Capítulo 11 - Conflitos e mais

Capítulo 11 - Conflitos e mais



8 de Outubro de 1995 - Intervalo da manhã.


— Viu só, Sarah? É por isso que estivemos preocupados por todo esse tempo! — exclamou Amber — Seu pai precisa tomar cuidado! Imagine se Umbridge tivesse conseguido!


— Tá, mas ela não conseguiu, falou? — disse Sarah e, logo depois, deu de ombros e complementou — Afinal, o que é a vida sem riscos?


— Você não presta mesmo!


Nesse momento, Peeves passou flutuando por cima delas. Elas levantaram a mochila simultaneamente para impedir que ele jogasse uma pelota de tinta por cima delas, mas ele não o fez.


— É claro que ele não vai fazer nada — disse Sarah, recolocando a mochila ao seu lado — Eu e meus comparsas o ajudamos a causar o pânico na escola! Sabia que o Filch está considerando colocar minhas fichas junto com a gaveta de Fred e George?


— A questão não é essa! — exclamou Amber, impaciente.


— Nossas aulas começaram há 1 mês e 6 dias, e você e Harry já estão enlouquecendo de estresse!


— Você conta o tempo que estamos na escola?


— Igual a um prisioneiro em Azkaban.


— Isso não tem graça, Sarah!


Ginny e os gêmeos se aproximaram delas, fazendo-as se calarem.


— Isso é demais! — comemorava Fred — Angelina conseguiu permissão para o time de quidditch!


— Mas isso é ótimo! — exclamou Sarah, tão animada quanto ele.


Amber, Ginny e George fizeram uma careta quando os dois se beijaram.


— Arg! Eu vou ficar traumatizada pelo resto da minha vida! — debochou Ginny.


— Traumatizados ficamos nós ao ver nossa inocente irmãzinha beijando o Corner — resmungou Fred.


— Fred, supera! A sua irmã já tem idade para namorar! — disse Sarah, revirando os olhos.


— Retiro o que eu disse! Você é a melhor cunhada que eu poderia ter na vida!


— Interesseira! — os gêmeos exclamaram.


Os três sentaram-se ao lado das duas, no amontoado de alunos. Como estava chovendo, os alunos tinham permissão para permanecer dentro do castelo durante o intervalo das aulas.


— Você poderia se inscrever para o time — sugeriu Fred — Assim eu não ia ter que ficar aguentando George e Angelina se comendo com os olhos.


— FRED! — gritou George, corado — Calúnia! Isso não é verdade!


— Então por quê corou, caríssimo Forge? — perguntou Sarah, com um olhar inocente.


— Vocês reclamam que a Ginny está muito maliciosa, mas quem fala esse tipo de coisa na frente dela são vocês! — disse Amber, não perdendo a oportunidade.


— Como se ela fosse uma criancinha de 5 anos — Sarah revirou os olhos.


— É o nosso dever de irmãos proteger nossa irmãzinha de más companhias — disse Fred.


— Dispenso sua ajuda! — retrucou Ginny.


— Ainda bem que Harry não é assim comigo! — disse Amber.


— Isso porque você não arranjou namorado ainda, raio de sol — disse Sarah.


— Não me chama de raio de sol! — rosnou Amber.


— Raio de sol, moranguinho, tomate, pimentinha, palito de fósforo... — provocou Sarah.


— Já chega vocês duas! — interrompeu Ginny, antes que Amber pulasse em cima da amiga.


Depois disso, eles ficaram preocupados demais tentando não rir abertamente de Katie Bell que jogava todo tipo de coisa para cima de Peeves, que tinha a acertado com uma pelota de tinta na orelha.


Amber aproveitou que as amigas estavam distraídas demais para ler um pouco. Depois de um tempo, Angelina e Alicia Spinnet conseguiram acalma-la e todos voltaram suas atenções para o que estavam fazendo.


— Então — começou Sarah, mas o sinal tocou nesse momento.


Amber jogou o livro dentro da mochila e levantou-se apressada.


— Pensa no que falamos, tá legal? — disse para Sarah, que revirou os olhos, indicando que ainda pensava o mesmo.


***


— Perderam o treino! Eu acho que foi ótimo! — disse Sarah para Ginny e Amber, entrando no Salão Comunal.


