, Victoria continuou a escrever mas não percebeu o tamanho som que vinha de outra sessão ao lado que eles estavam.
- Quem está ai? - perguntou uma voz, que ambos reconheceram imediatamente. Era Filch. Ambos apagaram as luzes que saíam de suas varinhas, e ouviram os passos pesados do zelador se aproximando.
Agora estava tudo completamente escuro, mas se Filch chegasse a sessão deles, ele ainda conseguiria ver os seus corpos. Então, Mulciber sem pensar - e em uma fração de segundo - pegou Victoria pelos dois braços e a puxou para a parte final da sessão. Onde era ainda mais escura. A garota começou a gritar, pois pensava que o sonserino iria fazer alguma coisa com ela, por isso entrara em pânico. Ele irritado com essa ação da garota, colocou rapidamente a sua mão sobre a dela, e a pressionou contra a estante de livros.
Ele sussurrou um quase não sonoro "Shiu." E aprendeu ainda mais contra a parede, tanto que todas as partes dos corpos dos dois estavam se tocando, sem exceção. Tanto que quem avistasse os dois de longe iria pensar que é uma pessoa só. Mulciber e Victoria se acalmaram, tentando acompanhar os passos de Filch, e ver se conseguia ouvir alguma coisa. E assim, o garoto posicionou a sua cabeça no ombro da grifinória, agora com a nuca dos dois lado a lado. Apesar de Mulciber ser bem mais alto que ela.
Os dois ficaram no silêncio, apenas observando e tentando ouvir algo. Nesses minutos que os dois passaram quase sem se mexer, conseguiram notar algumas coisas. Victoria começou a perceber em como Mulciber é forte - musculosamente falando -, algo que nunca tinha percebido antes e talvez nunca fosse perceber. Ela também percebeu tinha um cheiro muito bom, e comum para o seu nariz. Era algo como lavanda e flores de primavera. Mas claro, isso não vinha ao caso agora. Mulciber percebeu em o quanto frágil ela aparentava ser por sua estrutura física, apesar de muito bonita. Quando ele encostou a sua cabeça no ombro da jovem, ele conseguiu sentir um odor novo, em que pairava perto de seu pescoço. Era um cheiro muito bom, e que lhe agradava, por isso ele inalou duas vezes e saboreou a sensação. Mas logo tirou esses pensamentos da cabeça, assim como Victoria. Afinal, no que ele estava pensando?
E então, depois de minutos, eles finalmente conseguiram ouvir um barulho de uma porta sendo fechada. Eles suspiraram em alívio, simultaneamente. E se afastaram um do outro, e continuaram a se olhar estranhamente, e constrangidos.
- Bem, terminamos o trabalho. Na próxima aula de Herbologia nós entregamos a professora.
- Sim - foi a única coisa que Mulciber conseguiu responder, ainda flitando Victoria seriamente
- Bem, boa noite.
Os dois saíram a caminho dos seus dormitórios, sentindo que amanhã vão acordar muito cansados.
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