Mas eu?Aqui?
Passava das dez da manhã quando ela abriu os olhos. Não sabia reconhecer onde estava, era um local agradavelmente quente e confortável, estava deitada. De barriga para cima. Olhou para o teto, era branco, contudo, não parecia ser seu dormitório. Olhou ao redor e viu outras camas, todas imaculadamente brancas. Óbvio! Sabia onde estava. Viu-se só, a exceção de outra maca preenchida. Estava ocupada por um rapaz jovem, de cabelos castanhos, parecia acordado. Resolveu chamá-lo, realmente detestava ficar só.
- Ei! Você. – O rapaz virou-se para ela e sorriu.
- Lily! Que bom que acordou! Estava muito preocupado!
- Remo? Que... Que susto! Nunca ia imaginar que era você. – Gemeu levando as mãos à boca, assustada. Ele não respondeu, deu um sorriso tímido e virou-se novamente. – Estamos sós?
- Sim. A enfermeira foi até a sala dela. Sirius, Tiago, Marlene, Pedro e Catherine saíram daqui ainda há pouco. Queriam ver-te acordada, mas terminou a visita da manhã e nada, então... Disseram que vão voltar mais tarde.
- Não deveria estar... Sei lá... Isolado? Digo... Não que eu tenha preconceito! De modo nenhum!!! Mas, outras pessoas podem entrar aqui e... Desconfiar. – Disse tímida.
- Ah, não! Não hoje! A ala hospitalar está isolada por hoje. Inventaram uma desculpa de “limpeza” do bloco. – E deu outro sorriso com o canto dos lábios.
- E ela deixou eu ficar aqui, na mesma ala que você?
- Tiago disse que você já sabia do meu probleminha quando deram entrada com você aqui.
- O que... O que realmente aconteceu? – Indagou tímida, olhando para baixo.
- Ah... Isso, Lilyzinha, eu não sei te responder!! – E riu sem humor. – Eu perco a minha consciência. Sou a pessoa menos indicada para te dar essa informação. Pergunte de novo a qualquer um dos outros quando vierem para cá. A única coisa que sei, é que você quebrou a perna direita.
- Contaram que fomos atrás de vocês? - Sussurrou assustada.
- Ah, não! Isso prejudicaria os marotos. Ninguém que sabe sobre mim, sequer desconfia do Pontas, do Rabicho e do Almofadinhas.
- E qual foi a desculpa para eu ter quebrado a perna? – Questionou irônica.
- Pelo que ouvi, Pontas criou uma história realmente bem contada sobre você ter visto ele fora da cama depois da hora, ter corrido atrás dele e pisado em um degrau falso da escadaria até a grifinória. Ainda tinha mais, algo como você ter caído três lances de escada e, quando te alcançaram no chão, você estava desacordada.
- UAU! Eu não faria melhor! – E riu surpresa.
Voltaram ao silêncio. Ele aconchegou-se nos cobertores e alcançou, na mochila, seu livro, começou a ler. Lily limitou-se a sentar-se melhor no colchão e olhar o relógio da parede. Depois de ver o ponteiro rodar por cinco minutos seguidos, admirar aquele objeto tornou-se tedioso. Cruzou os braços sobre o peito, completamente emburrada.
- Quero sair daqui! – Resmungou sem paciência.
- Pois somos dois! Ninguém merece véspera de natal na enfermaria.
- MERLIN! Hoje é véspera de natal!!! – Surtou a ruiva, sorrindo.
- Sim, é. Para piorar, se não sair daqui hoje, serei um homem sem palavra. – Choramingou, pondo o livro sobre o lençol.
- Não entendi.
- Prometi à Melhissa que iria acompanhá-la ao baile de natal do...
- Professor Slug! Fala sério!!! Estou sem par para hoje, sem vestido de festa, internada na enfermaria e com a perna quebrada. – Lily reclamou enfezada. – Tenho que sair agora daqui.