— Como você conseguiu ver alguma coisa? — perguntou Fred, assombrado.


— Olhos caninos — brincou Sarah, trocando uma piscadela com Amber, que negou com a cabeça, divertida — O Harry até fez o Sloth Grip Roll!


— Eu não acredito que perdi isso! — exclamou George, surpreso.


— Fechem a boca ou vão acabar babando — debochou Amber, orgulhosa do irmão.


— Não acredito que você perdeu, Amber! Foi demais! — continuou Sarah — Quer saber? Da próxima vez não vou te deixar escapar!


— Boa sorte — disse Ginny — Sua melhor amiga é praticamente uma sedentária!


— Como se Sarah Black também não fosse — retrucou Amber.


— Existe uma grande diferença entre preguiçosa e sedentária — disse Sarah — Afinal para que se levantar, quando se pode usar um feitiço convocatório?


— Sabe se Harry e Rony vão demorar muito? — perguntou Amber, um pouco preocupada.


— Onde está Hermione? — Sarah respondeu com outra pergunta, olhando em volta.


— Cansou de esperar — disse Ginny, levantando-se da poltrona — Eu já vou subindo, Amber. Você vem?


— Não, vou esperar mais um pouco — respondeu Amber — E saiba que eu odeio quando você não me responde, Estrelinha.


Sarah deu um sorriso angelical e inocente para Amber, que revirou os olhos.


— Por que “Estrelinha”? — perguntou Ginny.


— Sei lá! Me veio à cabeça. Ela só faz estripulia — disse Amber, dando de ombros.


— Nooooossa! — debochou Sarah.


— É oficial: você não é boa inventando apelidos — disse George, negando com a cabeça.


— Sério, meninos. Agora já deu! Mal me aguento em pé!


Sarah se despediu de Fred com um beijo e subiu para o dormitório feminino com Ginny. Os meninos logo depois seguiram para o dormitório deles.


***


— Amber? — ela sentiu alguém sacudindo-a.


Amber respirou fundo, abriu os olhos e sentou-se bruscamente.


— O que...? — começou, coçando o olho direito.


— Você acabou dormindo aqui no Salão Comunal — disse Harry.


Ela espreguiçou-se e procurou o relógio com os olhos, eram duas horas da manhã.


— Esteve acordado todo esse tempo? — perguntou com uma voz preocupada.


— Estive fazendo os deveres e acabei pegando no sono também. Não tinha te visto, me desculpe. Dobby acabou de chegar me trazendo Hedwig.


— Tudo bem... Estava esperando vocês chegarem do treino.


— Devia ter subido com Hermione.


Amber olhou o irmão mais atentamente, ele parecia meio preocupado, mas também animado.


— Aconteceu alguma coisa? — ela perguntou, com a voz meio rouca.


Pelo visto, essa não era a pergunta que Harry esperava, ele hesitou antes de responder.


— Nada demais... Dobby descobriu um lugar onde podemos treinar nas reuniões da DA — respondeu, tentando desviar o assunto.


— Harry... — ela insistiu.


— Tudo bem! Tudo bem! Não foi nada demais, minha cicatriz doeu e tive um sonho estranho.


Amber ajeitou-se no sofá, indicando que o irmão se sentasse ao seu lado. Este suspirou perante sua teimosia, mas acabou sentando-se.


— Pode ir me contando tudo! — disse Amber.


— Eu tenho tido esse sonho: eu estou indo em direção a uma porta e estou excitado para abri-la. Quando vou abri-la, eu acordo ou alguém me acorda — contou Harry.


— O que essas dores na cicatriz significam?


— Da última vez que senti Voldemort estava feliz e hoje ele estava frustrado de que os seus planos não estejam saindo na velocidade que ele deseja. Acho que tem a ver com a arma que Snuffles nos disse.


— Você já falou com Dumbledore sobre essas dores?


— Sim, ele mesmo me disse que eu poderia sentir dor a cada emoção forte que Voldemort sentisse ou quando ele está por perto.


— Não foi isso que eu perguntei! Precisa avisar Dumbledore quando essas dores acontecerem...


— Dumbledore está muito ocupado no momento. E não temos como conversar com Snuffles se Umbridge está interceptando as cartas.


