Uma PEQUENA detenção
Terminaram as aulas do matutino e foram para um delicioso almoço. Todos juntos, os sete amigos. Até Pedro que há tempos não era visto pelas garotas, apareceu para sentar-se junto.
- Então... Como foi mesmo que o trio da escola se refez? – Indagou um Sirius curioso e divertido.
- Não creio que MEUS assuntos sejam da SUA conta, Black.
- Eita, sô!!! Achei que estava todo mundo de bem de novo!!! – Disse ele em um tom defensivo.
- Estou resolvida com as MENINAS. Só faço companhia a vocês porque são namorado/amigos delas. Se pudesse permanecer apenas com minhas amigas, melhor. – Respondeu Lily, após uma generosa garfada de macarronada.
- Então não vai voltar a falar direito com seus amigos?
- Enquanto achar que não devo, não! Desculpe Lupin, sabe que, assim como os outros, é para lá de culpado por participar do plano.
- Não entendo por que tanta mágoa. O assunto já passou, sabe? Não deveria guardar rancor, Lily Evans! – Aconselhou Sirius.
- Não é rancor, já perdoei vocês, todos. Mas não posso confiar tão fácil em quem me traiu desse modo, tramaram um plano as minhas custas!! E se dizem amigos!! É muita cara de pau! Tanto o fato de se passar de amigo como o de armar tudo as escondidas!
- Certo, chega! Mudemos o tema da conversa. O que acharam do dever de Transfiguração de hoje? – Quis saber Lene, tentando evitar uma possível briga.
- Difícil!! – Disseram Cath, Lily e Remo, simultaneamente.
- Simplicíssimo ! - Foi a vez de Sirius e Tiago falarem juntos, com Lene. – Sério Lils? Eu achei fácil, por que não pega uma aula com qualquer um de nós? – Continuou Lene.
- Pode ser... Você me dá uma aula mais tarde, tá? Amanhã, talvez. É que eu ainda tenho uma DETENÇÃO hoje, né Sirius Black?
Sirius sorriu amarelo e abaixou a cabeça e engoliu um bom pedaço da deliciosa rabada. Manteve a cabeça abaixada, rindo bem baixinho. Remo moveu a cabeça negativamente e bebeu seu suco, descansou a taça na mesa.
- Eu também não estou feliz com isso, mas... É as sete, Evans? – O sobrenome da menina soou estranho ao sair de sua boca, Evans... Há quantos anos não a chamava assim? Quatro? Cinco? Era realmente estranho.
- Sim, as 7. Tenho que ir, Runas. Vamos, Mar?
- Mar? Que raio de apelido é Mar? Pensei que fosse Lene.
- E é Potter, mas o nome dela é Marlene e eu a chamo com quiser! Feliz? Ótimo! Tchau Cath. – Sapecou uma falsa beijoca nas bochechas da loira e saiu saltitando, junto com a morena Mckinon.
A aula passou calma, entrega e apresentação de trabalhos. A dupla de Lily fora internada na enfermaria dois dias atrás com suspeitas de varíola de dragão, portanto a apresentação seria em outra data. As últimas aulas da tarde acabaram mais cedo, como era costume nas sextas e trouxe o jantar. Lily e Remo engoliram a comida para poderem chegar cedo na detenção. A empada de frango foi quase intocada pelo loiro, cujo estômago revirava só de lembrar que manchara seu histórico escolar quase perfeito pegando uma detenção por passar bilhete dentro de sala.
Não era a primeira detenção de Lily, mas a primeira em que era realmente culpada por algo, as duas outras haviam sido pelo mero fato de ela estar no local errado na hora errada. Apreensão e nervosismo a inquietavam, engoliu uma pequena parcela da salada de atum de que se servira e quase não bebera seu suco, péssima hora para ter um intestino tão frágil! Saíram do grande salão quase atrasados, dez minutos para as sete. Tinham de descer até as masmorras e cruzar todo o castelo para alcançar a sala de poções, mais um corredor por entre armários de ingredientes de misturas até alcançar a sala do professor. Assim que bateram na porta da sala do Sr. Slughorn, o relógio de Lily apitou, eram 19h pontualmente, sete da noite. A detenção começara.
