As Coisas que Nunca Dissemos

8º capítulo – As Coisas que Nunca Dissemos

 

“Em Hogwarts, eram o casal mais quente do momento, ainda que nunca tenham assumido completamente o relacionamento. No último sábado, na fabulosa festa dos gêmeos Weasley, Ginevra Weasley e Draco Malfoy foram vistos aos beijos, já perto do raiar do sol. Para os colegas de escola, o relacionamento sempre foi visto com desconfiança, graças a impactante inimizade que os Malfoy nutriam pelos Weasley. Independente de confirmada ou não a notícia sobre o envolvimento dos dois, já que negar tais informações parece ser o hobby dos relações públicas dos famosos, acreditamos que Ginevra é muita mais merecedora do papel de primeira dama no império Malfoy que a insossa Astória Greengrass.

 

Dakota Sommerled, coluna social do Profeta Diário.”

 

Salut, vous avez atteint le Gina. Oi, você ligou para a Gina. Laisser un message. Deixe seu recado.

“Oi amor, é o Eric. Você sumiu. Estou com saudades. Beijo.”

 

Salut, vous avez atteint le Gina. Oi, você ligou para a Gina. Laisser un message. Deixe seu recado.

“Cadê você Ginevra Weasley? Já viu as revistas que saíram citando sua discussão com o Draco no hospital? Prepare-se para o escândalo. A propósito, disse pra todo mundo que você está no Percy. Beijo Scarly.”

 

Você ligou para Draco Malfoy, favor deixar seu recado, pois não posso atender no momento. Obrigado.

“Draco é a Lola, não atenda nenhum jornalista nem responda nenhuma pergunta. De ninguém! Estou mandando um comunicado oficial em seu nome, desmentindo a discussão.”

 

Você ligou para Draco Malfoy, favor deixar seu recado, pois não posso atender no momento. Obrigado.

“Draco cadê você? Max está aqui e eu não sei o que fazer com ele. Sou sua advogada, não escrava particular. Me liga. Pansy.”

 

Salut, vous avez atteint le Gina. Oi, você ligou para a Gina. Laisser un message. Deixe seu recado.

“Amor, é o Eric mais uma vez. Esqueci de dizer, estou indo para Londres. Nos vemos a noite. Saudades.”

 

Você ligou para Draco Malfoy, favor deixar seu recado, pois não posso atender no momento. Obrigado.

“Draco que palhaçada é essa nos jornais? Sei que você não quer definir nossa relação, mas acredito que você já é adulto o suficiente para aceitar que somos namorados. Imagine quão humilhante foi ler sobre você e a vadia ruiva em três revistas. Me liga! Ah, e um beijo da sua Astória.”

 

Salut, vous avez atteint le Gina. Oi, você ligou para a Gina. Laisser un message. Deixe seu recado.

“Gin, é o Max. Escuta, cadê você que não dormiu em casa? Scarlett falou que você foi dormir com seus sobrinhos para o Percy sair com a esposa. Mas você não odeia o Percy? Ah que tédio. Parece que o Malfoy teve uma reunião e não vai me apresentar a empresa. Estou esperando Pansy vir me dar um tour. Te ligo depois. Beijo.”

 

Salut, vous avez atteint le Gina. Oi, você ligou para a Gina. Laisser un message. Deixe seu recado.

“Gina, é o Tad. Escuta, quer almoçar comigo hoje? Queria falar com você sobre a Faith. Me liga. Beijo.

 

Você ligou para Draco Malfoy, favor deixar seu recado, pois não posso atender no momento. Obrigado.

“Draco é a Pansy, mais uma vez. Sei que você está em casa, essa sua empregada é uma péssima mentirosa. Ahh que raiva! Tudo bem, escuta, vou colocar o Max no andar debaixo, naquela sala que era do Erwin. Vou deixá-lo encarregado da Firebolt, você goste ou não. Afinal, não está aqui para dizer nada. Aceite.”

