De um jeito perfeito!



- O que houve? Por que você e Tiago estão chorando? – foi direta ao entrar no quarto. Catherine, Alice e Mary imediatamente voltaram as atenções para Lily.


- Terminamos! – o choro de Lily era alto, copioso, dolorido.


- Por quê?! – todas as outras fizeram, apavoradas.


Demorou até que Lily se acalmasse. Cerca de meia hora depois ela ainda estava chorando, deitada em uma das camas de dossel do dormitório. Marlene apenas sentou-se ao lado da amiga e ficou a fazer-lhe carinho nos cabelos ruivos. Alice e Mary vez ou outra paravam de arrumar os malões para estender um lenço de papel ou uma água para Lily. Catherine resguardou-se em seu mutismo. Já passava das 22h30min quando Lily finalmente sentiu-se bem para contar o que acontecera.


- Umas... umas garotas... fa... falaram que... que o Ti... o Tiago era de... de uma... uma linhagem de... bru... bruxos sangues-puros e que... que era e... errado eu estragar tu...tudo para e... ele! – soluçava copiosamente.


- E você ouviu? – Marlene parecia indignada e com certa raiva contida


- É que... que eu na... não podi... podia deixar e... ele estragar a... a vida de... dele assim.


- LILY MARIE EVANS! Eu não acredito que você ouviu essas piranhas e terminou com o cara que mais te amou em toda a sua vida! Que raiva, Lily!


Lily recomeçou a chorar, Mary desistiu das malas e veio para o lado de Lily, coisa que Alice há muito já tinha feito.


- Você não tem como saber o que é melhor para o Tiago ou não, Lily! – Alice fez, chateada. – Como pode fazer isso com o coitado? Ele deu o próprio coração só para você; aí, sem mais nem menos, você age assim?


- Sabe que agora eu estou com pena é do Tiago? Ele não merece que o machuquem assim, Lily. Quando você resolver entender que aquelas meninas queriam que justamente isso acontecesse e que você É UMA NASCIDA TROUXA E NÃO UMA SANGUE-RUIM, eu volto a falar com você! BOA NOITE! – e Marlene bateu a porta do quarto, furiosa.


Lily sentiu os olhos arderem e logo o choro recomeçou.


- Ah, não! Não vem com drama não, Lily! Você que tomou as atitudes para isso! Se fosse o contrário eu desceria essas escadas e mataria o Tiago de pancadas e eu só não desço a mão em você, porque sua amizade me importa muito! – Alice também parecia brava com Lily, que teve de se contentar em aceitar sua enorme burrada e o fato de que não haveria nenhum maroto a lhe dar beijo de bom dia dali a algumas horas.


***


PoV Sirius:


Eu não sei o que eles conversaram naquela sacada, mas sei que o Pontas tá mal. Mal não, tá péssimo!


A única vez que vi o Tiago assim foi na noite da carta da Tia Samantha. Meu amigo estava chorando! A ruiva também estava, mas ela tinha a Lene para consolá-la e, se entendi bem, acho que o Pontas e a Lily tinham brigado, caso contrário um estaria apoiando o outro.


Eu e o Aluado vimos a Lene subir com a Lily e depois o Pontas sentou do nosso lado, com as mãos no rosto e os cotovelos apoiados no joelho. Levou uns bons vinte minutos para que meu amigo levantasse a cabeça. Foi somente aí que Aluado e eu pudemos ver o rosto inchado e vermelho do Pontas, a coisa era séria!


- Pontas, cara... você tá bem?


- Não! – ele só me disse isso, sem nem me olhar. Preocupei.


- O que houve? – o Remo foi mais rápido que eu.


- O que houve? – Tiago repetiu com certa ironia. – Houve que a LILY TERMINOU COMIGO! HOUVE QUE DEPOIS DE QUATRO MESES DIZENDO QUE EU A AMAVA, DEPOIS DE QUATRO MESES SENDO O MAIS DEDICADO POSSÍVEL, ELA VEM E ME DIZ QUE DEVEMOS TERMINAR! E MAIS! TEM A CARA DE PAU DE DIZER QUE NÃO TEM OUTRO CARA NA HISTÓRIA!


