A dois passos da realidade
O final de semana pós N.I.E.M’s foi tranquilo. Cheio de brincadeiras e momentos de curtição... o domingo chegou mais cedo do que pareceu, assim como a semana. As horas de aula voavam e Lily se apegava a todos os minutos que tinha para curtir o castelo... seria a última vez que tomaria o trem rumo a sua casa após o final das aulas em Hogwarts. Deu-se conta dessa verdade, três dias antes de as aulas acabarem...
- Tiago? – ela chamou na noite de terça-feira, após a aula de Trato de Criaturas Mágicas
O rapaz estava sentado no sofá, com a cabeça de Lily sobre suas pernas. Lily deitara-se no colo do namorado e pusera-se a ler, mas a concentração sumira e se perdera em meio a pensamentos confusos
- Oi, Lil...
- Não quero ir embora daqui de Hogwarts... – falou, como uma criança que não quer parar a brincadeira
- Lily... amor, você sabe que eu também não, mas não podemos escolher, não podemos ser alunos para sempre!
- Sinto que estou deixando de ser bruxa... – sentia-se triste
- De jeito nenhum! A magia nunca vai sair de você, Lily... é uma parte sua agora! E que você domina...
- Eu sei, mas... não quero que nada disso acabe! Quero poder dividir quarto com a Lene e conversar até tarde com ela, quero ter um motivo para ver os jogos de quadribol, quero comer a comida dos Elfos, quero ganhar pontos por dar a resposta certa na aula de poções, quero ter outra reunião intragável do Clube do Slug, quero saber que você vai estar na Casa dos Gritos durante a lua cheia, quero não poder ir até a floresta, quero... ah, quero tanta coisa!!
- Ah, Lil... – beijou-a os cabelos. Lily estava com as mãos sobre os olhos, sentindo-os arderem...
*******
Na quarta pela noite, após a aula de poções e o jantar, Tiago decidiu dar uma volta pelo campo de quadribol. Remo tinha ronda da monitoria e depois aula de astronomia, Marlene e Sirius tinham sumido, Pedro ainda estava no jantar e Lily estava respondendo a carta da mãe. Já com a vassoura apoiada sobre o ombro, Tiago parou ao lado de sua amada, observando-a escrever.
- Oi, Lil!
- Tiago! Pelo amor de Merlin, que susto! – levou as mãos ao coração, sentindo-o bater violentamente.
- Que estava fazendo?
- Escrevendo uma carta, parece óbvio, amor...
- Engraçada você, eim, Lily Evans? – ele mostrou a língua para ela.
- Eu tento – retrucou guardando o tinteiro e dobrando sua carta, de modo a fazê-la caber no envelope. – Ah, e quem dá a língua é porque quer beijo!
- Você me entende muito rápido, Srta. Evans Potter... – riu, acompanhando-a até a sacada, onde uma coruja cinzenta esperava por Lily.
- E desde quando nós nos casamos, eim? – riu em resposta. – Trinity, leva a carta para a mamãe, tá? E se lembra de bicar ela até ganhar alpiste! Me espera lá em casa, ok? Só volta se a mamãe mandar alguma resposta!
A coruja alçou vôo por entre o sol poente. Tiago enlaçou Lily pela cintura, distribuindo beijinhos pelo rosto da namorada, indo em direção ao pescoço.
- Tiago... – ela gemeu baixinho – chega... nossos limites... – tudo eram sussurros
- Quer dar uma volta no campo de quadribol comigo? – sua voz rouca ressoou pelo ouvido de Lily, causando leves arrepios. Lily concordou e logo estavam pisando a grama fresca e verde do jardim.
Tiago decolou, sentindo o vento morno de começo verão bagunçando seu cabelo e empurrando seus óculos mais fundo em seu rosto. A sensação deliciosa de liberdade, que só não era melhor que os beijos de Lily. A ruiva, por outro lado, ficara sentada no chão, vendo-o dar giros e voltas no ar, sorrindo bobamente ao admirá-lo. Perdeu-o de vista. O sol já se punha no horizonte e o céu pouco a pouco transformava seus tons alaranjados em escuridão completa. Já passava das 19h.
- Que tal ir comigo dessa vez?!
- PELO AMOR DE DEUS, TIAGO! DÁ PRA PARAR, CRIATURA! – respirou fundo, tentando controlar o pânico súbito. Tiago ria. – Para de rir! Não tem graça seu infeliz! E não! Eu não vou voar.
