Ataque aos tronquilhos



O resto do dia foi o de sempre para Victoria, muitas aulas e pouquíssimo tempo de intervalos entre elas, ao chegar no final do dia estava cansada, mas nada que fosse atrapalhar a sua disposição para o trabalho de Herbologia. Apesar de não estar nem um pouco feliz em ter que fazer esse trabalho com Mulciber, ela tinha que ir de um jeito ou de outro. Tomou banho, e depois foi jantar no salão principal, tinha que ser algo rápido pois já eram 18:00 horas. Ela passou o olhar pelo salão, e não avistou Mulciber e nem os seus amigos sonserinos, e nem mesmo suas amigas - Lily, Alice, Mary ou Marlene - . Ao voltar para o dormitório, deu uma rápida checada no relógio e viu que estava em cima da hora, tratou então de apressar-se, não era uma pessoa conhecida por atrasos. 


Recolheu o material necessário,apenas a varinha, e um caderno que tinha anotações da planta que irão procurar. Ela pegou tudo e saiu em direção a floresta proibida, como não havia ninguém nos corredores fora mais rápido a sua chegada lá. Esboçou uma careta de alívio ao ver que Mulciber já estava por lá e aproximou-se dele. Pois, por mais que não queira a companhia do sonserino, pelo menos ela não iria ficar na floresta proibida sozinha. 
- Desculpa o atraso. - Disse apenas por mania, não estava de fato tão atrasada. Olhou rapidamente para o garoto e notou que ele não estava com seus materiais, sorte a dele que Victoria havia previsto isso e tinha trazido as coisas necessárias para os dois usarem. 
- Se você quiser eu espero você ir pegar as suas coisas. - Comentou usando certa provocação na voz. - Ou podemos ir. - Acrescentou. 


 – Estou com minha varinha e minhas mãos, e eu esqueci de pegar as informações sobre a planta que deixei no meu dormitório. – Mulciber explicou, apesar de não se sentiu muito agradável fazendo isso a garota, já que ele não devia nenhum tipo de satisfação a ela.  – Por mim podemos ir. – Replicou ele novamente. 
 - Talvez alguma luva? Uma vez que a beladona é extremamente venenosa. - Victoria Sentiu-se obrigada a responder e não exitou de falar a frase como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, além de censurá-lo com o olhar. 
- Mas eu tenho um par reserva, posso te emprestar. - Completou, ainda mantendo certa pose ultrajada diante dele. - Seu dia de sorte. - Victoria murmurou essa última frase, em um tom polido, mas o sorriso em sua face denunciava que tal frase não passava de uma provocação. Não costumava usar tais artifícios, preferia ser mais direta,  mas em certos momentos simplesmente se via tentada a utilizar dos mesmos. - Er, vamos então. 
          Assim, eles foram andando em uma forma de sequência, eles nunca andavam lado a lado, apenas em sentidos opostos. Ou um na frente, ou outro atrás. Estando uns passos atrás, Victoria poderia observar Mulciber melhor e pode notar que ele parece bem confiante ao explorar a Floresta, mesmo que estivessem apenas no começo da mesma. Muitas pessoas ficariam receosas em adentrar no local, mas Victoria parecia ser familharizardo com a região, tal fato deixou Victoria um tanto surpresa e admirada também. Mas logo lembrou que talvez ele e os ‘amiguinhos‘ se reunissem muito ali, então não era tanto uma surpresa. Disfarçou - ou tentou - ao ver que ele a olhava. 
    - Estou indo. - Respondeu, apertando o passo até ficar ao lado dele, finalmente. Retirou a varinha do bolso e  manteve em mãos, logo estaria mais escuro e poderia utilizar como lanterna durante o trajeto.- A professora falou que estaria no começo da Floresta, então não deve estar longe. - Disse enquanto caminhava lentamente, olhando atentamente para os lados. Lembrou-se então que Mulciber provavelmente não saberia o que procurar. Mas o mesmo assentiu com a cabeça diante da firmação dela. 
   - A flor é em tons de rosa e roxo. - Avisou em tom baixo e para isso chegou mais perto de Mulciber, já sentindo que ele iria se afastar dela logo logo. Mulciber ficou refletindo sobre o tom que a garota estava usando com ele. Herbologia podia não ser sua matéria favorita, mas Victoria o estava subestimando um pouco demais. Ou pelo menos parecia estar.
   – Eu sei como ela se parece. – Acrescentou friamente. 
         Victoria notou a frieza na voz dele, mas continuou andando lado a lado de Mulciber, que por surpresa pouco se afastou dela. Contudo ela distraiu-se por alguns instantes e tropeçou em algo, levando uma das mãos automaticamente ao braço dele usando-o como apoio. 
    - Desculpa, me acabei tropeçando em algo. - A descontração com que Victoria o respondeu pegou Mulciber de surpresa, deixando-o levemente atônito por alguns segundos. Ele nem mesmo teve tempo de se afastar dela. Quando ela mirou para o chão para ver o galho em que tinha tropeçado, Victoria ficou estática, comos e tivesse entrado em choque. 
   - AI MEU MERLIN! - Exclamou em voz alta, alarmada com o que avistara. Deu algns passos pra trás, só então notando o quão fortemente prendia o braço de Mulciber em suas mãos. Soltou rapidamente, mas nem teve tempo para pedir alguma desculpa ou ficar constrangida com a proximidade, já passou a olhar rapidamente ao redor e ficou ainda mais chocada ao ver que tratava-se de três tronquilhos mortos e não apenas um.