A sala comunal inteira estava olhando para a gente. Não que eu não goste de atenção, mas tem coisas que é melhor que pouca gente saiba.


- Calma, Pontas. – o Tiago tremia dos pés à cabeça, não sei se de raiva ou o quê. – Anda, vamos para o dormitório. – o Aluado recomendou e então todos nós subimos para o quarto.


Lá, o Pontas extravasou a raiva dele. E como ele estava com raiva! O vi socar travesseiros e almofadas, chorar, berrar... o Frank tomou um susto quando saiu do banheiro e viu o Pontas surtando no meio do dormitório. O Aluado arrumava o malão calmamente, mas eu estava preocupado com nosso amigo.


- Aluado! Quer parar de dar atenção para essas malas e vir me ajudar a controlar o Pontas antes que ele tenha um acesso e caia duro no chão!  - eu disse uns 30 minutos depois, quando o Pontas estava deitado em sua cama, chorando silenciosamente enquanto fingia dar alguma atenção àquele pomo de ouro idiota.


- O Pontas vai ficar bem, Almofadinhas. Ele precisa do espaço e do tempo dele... o que a Lily fez com nosso amigo deve causar uma dor que nem Merlin descreve. – ele respondeu, dando uma olhadela na cama do Tiago e percebendo que, provavelmente, estava certo.


- Mas é muita cara de pau da Lily fazer isso com ele, né? Quer dizer, quem aquela garota acha que é para pisar assim no sentimento dos outros? Aposto como ela tinha armado tudo só para deixar o Pontas na pior. – eu estava furioso com aquela ruiva.


- Foi muita maldade da Lily mesmo. Não combina nada com a garota que conheci... – até o Remo assentiu.


Ouvi alguém batendo na porta. Se fosse a Lily, ela ia escutar umas boas verdades de mim. Mas não... era só a Lene.


- Estou furiosa com a Lily! – foi a primeira coisa que ela disse, indo se sentar na minha cama.


- Se for para falar da Evans, melhor sair daqui, Marlene. – o Aluado fez e eu concordei.


Ela nos ignorou e passou a conversar com o Pontas.


- Tiago... como você está?


- Péssimo! – ele disse com a voz embargada. Sim, o meu amigo ainda estava chorando.


- Eu fiz o favor de jogar na cara da Lily a maior quantidade de coisas que tive cabeça para falar sem descer a mão na cara dela. – a Lene comentou. – Não acreditei no motivo imbecil dela para ter feito isso.


- Nem deveria! A Lily é uma falsária, nojenta, cretina... – a Lene não me deixou terminar.


- Eu posso estar com muita raiva dela, mas você não vai humilhá-la na minha frente! – ela disse, levantando-se. O Pontas se sentou.


- ELA HUMILHOU O MEU MELHOR AMIGO! COMO QUER QUE EU NÃO ESTEJA FURIOSO COM ELA?!


- NÃO LEVANTE A VOZ PARA MIM! VOCÊ NÃO SABE DE NADA DO QUE ELA ME DISSE E SE VOCÊ A VISSE AGORA, IA PERCEBER COMO ELA TAMBÉM ESTÁ PÉSSIMA!


Íamos acabar brigando também, e um casal acabado, por dia, já era o suficiente; então achei melhor fazer algo que nunca tinha tentado: engolir um pouco do meu orgulho e não falar nada.


- A Li... a Lily... tá... tá mal? – ouvi o Pontas gaguejar. Meu sangue fervia de raiva contida.


- Muito mal! Acredite, ela não fez isso porque quis... ela fez o que achava melhor para você.


Aluado e eu bufamos... essa era a desculpa mais fajuta... todo mundo dizia essa quando queria terminar.


- É verdade! – a Lene a defendeu. – Umas garotas fizeram a cabeça da Lily para ela achar que estava estragando seu futuro ficando com você, Tiago.