 

Você ligou para Draco Malfoy, favor deixar seu recado, pois não posso atender no momento. Obrigado.

“Draco é o Terren. Vamos almoçar hoje no The Ivy? Reserva confirmada para uma da tarde, vê se não atrasa cara.”

 

Salut, vous avez atteint le Gina. Oi, você ligou para a Gina. Laisser un message. Deixe seu recado.

“Louca, é a Dakota. Fui obrigada a falar sobre você e Draco, já que todos os jornais do mundo falaram sobre vocês. Acho que fui sucinta e discreta, te mandei o link inbox. Qualquer coisa me liga, beijos.”

 

Você ligou para Draco Malfoy, favor deixar seu recado, pois não posso atender no momento. Obrigado.

“Draco é a mamãe. Acabei de ler sobre você e a menina Weasley, sabia que iam acabar ficando juntos. Você sempre consegue o que quer, não é? Bem, traga-a para um almoço na Mansão Malfoy semana que vem. Devo chegar do Caribe na próxima segunda. Beijos filho.”

 

 ***

 

 Gina suspirou e desligou o celular. Draco terminou de ouvir a última mensagem e também desligou. Os dois se encararam, ainda deitados na cama, no mais completo silêncio. E então, um segundo depois, estavam às gargalhadas.

 

-Que horas são? – Draco perguntou enquanto ensaiava levantar – Pansy está tão puta da vida comigo.

 

-Onze horas – Gina avisou, um leve sorriso nos lábios – Sabe – ela disse lentamente, recostando-se na pilha de travesseiros atrás dela – Você melhorou muito.

 

-Vamos dizer que nós melhoramos – Draco sorriu – Aposto que minha empregada acha que estou morto aqui, nunca fui de atrasar pra nada.

 

-Vou almoçar com o Tad – ela bocejou e se sentou, os pés alcançando o chão macio – Você me deixa em casa?

 

-Claro que sim – ele murmurou, puxando-a de volta pra ela – Só não sei porque vai almoçar justo com ele. O grande babaca – Draco deu beijinhos no pescoço dela, as mãos já tentando abrir o sutiã que ela tinha acabado de colocar – Não existe amizade entre ex-namorados.

 

-Não seja ridículo – ela sorriu – Ah! Onde tá me levando? – gritou quando ele levantou da cama com ela nos braços – Draco!

 

-Vamos tomar banho rainha – ele sorriu, tão relaxado que sequer parecia Draco Malfoy – E então eu te levo para casa, mas só se você me disser que não vai almoçar com o Nott. Caso contrário, te prenderei aqui o dia todo.

 

 ***

 

 Huxley apoiou a mão na altura da testa e tentou proteger os olhos do sol. Eles até tinham o campo coberto, mas ele queria treinar resistência, e nada melhor que uma manhã de sol estralando para aquilo.

 

-Cara, to exausto – Theodore reclamou – Vamos almoçar.

 

-Você vai no The Ivy? Terren me deixou um recado hoje cedo – Hux fixou os olhos em Miguel, que estava sobrevoando o campo e se estressando com outro jogador – Escuta, o Miguel disse porque sumiu ontem?

 

-Não sou a melhor amiga dele – Theo revirou os olhos – Não vou ficar perguntando da vida do cara, se liga Huxley. Vai, vamos logo.

 

-Então você também vai no almoço? – Hux insistiu, ainda de olho em Miguel.

 

-Vou sim – Theo confirmou – Tem um jeito fácil de descobrir sobre ele e Dakota, você sabe. É só ligar e perguntar pra ela.

 

 ***

 

 Dakota e Faith estavam dividindo um imenso sanduíche no Calamidade Bruxa, o restaurante preferido das duas no Beco Diagonal.

 

-Você não vai acreditar! – Dakota arregalou os olhos quando começou a contar – O advogado das Greengrass me ligou hoje. Tive até que chamar meu chefe.

 

-E aí? – Faith riu, incrédula.

