Sentimentos
Capítulo Oito – Sentimentos
Gina abriu os olhos e levou um susto. Havia dormindo no quarto de Harry. Ou melhor, na cama dele. O que era para ser apenas um cochilo, acabou virando a noite inteira. Envergonhada, torceu para que Harry ainda estivesse dormindo. Ao virar-se para ele, viu que estava enganada. Harry a encarava com um sorriso bobo no rosto.
Ai, caramba! Como eu puder pegar no sono desse jeito? E por que ele tá olhando assim pra mim? Gina tentou decifrar o olhar de Harry. Era um misto de admiração e... carinho. Ou seria mais gratidão por ter “cuidado dele a noite toda.”
- Oi... – Harry murmurou e Gina se assustou com o tom embevecido dele. – Dormiu bem?
Harry não podia acreditar no que estava acontecendo. Abriu os olhos e sentiu sua cabeça rodar. Tal foi sua surpresa ao virar-se e deparar com Gina dormindo ao seu lado. Harry pensou, por causa da ressaca, estar vendo coisas. Gina parecia um anjo. Timidamente, tocou nos cabelos ruivos dela e não faz mais nada, além de observar o sono tranquilo dela.
- Oi... Dormi sim. – Gina queria quebrar aquele clima. - Que horas são?
Ela podia sentir o perfume dele e, automaticamente, os acontecimentos da noite anterior invadiram sua mente. Uma parte dela queria sair de lá o mais rápido possível, mas uma parte dela queria ficar ali. Do lado dele.
Também tentou ignorar o fato de que Harry estava apenas com a bermuda da noite anterior, deixando o peito nu. Gina nem reparara nesse detalhe quando resolveu “deitar” ao lado dele.
- São quase nove horas – respondeu Harry e Gina arregalou os olhos. Meus pais vão me matar.
Harry não podia perder aquela oportunidade. Ter a garota que gostava na sua cama era muito mais do que podia imaginar no momento.
Gina tentou levantar-se, mas algo a prendia ali. Ela não sabia se era ela que não queria levantar ou se era o olhar hipnotizador de Harry que a paralisava naquela cama.
- Ainda é cedo – falou Harry, aproximando ainda mais de Gina.
Ok, é nessa hora que você tem que levantar e ir embora.
- Preciso fazer café. – Gina não sabia de onde tinha saindo aquelas palavras, mas precisava arrumar um jeito de sair daquela cama. O moreno estava muito perto, perto demais. G
Vamos, Gina. Não é tão difícil. Lily deve estar dormindo ainda. Nem vai perceber que você dormiu na casa do filho dela, na CAMA do filho dela. Sai daí, menina.
- Há coisas melhores para de fazer e além do mais... a minha mãe está em casa e ela mesma pode fazer o café. – Harry não deixaria Gina sair de lá. Não mesmo.
- Mas sua mãe pode estar dormindo ainda. E eu nem devia estar aqui. E além do mais...
– Gina não pode completar a frase. Perdeu a noção de tudo quando Harry acabou com a distância entre os dois, beijando-a de uma forma sensual e apaixonada. E por mais que Gina tentasse resistir, ela no fundo também queria. Deixou-se entregar.
Automaticamente, abraçou o e acariciou os cabelos rebeldes. Um calor gostoso percorreu seu corpo e as borboletas no seu estômago faziam a festa.
Estava perdida.
- Harry... – Gina tentou raciocinar, mas estava difícil. Os beijos e as carícias de Harry dificultavam tudo. Se eles não parassem naquele momento, não pararia mais e as consequências seriam grandes.
- Deus... você é linda, linda. – Harry não conseguia raciocinar. Só de ter Gina nos seus braços era como um presente dos Deuses. Sabia onde isso poderia parar, mas não queria parar.
Beijou-lhe o pescoço e acariciou a cintura da garota com os polegares. Gina tentava controlar os gemidos, em vão. Harry já estava sobre ela e o lençol que a cobria, já se encontrava no chão.