Achei aquilo meio estranho, mas não disse nada. O Pontas fungou por mais um tempo, respirou fundo e então...


- Por... por quê?


- Oras, porque... porque você é sangue-puro e ela não! Sua família é sangue-puro há gerações! Acha mesmo que seria a Lily quem ia querer quebrar tradições? A Lily? Fala sério! Ela é capaz de desistir do amor dela só pela sua família, Tiago...


O Aluado parecia entender e aceitar, já eu achava uma idiotice.


- Precisa convencê-la que está errada. Por favor! Ela te ama! – a Lene interpelou


- Ela nunca disse que me amava. Não com sinceridade, assim... do fundo do coração. Eu dizia a cada dia, mas nunca ouvi de volta. – o meu amigo estava realmente magoado.


- Você não sabe o mal que o primeiro e, até você, último namorado da Lily causou nela. – os olhos da Lene se tornaram escuros. – Lockhart destruiu tudo que a Lily idealizava sobre romance. Ele a ameaçava para que ela ficasse com ele, para ele a Lily não passava de um objeto que ele podia controlar!


Eu choquei. Então a Lily tinha sido maltratada?


- AQUELE IMBECIL MACHUCOU A LILY?! – acho que a ideia de alguém ferir a ruiva de qualquer maneira tirou o Pontas do sério muito mais que a realidade de ter tomado um pé na bunda.


- Nunca houve um “Eu te amo”, nem um “Eu te adoro”. A Lily se tornou meio fechada com esse negócio de amor... não a culpe, Tiago...


Ficamos em silêncio. Era até razoavelmente justo o motivo da Lily para tomar essa atitude. Era o jeito dela de mostrar que amava o Pontas... Ninguém queria dizer nada, porque, afinal de tudo, a vida era do Pontas, era ele quem decidia se a Lily merecia uma chance com ele ou não.    


- Lene... – ouvi o Pontas chamar depois de um tempo. – Chama a Lily para mim? Pede para ela me deixar conversar... saber o que realmente aconteceu...


- Sinto muito, Tiago, não vou fazer isso. – a Lene cotou-o antes de ele terminar. – A sua história com a Lily já envolveu muita gente. Primeiro só vocês, depois a Angelina Dion, eu não quero ser a próxima... além disso, estou muito chateada com a Lily. Cansei de ela ser tão cabeça dura! Somos melhores amigas! Ela deveria ter me contado o que estava acontecendo e eu ia aconselhá-la... estou magoada com ela, essa é a verdade! Se resolvam vocês, eu sei que vocês conseguem e merecem ficar juntos.


- Tá com tanta raiva assim dela? – o Aluado perguntou para a Lene


- Não. – ela parecia cansada, frustrada. – É só uma mágoa. No final da contas eu vou estar na casa da Lily, rindo enquanto me apronto para o casamento da irmã dela. – a Lene sorriu melancólica e eu a abracei pelas costas.


- E ai, Pontas, o que vai resolver? – eu voltei minhas atenções para o meu melhor amigo.


- Dormir. – ele fez, triste. – Amanhã vai ser um dia muito difícil.


Ele não podia estar mais certo.


PoV Sirius Off


***


A manhã daquele sábado começou cedo para todos os alunos. Era o dia da volta para casa!


Muitos alunos levantaram ainda antes de amanhecer para fechar os malões e se preparar para voltar à suas casas. Lily Evans foi um desses alunos. Não que ela ansiasse sair de Hogwarts, ao contrário, desejava ficar para sempre. Em verdade Lily não dormira aquela noite, dividida entre a dor do término e a saudade precipitada de deixar seu segundo lar, Hogwarts.


Ainda eram 5:30 da manhã e ela estava já de pé, separando a roupa com que deixaria a escola: seu jeans azul, a camiseta vermelha com o leão dourado, os All Stars negros de cano médio, e a capa do uniforme.