- Vem logo, Lily... é tão gostoso...
- Tiago, não. – choramingou enquanto ele a levantava do chão.
- Por que não?
Porque não. Não quero!
- Não mente, Lily... por que não quer voar comigo? – teimou, cruzando os braços.
- Não é nada! – desistiu, diante do olhar inquisidor dele. – É que... ah, eu... eu nunca aprendi a voar. Tenho medo. – murmurou baixinho
- Como não? – parecia surpreso
- Fiquei na enfermaria no primeiro dia de aula de vôo, lembra? A menina ruivinha de tranças que saiu da sala de herbologia com o nariz sangrando?
- Era você? – estava mais surpreso
- Era!
- Cara, você já era gata desde pequena, Lily? – ela bateu nele, na altura do ombro. – Sério! Naquele dia eu falei para o Sirius que a única ruiva do 1º ano era muito gata, ele riu e disse que você era demais para mim... olha só onde estamos hoje, hum?
- Então a sua perversão e perseguição por mim é coisa de infância? – ele riu
- Mais ou menos por aí... vem! – aproveitou a distração dela e puxou-a para a vassoura. Empinou o cabo da vassoura para mais alto. Lily berrava.
- Pelo amor de Deus me tira daqui! Eu vou cair! Eu vou morreeeeeeeeeeeeeer! – não conseguiu refrear o grito quando Tiago deu uma curva fechada com a vassoura, deixando-o planando no ar. Lily estava de olhos cerrados, agarrada ao cabo de madeira da vassoura.
- Lily? Abre os olhos... – ela obedeceu-o, devagar. O medo foi se afastando um pouco e dando lugar à felicidade e à emoção. Do alto se podia ver além das montanhas da escola. Os últimos raios de sol se punham distantes, até onde a vista alcançava. Era lindo!
Ficaram ali um tempo, dando voltas e voltas no ar. Mais alguns berros foram soltos. Alguns beijos foram trocados e antes das 20h já estavam subindo a escadaria do 7º andar, em direção à sala comunal.
Tiago ficou sentado na sala comunal, os cabelos revoltosos, os lábios vermelhos... Lily estava desgrenhada, desarrumada, mas ainda parecia muito Lily.
- Vou subir para tomar um banho, ok?
- Tá! Lil, deixa a vassoura no meu dormitório, por favor? – sua cara se curvou em um sorriso pidão.
- Por que eu nunca resisto a essa carinha, eim? FOFO! – beijou-o uma última vez, pegou a vassoura e subiu.
Assobiava uma música quando entrou no dormitório do 7º ano. Parou no mesmo instante em que a porta velha parou de ranger. Ficou chocada com o que viu. Piscou uma, duas, três vezes... ainda era surreal.
- Lily! Meu... meu Merlin, que susto! – Sirius ofegava enquanto falava.
- Eu... eu sinto muito ter atrapalhado! – fechou os olhos, constrangida. Como monitora, já havia flagrado muitos casais no meio de amassos intensos, mas nunca tão intensos.
A blusa do uniforme de Lene estava no chão, junto dos tênis e da gravata de Sirius, que estava sem camiseta e com arranhões na nuca, o cabelo de Marlene era uma confusão só...
- Olhem... eu... eu não vou dar detenção e nem contar a ninguém o que eu vi, mas pelo amor de Merlin! Tranquem essa porta! – Lene deu um risinho sem-graça, escondendo-se atrás de Sirius, que ficou calado, vermelho e constrangido.
Lily virou-se para ir embora, jogou a vassoura de Tiago sobre a cama do namorado e saiu logo depois, batendo a porta atrás de si, certificando-se de trancá-la com o feitiço da Potente Tranca.
*******
Já era tarde da noite quando Lene entrou no dormitório. Passava da meia noite. Entrou pé ante pé, com os sapatos na mão para não acordar ninguém. Lily, contudo, já estava acordada. Deitada em sua cama de dossel, a ruiva esperava pela amiga, para conversar.
- Boa noite, Srta. Mckinon... ou deveria dizer Sra. Black? – Lily sussurrou
- LILY! – foi um grito em sussurros – Quer me matar, garota?
Lily riu com leveza, após ter certeza que nem Alice, nem Catherine nem Mary Mcdonald tinham acordado.
- Não... quero conversar... mas parece que você está cansada para isso eim? – zombou. – Como foi a noite com Sirius Black?!
