E quando o ano novo chegar...
A semana após o natal passou em uma velocidade incrível, quando se deram conta, já era sexta-feira, 30 de dezembro. O tempo permanecia frio e com nevasca todas as noites; o jardim do colégio possuía uma fofa camada de neve e o lago negro estava congelado. Os alunos estavam limitados a ficar dentro do castelo, ora jogando xadrez, ora adiantando as pilhas de deveres que haviam sido passados para o longo feriado. Lily era uma das pessoas que optara por fazer tarefas. Era cerca de 14h e ela estava sentada na sala comunal, escrevendo seu resumo sobre “A revolução bruxa de 1945 e suas influências no mundo bruxo contemporâneo.”
- Ainda nos livros, Lily?
- Sim, Sirius. E vocês, onde estavam?
- Por aí.. –Disse com displicência.
- Hum... – Resmungou a ruivinha, ciente de que não muito mais tarde os colegas viriam pedir seu trabalho para copiá-lo.
- E aí, Lils! Vamos bagunçar um pouquinho? – Perguntou Tiago, estendendo-lhe um pacotinho que ela reconheceu como bomba de bosta.
- Sério, Tiago? Bomba de bosta? – Ele riu – Sinto muito, meus deveres são muitos e muito extensos, quem sabe depois.
Aluado desistira de ficar na torre da grifinória, pois os marotos não o deixavam se concentrar. Acabou por fugir para a biblioteca com Lene, que pesquisava sobre Astronomia. Catherine se dera uma folga e ficara respondendo as cartas da avó, que não ia bem de saúde.
E a tarde passou monótona.
Já era tarde da noite quando Lily guardou seus materiais e decidiu subir para o dormitório, seus olhos comichavam de cansaço. Ao menos terminara tudo. Cath e Lene já estavam deitadas, curtindo o sono. A ruiva tomou uma ducha quente e se deitou, enrolada nos montes de lençóis para espantar o frio.
- Amanhã... 31 de dezembro... – Virou-se de lado, posição em que o gesso não a atrapalhava o sono, dormiu rapidamente.
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O último dia do ano amanheceu nublado, cinza e muito infeliz. Mas esse clima não tirou a alegria dos alunos, que estavam enérgicos para a comemoração de ano novo na torre de astronomia.
- Imagina só... Lá em cima da torre! – Sonhava um pequeno aluno do primeiro ano.
Os marotos riam da cena. Já tão acostumados com o colégio, tudo não era mais que comum.
- Não tem graça! Será meu primeiro ano novo no castelo também! – Resmungava Lily, chateada com os amigos tirando sarro de sua cara.
- Lilizinha... Não fica triste! A gente só tá te zoando! – Disse Lene, rindo da cara da amiga e dando-lhe um abraço apertado.
- Falsidade mata, Lene! – Retrucou Sirius, do outro lado do sofá.
A manhã passou assim, por entre risos e brincadeiras. Almoçaram no grande salão, divertindo-se muito. Não houve tempo para que Remo percebesse que, na mesa da corvinal, Melhissa o observava, triste e com os olhos úmidos de quem estava evitando chorar.
Subiram para a torre e ficaram jogando Snap Explosivo até o fim da tarde, quando Lene chamou as amigas para se vestirem para a comemoração de ano novo.
- Como vocês vão se vestir, meninas? – Questionou Marlene, que estava sentada em sua cama enrolando os cabelos, em cachinhos, cuidadosamente.
- Com roupas, Lene. – Disse Lily, zombando.
- Não!! Sério, Lily? Achei que ia ser com carne!!! – Devolveu Cath, rolando os olhos. As outras riram. – Eu vou com aquele vestido que ganhei de aniversário, da minha mãe.
- Vai ficar fofo, Cath. – Respondeu Lily, tirando suas sapatilhas brancas do malão. – Então não vou mais de azul, senão vamos parecer dois pares de vasos. Melhor... Melhor esse, que tal?
E estendeu para as amigas um vestido branco rendado com um laço vermelho-grená na altura do busto. Alcançava um palmo abaixo do joelho e tinha mangas curtas.
- É perfeito, Lily!!! – Disse Lene encantada.