 

-Ah, por favor – Dakota mexeu as mãos com descaso – Você conhece o Phillip. Ele riu na cara do tal advogado, elas não têm respaldo legal para um processo.

 

-Você acha que eles voltaram mesmo? – Faith perguntou.

 

 Ela ainda amava Gina e sabia que seriam melhores amigas pra sempre, ela só entendia que agora Scarlett era mais presente em sua vida. Elas moravam juntas há anos, não eram só amigas, tinham virado irmãs.

 

-Eu mandei uma mensagem, porque o celular da bonita estava desligado hoje de manhã – Dakota acenou para o garçom, já pensando em pedir a sobremesa – Mas vou perguntar depois. Vamos pro happy hour hoje?

 

-Já confirmei com as meninas – Faith avisou – Vou chamar a Gin agora a tarde.

 

 ***

 

 Hermione e Dominique rodaram Londres atrás de um apartamento. O que ficava no mesmo prédio de Blaise e Rony era perfeito, mas muito além do orçamento que elas tinham imaginado.

 

-Duas amigas da Pansy me ligaram hoje – Hermione contou enquanto elas procuravam um lugar para almoçar – Querem vestidos.

 

-Precisamos achar um apartamento, fazer vestidos e só então abrir a loja – Dominique encontrou um restaurante de comida orgânica e já foi arrastando Hermione pelo pulso – Comida saudável – a francesinho sorriu.

 

-Tá bom – Hermione revirou os olhos – Depois precisamos comprar tecido.

 

 ***

 

 Lexie não estava preparada para passar o dia todo com Agnés escolhendo as melhores fotos de Ginevra. Geralmente eles não tinham dificuldade, já que as fotos realmente boas se destacam como ouro na lama. Não era o caso de Gina. Todas, absolutamente todas as fotos estavam incríveis. Em alguma ela parecia um fadinha etérea com vestidos esvoaçantes, já em outras, parecia o anjo vingador em saias de couro e tops de tecidos finíssimos.

 

-Essa menina é uma jóia – Agnés estavam tendo um surto de felicidade – Olha isso Lexie. Como é que você a chama mesmo?

 

-Rainha má? – Lexie ergueu uma sobrancelha, já cansada de ver a cara de Gina.

 

-Isso – Agnés bateu palmas, toda sorriso – Willian vai ter que me ajudar também. Tive uma idéia sensacional também. Liga para a Ginevra e marca uma sessão de fotos pra amanhã.

 

-Mais fotos? – Lexie estranhou – Mas já a fotografamos com toda a coleção.

 

-Você sabe como a competição está acirrada hoje em dia – Agnés começou enquanto andava em círculos por sua sala – Revistas, blogs, tanta gente com marcas e mais marcas. Você viu a Moschino na última coleção, com aquela cafonice rosa das Barbies. E fez sucesso.

 

-O que você pretende exatamente? – Lexie cruzou os braços e apoiou o quadril na mesa de vidro – Lançá-la como modelo exclusiva? Gina já disse que não quer modelar, ela é artista plástica.

 

-Eu sei, eu sei – Agnés agitou as mãos – Marque para amanhã. E eu te explico tudo depois.

 

 ***

 

-Você gosta de comida tailandesa? – Tad perguntou enquanto ajudava Gina a sentar – Se não gostar podemos comer qualquer outra coisa.

 

-Claro que gosto – Gina sorriu – Já passei um ano novo incrível na Tailândia. Ficamos quase um mês por lá – suspirou, com as lembranças.

 

-Você e Scarlett, melhores amigas – ele riu – Quem diria. Lembro que vocês se odiavam com todo o coração.

 

-Bem, ela era uma vadia irritante – os dois riram juntos – Acho que foi Paris, o que nos juntou de verdade. Melhores momentos da minha vida – ela suspirou – Sei que sou inglesa, mas juro que me sinto mais francesa que Dominique.

 

-Eu sinto falta de NYC – Tad confessou – Sinto falta dos restaurantes, dos meus amigos. Acho que tenho sentido falta até dos táxis amarelos.

