Capítulo 10 - Quebrando as reg
4 de Setembro de 1995 - Salão Comunal da Gryffindor.
— Vai continuar sem falar comigo por quanto tempo? — Harry perguntou a Amber, cansado do silêncio e começando a ficar irritado pela atenção exagerada que a irmã dava aos livros.
— Eu estou muito magoada com você — disse Amber.
— Eu não queria preocupar mais ninguém...
— Acha mesmo que eu não fiquei preocupada quando percebi o modo estranho como estava agindo? O horário que voltava das detenções e como não queria tocar no assunto? Seu orgulho é tão grande que não quer pedir ajuda a ninguém.
— Isso não se trata de orgulho!
Amber respirou fundo quando Hermione e Rony foram em sua direção, percebendo a briga à distância.
— Me esconda mais alguma coisa desse tipo mais uma vez e juro que nunca mais falo com você — disse, voltando a ler o livro.
— Desculpe... — disse Harry.
— Tudo bem...
— Algum problema? — perguntou Hermione, nervosa.
— Não — responderam os dois.
— Então... Eu estive me perguntando se você já pensou em Defense Against the Dark Arts, Harry.
Amber olhou interrogativa para Hermione.
Harry tentou enrola-la, mas por fim disse:
— É, eu pensei um pouco...
— E?
— Não sei — ele olhou para Rony buscando ajuda.
— Achei uma boa ideia desde o começo — disse Rony.
— Eu perdi alguma coisa? — se intrometeu Amber.
— É óbvio que Umbridge não vai nos ensinar DADA. Estive pensando em aprendermos por conta própria, com Harry nos ensinando. Ele é ótimo em defesa — disse Hermione, rapidamente.
— Muita coisa foi sorte... — disse Harry.
— Sabemos disso, Harry, mas não adianta fingir que você não é bom em Defense Against the Dark Arts, porque você é. Foi a única pessoa ano passado que conseguiu se livrar completamente da Imperius, é capaz de produzir um patrono, você sabe fazer uma quantidade de coisas que bruxos adultos não conseguem, o Viktor sempre disse...
Rony se virou bruscamente para Hermione, esfregando o pescoço logo depois, deve ter se virado rápido demais. Amber deixou escapar um leve sorriso, esses dois eram tão óbvios quanto Sarah e Fred antes de começarem a namorar.
— É? Que foi que o Vitinho disse? — perguntou Rony.
Hermione deu uma risada entediada.
— Disse que Harry sabia fazer coisas que nem ele sabia, e olha que ele estava cursando o último ano de Durmstrang.
Os dois discutiram brevemente, até que Amber interrompeu, dirigindo-se para Harry.
— Harry, eu sei que você odeia ser o centro das atenções, mas isso pode dar certo!
— Até você? — perguntou Harry, um pouco exasperado.
— Precisamos aprender a nos defender contra Voldemort. Você seria um ótimo professor!
— E então? — perguntou Hermione, ansiosa.
— Só vocês três — disse Harry.
— Bom... agora não vai perder as estribeiras outra vez, Harry, por favor... mas acho realmente que você devia ensinar qualquer um que quisesse aprender. Quero dizer, estamos falando em nos defender de V-Voldemort. Ah, não seja patético, Harry. Não parece justo que a gente não ofereça essa oportunidade a outras pessoas.
Harry acabou concordando, relutantemente, e Mione começou a planejar o que fazer.
— Eu posso falar com Hannah Abbott — disse Amber, terminando seu diagrama — Ela pode passar a mensagem para alguns amigos dela.
— Só não tente fazer um misto entre casas, certo? — disse Rony, mandando a indireta.
— Para você saber, Ronald, Astoria é de minha inteira confiança. De qualquer forma, eu não acho que ela vá participar — Rony deu uma risada de escárnio e Amber continuou furiosamente — a irmã já pega muito no pé dela. Ela não precisa de mais um problema!
— Sei...
— Talvez — disse Hermione, com a voz alta, impedindo Amber de pular em cima de Rony — Ela seja uma boa pessoa, mas...
— Isso é preconceito! — explodiu Amber — Ela não escolheu a família que ela tem! Por um acaso Harry escolheu ser parente dos Dursley? Essas coisas não se escolhe! Não é culpa dela ter sido selecionada para a Slytherin por causa da irmã dela.
— Ela é uma Slytherin! Slytherins não são confiáveis! — disse Rony.
— Andrômeda, mãe da Tonks, era da Slytherin e ela não é uma má pessoa, é?
— Existem excessões, é claro — interrompeu Hermione — Mas...
— Então por que “mas”? Não precisa dizer... Não confia no meu julgamento! Só para você saber eu sempre sei quando uma pessoa presta ou não.
— Como pode saber disso? Mal a conhece! — protestou Rony.
Harry, internamente, concordava com Rony, mas não queria se envolver em mais uma discussão com a irmã, quando tinham acabado de sair de uma.
— Sirius poderia ter caído na Slytherin... — Amber citou o exemplo.