— Essa desculpa não cola comigo, Harry! De qualquer forma, você poderia conversar com a professora McGonagall ou eu poderia enviar uma carta codificada para a Marlene...


— O Ministério sabe sobre Marlene e Snuffles. Eles só precisam de uma prova para acusa-la de cumplicidade.


Eles ficaram em silêncio por um momento e Amber não pôde evitar sentir que Harry não queria falar com Dumbledore, por algum motivo que não tinha nada a ver com a agenda do diretor.


Por fim, ela decidiu deixar o assunto para outro momento. Deu um sorriso cansado ao irmão e bagunçou levemente o cabelo dele.


— Acho melhor irmos dormir ou não nos aguentaremos em pé — disse.


Harry apenas acenou com a cabeça e se levantou para recolher os materiais, enquanto Amber recolhia a sua mochila.


— Harry — ela lhe chamou.


— O que? — ele perguntou.


Ela hesitou. Será que deveria perguntar? “Não” decidiu-se “Isso soaria muito estranho”.


— Obrigada por confiar em mim — ela acabou dizendo.


— Você é minha irmã — ele falou como se fosse óbvio.


— Eu sei, mas você não é do tipo que se abre facilmente...


Ele hesitou, enquanto se virava para a irmã. Ela olhou-o com a interrogação impressa em seu rosto.


— Só... Não diga nada a Hermione. Ela vai insistir para que eu fale com Dumbledore — ele acabou pedindo.


— Eu concordo com ela — disse Amber — Não acho que Dumbledore vá considerar isso uma “perda de tempo”!


— Eu sei, mas ele tem me ignorado desde o começo do verão.


Amber concordou com a cabeça, entendendo os motivos dele.


— Não arme nenhuma confusão — disse Harry.


— Olhe só quem fala! — ela riu — Aliás, eu não me chamo Sarah Black.


Ela foi andando em direção às escadarias, então parou em frente a porta do dormitório feminino e disse:


— Boa noite, Harry.


— Boa noite, Amber.


9 de Outubro de 1995 - Jantar.


Os gêmeos se aproximaram de Sarah e Amber, fingindo estarem olhando para o livro que a última lia.


— Alicia disse que Harry nos pediu para nos encontrarmos com eles no sétimo andar às oito horas — avisou Fred, em voz baixa.


— Hoje não tinha treino? — perguntou Sarah, para logo depois beber um gole do seu suco de abóbora.


— Angelina teve o bom senso de cancelar, olhe só o temporal que está lá fora — disse George.


— Mas por que vamos lá? — perguntou Sarah.


— Harry me disse ontem a noite que tinha encontrado um lugar para praticarmos — sussurrou Amber, lembrando-se da conversa da noite anterior.


— Vamos ter que pedir o mapa emprestado... — murmurou Sarah.


— Nós temos o mapa decorado na nossa cabeça — disse Fred, um pouco ofendido.


— Não era por isso que eu estava falando... Vamos ter que tomar cuidado para que nem Filch nem ninguém nos veja — explicou Sarah, revirando os olhos.


Amber olhou em volta e viu Hannah chamando-a discretamente, enquanto Astoria saía do Salão Principal.


— Eu já volto — ela sussurrou para Sarah, antes de se levantar e ir em direção da amiga.


Hannah levantou-se lentamente da mesa da Hufflepuff e fingiu cumprimentar Ginny, enquanto esbarrava em Amber, que derrubou seu livro propositalmente no chão.


As duas se abaixaram para pega-lo e Hannah então sussurrou:


— Astoria quer falar com você — elas se levantaram e ela lhe entregou o livro. Acrescentou com a voz normal: — Desculpe.


— Sem problemas — Amber respondeu.


Hannah continuou andando em direção a mesa da Gryffindor, enquanto Amber desviou seu caminho para a porta do Salão Principal. Ela viu Astoria ao seu lado, mas elas não pararam até entrarem em uma sala de aula vazia.


— O que aconteceu? — perguntou Amber, assim que colocou um feitiço silenciador na porta.


— Eu ouvi rumores — começou Astoria — Que Umbridge não está completamente convencida de que vocês desistiram desse grupo de defesa.