 

-Tad – Gina o observou com um imenso sorriso – Agora para de me enrolar e fala sobre a Faith. Quase não fiquei no Hux ontem, mas vi vocês dois bem juntinhos dividindo uma poltrona.

 

-Na verdade – ele abriu o cardápio – Vamos almoçar em paz e depois te falo minha real intenção. Você é tão curiosa.

 

 ***

 

-Gente! Posso ir aí? – Elisha acenou desajeitada com a imensa pasta azul que estava carregando pra cima e pra baixo – Harry, Terrence.

 

-Eli? – Harry surgiu de um quarto ainda sem porta. Ele estava todo operário, com o jeans e a camiseta preta, na cabeça um daqueles chapéus de proteção amarelo – Achei que você vinha no final da tarde.

 

-Não dá – ela suspirou dramaticamente – Só vim ver como vai a obra. Será que isso fica pronto até o fim do mês? Meggie quer a festa nos jardins.

 

-A pior cliente do mundo – Harry revirou os olhos – Meu chefe de obras faltou e tive que vir socorrer. Terren daqui a pouco aparece também.

 

-Eu nem sabia que vocês estavam pegando casa, não agora que estão cheio daqueles projetos imensos – ela sorriu, distraída olhando ao redor. Era uma casa imensa, maior até que a dos Parkinson.

 

-Sim – ele olhou ao redor – Favor pessoal que minha noiva conseguiu. Agora me fala cadê o seu chapéu de segurança?

 

-Ah, por favor – ela riu – Não preciso disso. Nunca sofro acidentes.

 

-Se ficar aqui, precisa sim – ele falou sério – Vamos pegar um e eu te mostro como vai indo por aqui.

 

 ***

 

 Hayden estava andando para cima e para baixo, gravando e regravando as chamadas para eu programa. Zéllie, por absoluta falta de ter o que fazer, estava colada nele com super cola. Ela precisava fazer alguma coisa, com urgência.

 Ela meio que ainda gostava de Hayden, de verdade. É que ele era tão pouco confiável, com seu sorriso de mil volts e conversinha mole.

 

-Desculpa, você está entediada? – ele sorriu, parando ao lado dela – Não deve demorar muito.

 

-Você podia me deixar ajudar – ela pediu – Não agüento mais postar foto no instagram e mexer no facebook alheio.

 

-Tá – ele sorriu e a puxou pela mão – Vem, vou dizer que você é a minha nova assistente. Assim ninguém te enche.

 

-Sim! – ela sorriu de volta, acompanhando-o até o quarto em que estavam fazendo as gravações – Mas eu vou poder dar opinião de verdade, certo?

 

 Hayden parou de andar e a encarou, silêncio absoluto. Por fim sorriu e concordou.

 

 ***

 

 Blaise e Rony chegaram juntos em casa naquela noite. Estavam exaustos depois de atenderem um enorme acidente perto da estrada. Estúpidos bruxos que não sabiam dirigir carros.

 A sala estava com as luzes apagadas, mas era possível ouvir música vindo da cozinha. Música e alguém cantarolando.

 

-Tá sentindo esse cheiro? – Rony o encarou, abismado – Cara, eu acho que é comida.

 

-Oi! – uma sorridente Hermione colocou a cabeça pela porta – O jantar está quase pronto. Vinte minutinhos no máximo.

 

-Oi meninos – Dominique sorriu enquanto ia para a mesa de seis lugares na sala. Ela estava com os braços cheios de pratos e talheres – Espero que vocês estejam com fome. Hermione exagerou.

 

-Exagerei nada – Hermione revirou os olhos, tão graciosa que Blaise quis arrancá-la dali e enchê-la de beijos.

 

 Os dois seguiram caminho pelo corredor, cada um indo para seu quarto. Antes de bater a porta Blaise estacou, e encarou Rony.

 

-Será que é isso ter esposa? – lançou no ar.

 

-Se for, explica porque o Harry está tão animado com o casamento.

