My Heart Will Go On And On

My Heart Will Go On And On



– Ginny? – Chamei, e saiu com um soluço.


Queria saber simplesmente se Ginny estava acordada. Uma da manhã... É bem possível que tenha caído no sono.


– O-oi? – Ela respondeu começando a soluçar também.


Eu e Ginny estávamos assistindo “Titanic”. Um clássico filme trouxa onde “Rose” e “Jack” viveram um daqueles amores arrebatadores, e no final, foram separados cruelmente. E o pior... Separados pela morte. O filme acabou e agora nós duas chorávamos sem nos importar com mais nada. Os créditos apareceram, e junto com eles, uma música que só piorou a situação. “Todas as noites em meus sonhos, eu te vejo, eu te sinto. E é assim que sei que você continua.” Eu só conseguia prestar atenção na letra e chorar mais ainda. “Onde quer que você esteja eu acredito que o coração continua.” Foi a abertura pra que eu abraçasse Ginny e desabasse. Entreguei-me às lágrimas, e Ginny não ficou muito atrás. “Você está salvo no meu coração e meu coração vai continuar e continuar...” E então fomos assustadas por um barulho alto de alguém aparatando. Gritamos e em segundos sentimos mãos tapando nossas bocas.


– O que está acontecendo aqui? – Perguntou uma voz conhecida.


– Vocês enlouqueceram? – Perguntou a outra voz, igualmente conhecida.


– Só um filme, garotos. – Ginny disse secando suas lágrimas.


A música continuava e eu não consegui dizer uma palavra. Ver aquele filme e escutar aquela música só me fez pensar que... Mesmo eles sendo trouxas, isso poderia acontecer comigo um dia. Balancei a cabeça de uma vez, tentando afastar esse pensamento. “Você está aqui, e eu não tenho nada a temer, você está salvo no meu coração e meu coração vai continuar e continuar...” Comecei à soluçar de novo e escutei uma gargalhada logo atrás de mim.


– Fred você não... – Me virei pra completar o xingamento, mas acabei parando de falar.


Fred estava muito perto. Um sorriso brincava em seus lábios e seus olhos castanho-esverdeados brilhavam, parecendo me convidar à ficar horas os observando. Seus cabelos ruivos estavam desgrenhados e seu hálito quente era quase apalpável.


Fred alargou seu sorriso, e eu voltei a realidade.


– Você é um idiota. – Disse me virando pra frente, com as bochechas queimando violentamente.


Parece que os dois segundos que se passaram não foram notáveis pra Ginny ou George. Mas tinha certeza absoluta de que Fred tinha reparado completamente na minha cara de boba e no fato de que eu perdi a fala quando olhei pra ele. “Merlin, o que foi isso?” Pensei e sequei algumas lágrimas que teimavam à rolar minhas bochechas.


– Meninos... – Disse Ginny depois de tirar o filme do DVD.


Depois de um tempo, ela aprendeu totalmente à controlar o aparelho. Nessas férias, eu resolvi trazer vários filmes trouxas, e isso fez nossas férias muito boas. Deixava os filmes românticos e tristes pra madrugada, e então assistia-os com Ginny. Com os meninos, – principalmente os gêmeos – era mais terror, ou suspense.


– Acho melhor vocês saírem. – Ela disse autoritária. – Mione e eu estamos bem, obrigada por se preocuparem. Não vamos mais soluçar e nem morrer de chorar.


– Estamos sendo expulsos? – Perguntou George fazendo uma careta deprimente.


– É isso mesmo, George... – Fred disse também se fingindo de magoado. – Elas usam-nos pra protegê-las, pra pegar as coisas pra elas... E depois simplesmente nos expulsam!


– Não! – Eu disse com um sorriso enorme. – Ginny e eu não vamos ficar incomodadas se quiserem ficar. Nós agora vamos assistir a um filme lindo e romântico, chamado...


– A gente não quer incomodar! – Disse George me interrompendo, com os olhos arregalados.


Tinha certeza que os dois não iam topar assistir um filme romântico. Nessas férias, nós três ficamos muito próximos. Harry babava por Ginny e Rony ficava tentando achar um jeito de conquistar Brown


– Queremos incomodar sim. – Disse Fred saindo de perto do irmão e se sentando ao meu lado. – Porque ainda não colocaram o filme?


Agora foi a minha vez de arregalar os olhos. Realmente não estava com sono, e realmente queria assistir outro filme, mas não contava com a presença dos gêmeos. O fato de ter os dois ruivos ali faria a situação meio ridícula. Imagine só... Ginny e eu colocando as órbitas pra fora de tanto chorar, e os dois rolando de tanto rir. Não daria certo.


– Tudo bem... – Ginny deu um sorriso e me mostrou de lado a capa de “The Bodyguard”.


– Coloca logo o filme, Ginny... – Eu disse reprimindo um sorriso. – Já estou louca pra começar a chorar!