Um forte impulso tomou conta de Gina como uma tempestade e Gina percebeu que não queria parar. O desejo era mais forte e estava incontrolável. Ela não era a mesma. Estava totalmente entregue. Sem pensar duas vezes, Gina empurrou Harry de volta para cama e sentou-se sobre sua cintura.
Harry observou, estupefato, Gina tirar a parte de cima do biquíni e, antes que ele pudesse reagir, a garota voltou a beijá-lo. O autocontrole de Gina já havia isso pro espaço.
Harry sabia que não havia mais volta, mas como ela, não queria voltar. O efeito da bebida havia passado, mas estava completamente embriagado pelo cheiro e o calor da ruiva.
Acariciava as costas da ruiva, que passou as unhas pelo seu abdômen, deixando um gemido escapar dos lábios do moreno. Num gesto ousado, Harry baixou as mãos para a saia.
- Harry? Gina? Tudo bem aí? – Alguém batera na porta. Era Lily. Os dois afastaram-se como se estivessem tomado um choque.
Merda. Merda. Merda. O que você estava fazendo, Gina? Desde quando você se entrega tão fácil assim. Rapidamente, levantou-se e vestiu o top. Seu rosto estava vermelho como um tomate evitava encarar Harry.
- Está... está tudo bem, mãe.... Acabamos de acordar – disse Harry levantando-se. Tentava se recompor, pois sentia um certo incômodo entre as pernas.
Gina tentou entender o que acontecer ali. Por que estava quase indo além com Harry. Sim, estava apaixonada, mas nunca pensara em chegar a esse ponto. Era cedo demais.
- Que bom. O café está pronto – disse Lily afastando-se. Gina se perguntava como encararia a sra. Potter agora.
- Eu... eu tenho que ir. – Sem encarar Harry, Gina foi em direção da porta quando Harry parou na frente dela.
- Espere, Gina. Precisamos conversar.
- Depois, Harry... – Gina mantinha a cabeça baixa. – Olha, me desculpe... eu não sabia o que estava fazendo. Eu... tchau, Harry.
- Gina, espere! – Harry chamou, mas Gina já tinha descido as escadas correndo. Ele ouviu a porta da frente sendo fechada.
Harry pensou em ir atrás de Gina, mas sabia que a garota não queria conversar agora. Fechou a porta e suspirou. Ainda podia sentir um formigamento pelo corpo e não conteve um sorriso ao lembrar-se de Gina seminua sobre ele. Ela era perfeita.
Foi direto para o chuveiro. Precisava tomar um banho gelado e pensar na conversa que teria com a ruiva. Eles precisavam definir a relação que teriam dali pra frente.
Duas semanas depois...
- ... foi marcada por vários conflitos, abrangendo toda a Europa e indo para outros continentes. A Inglaterra, como sabemos, estava do lado dos aliados, como os Estados Unidos e a União Soviética...
Gina ouvia aquelas palavras, mas não as entendia realmente. Na verdade, fazia duas semanas que só tentava concentrar nos estudos por causa das provas finais, mas tudo o que fazia era automaticamente. E segurava o celular para ver aquelas mesmas palavras: 20 chamadas não-atendidas.
Sabia que fugindo, nunca resolveria seu problema com Harry. Teriam que conversar mais cedo ou mais tarde. Mas parece que a coragem havia a abandonado e só o que restava era não atender às suas ligações e fugir de qualquer abordagem de Hermione, que havia desconfiado de alguma desde que Gina voltara para casa.
O sinal tocou e Gina saiu como um foguete. Queria focar nos estudos para não ter que encarar Harry. Não entendia essa sua atitude. Por que estava fugindo? Eles poderiam continuar amigos, não? Ou eles poderiam dar um próximo passo para aquela relação tornar algo mais, certo? Mas Gina não estava convicta disso. A outra hipótese – aquela que sua insegurança a fazia repetir sempre – era de que não seriam mais nada um do outro. Nem amigos, nem namorados.