- Mamãe que escolheu, era para a formatura, mas nada que um feitiço de cor não o faça diferente no dia. – Explicou sorrindo marota. – Vem com um par de luvas da cor do laço, mas não estou achando...
- Eu te ajudo. – Cath falou, indo até a amiga e auxiliando-a. – Aqui! São essas?
- Sim, valeu, Cath. Vou para o banho. – E entrou no banheiro, carregando, com todo o cuidado, a roupa.
Marlene terminou seu árduo trabalho com o cabelo antes que a ruiva saísse do banheiro. Já havia banhado e, por isso, tratou de se vestir. Usou o modelo de vestido que comprara na última visita à Hogsmeade. Era laranja-claro, com detalhes em dourado; curto, mas não vulgar, ia até seu joelho. As botas negras de cano longo completaram o visual. Delineou seus olhos com um lápis preto e pôs um batom cor de boca, maquiagem discreta. Ficou se admirando no espelho, feliz.
Lily saiu do banheiro, pouco depois, pronta. Os cabelos ruivos bem presos em um coque alto com uma mecha solta de cada lado da cabeça. Os olhos sombreados de branco e nada mais, apenas um gloss transparente.
A última a se arrumar foi Catherine. Seus compridos cabelos loiros e lisos estavam escorridos por suas costas. O vestido azul marinho, rendado, alcançava seus joelhos. A saia era rodada e as mangas da roupa iam até seu punho. A sapatilha prateada com tirinhas estava amarrada e lhe dava um ar de boneca. Os olhos coloridos pela sombra azul e as bochechas coradas de blush, os lábios da loirinha haviam sido cobertos por um batom vermelho-grená que lhe caía muito bem.
- Estamos divinas! – Falou Lily, quando as três pararam diante do espelho.
- Vamos começar o ano com o pé direito. Bom, não literalmente, porque o seu pé direito tá engessado, Lils, mas... Bem, vocês entenderam! – Enrolou-se Marlene. – A Cath vai se resolver com o Remi, a Lily vai esquecer de uma vez a amizade com o Snape e eu... Eu nada! Minha vida é perfeita!
- Modesta, não? – Cath zombou.
- Super! Vamos descer já passa das nove. – Lily apressou-as
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Boquiabertos.
Boquiabertos é a palavra que definia Tiago e Sirius ao verem suas amadas. Remo deu um sorriso tímido e elogiou a produção das amigas. Cath suspirou, pensando no que decidira fazer naquela noite.
Os marotos estavam 100% diferentes no quesito roupa. Tiago pusera um jeans e uma camisa branca, estampada em vermelho com um pomo de ouro. Deixara os cabelos arrepiados e calçara um tênis qualquer.
Pedro não se dera muito trabalho na escolha de roupa. Jeans e camiseta azul. Tênis de escola e a jaqueta também jeans. Estava impaciente para ir para a torre de astronomia, mas aguardou as amigas por educação.
Sirius pusera um jeans escuro e camisa social verde-claro. Os cabelos molhados, tênis branco e luvas de couro. Simples e elegante.
O jovem Lupin foi quem impressionou. Calça social negra e camisa social branca. O paletó negro e o sapato envernizado completavam o visual chique do rapaz. Cabelos loiros escovados com precisão e puxados para trás, alinhados.
- E eu achava que estava bem vestida! – Lily soltou. – UAU! Meus três galãs de novela! E Pedro... Você também está bonitinho. – Remendou Pepper, achando Pedro tão arrumado quanto um maltrapilho.
- Eu sei, eu sei. Chega de fotos, meninas. Eu não mereço...
- Merlin! Que namorado narcisista, viu! – Lene zombou. – Vamos?
Todos assentiram, subiram até a torre, cheios de expectativa. O vento gelado do inverno açoitava as paredes do castelo, mas, magicamente, ninguém sentia frio ali. A decoração fora preparada pelos professores e ficara belíssima. Um relógio mágico que o professor Dumblendor preparara para a ocasião, marcava horas, minutos e segundos para o ano novo.
Em um minuto todos os amigos já haviam se dispersado. Lene dissera que ia “dar uma volta” com Sirius, Remo fora cumprimentar Dumblendor e Cath avisou que ia seguir o loiro. Tiago viu-se só com Lily.