As últimas roupas foram dobradas e deixadas sobre a cama para, depois, serem guardadas. Lily esvaziou o malão com o maior silêncio que pode. Livros, pergaminhos, penas quebradas, tinteiros vazios, um álbum de fotos (que ganhara de Marlene, no natal). Havia roupas dobradas e guardadas com cuidado. Um par de luvas grená estavam juntas de um vestido de renda, Lily os usara no ano-novo. Na ocasião Tiago a abraçara e o primeiro beijo dos dois quase acontecera. Lily tomou o tecido nas mãos e o cheirou. O perfume de Tiago estava impregnado nas luvas. As lágrimas tornaram a descer, finas.


No fundo do malão, havia uma pequena caixa vermelha, de laço branco, toda amassada. Lily nem mais se lembrava de onde a caixa viera. Resolveu abri-la. Dentro havia um cordão de ouro com um pingente de diamante,  em forma de coração, e um bilhete.


 


Oi, Lily.


É tão bom poder te chamar assim, sabia?


Ok, não vou ficar te dando cantadas bobas, vamos ao que importa.


Enfeiticei esse colar para que o pingente seja de diamante enquanto eu for vivo e te amar. Espero que ele esteja assim quando você o achar. (Sim, eu sei que você não está vendo-o no dia em que ganhou de mim)


Por que eu fiz isso? Simples, porque preciso que saiba que eu te amo! E talvez eu já esteja morto quando você ler o bilhete (cruz credo! Bate na madeira), então talvez esse pingente nem seja mais de diamantes, mas ele era quando te dei, Lily, acredite! Noite retrasada, quando você descobriu o segredinho do Aluado eu tive medo. Medo de verdade, medo de te perder. De que você morresse ali! Eu nunca me perdoaria por não ter feito nada...


Tomara que quando você abrir esse presente nós estejamos juntos e beeeeem velinhos, porque ai você vai saber o quanto eu sempre te amei. Mas se, por algum motivo seja diferente, por favor, lembre-se de mim, ruiva.


De um maroto que já não aguenta mais amar tanto alguém,


Tiago “Pontas” Potter,


o seu eterno maroto!


 


- Você é uma estúpida, Lily! Como deixou que ele fosse embora? Como conseguiu ter a coragem de fazer tanto mal a um garoto tão doce e romântico como esses! – Lily murmurou para si, com raiva.


O cordão ainda tinha o pingente feito de diamante, o que não poderia deixar Lily mais feliz e angustiada simultaneamente. Pôs o cordão em torno do pescoço e apertou com força o coração de diamante, deixando que outra lágrima descesse por seus olhos verdes. Após alguns minutinhos de choro silencioso, Lily voltou à arrumação.


Os livros da escola foram empilhados em um canto do malão, junto ao caldeirão e ao kit de preparo de poções. As calças jeans e saias formaram uma pilha média ao lado do caldeirão. A bota de inverno e as sapatilhas (devidamente limpas) foram colocadas na outra aba do malão. Ao lado, as camisas, vestidos, luvas, cachecóis, gravatas, uniformes... todos dobrados e empilhados. Só restavam os livros de leitura de Lily. Todos estavam sobre a mesinha de cabeceira dela e a ruiva sentiu um grande aperto no peito ao retirá-los de lá. Não haveria como deixar um volumezinho para o ano seguinte, pois não haveria ano seguinte ali.


A mochila vermelha, onde outrora carregara os livros e pergaminhos com deveres, foi abastecida com o álbum de foto, o livro com que ganhara de Remo no natal, um agasalho fino, o diário, penas e tinteiro, o bilhete que recém lera e um poema bobo que Tiago jogara em Lily, na aula de feitiços, três semanas atrás. A varinha ficou no bolso de fora. Não havia mais nada pertencente a Lily espalhado naquele quarto, a não ser o ursinho de pelúcia sobre a cama e as vestes dispostas sobre a cama.


Doía. Doía ter de sair deixar o dormitório para não mais voltar. Com os olhos cheios d’água, Lily rumou para o banheiro, com vestes e toalha na mão.


  Próximo às sete e meia, Lily deixou o dormitório, triste e deprimida. A sala comunal estava quase vazia, exceto por alguns alunos do primeiro ano. E um maroto.