Harry desligou o telefone quando Gina não atendeu novamente e suspirou. No começo, tentou entender a atitude de Gina estar fugindo dele, mas depois de duas semanas começou a se questionar se ela não estava assustada.
Pensou em abordá-la na escola, mas certeza que Gina esquivaria dele. Rony percebeu esse tipo de comportamento e perguntou o que estava acontece. Harry não teve outra alternativa a não ser desconversar. “Foi apenas um mal-entendido”, dava de ombros. Rony não acreditou muito, mas resolveu não insistir.
- Mal entendido? Foi isso que ele disse? – Perguntou Hermione com as sobrancelhas erguidas. Os dois estavam na casa de Rony e Hermione decidiu que encostaria Gina na parede de uma vez por todas.
- Foi. Só isso. – Rony deu de ombros.
Ok, Gina. Agora você não me escapa.
- Sua irmã está no quarto? – Rony confirmou a pergunta da namorada. – Ótimo. Vou lá conversar com ela.
- Boa sorte. – disse Rony vendo a namorada ir em direção do quarto da irmã.
Deus... você é linda, linda.
Gina fechava os olhos e sempre revivia aqueles momentos de semanas atrás. Por mais que tentasse esquecer era inevitável. E viu que era mais fácil não encarar o dia seguinte do que deixar tudo às claras.
- Gina! – Alguém bateu na porta. Era Hermione. Rapidamente, Gina colocou o celular na cabeceira. Harry não ligara mais, muito menos deixou mensagem no correio de voz. Gina estava com saudades de ouvir a voz dele, mas sua teimosia falava mais alto. – Gina, posso entrar?
Estava evitando conversar com Hermione desde o ocorrido. Quando a cunhada queria tocar no assunto, ela desviava ou dizia que não tinha acontecido nada. Mas, no fundo, queria desabafar com alguém. Sabia que essa pessoa era Hermione, mas ainda estava criando coragem para isso. Talvez aquela fosse a hora certa.
Respirou fundo antes de abrir a porta.
- Tudo bem? – Hermione perguntou ao ver o semblante da cunhada. – Podemos conversar ou você vai tentar me enrolar, como está fazendo há duas semanas?
- Entra, Hermione – Gina deu espaço para ela entrar no quarto e fechou a porta. – Você tem razão. Estou te enrolando há duas semanas. Desculpe. Mas é que eu sei como explicar. – Sentou-se na cama e fechou os olhos.
- Tente. – Hermione sentou-se de frente para a ruiva. – Aconteceu alguma coisa entre você e o Harry, é isso? Vocês brigaram? – Gina negou com a cabeça. – Então, o que pode ser?
Enquanto esperava Gina procurar as palavras certas para dizer, uma ideia maluca passou pela mente de Hermione.
- Ai, Meu Deus! – Deu um salto da cama. – Não vai me dizer que vocês... – ao ver o rosto da amiga ficar vermelho, pôs as mãos na boca. – Então, vocês...
- Não, Hermione! – Gina encarou ela, ainda com o rosto de vermelho. – Não rolou nada disso que você está pensando. – Quer dizer...
- Quer dizer o quê? Rolou ou não rolou? – Hermione estava impaciente e voltou-se a sentar na cama.
- Bem... quase... – Gina confirmou baixinho que Hermione teve que chegar mais perto pra ouvir.
- Quase... – Hermione era esperta o suficiente pra não perguntar “como assim, quase?”
- Sim, Hermione, “quase”, mas só isso. Ainda bem que a mãe dele bateu na porta senão... – Gina encostou-se na cama. No fundo, estava aliviada por desabafar.
- Entendi. E você está morrendo de vergonha de encarar o Harry, é isso? – Gina assentiu. – Mas... ele não estava bêbado?
- Foi de manhã. O porre já tinha passado. Acabei dormindo na cama dele. Ele desmaiou assim que deitou. Ai, Hermione! Como pude? Nós nem somos namorados, nem nada! – Enterrou a cabeça no travesseiro.