- Está muito bonita... – Confessou olhando nos olhos verdes que tanto amava.
- Ah... Obrigada. Também está muito bem. – Ela elogiou.
- Que é isso... Estou para lá de simples. Mas acho que combinamos de vir de branco com detalhe vermelho. – E riu descontraído.
- Bem observado... – A ruivinha complementou, sem graça e sem assunto. – Vamos ali à borda? Quero ver o céu estrelado.
- Céu estrelado? Com neve, Lily? – A menina corou. – Anda, vamos logo. Mas que fique claro que você mente mal! Muito mal!
No outro lado da torre, Remo cumprimentara Dumblendor sorrindo, resolvera procurar os amigos quando visualizou Cath próxima dele.
- Catherine! Aqui, Cath. – E acenou para a amiga, que se aproximou. – Oi! Achei que tinha me perdido de todos. – A outra riu, sem graça.
- Remo... Quero conversar com você.
- Agora? – Questionou descontraído.
- Se não for agora, não sei se tenho coragem para outra vez. – Ele se assustou. – Eu preciso saber... Você já falou com a Melhissa depois do... Da... De... Do baile de natal?
O maroto corou, agradeceu à baixa luminosidade do ambiente. Alisou o paletó, muito desconfortavelmente, esfregou as mãos, nervoso.
- Não. Não falei com ela desde domingo após o café.
- Por quê?
- Não posso, Catherine. Não posso e você sabe! É errado com ela, comigo... É errado.
- É errado ser feliz? – Inquiriu indignada.
- Não! É errado acabar com a felicidade e a vida de uma garota como ela, prendendo-a a alguém como eu! Além do mais, por que se preocupa com isso? Sabe que não vai levar a lugar nenhum. Não precisa se incomodar, não é com você. Não adianta tentar...
- Chega! Já chega, Remo! Eu sou sua amiga e para mim deu! Quer saber a verdade? Por que eu me importo? Por que tomo as dores da Melhissa com você? – Inflou o peito em suspiro profundo e então soltou a “bomba”. - Porque eu te amo! Porque eu te amo demais, Remo Lupin! Você é o garoto por quem eu estou perdida e irreversivelmente apaixonada! E eu sei que dói! Eu sei que dói muito! Dor de amor dói lá no fundo do coração e não tem jeito. Te corrói aos pouquinhos até te enlouquecer!
Ele a fitava, com os olhos castanhos arregalados de surpresa.
- Eu nunca falei! Eu ficava quieta, olhando, suspirando... E talvez tenha sido meu erro, nunca dizer nada para você, eu não sei realmente. Só sei que agora não dá para voltar atrás. Não se sinta culpado, como eu sei que vai! – Ela riu sem humor. – Eu te conheço bem demais. Não tenho ciúmes de você, nem do seu relacionamento com a Mel, sério! – Confessou quando ele a olhou duvidosamente. – Eu te amo o suficiente para entender que quem ama deixa ir. Não dá para forçar um amor que não existe. Quero só te pedir, que não me olhe com cara de pena, dó ou pare de falar comigo. Isso machucaria demais, mais do que me machuca estar te amando. Você é mais que um amigo, para mim, é um irmão... Eu te amo demais, só quero seu bem...
- Cath, eu...
- Você nada. Só seja feliz! Seja com a Melhissa ou qualquer outra. Felicidade, Remo, alegria. Não faça isso com ela. A Mel não merece sofrer tanto assim, não machuque um coração puro como o dela. – Ele sorriu para a amiga e deixou uma lágrima cair. – Anda, é ano novo, alegria, homem! Me dá um abraço, amigo!
Ele envolveu a amiga em um aperto fraterno e sussurrou na orelha dela “Eu também te amo, como um irmão, mas é amor.” e Catherine foi às nuvens com isso, sentindo-se leve e mais feliz do que imaginava ela soltou-se dele com um sorriso de orelha a orelha e sapecou uma beijoca na bochecha rosada que ela tanto queria beijar.
- Boa sorte, lobinho!
Ele riu divertido e saiu a procura de uma morena corvina, tal menina com nome doce e olhar de criança. Uma estrangeira tímida que roubara aquele coração tão jovem e tão ferido do Sr. Lupin.