Tentou se levantar, sobre protestos de Remo, mas, ao pisar o chão sentiu dor. Muita dor! Sua perna não era capaz de sustentá-la. Gemeu e caiu sentada no colchão.
- Está bem? – Inquiriu preocupado.
- Sim... Só com dor, só isso! – Respondeu, pondo as mãos por cima do gesso, tentando amenizar a dor latente que a incomodava.
Antes que qualquer um disse mais alguma coisa, a enfermeira saiu de sua salinha e viu a menina ruiva sentada na cama. Desesperou-se e correu até ela.
- Menina! Deite-se agora! Mas que coisa! Quebra essa perna de noite e só me aparece aqui pela manhã, e ainda por cima quer já sair andando! Seja racional, Srta. Evans! Deite-se e espere que eu traga seu remédio. – A ruiva obedeceu contrariada, tomou o remédio com muita má vontade e comeu pouca coisa de seu “almoço”.
Ela finalmente entendera o que significava a expressão “comida de doente.”. Nunca precisara ficar tanto tempo na enfermaria, então nunca provara da comida que serviam aos pacientes. Era uma canja de frango, sem sal, com muitos legumes e MUITO rala. Parecia apenas água! Se estivesse em casa, sua mãe lhe prepararia as melhores refeições. Seu estômago embrulhou apenas de olhar para a sopa e sentir o cheiro. Aquilo não mataria sua fome. Nem uma torrada lhe deram.
- O que é isso!!! Vão me matar de fome!!! Esperam que eu sobreviva até o fim da tarde com apenas isso? Não acredito que você sobreviveu uma semana apenas com isso, Remo!!
- É por isso que Pontas e Sirius vinham aqui toda tarde!! – Respondeu ele, dando um sorriso levado. A menina somente riu. O único som existente na sala era o da colher enchendo-se de sopa e batendo nos dentes do maroto quando ele ingeria seu almoço, calmamente. Ele acabou de alimentar-se, descansou os talheres sobre o prato e bebeu a água que estava servida em um copo na mesinha ao lado de sua maca. – A alimentação digna de um desdentado.
A menina riu descontraída, ficaram mais alguns minutos conversando, até que a enfermeira adentrou a ala. Junto com ela vinham outros cinco jovens: um rapaz moreno, outro de óculos, um loirinho gorducho, uma morena alta e elegante e uma loira dos cabelos compridos. Haviam vindo para as visitas da tarde. O único motivo que os moveu a retornar à enfermaria foi a crescente preocupação com a amiga ruivinha que estava desmaiada desde a noite anterior.
- LILY!!!! – Cath e Marlene correram até a cama da amiga e a abraçaram. A ruiva estava em uma mistura de braços e cabelos. Não importava, eram suas amigas e nada tornaria aquele momento menos maravilhoso. Ela nada falou por minutos, ninguém falou nada também. Aqueles jovens todos sabiam do sufoco que tinham passado. O silêncio durou longos momentos, mas ninguém ousara quebrá-lo. Eis que um chorinho miúdo é ouvido, vindo de perto das três. Mas não eram elas.
- Aluado? – Inquiriram os marotos surpresos. O outro não respondeu, abaixou a cabeça e cobriu a face com as mãos.
Os demais se entreolharam desentendidos. Remo não era emotivo, que raios resolvera o ser agora?
- Pode justificar isso, Remo? – Disse Lene, tímida.
- E... Eu... Eu me odeio! Não devia existir! Eu... Eu só existo para machucar e causar dor! Eu... Sinto muito, Lily. Eu nunca quis te machucar, juro!!!
- Remo... Eu... Eu sei que não!!! Não foi sua culpa!! – Respondeu ela, com muita pena.
- Foi! Foi sim! Eu sou um animal horroroso, sanguinário!!! Eu não presto para ser amigo de vocês! Eu podia ter te matado, Lils!!!
- Mas não matou! Aluado, relaxa... Fica calmo... Respira... – Tranqüilizou Sirius. – Lembre-se dos exercícios de respiração... Agora, fica tranquilo. Todos estão bem... Ninguém ficou ferido...
