Apenas mais uma missão



Hermione partiu no outro dia. No QG dos aurores, Ron estava com uma cara meio aborrecida. Harry perguntou-lhe o que houvera.


— Hermione foi para a China, cara – Ron disse, com um suspiro.


— Eu não entendo muito bem o significado dessa expressão, Ron – desculpou-se Harry, ajeitando os óculos.


— Não é expressão! Ela foi para a China – Ron destacou cada palavra. – Aquele país lá. Cobrir uma conferência de políticos. Vai ficar lá uma semana.


— Ai, ai... – lamentou Harry. – Isso é ruim. Porque não vai lá em casa hoje, então?


— Eu vou, pode deixar. Nem estou tão desesperado assim, é só que vai dar saudade. Mas, tudo tranquilo. O Reed nem foi junto – Ronald sorriu.


— Eu tenho até pena daquele cara, de tanto que você implica com ele – Harry disse.


— Humpf, ele merece. Só fica rondando, pensa que eu não sei? Não é flor que se cheire, não. Apesar de gostar de poesia... – zombou Ron.


Harry riu. Dali a pouco lhes chamaram para cuidar de alguns assuntos. No fim da tarde estavam ambos envolvidos na mesma missão. Com mais dois aurores (um homem e uma moça) cercavam uma casa onde se realizava tráfico de dragões, esperando a ocasião de capturar os criminosos.


— Tá, você entra pelos fundos, Ron. Tess vai pela frente. Eu e Mordred vamos guardar as saídas – Harry definiu o plano.


— Vocês vão dar conta de todas as saídas? – Tess, uma garota loira e dinâmica de cabelos curtos duvidou um pouco de Harry.


— Não tem muita gente aí dentro – Mordred era um homem grisalho e sério. – Não será difícil.


— Então vamos logo – encerrou Ron.


Cobertos pela sombra do anoitecer, eles correram abaixados para a casa, com as varinhas em punho. Ron entrou silenciosamente pelos fundos, e foi avançando para o interior da casa. Tudo permaneceu em silêncio, até que o grito de Tess (“Vocês estão presos em nome da lei!”) cortou o ar. Guiado pelo som, em dois segundos Ron estava ao lado da colega. Ela desarmara um homem barbudo e o amarrara, agora lutava contra um rapaz careca e magro. Uma mulher loira de cabelos cacheados deslumbrantes pulava pela janela, em fuga, e Ron foi atrás dela.


— Pega, Harry! – gritou, vendo que a mulher corria para o lado onde o amigo estava escondido. Este saltou e começou a correr também. A moça, vendo-o, debandou para o outro lado, atirando feitiços em Ron.


— Socorro! – eles ouviram, de dentro da casa. Mordred estava ocupado perseguindo um terceiro homem. Harry gritou para Ron.


— Vou ajudar a Tess, você cuida dessa! – Ron não respondeu, apenas concentrou-se em correr atrás da fugitiva. Sentiu algo voar por cima de si mas não deu importância. Corria, corria. Por fim, conseguiu derrubar a loira com um Impedimenta e levou-a de volta à casa, presa.


Depois de conduzir os traficantes ao Ministério, onde aguardariam julgamento presos, Ron, Harry e Tess voltaram para examinar o local do crime, onde apenas Mordred ficara, examinando as caixas que tinham encontrado.


— Vocês não vão acreditar; dragão é só o começo – anunciou, quando chegaram os outros aurores. Efetivamente, enquanto eles examinavam a mercadoria, descobriam que os bandidos comerciavam uma quantidade enorme de produtos ilegais, variando de elfos domésticos a sangue de unicórnio, este último em quantidade bem reduzida, por causa da difícil obtenção.


— Eles estão ferrados – comentou Ron.


— No mínimo treze anos – opinou Harry.


— Talvez mais com isso aqui – Tess encontrara os registros do grupo. Mas os cadernos estavam com feitiços complexos de proteção, que teriam que ser desfeitos no Ministério. – Se tem isso aqui tudo no térreo, imagina no porão.


— É verdade. Vamos lá, Harry? – chamou Ron.