— Ela está planejando alguma coisa?


— Acho que ela vai criar um tipo de grupo de monitores para ficar de olho em vocês.


Elas ficaram em silêncio por um momento, antes de Astoria voltar a falar:


— Eu quero entrar para saber o que eles planejam. Quem sabe assim eu possa avis...


— Eu agradeço muito, Asty — interrompeu Amber — Mas acho que toda a escola sabe que seus princípios não são os mesmos que o da sua irmã.


— Eu sei, mas continuo sendo uma Slytherin. Para todos, os Slytherin nunca vão mudar. Eu vou pelo menos tentar...


— Toma cuidado, Asty.


— Não vai acontecer nada comigo! Snape nunca tira pontos da nossa casa e a Umbridge também foi da Slytherin na época do colégio.


— Eu tenho que ir! Qualquer coisa, me avise.


Astoria piscou para ela e saiu discretamente da sala de aula. Amber desfez o feitiço silenciador e esperou cinco minutos para seguir para o seu Salão Comunal.


***


A primeira reunião da Dumbledore’s Army tinha sido um sucesso. Quando eram as oito em ponto todas as almofadas da sala estavam ocupadas. Houve aquele alvoroço no começo, afinal a adrenalina era alta, todos estavam fazendo algo que era contra as regras... Era emocionante!


Houve uma discussão para decidir qual seria o líder e o nome do grupo, depois eles começaram a praticar o feitiço de desarmar. Todos formaram seus pares, mas Neville ficou sozinho. Amber estava indo em sua direção, quando Harry ofereceu-se para ser o par dele.


Ela prendeu o cabelo em um rabo-de-cavalo, enquanto se preparava para duelar com Sarah, que se negava a prender o cabelo, alegando que isso tiraria o seu charme.


— Pronta para perder, Potter? — provocou a morena.


— Isso é um desafio, Black? — perguntou a ruiva.


— Entenda como quiser! — ela deu de ombros.


As duas se posicionaram a uma distância segura e levantaram as varinhas.


— 1... 2... 3... — contou Amber.


— Expelliarmus! — disse Sarah.


— Protego! — Amber contra-atacou.


O feitiço ricocheteou e a varinha saiu voando da mão de Sarah.


— Engraçadinha... — ela resmungou, enquanto abaixava-se para pegar a varinha.


Sarah conseguiu desarma-la umas 5 vezes, enquanto Amber a desarmava nas outras vezes.


Depois de um tempo, as coisas saíram um pouco de controle e Harry os fez recomeçarem, enquanto passava para dar algumas sugestões.


Nessa hora, Sarah pediu para duelar com Fred, enquanto Amber se ofereceu para duelar com Neville.


— Eu não vou duelar com você — disse Fred, enquanto George se afastava para duelar com Angelina.


— Está com medo de uma garota? — provocou a morena.


— Depois não venha reclamar que eu te machuquei — retrucou Fred — Vou pegar leve com você.


— Aham, vai nessa! — murmurou Sarah, dando de costas para se ajeitar.


Assim que ela virou-se, os dois lançaram os feitiços ao mesmo tempo:


— Expelliarmus!


Com a força dos dois feitiços, eles acabaram sendo jogados para trás.


Na maioria das vezes, Amber deixou Neville a desarmar. Ela queria que ele ganhasse confiança e ela ficou feliz ao ver sua felicidade cada vez que conseguia desarma-la. Mas muitas vezes, ele desarmou-a por conta própria, sem sua ajuda.


O que pareceu pouco tempo depois, Hermione chamou a atenção de Harry e ele apitou, avisando que já tinha passado da hora. Com o Marauder’s Map, ele liberou grupos de três para saírem da sala, para não chamar a atenção.


— Nos vemos no Salão Comunal. Fico surpresa que ninguém desconfie do mapa — Sarah murmurou para Amber, enquanto saía com os gêmeos.


Ela saiu alguns minutos depois com Ginny e Luna. Aquela tinha sido uma noite e tanto, estava exausta, mas havia valido a pena. Ao menos, com mais essa distração na cabeça, ela não estava mais pensando em Oliver com tanta frequência.


2 de Novembro de 1995.