- Maliciosa! – sentou-se em sua cama, a que era ao lado da de Lily. – Mas foi ótima! Depois que você chegou lá, as coisas ficaram meio tensas... demorou até voltarmos para onde tínhamos parado...
- A culpa não foi minha... – bancou a inocente.
- Nem estou dizendo que foi... Sirius é perfeito, sabia? – os olhos estavam sonhadores
- ECA! Que nojo, Marlene! Me poupe dos detalhes do seu amasso com o Sirius! – reclamou de brincadeira
- Não foi só um amasso, Lily... – a ruiva precisou de dois segundos para entender e então ruborizou.
- Merlin! Como assim? Não, melhor! Não quero saber como! – foi Lene quem riu dessa vez. Depois Lily a acompanhou e demorou até que as duas conseguissem voltar ao papo.
- Mas diz aí... – Lene começou. - o que você queria conversar?
- É que... bom... recebi uma carta do Hospital St. Mungus...
- Ah é? – parecia surpresa. – E o que dizia?
- Eles receberam os documentos que pedi que a professora Minerva enviasse... eles ficaram uhm... bem interessados no meu currículo em poções e herbologia... acham que posso ter algum sucesso... – falou pausadamente. – então eu... eu vou fazer uma prova para o hospital. Dia 10 de junho!
- QUE MARAVILHA, LILY!!!
- Shhhh! Fica quieta! – tapou a boca de Lene com as mãos. As duas sorriram.
- Que notícia incrível! Já contou ao Tiago?
- Não... ele acha que vou tentar a prova de aurores com ele... – o sorriso de Lily sumiu. – não sei como vou contar que desisti do ministério!
- Relaxa... tudo tem um tempo... agora vamos dormir? Estou exausta! – bocejou e se enrolou nos lençóis...
- Também, pudera né? O que você...
- Lily, cala a boca! – Lily riu... pouco depois só se ouviam roncos pesados no quarto.
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- Adivinha quem é??? – mãos pequenas cobriram os olhos de Sirius quando este estava saindo da aula de TCM, ao lado de Tiago, Remo, Pedro e Lily, na última quinta-feira de aula. Todos os pergaminhos de trabalhos da matéria enrolados em seus braços e a mochila apoiada em um só ombro.
- Lene?
- Droga! Não tem nem graça brincar com você, Sirius! – emburrou-se ao lado dele.
- Mas é tão invocada essa minha namorada, não é gente? – falou em tom bobamente infantil.
- Almofadinhas... cada dia que passa você fica mais estranhamente besta e idiota ao lado da Marlene. Fato! – Tiago zombou.
- E o veado nem fica agindo como um babão ao lado da Lily, né? – Remo, Pedro e as meninas riram.
- Ok, ok... acho que podemos admitir que o único que não ficou meloso depois do namoro foi o Remo... – Lily disse, ainda rindo, no instante em que cruzavam a porta principal do castelo.
- Aí é que você se engana, minha cara Lily... - Melhissa juntou-se ao grupo, dando um selinho em Remo e enganchando seu braço ao dele.
- Então parece que todos os marotos ficaram bobos e amarrados! – Lene riu com Lily e Mel.
- Como é que era, Sirius? – Lily fingiu não lembrar-se. – “Sirius Black não se apaixona?” – Lene gargalhou.
- E o Pontas, hum? “Que isso... eu e a Evans? Fala sério, ela é só um desafio... orgulho ferido, Aluado” – Lily lacrimejava de rir, após ouvir Remo.
- E o Aluado que... mas que droga! Aluado foi perfeitinho até nisso! Nunca disse nada que desse para zombar! – Sirius resmungou.
- É que eu meço minhas palavras antes de falar baboseira, Almofadinhas! – Remo disse sem cerimônia.
- Ui! Depois dessa eu ia dormir, Sirius!
- Então vai, ué... ninguém tá te impedindo não, Pontas! – Sirius rebateu. Tiago ficou sem graça. Lily só pode rir mais... aquela penúltima noite no castelo parecia que ia ser divertidíssima.
Mesmo que só houvesse os degraus da escadaria de mármore, do salão principal, como local para sentar, os amigos fizeram dali o lugar mais confortável para se estar e rir... afinal, mesmo que as horas passassem e toque de recolher soasse, sempre existiriam passagens secretas até as salas comunais... nada era melhor no mundo!