- Na verdade a Lily se machucou, ela quebrou a pern...
- CALA A BOCA, PONTAS!!! Eu to tentando consertar a situação aqui, não vem me encher, veado!! - Remo sorriu, ainda com lágrimas.
- Remo?
- Sim, Lils – Ele devolveu, secando os olhos com as costas da mão e fungando o nariz para desentupi-lo
- Não foi culpa sua! Eu te adoro por você ser quem é! Não é um monstro, mas uma pessoa boa, a quem coisas ruins aconteceram! – Os amigos concordaram com acenos de cabeça. Lily o abraçou e beijou-o a bochecha, que adquiriu um tom escarlate.
- Ok! Acho que chega, né? Vai matar o Pontas de ciúmes assim Lils. – Sirius brincou, Lily corou as orelhas e as amigas riram, Tiago limitou-se a virar o rosto oportunamente para o lado.
Antes que a ruiva se recuperasse e pudesse responder a provocação de Sirius, Catherine soltou a frase:
- Falando na Pepper... Não tem nada para dizer, Lily?
- Na verdade, não... Não ainda. Mas vocês sim! Precisam me contar sobre o que aconteceu ontem.
- Bem... Ontem... Eu sinto muito, Lils! Depois que me tranquei no quarto do Sirius... – Marlene começou
- Opa!! Como assim se trancou no quarto do Almofadas? - Zoou Tiago, interrompendo a amiga, com um sorriso muito malicioso.
- Potter, seu pervertido!!! Nada do que pensou, horroroso!!! Eu quis dizer que Cath e eu nos refugiamos no quarto de baixo, onde estava o Six. - Os outros riram. – Continuando... Eu não vi mais nada depois daí!
- Eu lembro... De que... O lobisomem... – Ela parecia não saber como se referir ao animal.
- Eu, melhor dizendo, Lils! – A menina olhou-o com pena.
- É, você... Chegou perto daqui... – E repousou a mão no rosto. – E tentou... Morder-me... – A voz dela quebrou. Ela parecia estar revivendo um pesadelo horrendo. – E aí... Pontas veio. – Ela continuou. Não queria ter de chamá-lo de Tiago, pois certamente não conseguiria e Potter soaria agressivo. Ela não queria passar a ideia de ainda ter raiva dele, o que ela sentia era uma compaixão confusa. Um agradecimento gigantesco por ter ele salvo sua vida, uma espécie de... Amor?
- Eu vi a Lily no corredor e o Aluado atacando... Não pensei nada na hora. Eu só... Parti para cima dele. Eu não podia deixar nada acontecer. Não podia! – Ele continuou, triste e cabisbaixo. Sentiu os olhos arderem e a lágrima quente molhar sua bochecha.
A reação dela foi a mais inesperada possível. Levantou-se da confortável maca e, apoiando-se nas amigas, sem tocar o pé ferido no chão, dirigiu-se à ele. Abraçou-o, chorando silenciosamente. Seu rosto pálido enterrado na camisa azul marinho do garoto, na altura do ombro. Ele segurou-a, cruzando seus braços pelas costas dela e puxou-a para cima, evitando que o gesso batesse no chão de pedra, e causasse-a dor.
- Desculpe. Eu, eu juro que sinto muito! Eu... Eu nem deixei você se defender e... Mesmo assim não hesitou em me socorrer quando precisei. Sinto falta do meu melhor amigo!!! – Chorou...
- Shhhh. Tudo bem... Tá tudo ok, Lils. Eu errei também. Não fui atrás de te procurar, eu... Eu errei. – Apertou-a mais em seus braços, como se essa fosse ser a última vez que estariam juntos.
Ela fungou o nariz e soltou-se dele. Os amigos olhavam a cena, comovidos. Remo sorria do seu canto, agradecido pela reconciliação. Lily apoiou-se nos ombros do maroto para chegar até a maca, onde se sentou e ficou calada, olhando para o relógio na parede da enfermaria.
