Parte I



Notas iniciais:



  1. A fic não está terminada mas não vai ser muito grande, só dividi em partes pra facilitar a leitura.

  2. Se tiver alguém lendo e interessado, dê sinal de vida. \o/


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Hogwarts, 1895 


Os dois garotos ruivos conversavam no hall de entrada para o Salão Principal, mal olhando um para o outro.


— Quer que eu diga alguma coisa a elas? — perguntou com frieza o menor deles, que carregava um malão e vestia trajes pesados de inverno.


— Não precisa — disse o mais velho, endireitando os óculos de meia-lua. — Já mandei uma coruja à mamãe explicando porque tive que ficar na escola.


— Detalhando as mentiras que inventou pra não precisar voltar para casa — murmurou o outro com um risinho. — Tudo bem, eu digo que você mandou um abraço.


Alvo não respondeu, só olhou para o irmão com expressão neutra. Aberforth lançou um último olhar de desprezo a ele antes de virar-se e ir embora. Alvo suspirou. Talvez aquilo não fosse mesmo muito nobre, mas ficar em Hogwarts sem ninguém da família parecia o melhor tipo de natal que ele podia ter.


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À noite, o silêncio nos corredores desertos parecia significar segurança. Ele seguiu até o sétimo andar com um caderno para notas e a determinação de um explorador, e parou em frente à tapeçaria de Barnabás, o Amalucado, com um sorriso satisfeito no rosto. A essa altura, já havia esquecido completamente Aberforth e tudo o mais: concentrava-se no seu novo experimento.


Havia descoberto o lugar semanas antes, da maneira mais inesperada possível. Caminhava apressado para a aula de Runas Antigas — no quarto ano e cursando todas as matérias, desdobrar-se para frequentar todas as aulas lhe era bem mais difícil do que dar conta dos deveres. Nem tivera tempo de ir ao banheiro entre as aulas. E foi quando esse pensamento ligeiramente aflitivo lhe passou pela cabeça que ele passava apressado por lá, e que notou um movimento estranho na parede.


Logo conjecturou que o aposento não deveria se destinar apenas a pessoas com necessidades fisiológicas latentes que, por acaso, estivessem passando pelo sétimo andar. Então começou a pesquisar e descobriu que, como tudo em Hogwarts, ela era bem mais do que parecia.


Já fazia uns dias que planejava testar a Sala Precisa, e elegeu o feriado de natal como data perfeita. Todos os seus amigos iam para casa.


Deixou o caderno no chão e caminhou três vezes em frente ao pedaço da parede, com o pensamento fixo. Não deu certo na primeira vez.


Usou diferentes táticas: sorvete de limão (logo depois censurou-se: não é a Sala dos Desejos, Alvo), meias novas, um livro de transfiguração que andara cobiçando... Manipulou uma imagem mental de que precisasse se esconder, que alguém o estivesse perseguindo, e nada.


Por fim, desistiu de enganar a Sala. Devia pensar em algo que precisasse... Mas do que realmente precisava? Deu-se conta, com humor amargo, de que não sabia, e definitivamente a sua vida não era perfeita; ele precisava de muitas coisas. Precisava ser compreendido, precisava conhecer coisas e fazer coisas... E nada disso poderia ser oferecido por uma sala, por mais mágica que fosse.


Bufou e tirou os óculos para limpá-los na barra do suéter, distraído. Tinha que inventar outros planos para o Natal, agora. Recolocou-os e abriu a boca lentamente, enquanto observava o que antes era a parede. Foi como se, sem ruído, tivesse se quebrado uma janela bem próxima, pois o vento rascante e os grandes flocos neve se precipitavam sobre Alvo. A paisagem à frente mesclava um branco impenetrável e o marrom de galhos de árvores castigadas pelo clima, a única coisa que ele pôde distinguir antes de se aproximar tão suavemente da Sala — ou o que quer que aquilo fosse — que se sentiu como se estivesse sendo puxado para dentro dela.

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