 

 ***

 

 Draco saiu do escritório assim que conseguiu se livrar de Pansy. Max estava bem instalado, e era prioridade que ele ficasse bem satisfeito ali. Ele sabia que Gina cairia sobre sua cabeça como um anjo demoníaco se descobrisse porque ele realmente tinha contratado o garoto.

 

-Boa noite senhor Malfoy – o porteiro acenou educadamente.

 

 Draco respondeu com um imenso sorriso, assustando tanto o porteiro que, por um minuto, Draco pensou que o homem fosse desmaiar ali mesmo. Ele tinha passado pelo dia sem conseguir realmente prestar atenção em nada, só lembrando-se da noite incrível.

 Tinha tentado falar com ela o dia todo, mas teve tanta coisa na cabeça e não queria parecer desesperado. Desistiu de ir primeiro em casa antes de vê-la, talvez pudesse convencer Gina a ir tomar banho com ele. Um longo e delicioso banho de banheira.

 Ele pediria comida japonesa, já que ela gostava tanto, e compraria alguma sobremesa francesa extravagante, já que Scarlett dissera que era o doce favorito de Gina.

 Parou o carro de qualquer jeito na frente do prédio dela. Quando o elevador parou e as portas se abriram, ele não pode evitar o patético sorriso estampado em seu rosto.

 

-Oi – falou enquanto ia entrando.

 

 A sala estava só com os abajures acesos, criando uma meia luz perfeita.

 

-Draco – ela o olhou, surpreendida – O que está fazendo aqui?

 

-Eu abri – Scarlett surgiu na sala, mexendo distraidamente no celular – Draco, escuta, você sabe se Nagaia ainda exige duas semanas de antecedência para reserva? Max prometeu me levar lá, pra comemorar o emprego novo.

 

-Sei lá Scarly – Draco deu de ombros – Nunca tive que esperar por uma reserva.

 

-Malfoy egocêntrico – ela o encarou, riso nos olhos – Esqueci que você é o deus Malfoy, nossa celebridade suprema.

 

 Draco revirou os olhos e riu.

 

-Eu não sabia que você ia jantar com seus amigos – Draco voltou os olhos para Gina, que ainda o encarava meio sem jeito. Provavelmente tímida, ele imaginou – Eu não sabia, na verdade nem penseiem nada... Sóapareci aqui. Estava pensando em pedir comida em casa, mas se você quiser...

 

-Draco... – ela o cortou – Preciso falar com você.

 

-Certo... – ele não disse mais nada enquanto a seguia pelo corredor e então no quarto. Os dois entraram, ainda em um incomodo silêncio – Olha eu não...

 

-Draco, eu tenho um namorado – ela lançou de uma vez só, caminhando sem rumo pelo quarto – Quer dizer, nós saímos há um tempinho e... É, eu tenho um namorado. Eric. Ele me trata mais oficial do que eu o faço, mas ainda assim éramos exclusivos em Paris.

 

-E você nem mesmo pensou em me dizer que tem um namorado? – ele respirou fundo algumas vezes, ainda parado no mesmo lugar, as mãos dentro dos bolsos da calça. Irritado, mas também incrédulo.

 

-Eu só... Eu realmente não pensei no Eric – ela suspirou – Ele me ligou hoje cedo e disse que vem pra cá. Na verdade, ele já deve estar chegando.

 

-Quer saber? – ele a encarou, furioso – Eu até poderia te acusar de mil coisas, como me fazer de idiota, mas na verdade a culpa é toda minha. Não mais. Somos pessoas diferentes Ginevra, eu não sou mais aquele garoto de dezessete anos, pisando no meu orgulho por uma chance. Eu não sou um moleque.

 

-Draco... – ela começou, angustiada – Você está entendendo tudo errado.

 

-Eu estou entendendo tudo muito bem, até bem demais – ele a encarou fixamente – Não se preocupe comigo. Daqui em diante, somos apenas conhecidos.