Após as primeiras reuniões, Amber pôde sentir uma mudança nos ares de Hogwarts e de Harry.


Astoria não tinha dito mais nada sobre o grupo que Umbridge tinha planejado criar e Hermione logo arranjou uma forma mais fácil de todos saberem o dia das reuniões, afinal Umbridge poderia não estar fazendo nada, mas isso não significava que ela não desconfiava.


— Bem que Hermione poderia nos ensinar esse feitiço, assim nós poderíamos comprar coisas sem realmente estar gastando dinheiro — Sarah murmurou para os gêmeos, enquanto guardava o galeão falso no bolso.


Mas ela não falou mais nesse assunto depois do olhar que Amber lhe deu.


As reuniões foram suspensas por tempo indeterminado devido a Copa de Quidditch que se aproximava. Como no ano anterior não havia tido devido ao Triwizard Tournament, os jogadores da Gryffindor estavam bem empolgados com a possibilidade de ganharem esse ano.


Mesmo que Amber achasse difícil. Se Umbridge tinha sido realmente da Slytherin como Astoria havia lhe dito, então faria de tudo para que a casa ganhasse a copa. Amber ficou chocada quando a professora McGonagall absteve os jogadores do time de fazerem o dever de casa, desde que eles usassem o tempo extra para praticar.


Quanto mais o jogo chegava, mais o clima de rivalidade entre as casas rivais aumentava. Os jogadores da Slytherin estavam azarando os da Gryffindor, e Pansy Parkinson tentava irritar Harry, mas Amber ficava feliz de vê-lo rindo de suas tentativas patéticas. O problema era Rony.


— Ele vai nos fazer perder... — murmurou Sarah, irritada.


Infelizmente, Amber não conseguia arrumar um bom pretexto para defende-lo.


— É o primeiro jogo dele em público — tentou.


— Deveria ter pensado nisso antes de fazer os testes para o time — retrucou a morena.


Era o dia do jogo e Amber sentou-se afastada do Golden Trio para evitar que Sarah afetasse Rony com o seu péssimo humor.


Quando Rony e Harry andaram em direção ao vestiário, o humor da morena já estava um pouco melhor e elas se aproximaram de Ginny e Hermione.


— Trapaceiros — murmurou Ginny, irritada, enquanto Hermione olhava em volta preocupada.


— Com o apoio que vocês duas dão... — resmungou Amber.


— Olha, Amber, sei que você é amiga da Greengrass, mas a Slytherin não presta! — disse Hermione.


— Eu sei disso, mas qual o motivo dessa vez? — perguntou Amber.


— Olha para os distintivos que a Slytherin está usando — Hermione sussurrou.


Ela olhou em volta e viu o distintivo em forma de coroa, também viu Astoria andando ao seu lado.


— Não dá bandeira — murmurou Amber — Se quer entrar nesse negócio não pode ficar conversando com Gryffindor’s.


— Do que está falando? Só estou indo para o jogo — mentiu Astoria, com cara inocente.


— Sei... O que esse distintivo significa?


— Algo ruim, isso eu posso garantir. Malfoy e Parkinson escreveram uma música. Isso deveria ser contra as regras do quidditch! Eles vão deprecia-lo durante o jogo, fazendo a Gryffindor perder o jogo.


Sarah olhou assombrada para a Slytherin.


— A gente precisa fazer alguma coisa! — murmurou Hermione, que esteve escutando.


— Como eu disse não existe uma regra que proiba isso — disse Astoria, mordendo o lábio.


— Posso tentar falar com a professora McGonagall, mas é provável que ela me diga o mesmo — murmurou Amber, desanimada — É imoral!


— Poderíamos retrucar na mesma moeda — disse Sarah — Weasley é o nosso rei.


Ginny e Amber se entreolharam.


— O que você...? — perguntou Ginny.


— Vamos improvisar! — sugeriu.


***


Amber percebeu, em cima da hora, que seria o primeiro jogo que ela viria seu irmão jogando.


— Nenhum vento que possa afetar o jogo, mas em compensação as condições estão boas. Tem algumas nuvens claras no céu impedindo a passagem do sol, mas não indicando que vá chover... — ela murmurava o clima do jogo.


— Sério, Amber. Para! Você tá me deixando nervosa — disse Ginny.