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Era sexta-feira, manhã do último dia de aula. Lily acordara cedo, cedo até demais para o que era de seu habitual. Viu os primeiros raios de sol iluminarem seu quarto e lhe passarem conforto para enfrentar aquele que seria um dos dias mais difíceis de sua vida. Uma coruja cinzenta voava pelo céu iluminado. Vinha na direção de Lily... era Trinity.
- Oi! Oi, pequena! – aninhou a pequena coruja entre suas mãos. Deixou-a empoleirar-se no suporte das cortinas da cama.
A minúscula coruja estava cansada e piava fraquinho. Lily foi ao banheiro e pôs em um potinho um pouco de água fresca. Deu-a à coruja e pegou a carta que o animal tinha deixado cair sobre a cama.
Lily,
Petúnia e eu vamos buscá-la na estação de trem amanhã cedo, ok?
Espero que esteja animada, porque de lá vamos direto fazer a última prova do vestido de noiva da sua irmã e depois comprar seus trajes, ok? Pergunte se Marlene e Catherine não gostariam de passar alguns dias aqui em casa, antes do casamento da Petúnia... pode ser bem divertido...
Estou ansiosa para conhecer meu futuro genro, espero que seja realmente tudo que tem me contado pelas cartas...
Faça uma boa viagem, filhinha; lembre-se mamãe te ama muito!
Beijos, amada! Com carinho, Mamãe...
Lhe doía crer que só Marlene poderia passar alguns dias de férias em sua casa... pensou em deixar as brigas idiotas de lado e voltar a falar com a amiga. Contudo, não eram briguinhas quaisquer, eram acusações injustas, falsidades, mentiras, traições... ignorou todo aquele sentimento ruim e tratou de ir se arrumar para as aulas... já passava das 6h30min.
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- Bom dia, flor do dia! – Tiago beijou os perfumados cabelos ruivos de Lily ao sentar-se ao lado dela na hora do café.
- Hum... há um maroto inspirado por aqui... – riu levemente. Pousou a xícara de chá sobre a mesa e cumprimentou-o com um selinho. – Dormiu bem?
- Pensando em você. – um sorriso galante veio dele e Lily ficou sem graça. – Você é terrível, Lily! Achei que com quatro meses de namoro você deixaria de corar toda vez que eu te elogio... – serviu-se de leite e torrada, além da laranja fresca.
- Eu tento, Tiago... mas ainda é meio recente demais para mim. É só que eu...
- Ei, ei, ei! Será que dá para o casal diabete parar de ter uma D.R no meio do café? – como sempre a delicadeza de Sirius se fez presente.
- Cachorro! – Tiago não reprimiu. Remo deu uma gargalhada gostosa e alegre. Pedro cuspiu alguns farelos de seu biscoito, Sirius abriu um sorriso vitorioso, enquanto Lily e Lene riam.
- Eu sei que tu me ama, cara, eu sei! – Almofadinhas não deixou de provocar
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A manhã voou. Já estavam no almoço quando finalmente se deram conta. Lily e Marlene teriam aula de Runas, já Tiago e Sirius iriam para Adivinhação. Pedro assistiria Estudo dos Trouxas e Remo estaria livre, até as três e meia, quando se encontraria com os amigos para ter aula de poções. A favorita de Lily. A última da tarde. A penúltima do ano escolar.
Marlene e Lily sentaram-se juntas na aula de Runas. Não havia conteúdo novo a passar. A professora estava entregando alguns trabalhos já feitos e pedindo que todos avaliassem como tinha sido o ano. Nada de excepcional. Lily estava calada.
- Você tá bem? – Lene questionou baixinho, depois que Meredith Bourbon, da sonserina, comentou sobre como fora o ano para si.
- Ah, sim... eu estou bem, obrigada, Lene. – Lily deu um meio sorriso, voltando a encarar o Silabário Spellman, o velho livro de Runas, já gasto e puído.
Passou-se um tempo de mudez, somente quem era pedido que falava. O cérebro de Lily Evans se corroia em memórias.
“- Mamãe, mamãe! Tem uma carta! Uma carta para mim! – uma pequena menina ruiva, de rabo de cavalo, corria pela casa com um papel em mãos e a irmã mais velha em seus calcanhares.