— Poderia — destacou Rony — Mas não caiu, não é mesmo?
— Gente! — gritou Hermione, fazendo os dois se calarem.
— Eu vou falar com Hannah — disse Amber secamente, antes de sair do Salão Comunal com passos pesados.
— E você, Harry? — perguntou Hermione — Por que não me ajudou?
— Acabei de sair de uma briga com ela, não quero entrar em outra tão cedo — murmurou Harry.
— Inteligente — murmurou Rony — Mulheres...
Hermione bufou. “Homens...”
27 de Setembro de 1995 - Corredores de Hogwarts à noite.
— Sarah! — exclamou Amber, puxando a amiga pelo braço quando pegou-na no flagra.
— Ai! O que foi? — resmungou a morena.
— O que foi? Já passou o horário de recolher! Você não deveria estar aqui! Não é só porque eu sou sua amiga que vou te liberar.
— Eu estava voltando pro Salão Comunal, eu juro. Vai, me libera dessa vez, amiga! Estava com o Fred e perdi a hora!
— Tente não ser pega... — resmungou.
— Obrigada, obrigada, obrigada...
— Anda logo!
Sarah saiu correndo pelo corredor, enquanto Amber ia na direção oposta.
05 de Novembro de 1995.
Como sempre era nas visitas a Hogsmeade, Sarah, Amber, Ginny e os gêmeos foram juntos. Claro que, assim que chegaram no povoado, os gêmeos e Sarah foram procurar Lee porque tinham que “fazer algumas coisas antes de ir ao ponto de encontro”.
— Vamos indo ou passeamos um pouco? — perguntou Ginny.
— Vamos calmamente... Acho que Harry, Rony e Hermione já devem estar indo para lá — disse Amber — Eu estou com um mal pressentimento sobre isso...
— Mas você concordou com a ideia!
— Não é sobre isso o que eu estou falando... Ah! Esquece!
— Eu tenho medo desses seus pressentimentos... Okay, para prevenir, vamos disfarçar nossa ida até lá.
Elas enrolaram o máximo que puderam, quando chegaram no bar, a maioria das pessoas já tinham chegado e Harry parecia apavorado, sussurrando para Hermione.
Ela começou o discurso, hesitando no começo, mas ganhando confiança conforme falava. Amber olhou em volta e não gostou nem um pouco de ver Cho entre o grupo e, muito menos, Marietta Edgecombe, que parecia também não gostar de estar ali.
Encontrou Hannah com o olhar e elas trocaram uma piscadela, mas não conseguiu encontrar Megan no grupo, talvez os pais dela também trabalhassem no ministério e ela tivesse medo de prejudica-los de alguma forma.
— Cadê a prova que Você-Sabe-Quem retornou? — ela ouviu Zacharias Smith interromper.
— Bom, Dumbledore acredita que sim... — começou Hermione.
— Você quer dizer que Dumbledore acredita nele.
— Quem é você? — perguntou Rony, um pouco grosso.
— Zacharias Smith e acho que tenho o direito de saber exatamente o que faz você afirmar que Você-Sabe-Quem retornou.
Amber teve vontade de gritar com esse garoto, só ela sabia o que Harry estava passando depois da morte de Cedric. Hannah lhe lançou um olhar calmo, também não gostava do companheiro de casa e interviria assim que ele fosse longe demais.
— Olhe — disse Hermione, rapidamente — não foi bem para tratar desse assunto que organizamos a reunião...
— Tudo bem, Hermione — disse Harry, cansado.
Zacharias e Harry começaram a discutir, já que este insistia em não acreditar nele. Quando a discussão parecia que não teria fim, Harry deu um fora no garoto e, quando Zacharias tentou revidar, Hannah se levantou e disse estressada:
— Cala a porcaria da sua boca e senta a bunda na cadeira, por gentileza?!
A maioria dos Gryffindors caíram na gargalhada e alguns Hufflepuffs deixaram escapar um sorrisinho. Zacharias corou ligeiramente e sentou-se, fuzilando Hannah com o olhar.
Amber segurou a risada ao vê-la corando ao perceber o olhar de Neville sobre ela.
***
— Sinceramente, como consegue ser amiga de Hermione e Luna ao mesmo tempo? — perguntou Amber, após a reunião.
— É fácil. Difícil é fazê-las ficarem no mesmo ambiente sem brigarem — disse Ginny, com as mãos nos bolsos do casaco.
— Ah! Isso é verdade!
— Mas, então... Você tem conversado com o Wood?
— Pior que não! Ele está tendo muitos treinos.
— Não é uma profissão fácil!
— Eu sei... Como tem ido você e Michael?
— Eu não gosto realmente dele. Pelo menos não desse jeito.
— É, dá para perceber...
— Foi Hermione quem me aconselhou a... Tentar com outros garotos.
— Se eu gostasse de alguém não conseguiria ficar com mais ninguém. Acho idiotice esses casais que ficam com outras pessoas para causarem ciúmes ou esquecerem.
Ginny deu de ombros e elas ficaram no silêncio cômodo por mais alguns quilômetros.