Eram cerca quatro da tarde quando a enfermeira liberou Remo. Os amigos ainda esperavam, na ala hospitalar, que Aluado e Lily recebessem alta. Lupin precisou apenas tomar mais uma poção revigorante, duas pílulas de um antídoto para os efeitos pós-lua cheia e passar uma espécie de pomada nos cortes. O maroto pegou sua mochila com vestes e livros e posicionou-a sobre os ombros. Sentou-se em uma cadeira junta a maca de Lily e puxou conversa.
- Você tem sorte! Queria ser sortuda assim para ir embora cedo! – Resmungou ela.
- Irá logo, Lils! – Tranqüilizou-a a morena Marlene.
A enfermeira aproximou-se, trazendo lençóis e fronhas para trocar os da maca em que antes estivera Lupin. Trazia na bandeja também um copo com água e alguns comprimidos. No outro braço carregava um par de muletas.
- Srta. Evans... – Chamou após trocar os lençóis da maca vizinha. – Como está sua perna?
- Bem.
- Dor?
- Muito pouca. Só se forço. – Explicou.
- Certo. Creio que posso liberá-la. Beba esse comprimido e pode ir. Volte em trinta dias para tirar o gesso, sim? – A ruiva assentiu contente, bebeu o remédio e, com auxílio de Sirius e Tiago, levantou-se e pegou as muletas para apoiar o corpo.
- Obrigada por tudo! – Cumprimentou e saiu da sala, junto com as meninas e os marotos.
Andaram devagar até a torre da grifinória, devido a perna machucada de Lily. No caminho, tiveram um encontro “agradabilíssimo” com os “amigos” sonserinos. Avery, Mulciber, Malfoy e Snape vagueavam pelos corredores, sem absolutamente nada para fazer. Ainda que fosse véspera de natal, a maioria dos sétimanistas não voltara para casa, por ser o último ano na escola. Em geral, restava no castelo, apenas os sétimanistas de todas as casas, alguns alunos do primeiro, segundo e quarto ano, os estudantes de NOM’s e os convidados para a “Festa do Clube do Slug”.
- Olha lá, Snape... A Evans... É coisa do destino que vocês se encontrem de novo em um castelo tão grande. – Ironizou Malfoy. – Que tal terminar com a diversão de sexta passada? Ela está até com a perna quebrada. Vantagem para você, eim? Ataca!
- Olha, Almofadinhas... O seboso Snape, o desbotado Malfoy... – Começou Tiago
- O esquisito Avery e o comensal Mulciber. – Continuou Almofadas.
- Comensal não!! PROTÓTIPO de comensal, né? – Corrigiu Tiago.
- Deixa, Tiago... Esquece isso. Vamos logo subir para Torre. – Chamou Lily. Os amigos concordaram e continuaram a subir. Pontas e Sirius olhavam discretamente para os sonserinos, desconfiados de um possível ataque pelas costas.
- Foge Potter! Foge feito uma mariquinha!!! Ui, olha lá o Potterzinho, obedecendo a namoradinha sangue-ruim, ui!!Tadinho dele, não sabe duelar e foge como um bebê chorão!! Né neném? Buaaa!!! - Zombou Malfoy, provocando a ira de Tiago. O maroto sentiu o sangue esquentar e subir até a cabeça, deixando-lhe louco de raiva.
Sirius percebeu a fúria do amigo, segurou-o pelos punhos e sussurrou.
- Não apronte nada. Só querem te irritar. Ignora esses repugnantes!
Tiago soltou-se de Sirius e recomeçou a andar, dessa vez ao lado de Lily. Os sonserinos os seguiam a distância. Mulciber, descontente com a falta de reação de Pontas, resolveu atiçar mais ainda a ira do Grifinório.