 

-Draco espera! – ela chamou quando ele deu as costas e saiu do quarto. E então chamou mais uma vez, realmente achando que ele voltaria.

 

 Mas ele não voltou.

 

 ***

 

 Max estava no quarto de hóspedes, terminando de se arrumar, quando Gina entrou. Ele escutou enquanto ela contava toda a história sobre a última noite, e também a briga de poucos momentos atrás.

 

-O pior de tudo – ela continuou com um suspiro derrotado – É que o Eric acabou de ligar. Teve uma emergência com os pais e não vai vir.

 

 Ela se jogou na cama, encarando o teto sem piscar.

 

-Você é uma idiota – Max observou.

 

-Sim, eu sou.

 

 ***

 

 Cormac Mclaggen estava particularmente puto da vida naquela noite. Teria sido um dia agradável, se ele não tivesse chegado em casa para descobrir que seu carro, seu adorado carro, agora não lhe pertencia mais.

 Ele odiava o pai, odiava com todas as forças, mas odiava ainda mais saber que graças a Draco Malfoy todo o mundo sabia de seu fracasso. Ele não ficaria pobre, não completamente, já que tinha a herança do avô, mas jamais voltaria a ser o herdeiro da Firebolt, seu nome não imporia mais respeito a nada nem ninguém.

 

-Filho – sua mãe estava falando – Você pode comprar um carro esporte mais barato. Tem um milhão de modelos. Estamos só nos adaptando Cormac. Não é o fim do mundo.

 

 Mas pra ele era. Era o fim do mundo, o fim da sua vida. E seria também o fim de Draco Malfoy.

 

 ***

 

 Rony olhou rapidamente o celular e viu que tinha recebido uma mensagem de Elisha. Sem nem se incomodar em responder, voltou a se concentrar na conversa com Dominique. Blaise e Hermione estavam discutindo sobre algo bem chato, ele podia dizer pelo tom irritadinho de sua amiga.

 

-Era do hospital? – Dominique perguntou com um sorrisinho de quem sabe das coisas – Ou alguma namoradinha por aí?

 

-Nem uma coisa nem outra – ele riu – O jantar estava maravilhoso. Acho que eu e Blaise deixamos muito a desejar no quesito comida.

 

-Vocês são ótimos – ela sorriu de volta, segurando a mão dele sobre a mesa – Você trabalha amanhã cedo?

 

-Não. Entro duas da tarde, por quê?

 

-Vamos dar uma volta – ela se levantou, puxando-o pela mão – Vamos sair discretamente – sussurrou no ouvido dele – Assim os dois cuidam da louça.

 

-Menina má – Rony murmurou incrédulo, seguindo-a porta afora.

 

 Distraídos, Hermione e Blaise dividiam uma garrafa de vinho e falavam sobre taxas de importação de tecidos e materiais hospitalares.

 

-Somos tão loucos – ela comentou depois de um tempo – Faz uma hora que estamos nisso Blaise. E, olha só, os dois espertinhos sumiram.

 

-Não somos loucos – ele a corrigiu com um sorriso – Só espertos. A casa é toda nossa.

 

-Não tenha idéias – ela sorriu e se levantou – Vamos lavar a maldita louça.

 

 Com um suspiro chateado, Blaise a seguiu.

 

 ***

 

 Gina viu amanhecer através das paredes de vidro de seu quarto. A porta da sacada estava fechada, mas ela quase podia sentir o vento gelado da manhã. Brincou com a varinha, criando pequenas estrelas e vendo-as cair no chão.

 Ela sentia um estranho comichão em seu corpo, quase uma doença. Mas sabia que estava chateada, apenas isso.

 

-Gin? – Max murmurou enquanto se virava na cama – O que diabos você está fazendo?

 

-Nada – ela guardou a varinha no criado mudo e deitou de lado, encarando-o atentamente – Estou chateada ainda.