Encontrou a menina junto à mesa de bebidas, com duas amigas da casa azul. Seus longos cabelos castanhos presos em uma trança graciosa e elegante. O vestido branco-leite, rendado e de alças lhe alcançava um palmo acima do tornozelo, luvas azul-marinho cobriam suas mãos delicadas e a sapatilha azulada a deixava tão princesa quanto o imaginável.
- Com licença, Melhissa. Podemos falar um segundo?
- Sim, claro. – Disse ela. Parecia fria e sem emoção. – Diga. – Pediu quando se afastaram do grupo.
- É que eu preciso me retratar sobre o que ocorreu na semana passada...
- Não, não precisa, Remo. Eu entendo. – E sorriu.
- Entende? Que bom, porque eu queria saber se...
- Se eu posso te perdoar? Sim, certamente. Agora nada mais te prende a mim, não precisa ser cavalheiro comigo. – E ia dando as costas para o maroto.
- O quê? Espera! Mel, eu queria dizer que...
- Que sente muito, que foi um erro e não devia ter acontecido... Eu já ouvi essa ladainha de muitos, não se preocupe. – Encarou-o com um sorriso insincero e com os olhos úmidos.
- Não ia dizer isso. – Lupin disse olhando nos olhos dela. Uma de suas mãos segurava firme o punho da menina que o fitava chorosa.
- Eu ia dizer que agi mal. Que não devia ter te ignorado durante a semana.
- Não, não devia! Você realmente não faz ideia do que é ser rejeitado, Remo Lupin! – Melhissa esganiçou, deixando as lágrimas escorrerem. – Eu fui dormir aquele dia, sentindo que era a pessoa mais feliz do universo. Sentindo-me nas nuvens, aquele foi o melhor beijo da minha vida, foi especial, único... Eu nem sei como descrever, eu estava uma boba apaixonada aquele dia.
Lupin foi murchando, sentindo que era um ser desprezível, não muito melhor que um rato ou um mentiroso falsário.
“E aí, acordei para o que deveria ser o melhor natal da história, mas foi o pior! O garoto que eu amo mal olhou na minha cara, quando pedi para conversar com ele, ele me ignorou e fez de conta que não podia porque estava ocupado, provavelmente fofocando com os amiguinhos! Então eu voltei para a torre da corvinal, totalmente infeliz, querendo um abraço de mãe, mas lembrei que a minha mãe ADOTIVA está a mais de 5 mil quilômetros daqui! Como se as coisas não pudessem piorar, recebi a carta de natal da minha família e... Advinha? Meu irmão sofreu um acidente e está em coma no hospital, com a vida por um fio! Será que meu natal foi feliz? E você me ignorando a semana toda... Eu não agüento mais tanto problema, tanta tarefa, tanta infelicidade!”
Ela, que antes estava alterada, foi diminuindo o tom de voz. Tremia dos pés á cabeça, tal era sua raiva, sua tristeza... Chorava descontroladamente. Soltou-se de Remo, que a olhava com tanta pena, tanto remorso... Era oficial, ele a amava.
- Eu sinto muito! Sinceramente, me desculpe! Se eu fiz isso foi porque te amo, e não seria capaz de te fazer sofrer tanto assim! Sempre pensei que era um castigo para qualquer pessoa, estar comigo. Mas só agora tomei consciência de que as coisas não são exatamente assim.
- Não diga! – A voz da jovem estava carregada de ironia. - Há quantos dias percebeu?
- Quando eu digo agora, quero dizer agora mesmo. Tipo, minutos atrás eu caí na real. – Ele explicou. – Catherine me abriu os olhos. Não posso te perder, não agora que sei o quão importante você é para mim. – Levantou uma das mãos e secou os olhos amendoados que lhe hipnotizavam.
- Eu sou importante para você? – Melhissa sussurrou. A proximidade do maroto, a deixara desconcertada.
- Mais do que imagina. – A voz de Remo saiu baixa, mas para Melhissa foi um eco ensurdecedor. Seus olhos não se desgrudavam dos dele. A última coisa que viu antes de fechar as pálpebras foi o rosto do amado menino aproximando-se mais do seu e depois ela apenas sentiu.