- Boa noite, meu caros! Podem entrar. – Tanto Lupin como Evans nunca haviam estado em um local tão pequeno e mal iluminado. A sala do professor só era frequentada por alunos potencialmente problemáticos. Nenhum dos dois fazia esse tipo.
- Boa noite professor. – Cumprimentaram juntos. – O que será nossa detenção?
- Relaxe minha cara Lily, nada de apavorante. Afinal, são alguns de meus melhores alunos, e só conversaram dentro de sala, nada de tão grave! Mas, ainda assim, errado! Precisam pagar por seus erros, então... Nada mais justo que ordenem o armário de poções que preparei para Madame Pomfrey desde mês passado. Tomem as fichas, re-rotulem os frascos e bem, arrumem tudo. Acaba o tempo de vocês as 8h30min, caso não acabem, voltam na segunda! – E saiu da deixando-os a sós com a bagunça.
- Bem... Podemos começar logo? Não posso vir na semana que vem, vou ver minha tia que está doente...
- Não era a avó? – questionou a ruiva.
- É! Minha tia-avó, está muito velhinha e descobriram uma catapora de sereiano nela. Terrível! – Falou, meio enrolado com os fatos.
- Certo, melhoras a ela. Vamos logo, sou muito alérgica a poeira. – Disse abrindo o armário e separando os frascos.
O sistema deles era simples, Lily retirava os vidros e limpava, dizia o que era a mistura. Remo anotava, rotulava-os e encaixotava com os demais. Em meia hora tinham esvaziado metade do armário, tinham três caixas de poções, organizadas e o trabalho quase acabado.
- Eu queria saber como a escola ia se virar para limpar tudo, se não houvesse alunos baderneiros para fazer isso por eles nas detenções! Merlin, é a minha segunda dessa semana e...Nossa, adoram nos mandar limpar esse castelo. – Reclamou o loiro, estalando a coluna ao se posicionar melhor entre os montes de caixas e vidros. A ruiva riu.
- Você não existe, Remo! – Percebeu que falara mais do que gostaria, fechou o sorriso e voltou sua atenção aos frascos. – Desculpe! Não quis te chamar de Remo, eu ia dizer Lupin! – Confessou enquanto limpava um pote particularmente empoeirado, evitando ter de olhar para o licantropo.
- Pois eu preferia que me chamasse de Remo mesmo. Eu sei que deve estar muito magoada conosco ainda, Srta. Evans, mas... Se pudesse entender que eu realmente não fiz por mal e sinto muito pelo meu erro, eu ficaria com a consciência mais tranquila.
- Você é a segunda pessoa que me diz isso hoje, sabe. – Respondeu sem olhá-lo.
- Marlene te disse quase isso quando se resolveram mais cedo, não? – A ruiva assentiu calada. – Eu só pensei que faria um bem a você se te provasse que o Pontas é uma boa pessoa e merece uma chance de sua parte, mas... Minha mãe costuma dizer que “Em briga de marido e mulher, ninguém mete a varinha, senão fica pendurado no teto da cozinha!”
Ela riu e passou para ele o pote que recém limpara
- Mesmo que Potter e eu não sejamos um casal... – Remo completou com um “ainda” inaudivelmente. – O ditado está muito correto! Não deviam mesmo ter se metido nisso! Eu não gosto do Potter, mas se fosse para ficarmos juntos, eu me apaixonaria por ele, com o tempo... Não porque vocês planejaram algo!
- Desculpe! Não sei mais o que te dizer!
- Acho que já está bom! Aceito as desculpas! E fique claro que são as SUAS desculpas, não me invente de dizer para o Black que estamos todos de bem! Se ele quiser voltar a falar comigo, precisa tomar as rédeas de sua própria vida e vir me pedir desculpas pessoalmente! – Disse ela, brincalhona, mas depois séria, limpando outros vidros e embalagens.
Remo assentiu e retomou o trabalho. Conversavam enquanto faziam suas obrigações e quando finalmente acabaram, era 8h20min. O professor veio e avaliou o trabalho, pediu ajuda para levar as caixas para a enfermaria, eles seguiram-no e da ala hospitalar foram direto para a torre da grifinória.
