Hogwarts Express



– Alguém pode me ajudar aqui? – Gritei sem paciência, vendo que Harry, Ron, George, Fred e Ginny só me assistiam lutar contra o malão.


Fred se levantou antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa. Colocou meu malão no lugar e me puxou pra me sentar ao seu lado. Ron e Harry conversavam animadamente, e eu não queria saber o assunto. George estava sentado ao lado dos dois, mas calado. Provavelmente com algum projeto pra gemialidades ou qualquer coisa assim. Ginny estava abraçada ao braço esquerdo de Fred, e eu estou aqui, calada. Sentada do lado direito do ruivo, e com os olhos fixos na janela.


Troquei minhas vestes antes dos outros e era a única que estava com o uniforme. Estava um pouco chateada com os últimos acontecimentos n’a toca. Meu relacionamento com os gêmeos cresceu muito nas férias. Ficamos o tempo todo juntos, e na hora que seria nossa despedida eu me senti mal. O sexto ano seria chato, já que Ginny e Harry não se decidiam, mas já estavam praticamente prometidos um ao outro. Ronald estava praticamente entregue aos encantos da Brown. O que, profundamente me deixava irritada e me deixava com um mau humor terrível. E talvez, se os gêmeos estivessem comigo, seria mais fácil de aturar. Deixei minha tristeza transparecer, ficando calada, sem fome e chorando um pouco. Assim que Molly percebeu, insistiu para que fossem para Hogwarts. George ficou muito chateado com isso, enquanto Fred ficou preocupado com a loja. Bill prontamente se ofereceu pra cuidar da Gemialidades. E incrédula, vi Fred arrumar o malão em um piscar de olhos e ficar entusiasmado pro dia seguinte. Mas o problema foi com George.


Flashback


Subi cantarolando e seguindo pro quarto de Ginny. Ainda não conseguia acreditar que Fred e George estariam comigo esse ano. Minha felicidade era tanta que esbarrei com tudo em alguém e comecei a rir. Quando vi quem era, meu sorriso alargou. Mas o que eu estranhei, foi que George fechou a cara. Senti-me mau por ele ter fechado a cara pra mim. Foi horrível vê-lo deprimido e pra baixo. “Eu não queria que ele fosse obrigado a ir.” Pensei, ficando séria.


– É culpa sua! – Ele disse baixinho, de um jeito que só eu pude ouvir. – Se você não ficasse fazendo cena, a gente não precisaria voltar praquele lugar.


Fiquei mais incrédula ainda.


– Se não fosse a senhorita Granger ficar chorando pra lá e pra cá, mamãe teria concordado, e nós ficaríamos cuidando da loja. – Ele disse e meus olhos começaram à marejar.


Foi a gota d’agua. Ele estava jogando a culpa pra cima de mim... A culpa por tê-los impedido de largar a escola.


– Talvez eu não devesse ter ficado tão triste por ter de deixá-los pra trás. – Eu disse com desprezo e quando me virei, Fred estava atrás de mim.


Ele fez uma careta que eu não soube identificar e foi até o irmão.


– Você não devia estar culpando-a! – Ele gritou. – Ela não tem nada com isso, George. Você já sabia que mamãe não queria que ficássemos.


Flashback off


Fazer os dois brigarem – e ainda por cima, por minha culpa – não estava nos meus planos. Mas quando Fred me defendeu, eu fiquei muito feliz. Tudo bem que, estava em lágrimas e ainda não tinha acreditado ou digerido as palavras rudes de George, mas ainda assim, fiquei feliz por Fred ter me defendido.


Flashback


– Mione... – Me chamou a ruiva que mexia no meu cabelo, me tirando dos meus devaneios-pós-jantar. – Podemos?


– Ah... – Eu suspirei. – É claro que podemos.


Já ia subir pro quarto com Ginny, quando a mandei subir na frente e fui até eles.


– Boa noite, garotos. – Disse olhando pros dois. Depois olhei diretamente pra Fred. – Me desculpe.