Sentiu os lábios dele nos seus, sentiu as mãos geladas do maroto em suas costas, sentiu os cabelos loiros e arrumados dele por entre seus dedos cobertos com luvas, sentiu suas pernas bambearem e seu coração disparar, sentiu que era a menina mais feliz do mundo e que Remo era a pessoa que mais amava, sentiu que tudo estava perfeitamente bem.
E depois de alguns minutos, quando o ar faltou aos dois, ela se soltou daquele abraço gostoso e o fitou séria, depois sorriu amplamente.
- Você é perfeito!
Remo sorriu corado e segurou as mãos da menina por sobre as luvas.
- Me daria a honra de ser minha namorada? – E ela murmurou um sim incrédulo, os olhos arregalados de espanto e a boca em um sorriso permanente.
- Sabe que está se amarrando a uma doida completa, que não tem noção do perigo, né? – Ela brincou.
- Do mesmo jeito que você sabe que está dando o seu amor para um ser...
- Fantástico, inteligente, bonito, corajoso e perfeito! Não aceito ouvir nada menos que isso, meu lobinho! – Ela retrucou, passando a mão pelo rosto cheio de cicatrizes, de Remo, ao que ele corou.
- Obrigado. Você também não sai perdendo. É tudo isso e muito mais, mas eu não sou o galante dos marotos então... – Melhissa riu.
- Anda, vamos dar uma volta, meu namorado. – Ela enfatizou o “meu namorado”, ao que ele sorriu e corou.
Na mesma torre, um pouco mais distante...
- É... Parece-me que você realmente estava certo. Nenhuma estrela no céu! – Lily resmungou.
- Eu disse, Lils. – Ele se virou para ela. – E ai... Quer contar alguma coisa?
- Como assim?
- Ah, sei lá. Quero puxar papo... Eu queria agradecer pelo presente de natal, sabe... De novo. – Tiago disse, abaixando a cabeça.
- Você merece. É um ótimo amigo. – Ele sorriu, ainda cabisbaixo. – Sente muito a falta deles?
- Papai e mamãe? Demais!!! Eu sei que nem sempre podia estar com eles, mas... Eu amava tanto os dois... Deram-me tudo, sempre! – A voz dele se tornou muito embargada. – Eu sinto muito. Falar disso com você...
- Não! Não se incomode, estou aqui para o que precisar. – Houve um silêncio. - Eu só estou um pouco chocada, sabe... O maroto, o Tiago Potter... Não estava na minha imaginação que algum dia iria vivenciar um segundo assim, na sua companhia, ainda por cima te consolando. Não fazia parte do meu conceito a seu respeito que você pudesse ser sensível.
- Tem muita coisa sobre mim que o seu conceito idealizou errado, Lily Evans. – Ele sussurrou, mas ela ouviu claramente. – Quer ver?
- Hum.
- Eu sou uma pessoa com sentimentos, ainda que você não acredite; eu não penso só em quadribol e pode se surpreender, mas eu costumo ler. Eu sei algumas coisas sobre o mundo trouxa e até acho legal a vida sem magia.
- UAU!!! Meus conceitos estão indo por água abaixo. – Lily soltou, boquiaberta.
- Mas sabe sobre o que mais você está errada sobre mim? – Ela soltou uma exclamação, incentivando-o a falar. – É que eu amo você mesmo, sinceramente e profundamente.
- Tiago... – Ela falou por entre um suspiro, encarando-o nos olhos.
- É sério, Lily! - Ele bufou e virou-se para o céu. Fez-se um curto silêncio entre eles. – Olha lá a sua estrela.
Ela virou a cabeça para fitar o céu, uma só estrela brilhante cintilava no céu.
- Quais são suas resoluções de ano novo? – Ele perguntou, sem olhá-la.
- Me formar, começar a trabalhar, me resolver com a minha irmã... Não sei, acho que perdoar Severo – Tiago grunhiu chateado. -, acho que só... E as suas?
- Também quero me formar, virar auror e comprar uma casa nova... Talvez dividi-la com Sirius por um tempo, até que ele se case com a Lene, resolver as papeladas dos meus pais... E, é claro, conquistar uma ruivinha do sétimo ano da grifinória. – Ela riu com esse comentário.