Quando entraram, viram Tiago e Sirius jogando Snap Explosivo, Pedro, inacreditavelmente, lendo e Marlene e Cath sentadas no tapete opinando sobre o jogo. Sirius cumprimentou Aluado e acenou a cabeça para Lily, que retribuiu o gesto educadamente. Tiago observou a cena, seu olhar cruzou com o da ruiva, ela sustentou os olhos castanhos por um tempo, parecia não saber de que modo fitá-lo. Nos olhos dele havia tristeza e saudade, nos dela... Algo indecifrável, uma mescla de mágoa e tristeza, aparentava certa saudade e principalmente remorso, não havia brilho nas esmeraldas da menina.
Ela fitou-o por mais alguns minutos, o tempo parara para os dois, nada mais ao redor importava, nem as companhias, nem o clima, o local ou as horas... Só buscavam no olhar um do outro, aquela coisa pura e bela que uma vez tiveram... Aquela doçura no olhar, que ele percebera na primeira vez que a viu dentro do trem. Por fim, ele desistiu de procurar, era em vão! Nada se podia notar naquelas esmeraldas que um dia tiveram um brilho de alegria. Virou o rosto para a janela, a fim de desviar-se das pupilas tristes dela.
Lily ainda permaneceu poucos segundos olhando para ele, no fim deu as costas e chamou Lene e Cath para irem para o quarto. Despediu-se de Remo, acenou para os outros dois, tentando se passar por esnobe, mas falhando miseravelmente devido a tristeza e a infelicidade estampadas em seu rosto.
Adentraram o quarto e ficaram em silêncio, as amigas bem sabiam que a ruiva não estava bem, mas resolveram não insistir, ela falaria quando achasse ser a hora. Uma por vez foi tomar seu banho, vestiram as camisolas e robes, fecharam as janelas e acomodaram-se em suas camas.
- É loucura demais, achar que é possível entender os sentimentos de alguém só pelo olhar? – Questionou Lily, já deitada em sua cama.
- Nem tanto! Sirius me entende só de olhar para mim, às vezes, nem preciso ter dito ‘oi’ para ele notar que algo está errado.
- Meus pais, antes de falecerem, se entendiam sem precisar trocar palavras, digo... Pode não ter haver com sentimentos, mas... Era assim! – Relatou a loira. – Por quê? Está sentindo isso com alguém?
- Não! Não, exatamente. Quero dizer... Encontrei com uma pessoa com quem briguei um tempo desses e... Percebi coisas que ela sentia, só de trocar alguns olhares com ela. E fiquei pensando se... Bom, uma bobagem, se isso significaria estar apaixonada por ela.
- Não sempre. Em outras palavras, não precisa estar enamorado por ela, mas... Pode significar que tem um sentimento forte entre essas pessoas. Amizade, por exemplo, carinho, atenção... Esse tipo de coisa. – Explicou Lene, dando de ombros.
- Hum... – Disse em resposta
- Lily?
- Oi, Cath.
- Está sentindo isso com alguém?
- Talvez!
- Oh, céus! Snape, não né Lils? – Perguntou uma Marlene preocupada.
- Deixa para lá! Boa noite, meninas! – Findou a ruiva, virando-se para dormir.
- Noite, Lil. Noite, Cath.
- Boa noite, amigas!
E as três adormeceram logo. Nevou durante a noite, mas nenhuma delas viu, tão pesado era o sono. Cada uma presa no seu mundo de sonhos.
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N/A: Oiii!
Capítulo novo on! Talisman, obrigada pela crítica. Sei que ficou muito bobinha essa esconciliação das meninas, mas eu fiz esse capítulo tentando tornar a dor do meu Shipper favorito mais palpável, como você mesmo disse.
Espero que esse esteja a altura dos demais, fiquei contente que você tenha sido tão crítico e, ao mesmo tempo, construtivo ao me corrigir.
Aguardo sua opinião sobre esse capítulo.
De uma autora feliz,
Morgana Pontas Potter
Comentários (1)
Ah, esse capítulo está muito bom! Realmente, o alto nível retornou agora! Curioso para saber quanto tempo mais eles ficarão brigados! Aguardo ansiosamente pelo próximo capítulo!
2014-03-21