— Desculpe.


Elas sentaram-se entre seus colegas de casa, mas Sarah também estava murmurando nervosa.


— Incrível como a Slytherin prefere colocar idiotas como Crabbe e Goyle como beaters. Devem achar que é uma posição banal, idiotas... Apertar as mãos dos capitães antes do jogo é mais uma chance da Slytherin tentar quebrar os de...


— Chega vocês duas! — interrompeu Ginny, mais irritada do que antes — Vamos colocar nosso plano em prática?


— Só quero saber onde está Hermione — disse Sarah, olhando em volta.


— Deve estar tentando animar Rony — sugeriu Ginny.


Hermione apareceu logo depois, pouco antes de começar o jogo.


— Sério... Como George ainda não deu um soco na cara de Lee? — perguntou Ginny rindo, ao ouvir a narração de Lee sobre Angelina.


Elas ficaram em um silêncio revoltado ao ouvir a canção dos Slytherin.


— Devíamos ter tentado pegar a canção antes do jogo para poder escrever algo melhor — murmurou Sarah — O jeito vai ser apelar...


— Sarah Bla... — começou Amber, mas a mesma sumiu no mar de torcedores.


— Acho que ela vai azarar os Slytherin — disse Hermione, preocupada.


— Eu vou ajuda-la — disse Ginny, indo atrás dela.


— Ginny!


— Se eles vão jogar sujo, nós também vamos...


Amber e Hermione trocaram um olhar preocupado, a ruiva teve uma ideia ao ver Luna a algumas cadeiras distante.


— Luna! — Amber gritou sob o som da multidão — Faça aquilo com o chapéu! Faça-o rugir! Abafe o som da música!


Nesse momento, a Gryffindor marcou, então Luna tocou o chapéu com a varinha fazendo o leão rugir, abafando a música da Slytherin.


Pouco tempo depois, Harry e Malfoy começaram a voar rapidamente para uma direção.


— Eles encontraram a snitch! — gritou Amber, extasiada.


Mas o fim de jogo não se saiu nada bem, Amber viu vários Slytherin correndo para dentro do castelo, com as peles em cores diferentes, cabelos em diferentes formas, alguns gritavam, mas o som não saia de suas bocas... Crabbe lançou o bludger em Harry no momento que viu que ele pegou o snitch e a madame Hooch foi dar bronca nele.


Quando Amber e Hermione correram em direção a Harry, viram-no aos tapas com Malfoy, enquanto George ajudava-o. Apartir daí, ouviu-se apenas os gritos delas e as meninas da equipe tentando faze-los parar, mas elas não podiam fazer muito, já que estavam segurando Fred para que ele também não partisse para cima do Slytherin.


Logo madame Hooch deu-se conta da confusão e intrometeu-se.


***


O clima do Salão Comunal após o jogo, parecia que eles nem tinham ganhado o jogo. Harry, Fred e George foram proibidos de jogar. Tanto Rony quanto Sarah não tinham aparecido ainda.


— Sabia que papai também roubou o golden snitch? — Amber tentou animar Harry, após os ânimos se acalmarem.


— O que? — perguntou Harry, saindo de seus pensamentos.


— É mais parecido com ele do que pensa... — ela colocou sua mão sobre a dele — Mesmo sendo chaser, ele ficava brincando com o golden snitch. Marlene me contou que ele alegava que a quaffle não chamava a atenção das garotas.


Ela revirou os olhos e Harry soltou uma risada.


— Obrigado... — murmurou.


— Eu sei o quanto isso é importante para você — disse Amber.


— Não vai me dar uma bronca como a Hermione? — perguntou.


— Só me responda uma coisa: por que você e George partiram para cima do Malfoy?


— Malfoy falou mal dos Weasley e da mamãe...


Amber suspirou e bagunçou o cabelo do irmão. Abriu a boca para falar, mas ela mesma não podia dizer nada. Fazia a mesma coisa quando falavam mal de seus amigos e família.


— É... Nós somos irmãos mesmo — murmurou.


Ele sorriu parecendo adivinhar seus pensamentos. Nesse momento, Rony entrou no Salão Comunal vazio e se aproximou deles e de Hermione, que tinha permanecido quieta, observando a conversa entre os dois irmãos.