Fred e George me olharam incrédulos, e quando achei que fossem dizer algo, deram os ombros e olharam pra televisão. Incompreensíveis esses garotos! Se bem que Fred e George são ótimas companhias. Não como Harry ou Ron, mas são ótimos.


Ginny se sentou em sua cama, ao lado de George e deitou a cabeça em seu ombro. Sorri com a cena e me ajeitei na outra cama. Fred estava sentado ao meu lado, encarando a televisão com uma careta de desinteresse. Quando notei isso, não consegui reprimir uma risada. Acho que chamei atenção de Fred, porque ele se virou pra mim na mesma hora.


– Qual é o problema? – Ele sussurrou com um sorriso.


– Harry se oferecer pra ter aulas de poção extra com Snape. – Eu disse reprimindo uma gargalhada ao imaginar Harry pedindo à Snape pra dá-lo aulas extras.


– Ou Ron pedindo à mamãe pra bordar um suéter com um “R” gigante na frente pra ele. – Fred mostrou que tinha entendido, e eu concordei balançando a cabeça.


– Se odeia tanto filmes românticos, senhor Fred... – Eu disse com uma pontinha de sarcasmo no “senhor”. – O que é que está fazendo aqui?


– Companhia, oras. – Ele respondeu simplesmente e se virou pra televisão.


Balancei os ombros e comecei à prestar atenção ao filme. Quando chegou a cena em que descobrimos que a irmã de Rachel estava atentando contra ela, só porque ela chamava mais atenção, Fred não se conteve.


– Nunca! – Ele gritou. – Nunca... Em hipótese alguma... Comentem com Ron sobre a existência desse filme!


Gargalhamos alto, mesmo meio tensos por culpa do filme. Deitei a cabeça no ombro de Fred, que pareceu nem notar, e continuamos a ver o filme. Depois de algumas cenas, vieram as lágrimas. Não resisti e olhei pra Ginny. Ela chorava abraçada ao braço de George, que olhava pra televisão com uma careta. Absorvi a cena com certo carinho. “Oh, Merlin... Como eu queria ter um irmão mais velho.” Foi o que pensei antes de me virar pra Fred. Ele me olhava com um olhar meio triste. Achei que fosse lançar uma crítica ao filme, ou dizer qualquer coisa, mas não foi bem isso que aconteceu. Depois de notar que ele não faria nada, me virei novamente pra televisão, e meu choro foi só intensificando. À cada cena, era mais provável que não iriam terminar juntos... E Merlin... Tem algo mais deprimente do que um casal que se ama não terminar juntos?


Não fiz questão alguma de controlar minhas lágrimas e muito menos secá-las. Ignorei a existência de Fred – porque se não fizesse isso, não choraria perto dele – e me entreguei às lagrimas, com o pensamento “e se isso acontecesse comigo um dia?” Segundos depois de me perder em pensamentos, senti o braço de Fred me envolvendo... E mesmo que meu primeiro reflexo tenha sido me assustar, aos poucos cedi e me aproximei dele. Abraçou-me e eu me apoiei em seu peito, soluçando.


– Pare de chorar, garota. – Ele sussurrou, acima da minha cabeça. – É só um filme.


Fiquei em silêncio, mas aos poucos consegui me conter. Fiquei ali, respirando tranquilamente e escutando a música maravilhosa que tocava nos créditos finais do filme.


A música do primeiro filme tinha algumas notas exageradas, mas essa se superava. A mulher-gorda invejaria a trouxa que cantava essa música. [N/A: Ela e mais um milhão de cantoras amadoras, porque né... Houston feelings não é pra qualquer um não.]


– And I... – Ginny acompanhou a música, com o “I” alongado. – Will Always Love you!


E abraçou George, fazendo uma declaração dramática com direito à lágrimas. Reprimi algumas gargalhadas e novamente, desejei ter um irmão mais velho.


– Eu também te amo, maninha. – George beijou o topo da cabeça da ruiva. – E sempre vou te amar.


Fred começou à rir.


– E eu? – Ele disse olhando pros dois ruivos que estavam na outra cama. – Ninguém vai falar que me ama não?


– Eu estou muito longe pra declarações, Fred. – Disse Ginny, ainda em lagrimas. – Mas eu também te amo muito, não tenha ciúmes.


– É... – George balançou a cabeça, ainda abraçando a ruiva. – A Hermione está aí, óh. Se vira.


O que diabos George Weasley quis dizer com isso?” Pensei com as bochechas queimando e a raiva tomando conta do meu corpo. Fred nem se mexeu, parecia sem graça demais pra dizer alguma coisa. E eu, como uma boa garota, simplesmente fingi que não tinha escutado. Fiquei ali, estática, escutando o coração de Fred bater... Acompanhando o movimento de seu corpo quando respirava... Se prendesse minha respiração por alguns segundos, conseguiria escutar o sangue correndo por suas veias. Aquilo era tão bom, que acabei me distraindo e me perdendo em seus batimentos... Minha canção de ninar natural me entregou ao sono profundo.

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