Um maroto que encarava as chamas da lareira com um olhar perdido e monótono. Lily sentou-se ao lado dele no sofá. Nenhum dos dois se olhou. Depois de muito tempo, Lily resolveu quebrar o gelo.


- Oi.


- Oi. – ele respondeu.


- Está com raiva de mim? – ela questionou, receando a resposta.


Houve um suspiro sonoro. Depois o maroto tornou a falar.


- Não exatamente. Estou decepcionado.


Aquilo parecia doer mais ainda. Decepção. Lily não queria ter decepcionado ninguém.


- Achei que durariam por muito tempo. Ele te amava.


- Amava? Não ama mais? – Lily pareceu transtornada. – Não pode deixar de me amar assim, de um segundo para o outro!


As lágrimas não davam mais folga à ruiva.


- Desculpe! – ele finalmente a olhou nos olhos. – Desculpe Lily, não quis te fazer mal. Eu me expressei errado. Ele ainda te ama, mas está ferido.


- Eu não o mereço, Remo! Não posso destruir a dignidade dele assim!


- Eu nunca achei que viveria o suficiente para isso. Ver uma grifinória se conformando que é o que os outros dizem que ela é! – havia certo nojo na voz de Aluado.


Lily não respondeu. Houve outro suspiro fundo e então o maroto se levantou.


- É realmente uma pena que você não reconheça o quão fantástica é. E pior ainda, que magoe o cara que te ama só por achar que não é boa. Eu não conhecia essa Lily Evans insegura e influenciável. E, infelizmente, não gostei de conhecer.


Lily Evans viu Remo Lupin sair da Sala Comunal e não fez nada. Lily Evans sentiu que ele estava certo, mas a burrada estava feita... não havia conserto para o maior erro de sua vida.


- Ao menos eu sei que arrependimento mata. – Lily sussurrou para si própria. – E tomara que não demore tanto! – também saiu para tomar o café.


Havia um maroto embaixo de uma capa. Havia olhos inchados por trás de óculos. Havia cabelos espetados debaixo de uma capa de invisibilidade. Havia um sorriso triste.


- Como te deixar morrer por mim se posso te salvar, Lily?


 ***


Marlene, Mary, Catherine e Alice desceram do dormitório pouco depois. Sirius e Tiago jogavam xadrez em frente a lareira.


- Bom dia, meu amor! – Lene cumprimentou. Ela e Sirius trocaram um selinho. – Como vai, Tiago?


- Indo. – ele sorriu triste. – Vou dar a cartada final daqui a pouco. Se não der certo... aí eu desisto da Lily de vez, Lene.


Mary, Cath e Alice se apiedaram.


- Lily não foi justa, nem certa! – Alice reclamou.


- Nem te disse o porquê! – Mary continuou.


- Não sei o que dizer... – Catherine se eximiu


- Chega gente! A Lily agiu péssimo comigo! Mas foi comigo e eu já aceitei! – ele se explicou. – Eu entendo o lado dela e também entendo o meu, mas já passou! Se ela me quiser, ótimo! Se não... se não eu me entrego ao trabalho incessante no ministério!


As garotas notaram o humor e riram um pouco. Pontas sorriu triste e então convidou todas para o café.


- Podem ir indo na frente, vou esperar pelo Frank! – Alice avisou antes que os amigos saíssem da sala


No Salão, Melhissa e Remo conversavam animadamente sobre um assunto que Lily não prestava atenção. Quando os amigos entraram pela porta principal, o coração de Lily se apertou. Tiago estava abatido.


Tão ou mais abatido que ela própria. Os cabelos pareciam sem vida; os olhos, tristes e o sorriso maroto, outrora tão reluzente parecia murcho quando Tiago ria de alguma baboseira que Sirius dizia. Lene sussurrou algo para Sirius, que sentou-se com Tiago no meio da mesa, e então andou até Lily, na ponta da mesa da grifinória.


- Oi, Lily. Como está?