— Aonde você esteve? — perguntou Hermione.


— Andando — ele murmurou.


— Você viu a Sarah? — perguntou Amber, preocupada.


— Não.


— Você deve estar morrendo de frio, vem se sentar com a gente! — sugeriu Hermione.


Rony sentou-se do lado dela e eles ficarem em silêncio por um tempo.


Harry e Rony começaram a discutir sobre ele querer pedir demissão do time de quidditch. Hermione levantou-se lentamente e ficou olhando pela janela, enquanto Amber olhava para o relógio esperando que o quadro da Fat Lady se abrisse.


— Sei de algo que vai animar vocês dois — disse Hermione, virando-se com um sorriso no rosto — Hagrid voltou.


Harry subiu para o dormitório dos meninos para pegar a capa da invisibilidade, enquanto Hermione subiu no das meninas para se agasalhar.


— Você não vem? — perguntou Rony.


— Não posso. Sarah ainda não voltou e nem Fred nem ninguém a viu depois do jogo — disse Amber, preocupada.


— Então depois te contamos o que aconteceu.


— Obrigada, Ron.


***


O Golden Trio tinha saído fazia mais de 40 minutos e Sarah ainda não havia retornado. Amber levantou-se disposta a procura-la pelo castelo, quando o quadro da Fat Lady abriu-se.


— Onde você estava esse tempo todo? — perguntou a ruiva, assim que Sarah jogou-se no sofá.


— Em detenção. Umbridge me pegou no flagra no meio da partida, azarando os Slytherin — disse Sarah, com um ar cansado e infeliz — Tenho que atura-la durante umas semanas.


— E o que ela lhe mandou fazer? — perguntou Amber, mesmo já sabendo a resposta.


— Linhas — respondeu a morena vagamente.


— Não minta para mim, Black. Harry sofreu a mesma detenção que você!


— Então por que perguntou?


Amber ignorou a pergunta e puxou a mão dela para analisar as cicatrizes.


— Você demorou mais do que Harry costumava demorar — murmurou — Parece que tem duas frases aqui. Por quê?


— Digamos que nas primeiras horas eu escrevi “Umbridge is a cow”, então ela me deu um tapa na cara — disse, indicando as marcas de dedo que tinha no rosto — e mandou-me escrever “I musn’t play dirty” durante todo esse resto do tempo, até a frase anterior ficar menos visível.


— Vamos falar com a professora McGonagall agora mesmo!


— Eu sempre quis ter uma tatuagem... — ela deu de ombros.


— Sarah!


— De qualquer forma eu não me arrependo! Quem jogou sujo foram os Slytherin. Ela quase pegou Ginny, mas eu intervi antes que ela visse.


Amber negou com a cabeça preocupada.


— É sério, Sarah! Deixa de ser cabeça-dura! Ela está te torturando! — insistiu Amber.


— Não se preocupe, palito de fósforo — a outra retrucou, olhando para a sua mão — Acha mesmo que deixarei Umbridge me torturar sem fazer nada? Vai ter volta... Mas, por enquanto, eu já tenho o meu currículo de marotagem.


Ela apertou o punho, fazendo a cicatriz esbranquiçar, deixando-a mais visível sob a pele machucada.


— Vou pedir para Hermione a receita daquela poção — disse Amber, por fim — Só tome cuidado!


Sarah levantou-se do sofá e foi andando em direção a escadaria do dormitório feminino. Amber olhou para o quadro da Fat Lady, mas acabou seguindo. No dia seguinte Harry lhe contaria sobre a visita a Hagrid.


— É melhor irmos dormir... Tenho a sensação de que essa semana será torturante... — resmungou.


— Anime-se! Mês que vem é natal! — disse Sarah, enquanto elas subiam as escadas — Falando em natal: confesso que no Yule Ball considerei convidar aquele nosso amigo de Beauxbatons para causar ciúmes em Fred. Ainda bem que não fiz isso...


O resto do monólogo Amber não escutou, ela estava lembrando-se do natal passado. Um ano onde Voldemort ainda não havia retornado, um ano onde nem Harry nem Dumbledore eram taxados de mentirosos... Um ano com Oliver.

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