- Mas vocês ficaram na noite de Ano-Novo.
- Foi só um beijo, Hermione. E, pra chegar àquilo, tinha que ter algo mais. E nós não temos uma relação. Somos amigos, apenas.
- Ou ainda. Gina, por favor, todo mundo sabe que vocês estão afim um do outro e só não dão o braço a torcer. Ou melhor, até deram, mas têm medo.
- Medo de quê?
- De estragaram a relação de vocês caso se machuquem. Você e Harry se gostam mais do que amigos, então, por que não se arriscar?
- Não sei, Hermione. É complicado. Eu nunca gostei do Harry dessa maneira. E... se não der certo?
- Só há um jeito de vocês saberem: é se arriscando.
Gina sabia que a cunhada tinha razão. Tinha que parar de fugir de Harry e resolver a situação entre eles.
- Ok, você tem razão. Quando ele pedir pra conversamos de novo, não vou fugir.
- Promete? – Hermione olhou-a nos olhos.
- Prometo.
E sabia que isso não demoraria a acontecer.
Xxxxx
Harry encerrou mais uma aula de surfe. Olhou no seu celular. Nenhuma chamada. Ela não tinha ligado e nem retornado seus inúmeras ligações. Mas, mesmo assim, não pensava em desistir. Tinham que conversar.
Desde o ocorrido, Gina não aparecera mais nas aulas e sua desculpa era que tinha que focar mais nos estudos, pois estavam quase no final do bimestre e tinha que fechar a média com boas notas. Não entendeu muito bem essa atitude, pois as aulas de surfe não atrapalhavam o desempenho da Gina na escola. As aulas eram em dias alternados: durante a manhã no final de semana, e de terça e sexta à tarde.
- Cara, eu sei que você não quer me contar o que está acontecendo entre você e minha irmã, mas você não acha que é melhor vocês conversarem e se acertarem? – Rony perguntou enquanto iam em direção ao quiosque. - Já faz dias que Gina não aparece aqui. Tento convencê-la, mas ela diz que está ocupada estudando. Isso, pra mim, é desculpa.
- Desculpa, Rony. Mas sua irmã não quer conversar comigo. Ela nem retorna as minhas ligações. – Harry mostrou o celular para o amigo.
- Você falou que foi apenas um “mal-entendido”. Tem certeza de que foi só isso?
- Sim, Rony. Tenho. – Harry só podia fazer o amigo acreditar naquilo. Se ele contasse o verdadeiro motivo, nem queria imaginar em qual seria a reação de Rony.
- Ok. Não vou insistir mais. Mas escuta bem. – Rony fez o amigo encarar. – Se ela continuar assim, vou começar a achar que tem algo de errado e você vai se ver comigo.
- Eu juro, Rony. Não foi nada demais. Sua irmã é que está exagerando.
- Sei... mas já sabe, né?
- Sim... eu entendi. – Harry engoliu em seco. Só esperava que Gina parasse de fugir dele. Ou senão seria um homem morto.
No dia seguinte...
Harry olhou pra fachada daquela casa. Silêncio. Sabia que Rony tinha saído com Hermione, mas os Weasley estavam em casa, principalmente Gina. Não seria tão complicado uma conversa com a ruiva sem o irmão por perto. Ele queria privacidade e Rony já estava com um pé atrás com ele.
Respirou fundo antes de se aproximar e tocar a campainha. Não ligara mais pra Gina e nem sequer deixou mensagem no correio de vez, nem pra avisar que apareceria na sua casa para conversarem de vez.
A porta se abriu, revelando a figura de Molly Weasley.
- Harry? Que surpresa, querido! Quer falar com o Rony?
- Não... – Harry coçou a nuca, desajeitado. – Na verdade, eu queria falar com Gina. Ela está?
- Sim, claro. Entre. Vou chamá-la.
- Obrigado. – Harry entrou na casa. Molly subiu as escadas pra chamar Gina. Esperava que a ruiva aceitasse falar com ele.
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