- Como pareço? – ela retrucou sem emoção.


- Moribunda. Moribunda como uma múmia, Lily! – Lene repreendeu-a. – Cadê a vivacidade da minha amiga, eim? – a menina tentou animá-la.


- Perdida em algum lugar no coração do Tiago. – Lily devolveu, tomando um gole do chá.


Lene apenas bufou e começou a comer.


O salão se encheu rapidamente e logo todos os alunos já estavam tomando café da manhã. Próximo as nove horas, o professor Dumblendor chamou a atenção de todos os alunos e começou a falar.


- Meu queridos alunos! Gostaria de dizer algumas palavrinhas antes de despedir-me de vocês mais uma vez. Primeiro, parabéns! Parabéns por mais um ano de conquistas escolares, talvez o primeiro – o olhar dele se perdeu entre os primeiranistas. -, talvez o último – se deteve nos marotos. -, mas certamente, de conquistas! Tenho é verdade, muitos anúncios a fazer. Creio que todos estão muito curiosos para conhecer a casa vencedora da taça, esse ano – os olhares dos alunos ficaram excitados. -, mas paciência. Há, antes, algo mais urgente.


Cochichos e muxoxos se fizeram ouvidos pelo salão.


- Há muito tempo, conheci dois jovens alunos brilhantes! Os vi crescer tal como vocês... eles eram especiais. Tinham um talento nato para feitiços e, por isso, não me surpreendi quando os vi aurores após deixar a escola. E, tempos depois, os vi casarem. Demorou muito até que eu tivesse a felicidade de vê-los com uma criança nos braços, mas a criança que veio também foi especial... cativante! Um menino cativante! Com tendências à brincadeiras, confesso, mas brilhante e doce! Quando percebi, ele já estava aqui em Hogwarts, sendo um aluno exímio, com muito talento e a quem eu muito admiro pela fibra e lealdade aos amigos! Essa manhã, esse aluno tão especial e querido me pediu uma ajuda... e quem sou eu para negá-la, uma vez que prometi sempre ajudar meus alunos, não? Venha cá, meu jovem... não se acanhe. Sei que precisa fazer isso, Charlus!


  Muitos olhares vagaram pelo Grande Salão, atrás de descobrir quem era Charlus. Da mesa da Grifinória um aluno levantou-se. A cabeça erguida, o olhar determinado (embora os olhos estivessem inchados). Tiago Potter não poderia ser Charlus, poderia?


Ele parou em frente ao diretor e cumprimentou-o com uma reverência discreta, Alvo Dumblendor sorriu, sereno, e incentivou Tiago a falar.


- Hum... oi. Pois é, eu sou Charlus – riu nervoso. – na verdade, Tiago Charlus Potter e eu vim aqui hoje para... – respirou muito fundo. – para salvar um pedaço de mim que está quase morto. Eu sempre fui de brincadeiras e bagunças, como o próprio Tio Dumbie – Minerva o reprimiu com o olhar e alguns alunos riram. -, quer dizer o professor Dumblendor, disse, mas não quer dizer que eu não tenha sentimentos. E muita coisa tem mudado para mim, muito rápido tudo! Tem uma pessoa que é muito importante para mim, muito mesmo! Essa pessoa me incentivou a seguir o meu sonho, me mostrou tanta coisa fantástica e também me fez ver o quanto eu era estúpido. Basicamente essa pessoa mudou meu ano! Mas ela foi embora. Foi embora da minha vida tão de repente que me assustei, eu não acreditei.


O salão inteiro estava quieto, todos prestavam atenção na narrativa de Tiago Charlus Potter.


“As pessoas são más... inventam coisas, dividem, criam discórdias. Eu não sei quem fez essa coisa horrível comigo, mas conseguiu me atingir de um jeito que aposto nunca ter tentado. Seja lá quem tenha feito, sabe o que fez e agora sente sobre si a terrível humilhação de ser um cretino. Mas não importa, isso só serviu para uma coisa: mostrar aos outros uma coisa que há muito já deveria ter sido mostrada! Lily Evans, você sabe que eu a amo incondicionalmente e que eu daria minha vida por você quantas vezes pudesse, mas você se deixou ser manipulada, usada... eu sinto demais, mas preciso pagar esse mico aqui na frente para ver se você se toca!”