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- Hogwarts? Isso é algum trote de mal gosto dos pivetes da rua de baixo, minha flor! Onde já se viu! Bruxa! – um senhor alto, de bigodes e cabeça ruivos ria espirituoso
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- Sou Minerva Mcgonagoll, Vice-Diretora da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Os senhores receberam, há alguns dias, uma carta enviada por mim mesma. Sua filha tem um dom e é meu dever, como professora e coordenadora do projeto de integração trouxa ao mundo mágico, ensinar essa mocinha a como controlar os poderes que tem e a usá-los em seu benefício, com responsabilidade, é claro. – uma mulher cujos cabelos já clareavam, estava sentada em sua sala. Um coque apertado na cabeça e vestes verde-musgo. Despejara tudo muito rápido.
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- Vai embora, sua esquisita! Anormal! – a irmã mais velha dizia sem piedade na estação de trem, ao despedir-se da menina ruiva.
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- Eu quero ser da Grifinória! A morada dos destemidos, como meu pai! – um menino de cabelos escuros e óculos de lentes quadradas, dissera, no mesmo compartimento do trem.
(...)
- Se você prefere músculos a cérebro. – um outro, muito pálido e de cabelos escorridos, vestes malcuidadas e olhar triste, retrucara.
- Para onde quer ir então? Já que não tem nenhum dos dois?! – o de óculos provocou. A menina ruiva arrastou o outro consigo, para outro lugar.
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- Evans, Lily?
- Hum... interessante... GRIFINÓRIA! – a ruiva foi ovacionada e saiu pulando alegre para o lugar que lhe pertencia.
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- Snape, Severo?
- Sonserina! – uma chuva de aplausos. O rosto da menina ruiva e o do garoto murcharam.
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- Ponham ele no chão! Parem com isso! – a menina agora estava crescida, defendia o garoto do trem com unhas e garras daquele outro, de óculos.
- Como quiser, Evans. – houve um baque e Snape estava no chão.
(...)
- Não preciso da ajuda de uma sangue-ruim!
**
Sangue ruim.
Sangue ruim.
Ruim.
Ruim era deixar aquele lugar. Era saber que não voltaria jamais. Mas lhe doía saber que não era boa o suficiente para o futuro. A quem enganaria? Os anos em Hogwarts haviam sido os mais felizes de sua vida, mas acabariam em poucas horas. Lily era apenas mais uma bruxa de sangue ruim.”
- SENHORITA EVANS! – a professora berrou esganiçada.
- OI! – houve risos esparsos. – Desculpe, professora. Eu estava distraída. – corou.
- É o que dá ficar se agarrando com Tiago Potter, Evans! – Bourbon soltou seu veneno. Alguns riram
- Ah, vê se cala essa boca, Bourbon! – Marlene partiu para cima. – Vai se ferrar, vai! Vai se jogar para cima do Mulciber, como estamos cansados de ver todo dia no corredor do segundo andar! – a turma explodiu em gargalhadas.
- Chega! Vou ter de usar um feitiço em vocês? - a professora tomou as rédeas da turma. – Tendo pensado no namorado ou não, Srta. Evans, precisa comentar com todos como foi seu ano!
- Ahm... ok. – ficou de pé, como todos tinham ficado. – Meu ano foi muito bom. Fiz novos amigos e conservei amizades antigas. Aprendi e escolhi ser auror, mas talvez vire medibruxa. Ambas me parecem profissões legais. Eu vi os jogos de quadribol da temporada inteira, pela primeira vez e... e bom, eu arranjei um namorado – corou - , acho que não posso querer mais, não é? É só isso mesmo.
- Certo... – a mulher deu um sorriso compreensivo e passou para a mesa de Avery, o sonserino.
- O Tiago anda te distraindo tanto assim, Lily? – Lene sussurrou ao seu lado.
Lily corou na mesma hora e fez que não. Deu um meio sorriso e passou a prestar atenção no que os outros diziam.
Foi um alívio ouvir a sineta tocar.
- Lily? Você tá legal?
- Hum? Ah, claro, Lene! Estou ótima... – sorriu meio falsamente. – Por quê?
- Por nada, é que... você tá tão calada. E perdida. Sei lá... você tá distante.
- Impressão sua. – sorriu de novo e andou mais rápido em direção às masmorras.
A sala de poções estaria, em breve, cheia de lufanos e grifinórios, mas Lily foi a primeira a entrar, seguida de Lene, e Robert Crawley. Por último vieram os marotos, rindo.
Sentaram-se atrás de Lene e Lily, de modo que Tiago e Sirius puderam ficar mexendo nos cabelos delas a aula inteira, sem prestar muita atenção ao que dizia o professor Slughorn.