- Ei, Snape... Soube que Milorde tomou uma decisão mais precisa sobre nossos deveres como seguidores dele? – Snape emitiu um grunhido que poderia ser uma curiosidade explícita ou um ciúme crescente pela aproximação de Tiago e Lily. – É! Agora somos oficialmente seguidores dele. Só tem uma coisinha que devemos fazer para nos manter nessa posição... Brincar com essa classe de... Sangues-ruins. – Continuou o comensal, com um brilho malicioso no olhar. – Seja o que for... Dor, tortura, lesões... Só não somos autorizados a matar, não ainda. – Marlene estremeceu e apertou-se mais a Sirius. – Mas acho que não será abuso de poder se... Se atacarmos sangues-puros. Será uma honra para você, se chegar à próxima reunião declarando que feriu gravemente o Potter, filho dos aurores.
- CHEGA!!! – Tiago berrou lívido de raiva. Virou-se para os sonserinos e apontou a varinha para Mulciber. Snape, Malfoy e Avery repetiram o gesto, brandindo o instrumento contra Tiago. Remo, Sirius e Cath vieram em auxílio do amigo.
– NUNCA. MAIS. OUSE. ME. AMEAÇAR. NEM. TOCAR. NO. NOME. DOS. MEUS. PAIS. – Sibilou raivoso. Os outros baixaram as varinhas, mas não ele. Olhou Mulciber nos olhos, este tinha uma expressão de malícia facilmente associável com um serial killer. Tiago bufou e baixou sua varinha. Fitou o sonserino outra vez e só foi embora ao sentir a mão de Sirius dando tapinhas em seu ombro.
Estavam quase chegando à torre quando Lily sentiu-se incomodada demais com o silêncio de Tiago. Chamou-o:
- Tiago? Está tudo bem? – Ela inquiriu, tocando-lhe a mão. Ele assentiu sem levantar olhar, não queria que ela o visse chorando. Sirius olhou-o e repousou sua mão no ombro de Tiago, passando-lhe força.
Remo pediu licença à Lily e aproximou-se de Tiago. – Pontas, cara... Sai dessa... Os sonserinos só querem provocar você.
- Não! – A voz saiu rouca e quase inaudível. – Eles sabiam! Mulciber sabia. Vi nos olhos dele. Era maldade pura. Devia bem ter ajudado a matá-los.
- Matar quem? Quem sabia o que? Sejam claros, por favor! – Pediu Marlene confusa. A pergunta não foi respondida até eles alcançarem a sala comunal da grifinória. Quando cruzaram o retrato, Tiago levantou a cabeça e permitiu que as amigas vissem seu olho vermelho e seu rosto marcado de lágrimas.
- Meus pais, Lene. Meus pais foram assassinados por comensais da morte, no verão. – Disse de uma vez. Calmo, mas indócil para sair dali e ir para o dormitório. Lily encheu-se de pena do maroto e sentiu os olhos ficarem marejados. Tiago subiu as escadas para o dormitório correndo e bateu a porta do quarto violentamente.
Ninguém falou nada por muitos minutos. Cada um absorto em seus próprios pensamentos, sendo solidários á dor do amigo. Lily arranjou um sofá para sentar e descansar a perna machucada, Marlene e Cath se acomodaram cada uma de um lado dela. Sirius e Remo sentaram nos braços do sofá observando a neve cair na janela que estava em frente a eles.
- Por que ele não nos contou antes? – Inquiriu Lily depois de um tempo.
- Nem eu sabia. Vim descobrir há dois dias.
- Pontas não quis contar para que ninguém sentisse pena dele. Ele realmente detesta essa coisa de piedade ou compaixão. – Disse Sirius, em um tom que evidenciava seu arrogante desprezo por esses sentimentos.
- Mas ainda assim... Enfrentar essa “barra”, sozinho... – Teimou Cath, incrédula
- E eu não sirvo para nada? Puxa vida, Cath! Eu estava com ele! Os Potter são minha família também! Eu sofro tanto quanto ele, mas dou força para o meu melhor amigo, né? Eu estava com ele no dia, eu li a carta de despedida da Tia Sam! – Devolveu Sirius, na defensiva. – Mas, poxa, é complicado para um cara tão novo perder os pais e ser, de um dia para o outro, o chefe da casa. O dono de toda a fortuna Potter. Mesmo depois de quase seis meses ainda é difícil ser órfão de pai e mãe.