Lily estava tal qual um tomate. O rosto, da mesma cor que o cabelo, ardia em brasas e as orelhas pegavam fogo. Sentia muitos olhares sobre si, dos quais os mais incomodantes eram o de Marlene, a seu lado, e Tiago, na frente não só dela, mas de toda a escola.


- Sangue-ruim. É de sangue-ruim que te chamam, não é? – Lily não podia suportar, não dele. O nó em sua garganta ameaçava explodir, tal qual as lágrimas que desciam de seus olhos. Lily não assentiu. O resto do salão parecia ultrajado com a frieza de Tiago.


- É ou não é, Lily? – ele tentou outra vez


- Por favor não faça isso comigo. – ela chorava.


- Eu só posso imaginar como isso dói. Somos todos iguais, Lily; antes de trouxas ou bruxos, somos todos humanos. E sobre ser sangue-puro ou não... – Tiago puxou a varinha do cós do jeans – Diffindo! – um corte se fez em seu braço e um filete de sangue escorreu, manchando o chão de mármore. – O sangue que você está vendo escorrer aqui não mais claro ou mais escuro, melhor ou pior que o escorreria de você se você se cortasse agora.  – com um floreio rápido, Tiago curou o corte de seu braço.


O salão estava sepulcralmente silencioso.


- Ninguém é melhor que você! Que dirá eu, que sou cheio de defeitos, Lily! E se te importa tanto essa coisa de tradição familiar, vou te dizer a solução simples: QUE SE DANE TUDO! – ela sorriu, com o rosto molhado. – Que se dane se minha família é ou não é sangue-puro há gerações! Regras nunca foram o meu forte mesmo... não desista de mim, ruiva! Não desista de mim, assim como não estou desistindo de você!


- Seu idiota! – ela disse sorrindo bobamente. – Precisava fazer isso no meu do Salão Principal e na hora do café?


- Se não fosse assim, não seria eu, Lily! – Tiago retrucou, sorrindo malicioso.


- Você não existe! – e correu até ele.


Não havia professores, não havia regras sendo quebradas, não havia mais nada quando os lábios de Lily puderam se tocar outra vez nos de Tiago. A sintonia era a do amor perfeito e completo. Já não podiam se separar, pois o certo era estarem juntos. Por isso os assobios e os gritos não foram ouvidos, nem os suspiros, os berros, as palmas... nada. Lily só ouvia uma coisa, o coração de seu amado batendo junto ao seu! Afinal, era o que mais importava! A relação dela com Tiago era assim, de um jeito único! De um jeito especial!
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N/A: Meus leitores! (isso é, se a essa altura ainda tenho algum!)
Não vou chorar as pitangas como sempre por não ter postado antes... a escola tem sido muitíssimo puxada e, ainda bem, entrei de férias! (Na verdade só semana que vem.)
Espero que me perdoem pela demora terrível, mas, como dito no início, eu não abando minhas fics!
Esse foi o último capítulo da fic, o epílogo virá até sexta que vem e será uma ligação para a segunda temporada da fic.
Espero que tenham gostado, sei que pareceu meio bobo, mas sempre tive vontade de esculachar essa ideia de que existe bruxo com sangue melhor que outro desde que o Draco chamou a Hermione de Sangue-Ruim, em CS.
Achei que seria legal o Tiago mostrando para a Lily que o que o Snape falou nunca foi verdade!
Enfim...
O que acharam? Trasgo? Deplorável? Passável? Bonzinho? Legal?
Podem responder nos comentários, eu vou adorar ver sua opinião!
Obrigada por quem ainda lê,
Morgana Pontas Potter 

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Comentários (1)

  • brunissimaaa

    só por favor não nos deixe tanto tempo sem o próximo captulo! amooo sua fic <3

    2014-11-30
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