— Uhum – o outro concordou, descendo as escadas com Ronald. O porão era enorme, escuro e úmido, e estava atulhado de coisas. Havia dois salões. Harry ficou no primeiro, e Ron passou adiante.


O rapaz entrou e acendeu a varinha. Mas não iluminava muito, porque era um espaço largo. Um barulhinho de gotejar em algum canto incomodava. Ron teve uma sensação esquisita ao entrar lá.


Ele foi avançando, mas a sensação aumentava. Começou a perscrutar a escuridão em volta, procurando algo que pudesse acender.


— Quem está aí? – perguntou, ao ouvir um soluço, baixinho. – Apareça. Apareça ou eu vou estuporar você – ameaçou, lançando um feitiço para o lado de que achava que tinha vindo o barulho. Caixas foram derrubadas e Ron caminhou reto para lá, acendendo a varinha com mais intensidade. No canto... não havia ninguém.


— Maldito! – Ron ouviu, atrás de si. Virou-se de pronto, dando de cara com um rapaz baixo e bem jovem, de aparência frágil. Devia ter uns dezessete anos. Era claro e pálido, magrinho, com cabelos curtos, negros e escorridos. Usava vestes bruxas, tinha os olhos vermelhos e estava furioso.


— Quem raios é você? – exclamou Ron, sem baixar a guarda, embora o rapazote não desse mostras de ameaçá-lo.


— Você não tinha o direito de prendê-la! – vociferou o garoto. – Que foi que ela te fez, hein?!


— Pra mim nada, mas pro mundo bruxo ela aprontou – respondeu Ron. – Isso se você está falando daquela loira bonitona que...


— CALA A BOCA! Ela vai perder os melhores anos da vida dela na cadeia por sua causa! Toda aquela beleza divina desperdiçada...


— Olha, ela teve o que merecia. Os elfos domésticos em gaiolas mostraram muito bem que não era uma princesinha injustiçada. E você, vá logo embora daqui antes que eu te prenda também por cumplicidade.


— Não vai ficar assim – determinou o rapaz. – Acha que pode arrancar de mim o amor da minha vida e ficar impune? Vai ser pior ainda pra você. Porque a minha garota vai voltar pra mim, acabada, mas vai. Mas a garota que você amar tem como próximo lar a sepultura.


— Para de falar besteiras, garoto. Aquela mulher era até velha demais pra você. Aposto que tinha pelo menos vinte e cinco. Será que ela gostava de você? Humpf! Com aquela cara? Para de chorar e vai atrás de alguém da sua idade – aconselhou Ron.


— Miserável... – grunhiu o mocinho. – Você verá! Minha vingança será plena. Até que minha garota volte para mim, você não terá a sua. Qualquer uma que você amar terá o destino selado. Guarde minhas palavras.


E o bruxo aparatou. Ron ficou olhando para o lugar onde ele sumira com uma cara de espanto zombeteiro.


— Ron, está tudo bem aí? – Harry se aproximava ao ouvir os rumores. – Ouvi vozes.


— Está – disse Ron. – Só tinha um maluco aqui, namorado da traficante, eu acho. Daquele tipo que faz ameaças, sabe? Late e não morde.


— Ah, sei. Vamos voltar lá pra cima logo que temos que fazer o inventário de tudo o que encontramos aqui – disse Harry, cansado só de pensar em tanto trabalho. Eles ficaram até 01h da manhã separando produtos e registrando-os. A quantidade deles era enorme, e não havia reforços a serem chamados porque o Ministério estava em plena atividade, e de qualquer forma o caso em si já havia sido resolvido, era só o inventário que ninguém queria fazer.


— Droga, mamãe vai me matar. É muito tarde – reclamou Tessie, olhando no relógio. – Se o Charles sabe, também vai brigar comigo.


— Pior é que eu tenho que estar em casa já. Gina vai ficar brava – Harry falou, pondo a mão atrás da cabeça. – Mordred?


— Não dá, Tess, desculpe. Minha Dona é ferinha.


— Eu vou – disse Ron. – Mamãe é brava também, mas entenderá.


E então Ron acompanhou a garota até em casa. Ela agradeceu-lhe, sorrindo, e entrou. Ron dirigiu-se para a Toca.


 

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