- Não vai parar, digo desistir? – Ela questionou, olhando-o. Tiago permanecia fitando a estrela.
- Sabe, meus pais me ensinaram a correr atrás dos meus objetivos. E digo mais, Lily, se eu visse que você não quer nada comigo, eu até desistia de você. Mas toda vez que eu me afasto, você age de um jeito que me faz ter uma gota de esperança. Eu só quero te mostrar que eu posso te fazer bem, feliz... Acredita em mim, por favor! – Ele pediu, virando-se para ela e olhando nas íris verdes da ruiva.
- Eu... Eu... Tiago...
- Você? – Ele deu um passo mais para perto e pôs uma mão na bochecha dela, ao que ela enrijeceu os músculos, tensa.
- Eu não sei... Eu sinto se te dei essa impressão, mas eu não sinto nada...
- Sua boca diz algo, mas seu coração e seus olhos desmentem. – Ela sorriu com o atrevimento e a confiança dele.
- Então, já que diz isso... Me conquiste. – Ela provocou-o
- Isso é um sim?
- Não! Mas também não é um não. Tente me conquistar e aí veremos como ficamos.
- Então é como um desafio? Acha que eu não conseguirei?
- Eu não disse nada, Tiago, eu não disse nada. – Ela riu, beijando a bochecha dele. Foi até o ouvido e sussurrou em um tom provocante – Mas já tá valendo.
Ele a encarou com um sorriso aberto, contente e meio malicioso. Ela corou e tentou voltar a encarar as estrelas, viu Catherine retornando e acenou para a amiga.
- Oi! Perdi algo?
- Não mesmo, Cath. E eu? – Lily questionou, olhando sugestivamente para a amiga.
- Plano cumprido. – Ela suspirou. – Agora bola para frente e, vamos lá! – Sorriu.
- Assim eu gosto. – Lily sorriu.
- Será que eu posso entrar na conversa? – Tiago pediu.
- Se você souber do que falamos... – Lily zombou do amigo.
- Gente, estou faminta! Vamos comer algo? – Catherine convidou.
Os três procuraram por uma mesa para oito e sentaram-se. Um de cada vez saiu para se servir e voltou com comidas deliciosas preparadas pelos elfos. Já passava das 23h quando Remo Lupin apareceu acompanhado de uma menina que Lily, Tiago e Cath reconheceram como a famosa Melhissa.
- Boa noite! – Ele cumprimentou sorridente.
- Deve mesmo estar boa, né Aluado? – Pontas zombou malicioso. – Com um sorriso desses...
- Pelo céus, Tiago! Seu pervertido!!! – Lily gemeu, escandalizada. – Desculpe meu amigo malicioso Mel, com o tempo você se acostuma.
- E tempo para se acostumar ela vai ter de sobra. É parte da turma agora! – Remo confidenciou corando
- Como? – Os três amigos disseram em uníssono, surpresos.
- Estamos oficialmente namorando! – Melhissa disse, envergonhada, levantando sua mão atada com a de Aluado.
E vieram as parabenizações. As mais engraçadinhas de Pontas, as apaixonadas de Lily e as sinceras, porém não tão alegres, de Catherine.
- Por curiosidade, cadê o Almofadinhas e a Lene, os dois escandalosos para comemorações? – Remo notou e questionou.
- Saiu para “dar uma volta com a Lene” logo que chegamos e ainda não voltou. – Cath disse.
- Então eles foram caminhar o castelo inteiro. – Lily zombou rindo. - Ou andaram demais e caíram da torre.
Catherine, Remo, Melhissa e Tiago soltaram gostosas gargalhadas.
- Não caímos não, embora eu saiba que vocês todos são loucos para se livrarem de mim.
- Almofadinhas! Que susto! – Tiago reclamou, ao que os outros riram
- Já ouviram... Falando em Voldemort, ele aparece? – Remo soltou, descontraído.
- Nem somos tão maus assim! – Lene fingiu-se de ofendida.
- Não, não mesmo, Lene! – Lily disse, abraçando a amiga. – Diz aí... A intenção era correr o castelo inteiro no menor tempo, é?
- O que? Não! Por quê?