Depois da fala do maroto, seguiu-se um silêncio sepulcral no salão. Ficaram ali por um longo tempo, dando privacidade para Tiago. Lene aninhou-se a Sirius em um abraço na poltrona ao lado do sofá, Remo sentou-se entre Cath e Lily para aninhar as duas amigas junto a si. A loira suspirou e fechou os olhos quando descansou a cabeça no peito do maroto. Respirava profundamente, querendo manter para sempre na memória o perfume doce e inebriante dele. Sabe-se lá quando viria outra oportunidade de repousar daquele modo, tão próxima à ele. Quando Remo olhou em seu relógio, viu que já passava das 17h30min. Surpreendeu-se por ter passado tanto tempo ali, no conforto quente da sala comunal.
- Gente! – Os amigos o olharam. – Vou subir. Tenho a festa de natal do Slug e preciso me arrumar.
- Pensei que não era do clube do Sluguinho, Aluado. – Zombou Sirius do seu canto.
- E não sou, mas prometi a Mel que iria acompanhá-la. – Justificou. Lene e Lily trocaram olhares cúmplices e Cath amuou-se. Sirius o olhou malicioso no que Remo revirou os olhos. – Vou aproveitar e ver como está o nosso amigo Pontas, ok? – Os demais concordaram.
Aluado subiu para o quarto e viu Tiago sentado, olhando para a janela. Sentiu um arroubo de pena do amigo, mas lembrou-se do que dissera Sirius e mudou sua tática de diálogo.
- Oi, Pontas!
- Aluado. – Disse sem emoção. – Que estão fazendo?
- Nada na verdade. Sentados no sofá olhando a neve cair. Vim me aprontar para sair com a Melhissa. – Tiago o fitou malicioso. – Por que você e Almofadas me olham assim, hein? – Questionou intrigado, despindo a jaqueta de couro e os tênis.
- Nada. Temos orgulho do nosso lobinho selvagem. – Zoou ele, dando um tapa na nuca do amigo. O olhar malicioso persistiu.
- Como está?
- Melhor. Acho que foi mais o fato de ouvir o canalha do Mulciber falando dos meus pais como se eles fossem insignificantes, que me irritou, sabe? – Aluado concordou com a cabeça, vasculhando o malão atrás de sua calça social e de sua gravata borboleta. – Eu sinto a falta deles, claro, mas não vou ficar chorando sem motivo. Levo minha vida adiante! Quer saber? Vou descer e ficar com a galera lá em baixo. Vejo-te depois, cara. – E retirou do cabide uma jaqueta jeans e bateu a porta, descendo para o salão comunal.
- Esse Pontas... – Negou Remo rindo, enquanto se dirigia ao banheiro com a toalha dobrada nos braços.
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N/A: Cheguei!!!
Capítulo novinho para vocês!!!
E como vai indo essa fanfic?
Trasgo? Deplorável? Aceitável? Excede Expectativas? Ótima?
Quero comentários para postar o próximo Cap!
Morgana Pontas Potter
P.S: Estamos chegando ao fim da fanfic. Farei até o capítulo 25 apenas! Talvez tenha 2 temporada, vai depender dos comentários.
Comentários (1)
trasgo! Ê, sacanagem! Sua fic é pra lá de ótima! Vai aqui uma sugestão. Porque você não aproveita o gancho do final dessa fic, onde muito provavelmente thiago e lilian estarão juntos, e escreve uma deles lendo sobre o Harry? Sei que tem um bocado dessas, mas queria ver uma assim com você... Deles lendo o futuro. Mas sem personagens do futuro! Apenas os livros! Que tal? Garanto que teria um leitor assiduo aqui...
2014-03-29