- Será que DÁ PRA PARAR, SIRIUS? – Marlene berrou a certa altura. Parecia estressada.
- Desculpe! – pediu em bom tom, quando todos olharam para os dois. Slug ignorou e voltou à aula. – Pensei que gostava...
- Não na aula! – resmungou. Sirius torceu a cara e deitou a cabeça sobre os braços. Mirou Tiago a seu lado, o maroto fazia uma trança com os cachos ruivos de Lily, que estava absorta demais em alguma coisa, já que não abrira a boca, a aula inteira.
O sino tocou, anunciando o jantar para o 7º ano. Lily foi a primeira a sair da sala poções com a cabeça zonza de pensamentos confusos.
“Será que realmente vale a pena fazer isso com o Tiago? Ele... ele não merece alguém tão... tão mal vista como eu! Fala sério! Ele é um Potter! A família dele tem gerações de sangue puro! Não é justo que eu estrague a vida dele assim...”
- Ei, Evans! Presta atenção por onde anda, garota! – duas alunas com o uniforme da corvinal começaram um mini escândalo.
- Hum, desculpem!
- Não sei mesmo que o Tiago viu nela, amiga! – ouviu uma das duas comentar maldosamente. – Olha essa cara de sonsa... e esse cabelo lambido! Se ao menos soubesse valorizar os cachos...
- A educação e o bom senso ficaram na sala comunal, né? – Lily ironizou.
- Talvez... que ir lá buscar, sujeitinha de sangue-ruim? – a outra comentou, cínica.
- Detenção hoje depois do jantar para as duas. Sala de troféus as 20h, obrigada. E se não aparecerem, menos 15 pontos para a corvinal. – as duas fizeram caretas de indignação. – Por cada uma! – com um sorriso vitorioso Lily saiu dali. Por dentro estava arrasada. Não podia mais enganar ninguém, tinha de fazer aquilo que precisava.
Todos riram no jantar, foi muito descontraído e, ainda que Lily estivesse se divertindo com os outros, Tiago podia notar que ela não estava bem.
- Marotos, precisamos ir, temos detenção. – Sirius lembrou.
- Marotos vírgula, né Almofadinhas?! Eu não tenho detenção.
- Oh!! Desculpa ai, senhor Aluado Perfeitinho! – Tiago zombou.
- IH! Nem vem Tiago! Se você só percebeu agora que o Remucho é perfeito, perdeu! Ele é meu e só meu! – Melhissa chegou por trás dos dois, comentando molecamente.
- Ave Maria, Cruz Credo Nossa Senhora Que Bom! – Sirius riu, fazendo o sinal da cruz. – De onde você apareceu criatura!
- Mistérios da meia noite. – Melhissa brincou, empurrando Sirius e sentando entre ele e Remo.
- Mas são seis da tarde! – Tiago falou, desentendido. Lily, Remo e Melhissa caíram na gargalhada. Obviamente só os três estavam entendendo a piada trouxa.
- Aliás... – Lily comentou, depois de parar de rir. – Você não deveria estar em aula, senhorita?
- Devia... mas é História da Magia, o Binns é um chato e nem percebeu que eu saí! Ainda mais que hoje é o último dia de aula... não vou perder nada!
- Ui! Uma garota rebelde! – Remo disse por entre os sorrisos, oferecendo à namorada uma colherada de seu pudim de framboesa.
Sem maiores confusões e brincadeiras, o jantar dos marotos e Cia acabou perto das 18h30min, quando Remo e Lene correram para a Torre de Astronomia e os demais foram para a Torre da Grifinória, esperar o horário de cumprir/monitorar detenções.
- Por que mesmo que você vai monitorar essa detenção hoje, Lily? – Sirius comentou casualmente, quando estavam cruzando o portal do retrato.
- Hum... nada, é que... bom, umas coisas aí aconteceram...
- Lily... – Tiago tentou.
Não queria ter de contar a verdade, estaria pedindo que Tiago se metesse em encrenca, além do mais, não valia a pena, do que lhe chamaram era a realidade mesmo...
- Nada, Tiago, nada mesmo. – o maroto, porém, sabia que algo não estava bem. – Ah, mais tarde queria conversar com você... em particular, pode ser? – Sirius deu uma gargalhada maliciosa e Lily corou.
- No meu dormitório, que tal, ruiva? – Tiago não perdeu a piada.
- Pervertido!