- É que vocês disseram “Vamos dar uma volta.” e aparecem aqui todos desarrumados, vermelhos e ofegantes... O máximo que posso supor é uma corrida pelo castelo... – O sorriso de Lily iniciou inocente e depois ficou malicioso. Os amigos riam e Lene corou violentamente, tentando arrumar os cachos já desfeitos e alisar o vestido amassado – Ou será que vocês não foram dar uma volta?
- Lily!!! Olha o mico! – Lene reclamou.
- Gente, deu... Tio Dumby vai falar. – Sirius repreendeu, tentando se passar por sério.
O discurso do diretor era longo, iniciou falando sobre a importância dos estudos e de como todos deveriam dar o seu melhor, falou superficialmente sobre a Guerra Bruxa que se instalava na Inglaterra e pediu a todos a união e a coragem para enfrentar esses tempos obscuros. Alertou sobre a importância das boas escolhas e das conseqüências que nossas escolhas tem em nosso futuro e em demonstrar nossas personalidades. Por fim, convidou todos a apreciarem os últimos minutos desse ano que estava terminando cantando o hino da escola.
Quando o último aluno terminou de cantar, o velho diretor tornou a falar.
- Espero não estar chateando-os demais com esse discurso monótono, portanto serei breve. Quero apenas desejar a todos e a cada um de meus alunos, aos presentes e aos não-presentes, um feliz e próspero ano novo. Creio que temos agora não mais do que... – Olhou para o relógio na parede. – Hô! Vejam só... O tempo voa quando nos empolgamos, temos apenas meio minuto para romper do ano. Que se encham as taças! – E o velho bruxo, com uma palma, fez aparecerem taças repletas de cerveja amanteigada para os mais novos e Hidromel para os estudantes do quinto ano para cima.
- Brindemos todos esse novo ano! 10... 9... 8...
E a contagem regressiva continuou. Sirius puxou Marlene pela cintura e colou seus corpos rapidamente.
- Sirius! O que...
- Shhhh! Que esse ano que virá, seja o nosso ano! Juntos para sempre, Lene, eu te amo! – Ele sussurrou no ouvido dela, fazendo-a estremecer.
6... 5...
Remo tocou o braço de sua namorada para chamá-la a atenção, ela virou-se para fitá-lo nos olhos.
- É última vez que posso te dizer isso esse ano. Eu te amo! – E a menina se derreteu em amores. Beijou-o nos lábios, apaixonadamente.
3... 2...
Catherine viu o beijo do amigo e sentiu-se meio mal, porém lembrou-se que decidira seguir em frente e tornou a olhar para outro ponto da festa. Viu de relance uma sombra de um rapaz. Elegante e forte, reconheceu, pelas vestes verde-escuro, que era um sonserino. De rosto pálido e fino ele parecia maléfico.
Tiago voltou seu olhar para Lily e teve o último segundo do ano para sussurrar no ouvido dela.
- Não se preocupe, Lils. Eu vou te conquistar! É uma promessa! Espere só o ano novo chegar, Lily!
- FELIZ ANO NOVO!!!!!
Todos os alunos berraram em uníssono quando a chuva de feitiços coloridos disparou da ponta da varinha do diretor e explodiu no céu escuro.
- Feliz ano novo, ruivinha. – Ele desejou, com o rosto quase colado ao dela. Lily fechou os olhos prevendo aquele momento. Sentiu o hálito, perfumado a menta, dele e suspirou.
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N/A: Capítulo gigante! Espero que seja o suficiente!
Estou acabando o 20! Com muito orgulho digo que até sábado devo postar, se tiver internet!
E ai... Que tal? O que vocês acham da aposta da Lils? O Tiago vai conseguir?
Comentários são MUITO BEM VINDOS!!!
Lembrem-se: Fanfic movida a comentários! Se você tem tempo ler esse capítulo monstruoso, tem tempo de digitar "Bom capítulo!", "Horrível", "Desista de escrever", "Continua" ou "Posta mais" e enviar seu comentário! *-* :) !!!!!
Morgana Pontas Potter!
Comentários (1)
Tudo bem que tiago e lilian demorem a se acertar, mas acho que está casta demais essa relacao deles... podia ser um pouco mais apimentada... até para gerar confusão nela...
2014-04-04