 

-Você deveria terminar com o Eric – Max aconselhou enquanto passava gentilmente a mão no ombro dela – Sei que ainda está pensando na possibilidade de voltar para Paris depois do verão, Scarly já até mesmo falou que te deixaria morando no apartamento.

 

-Você acha que eu não termino com ele porque idealizei a minha vida parisiense? – ela sorriu levemente – Não sou tão supérflua. Não mais.

 

-Lembra quando você ouvia aquela música do Damien Rice o tempo todo? – ele sorriu – Como chamava mesmo?

 

-Delicate – Gina sorriu com a lembrança – Eu amo aquela música.

 

-E lembra de quando você viciouem The Neighbourhood? – ele continuou, os dedos ainda escovando sua pele devagar, apenas fazendo carinho – E você ficou dias ouvindo Sweater Weather, dias.

 

-Sim... Mas não entendo onde você quer chegar com isso – ela suspirou – Talvez signifique que sou uma louca obsessiva.

 

-O que eu quero dizer Gin – ele ficou mais sério agora, olhando-a sem piscar – É que tem um milhão de músicas sendo gravadas ainda. Você não precisa se prender à mesma canção – ela não respondeu, mas entendeu muito bem a dica – E isso nem sequer é só sobre o Eric. Falo do Malfoy também. Talvez o momento tenha se perdido nesses anos, talvez fosse ser... Antes... Mas agora, agora não vai mais.

 

 ***

 

 Não eram mais de dez horas da manhã e Draco já sentia que tinha corrido uma maratona. Sem pausa. Depois de controlar uma crise na Firebolt, descobriu que Cormac, o estúpido estava lançando boatos seriíssimos sobre ele, deixando Lola em polvorosa e Pansy correndo atrás da papelada para processos e mais processos.

 Ele não conseguia pensar realmente em como se sentia, não quando ainda parecia tão cru tudo o que tinha dito naquele quarto.

 

-Draco – Pansy entrou depois de bater rapidamente – Escuta, estava conversando com o Max e ele me deu uma idéia genial sobre a Nimbus. Você precisa ouvi-lo.

 

 Ele a observou, estático por alguns segundos. Não, não queria conversar com Max. Agora se sentia um completo idiota por tê-lo contratado.

 

-Podemos deixar isso para amanhã? – ele a encarou – Vou almoçar com os chefes de departamento da Firebolt em duas horas. Depois vou ter que passar o resto do dia na fábrica, mostrando que sou um chefe exemplar e não vou demitir as duas mil pessoas que estão anunciando por aí.

 

-Quanto a isso... – Pansy suspirou, incomodada – Preciso te dizer que não podemos provar que partiu do Cormac. O controle de danos foi um sucesso, mas vamos ter que tomar outra medida com o garoto.

 

-Ele está me dando nos nervos – Draco suspirou pesadamente, sentindo a cabeça começar a incomodar – Vou pensar em alguma coisa.

 

-Tudo bem então – Pansy sorriu brevemente e se virou para ir embora. Já estava quase abrindo a porta quando Draco a chamou.

 

-Eu... – ele começou hesitante – Você e Lola tinham razão a meu respeito. Eu estava agindo como um idiota perto dela, estava fazendo tudo errado de novo. Não vou mais ser o adolescente de dezessete anos, não sou mais aquele garoto. As coisas vão... Tudo vai continuar caminhando como estava.

 

-Draco... – Pansy o olhou seriamente – Imagino que algo tenha acontecido, ou você não falaria isso. Só acho que você não precisa ser tão radical. Tem espaço para Draco Malfoy empresário e namorado. Você só precisa conciliar.

 

-Não quando se trata dela Pansy – ele falou, amargurado – Quando ela está no meio, eu não vejo nada além dos olhos verdes.

 

 ***

 

 Cormac esperou impaciente enquanto era anunciado pelo mordomo. Apenas Astória estava em casa naquele momento, mas ela também era a pessoa que ele precisava. Isso é, se as histórias nos jornais e revistas fossem realmente verdadeiras.