Ao invés de aceitar minhas desculpas, ele simplesmente sorriu. Aquele tipo de sorriso maravilhoso que diz “não seja idiota, você não tem culpa nenhuma e eu não vou aceitar suas desculpas”.


– Não será nenhum sacrifício ir pra Hogwarts esse ano. – Depois de ouvir suas palavras com um sorriso enorme, o dei um beijo de boa noite e fui me deitar.


Flashback Off


E agora estava aqui, nervosa e sem graça nenhuma de falar uma palavra.


– Hermione? – Escutei uma voz conhecida e levantei os olhos.


Encontrei um par de olhos castanho-esverdeados me encarando com certa tristeza. George parecia deprimido por ter deixado a loja pra trás.


– Me desculpe. – Murmurei ainda olhando-o nos olhos. – Eu não queria fazê-lo vir contra sua vontade.


– Tudo bem. – Ele sorriu, ainda sem vontade. – Quem tem que se desculpar sou eu. Bill vai cuidar bem da loja, e eu acho que no fundo... Já sabia que mamãe ia nos barrar na ultima hora.


Dei um sorriso. George pegou minhas duas mãos e beijou-as. Fiquei muito mais tranquila depois disso, e joguei o peso do meu corpo pra cima do Fred.


– Como ela é folgada quando está de bom humor! – Ele exclamou, arrancando algumas risadas de Ginny, George e principalmente de mim.


– Eu sou folgada o tempo todo. – Eu respondi olhando-o de baixo.


– Sim... Claro! – Ele disse sarcástico. – Quase se fundindo com as paredes e janelas do expresso só pra não ter que tocar alguém e pedir desculpas depois.


Dei uma gargalhada, afirmando mentalmente o que Fred disse.


– Hermione, você está andando muito com Gred e Feorge. – Ron disse me olhando com uma sobrancelha em pé. – Não vai se render e se transformar em uma baderneira, certo?


– Ron! – Gritou Fred. – Eu e Feorge tentando fazê-la se juntar a nós, e você tentando fazê-la parar no meio do processo?


Dei uma gargalhada.


– Ron... – Eu disse com a minha voz mais doce, e me agarrei ao Fred. – Acho tarde demais... Já me bandeei pro lado deles.


Fred e George fizeram uma dancinha comemorativa ridícula, e eu caí na gargalhada com a careta que Ronald fez.


– Agora é que ela vai abandonar o trio maravilha e vai virar trigêmea. – Disse Harry fingindo uma voz deprimida.


– Trio maravilha? – Perguntei com uma sobrancelha em pé. – Vocês dois apaixonados pelos corredores de Hogwarts... Só me resta me juntar à outros bagunceiros... Não esperavam que eu fosse me fazer de candelabro, certo?


Harry, Ginny e Ron ficaram mais vermelhos que tomates. Eu, Fred e George caímos na gargalhada.


– Mas se bem que... – Ginny interveio, tentando mudar de assunto. – Você teria que se tornar um garoto pra fazer o que eles fazem.


– Não preciso “me tornar um garoto”. – Eu disse fazendo aspas com os dedos. – Eu posso simplesmente agir como um.


– Tá pirando, Granger? – Perguntou George com os olhos arregalados.


– Seria um desperdício você começar à agir como um garoto... Uma garota delicada, meiga, bonita... – Fred parou seu discurso de elogios quando reparou que todos nós estávamos olhando pra ele.


O silêncio se instalou na cabine e eu tinha certeza de que estava mais vermelha do que Ginny, quando disse que ela e Harry eram apaixonados.


Merlin, porque está fazendo isso comigo?” Perguntei mentalmente quando me afastei um pouco de Fred, sobre os olhares assustados de Ron, Ginny, Harry e George. Depois de alguns segundos – ou minutos que mais pareceram uma eternidade pra mim – todos esqueceram – ou fingiram esquecer – o assunto, e continuaram suas conversas individuais. Escutei Harry dizer alguma coisa sobre a doninha albina – vulgo Draco Malfoy – e logo depois vi Harry sair da cabine. Encostei-me a Fred de novo e caí no sono.

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