   - O que aconteceu aqui? - Perguntou, totalmente consternada. Chegando a abrir a boca várias vezes, mas não saia som algum. - Quem faria algo assim? 


       Mulciber demorou para que se desse conta do que aquilo se tratava, especialmente porque estava tentando ler na expressão facial dela invés de passar os olhos ao redor e quando finalmente desviou o olhar do rosto da garota afim de fazê-lo pôde entender o porquê do choque dela. Depois que percebeu do que se tratava, começou a raciocinar mentalmente do que se tratava. O sonserino estava pouco preocupado com a situação, mas realmente queria saber o que havia acontecido.  Estava claro que alguém tinha matado aqueles tronquilhos com um feitiço. Mas quem? Era óbvio que suas suspeitas iriam recair em alguns dos seus conhecidos, como; Carrow, Wilkes, Avery, Snape. Mas não fazia muito sentido. 


    - Tenho um palpite. – Balbuciou, entre os dentes, tentando parecer que não sabia de nada.  Levantou-se, voltando a olhar para ela – Relaxa. – Murmurou, tentando de algum modo acalma-la. Não porque não queria vê-la assim, mas porque não queria que ela desse queixa sobre isso para alguém. – Isso acontece o tempo todo.  – ele continuou a falar, com uma certa amargura. 
         Victoria não conseguia entender a reação tão simplória de Mulciber. Para algumas pessoas, encontrar uma criatura morta não signifcaria nada, seria algo totalmente indiferente, mas para Victoria aquilo era uma vida e que fora tomada - provavelmente - de forma fria e cruel. E aquilo era apenas mais uma evidência do mal que acometia o mundo deles. E a cena de morte, ali tão perto deles, sempre achara que Hogwarts era segura e esse pensamento a tranquilizava, agora sinais mostravam que eles deveriam ficar atentos, que Hogwarts já não oferecia tanta proteção quanto antes. 


  – Se você não se incomodar em deixar a beladona para amanhã…- Ela disse.
  - Tá. Tudo bem, amanhã no mesmo horário. Agora vamos antes que escureça mais. – Mulciber puxou a varinha do cós da calça e girou-a entre os dedos por mero hábito antes de murmurar “Lumus”, fazendo com que um feixe de luz se projetasse de sua ponta e iluminasse o caminho. Sem perceber Mulciber esperou até que Victoria estivesse ao seu lado e a fitou por alguns instantes, antes de desviar o olhar para frente, atento ao trajeto de volta.  


**** 


O som familiar de risos, canecas e as conversas entre os alunos pairaram pelo salão principal enquanto Lily e Marlene saíam pelo mesmo local. As duas passaram entre os alunos da corvinal, e Marlene não deixou de observar dois lufanos que olhavam diretamente para as duas. Eles eram Stugis Podmore e Edgar Bones. 


- Tem ideias de onde a Vic pode estar? Não vi ela desde da aula de poções. - Perguntou Lily um pouco curiosa. 


- Ah, sim. Ela disse que ia fazer um trabalho de biologia na floresta com o parceiro dela. - Respondeu a loira pouco preocupada. 


- Na floresta proibida?! Há esta hora? Com quem ela foi?


- Ah não sei, mas ela deve ser alguém que ela realmente confia, não é? Afinal, a floresta a essa hora. 


- Ahn, não sei, Marlene. Será que ela vai ficar bem?


- Ah, por Merlin, Lils! Ela está acompanhada fica calma. 


A ruiva assentiu, apesar de ainda estar um pouco preocupada. Ela desviou o olhar para a amiga e quando menos esperou estava de cara com o amigo dela da Corvinal, Will McLean. 