 

-Isso é um horário impróprio para visitas, Cormac - Astória falou assim que o viu entrar na imensa sala de visitas.

 

-Não é uma visita de cortesia, senhorita Greengrass - ele revirou os olhos - Preciso de informações e acho que só você vai ser capaz de me falar exatamente o que eu quero saber.

 

-Bem, se é assim - ela dispensou o mordomo com um gesto de mão - Sente-se. Quer beber alguma coisa?

 

-Já disse que não é uma visita - ele se sentou no sofá e a encarou - Eu quero que você me diga tudo o que sabe sobre Ginevra Weasley.

 

 ***

QUATRO ANOS ATRÁS...

 

 

 Ginevra andou sem rumo pelo apartamento, perdida nas sombras da madrugada e nos mistérios do passado. O som estava ligado numa música suave em inglês, fazendo-a querer pegar sua bolsa, uma sandália de salto (provavelmente roubada de Scarlett) e correr atrás da primeira festa incrível que estivesse acontecendo em Paris.

 

Do you know what it feels like to dance alone?Do you know what it feels like?
Do you know what it looks like from the outside?Do you know what it looks like?

 

 Mas era uma terça-feira a noite, quase duas da manhã, na verdade.

 Scarlett e Max estavam discutindo sobre uma exposição insuportável que os três tinham sido obrigados a comparecer naquela tarde.

 A sacada estava aberta, mostrando flashes da cidades nos momentos em que o vento batia na cortina e a fazia dançar. Pegou o celular e mexeu no facebook. A primeira foto que apareceu foi uma de Pansy, Blaise e Draco, o que a fez se perguntar o real motivo de continuar seguindo Blaise no face.  Eles não eram amigos nem na vida real.

 

Won‘t you get up/ Shake in the darkness?
Won‘t you get up / And we could just start this now

 Viu uma foto de Hermione e Dominique com dois caras excepcionais de lindos, o que a fez comentar com uma caretinha piscando. Ela rodou pela página por quase vinte minutos, visitando a vida de cada amigo, mesmo que por um segundo.

 Acabou voltando para a foto de Blaise. Os olhos fixos em Draco e seu sorriso de um bilhão de libras. Ele era tão fora da realidade dela, em tudo, o tempo todo.

 

-Que escuridão! - Scarlett reclamou enquanto entrava na sala, seguida por Max - Hei, vamos tirar uma foto? - sorriu - Uma bem bonita, pra guardarmos de recordação.

 

 Ginevra abriu o maior sorriso, ofuscando qualquer sentimento não compatível com a felicidade absoluta que ela sentia quase o tempo todo.

 

 ***

 

 Draco sabia que precisava dormir, só não conseguia convencer o próprio corpo disso. Seu celular apitou, avisando que alguém lhe mandara uma mensagem no whatsapp. Era de Scarlett. Ele clicou na foto, para carregá-la, e leu a frase curtinha.

 

"Para que você sonhe com os anjos. Beijos Scarly"

 

 Era uma foto de Gina, editada aparentemente, já que alguém tinha um braço ao sobre os ombros dela, mas essa pessoa não aparecia na foto. Só ela. Sorrindo o sorriso de um bilhão de volts. O sorriso que o fizera enxergá-la, tempos atrás, no final de um verão fatídico que foi o grande início de tudo.

 Draco sorriu de volta para a foto, quase inconsciente de seu ato. Sua Ginevra.

 

Cause when you get up I couldn‘t deny it/ You‘re the one I want beside tonight
(Lights - Hurts)


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N/A - Sim, voltei!!! Gente, não vou abandonar a fic, mas passei por situações da vida e acabei bloqueando minha mente criativa. Nada de bom vinha, acabei ficando sem escrever por meses. Mas voltei, voltei mesmo. Um capítulo hoje, sem verificar erros, escrito na madrugada, correria total.
Obrigada vocês que não me abandonaram e prometo atualizar o mais rápido possível.
Desculpas pelos erros, depois arrumo tudo.

Um beijooo a todas 

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