- Ok ok, no seu então... – ele ria ao sentar-se ao lado dela no sofá de frente para a lareira.
- Não! Pode ser aqui na sala comunal, mesmo...
- Nossa, Lily! Bem particular vai ser, né? – ironizou.
- Quis dizer particular, sem a Lene, o Sirius ou o Remo por perto, entendeu? – falou, meio constrangida
- Você está estranha, Lils... Lene disse que você ficou perdida durante toda a aula de Runas... tá tudo bem? – Tiago parecia preocupado
- Eu... eu só... não é nada demais... as coisas podem sempre ficar um pouco piores... – sorriu melancólica, Tiago pode sentir algo estranho no modo dela de falar, como quem prediz algo.
Os três saíram pouco antes das 20h da sala comunal. No caminho ao salão de troféus, onde passariam as próximas duas horas cumprindo/monitorando detenção, cruzaram com Lene e Remo, que desciam da Torre de Astronomia, rindo. Sirius trocou um beijo com a noiva e disse que a veria mais tarde. Remo conversou com os amigos rapidamente e depois seguiu com Lene até a sala comunal da grifinória, onde poderiam jogar xadrez até os amigos voltarem.
A detenção de Sirius e Tiago foi monótona e calada, já Lily teve de berrar um bocado com as duas corvinas, que pareciam bem insatisfeitas de estarem ali. No fim, todos puderam acabar tudo antes das 22h e voltar às salas comunais para rir e curtir a última noite no castelo. Lily sabia que não curtiria nada. A sala comunal ficaria muito triste essa noite.
Ao cruzarem o retrato, Lily pode sentir o estômago dando pulos e voltas, não agüentava mais aquela tortura.
- Tiago, podemos conversar agora? – perguntou tensa. Sirius, Remo e Lene estranharam o comportamento da ruiva.
- Hum, claro. Na sacada, que tal? – Lily assentiu e se encaminhou para lá, seguida dele. - Diga, amor...
- Tiago... não devemos ficar juntos. – foi rápida. Talvez se fosse direta, doesse menos. – Eu acho que não vai mais dar certo... melhor terminarmos agora e continuarmos amigos do que depois não sobrar nem nada.
- O quê? – Pontas estava chocado, atordoado, parecia ter levado uma bofetada. – Lily eu... o que eu fiz de errado? Eu te pressionei? Eu te magoei? Lily, por favor, me perdoa se fiz alguma besteira, mas, sério, não faz isso!
- Não, Tiago, não! A culpa não é sua! Você não fez nada errado! O problema é comigo. Comigo e com o resto do mundo bruxo idiota!
- É por outro cara? – agora parecia magoado, com dor.
- NÃO! Nunca! Tiago, eu amo você e só você! Nunca vai existir outra pessoa no meu coração! – Lily derramara a primeira lágrima.
- Então eu não entendo!
- Não esperava que entendesse. Só saiba que estou fazendo o melhor por você. – disse penosa, as lágrimas desciam sem piedade.
- Como pode saber o que é melhor para mim? Eim, Lily?! – estava ferido e angustiado.
- Eu não sei! Eu acho que é o melhor! Eu também to sofrendo! – chorava copiosamente. – Por favor, não me pede para explicar! Eu te amo, Tiago! – o beijou uma última vez.
Foi molhado, triste, amargo, com sabor de despedida e com tempero de choro. Não dava para ser pior.
- Lene? Pode subir comigo? – estava com os olhos vermelhos.
- Ahm... claro. Boa noite, Six. – beijou Sirius e seguiu Lily, tendo tempo de ver Tiago entrar na sala comunal, arrasado.
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N/A: Oi...
Depois de mais de um mês, aqui está o capítulo que prometi.
Esse era para ser o cap. final, mas mudei de ideia e o dividi em dois. Como estou em semana de provas, nao poderei postar tão cedo, mas até o fim de setembro vamos ter o final...
Eu nem acredito que a fic vai acabar! É a minha primeira long-fic a terminar!
Espero não ser muito chata em querer comentários...
Diga (escreva):
- Um shipper para a nova temporada;
- Um nome para um personagem novo na história (que eu já criei mas não sei o nome :( );
- O que você quer que eu faça com o Rabicho (personagem maldito que não consigo pensar num futuro!);
A opinião de vocês vai me ajudar a escrever mais rápido (e postar também), além de me deixar muito feliz!
De uma autora quase realizada,
Morgana Pontas Potter
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