- Oi, Will. - Marlene se pronunciou, sorrindo. Ela sempre teve uma queda por Will, desde que as meninas o conheceram quando ele começou a jogar para o time de quadribol da corvinal no quinto ano. E ela até teve que jogar contra ele poucas vezes. 


- Como estão, vocês? 


- Bem, obrigada - as duas falaram enquanto assentiam com a cabeça. 


- Eu só vim perguntar para saber se vocês sabem onde a Mary está?


- Ummm, Mary. Mary Mac Macy? - brincou Marlene 


- Sim....


- Não sei, provavelmente no salão comunal. Quer que eu entre e olhe se ela está lá?


- Você poderia mesmo? Eu realmente estou precisando falar uma coisa com ela


Ela assentiu novamente, e saiu com Lily em direção ao salão comunal da grifinória, que fica atrás do quadro da mulher gorda no sétimo andar, perto das torres do castelo. As duas chegaram perto do famoso quadro e falaram a senha ("Varinhas de Alcaçuz") e adentraram no local. O salão comunal da grifinória desta vez estava cheio de alunos, alguns estudando um pouco afastados, outros lendo nas poltronas, jogando cartas, e alguns apenas conversando. Não era algo muito comum para um dia da semana. As duas se entreolharam, olhando vagamente pelo local, e subiram para os seus dormitórios. 


- Mary! - exclamou Marlene ao ver que a amiga estava deitada, e quase dormindo. 


- O que é?


- Will quer falar com você.


- Ah, mas porque? - Perguntou emburrada. 


- Não sei ué, ele está te esperando no salão principal. 


- Ah, pois ele vai ficar esperando porque eu não vou descer. 


- E porque não? - Pergunto Lily curiosa, agora já sentada na cama da amiga, ao seu lado. 


- Não está vendo a minha situação? Eu estou...


Mas a morena não conseguiu terminar a frase pois, a outra grifinória que compartilhava o quarto com elas acabara de entrar. Victoria entrara calmamente pelo quarto, analisando todos os seus pensamentos. Mas o que as meninas mais observaram foi que a garota estava olhando atentamente para o chão.


- Aconteceu alguma coisa, Vic? - Perguntou Lily calmamente - Você ainda estava na floresta proibida? 


- Eu..- ela tentou começar, pensou em contar para as amigas sobre o que vira na floresta. Mas pensou em deixar essa memória de lado por enquanto, e não preocupa-las por hoje. - Eu estava sim, fazendo um trabalho de Herbologia.


- Ah, sim. A Marlene me disse, mas um trabalho assim tão tarde, e na floresta proibida, você não acha um pouco tarde, não? - Todas as três amigas olharam para ela, aflitas. 


- Sim, mas é que..É o único horário em que eu e o meu parceiro podemos nos encontrar. 


- E quem é esse seu parceiro tão estranho? 


- Realmente. - disse Marlene em tom risonho. 


- Ahn, ele é o Mulciber. - disse finalmente, mas um pouco receosa sobre a reação das amigas. 


- O QUE?! O MULCIBER? - Gritaram as três em união, todas chocadas. Mas principalmente Mary, pelos motivos do quinto ano. 


- É, é. - começou ela tentando se explicar - Mas a Sprout que escolheu os pares, e ela não iria reverter os grupos de forma alguma. 


- Mas nossa, o Mulciber...- Lily disse, ainda pasma. 


- Eu sei, sorte a minha né.


- E como ele está sendo com você? - perguntou Mary do jeito mais normal que pode, pois mesmo depois do que aconteceu no quinto ano, ela é uma garota forte e conseguiu superar depois de três anos. 


- Normal do jeito que eu esperava que ele fosse ser. Se é que vocês me entendem. 


- Uf, mas pelo menos não é o Avery ou o Carrow. 


- Sim - Victoria concluiu. Ela realmente enxergava a parte boa disso, se ela tivesse ficado de dupla com um dos dois citados, nada estaria bem. Não que Mulciber fosse algo melhor, também. 


As quatro conversam por mais um tempo sobre coisas ordinárias, tentando mudar um pouco o clima. Mas Victoria não pode deixar de pensar sobre o que havia acontecido na floresta. Quem havia feito aquilo afinal? E será que Mulciber havia ficado zangado com ela após ela ter "caído" em cima dele? Mas isso pouco importava agora. 
 

N/A: Espero que tenham gostado, e comentem! Próximo capítulo irá ter Jily (James/Lily) 
 


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