— No próximo fim de semana não vou poder ficar com você — avisou Ginny — Provavelmente Michael vai me convidar para sairmos.
— Eu vou tentar falar com o Oliver... — murmurou Amber.
— Planeja sair com ele no próximo fim de semana?
— Se ele sair do estado “incomunicável” sim.
— Provavelmente o próximo fim de semana vai ser 14 de Fevereiro — disse, como quem não quer nada.
— E daí?
Ginny parou no caminho, lançando um sorriso malicioso que deixaria os gêmeos bem orgulhosos se tivessem visto.
— Dia dos namorados? — perguntou.
Amber sentiu seu rosto esquentar, deveria estar parecendo um tomate de tão corada.
— Eu me esqueci! — tentou se justificar com a cabeça abaixada, voltando a andar — Mas isso não significa nada!
— Mas as pessoas podem pensar... — insinuou Ginny, deixando a frase pairar no ar.
— As pessoas que vão se ferrar! Não tem nada a ver com a minha vida!
— Que estresse, jovem!
— Desculpe, mas você me irrita, às vezes.
— Também te amo!
O silêncio novamente tomou conta, até chegarem no Three Broomsticks.
— Você não tem ideia do quanto eu odeio aquela chinesa! — murmurou Amber, sentando-se em uma das mesas com ela.
— Japonesa — consertou Ginny, divertida.
— Que seja! Tudo tem olho puxado.
— Mas um tem olho puxado para cima e outro para baixo.
— A direção na qual o olho dela é puxado, não diminui o desgosto que sinto por ela. Mas quer saber? Quando eu for namorar, eu também não vou nem ligar para o que o Harry disser.
— Ele sabe que você não gosta da Cho?
— Se não sabe é cego.
— Isso ele é mesmo, esqueceu?
— Droga, eu também sou!
— Okay, estamos andando tempo demais com pessoas marotas.
— Nem tanto...
Então, Sarah entrou no bar sozinha e sentou-se do lado delas.
— O que você quer? — perguntou Amber.
— Nossa! Não posso ficar com saudades, não? — perguntou Sarah, ofendida.
— Só agora? — perguntou Ginny, com uma sobrancelha levantada.
— Okay, juro solenemente tentar ficar o máximo possível com vocês, mas eu também quero aproveitar o meu love. Assim como você deveria estar fazendo, Ginny. E você deveria arrumar um, Amber.
— Você tenta me arrumar namorado desde sempre! — exclamou Amber — Eu não quero, caramba! Hogwarts não é lugar para ficar namorando, é lugar para estudar.
— Minha filha, se meus pais não se pegassem nos corredores dessa escola, eu não estaria aqui hoje.
— Okay, é lugar de namorar, mas apropriadamente. E não como eu peguei você e o seu namoradinho se agarrando outra noite. Já te disse que não vou mais te liberar!
— E libera mesmo assim!
Amber lançou um olhar atravessado para Sarah, antes de perguntar:
— Vocês vão ficar aqui até quando? É que eu tenho que fazer uns esquemas que a McGonagall me passou. Segunda-Feira tem reunião dos monitores para sincronizar as rondas de cada casa.
— Ah! Que chatice! — resmungou Sarah.
— Não precisa ficar se não quiser, Rose — disse Ginny — Se quiser pode ir!
— Obrigada — disse Amber, se levantando e saindo do bar.
— Rose? — Sarah perguntou a Ginny.
— Vocês duas ficam se chamando pelo segundo nome e a maioria a chama de Amber, então eu a chamo de Rose — disse Ginny, dando de ombros.
— Saudades criatividade.
— Ah! Cala a boca! Vamos pedir uma butterbeer logo de uma vez!
07 de Novembro de 1995.
Amber mal saiu do dormitório e Sarah já puxou-a pelo braço até o Salão Comunal.
— O que deu em você? — perguntou Amber.
— Você precisa ver isso! — disse Sarah, quando pararam diante do mural de avisos.
— Mais quantos decretos educacionais ela vai criar até transformar Hogwarts em um colégio militar? — perguntou Ginny.
— Não pode expulsar alunos! Apenas o diretor pode fazer isso! — exclamou Amber, indignada, enquanto Sarah puxava as duas para longe.
— Do jeito que tudo está correndo, em breve ela quem será a diretora — murmurou Sarah, com raiva.
Elas viram duas garotas saírem do Salão Comunal rindo igual a loucas e Ginny ao perceber que o irmão tinha tentado subir o dormitório das meninas começam a rir igual a elas.
— Viram o aviso? — perguntou Harry, enquanto Rony fuzilava a irmã com o olhar.
— Impossível não ver — resmungou Sarah — E agora?
— Temos que falar com a Hermione.
— Como Hermione pode ir no nosso dormitório e nós não podemos...? — começou Rony, mal humorado.
— Bem, é uma regra antiquada — apareceu Hermione ao lado deles, fazendo Sarah pular de susto — mas Hogwarts: uma história conta que os fundadores acharam que os meninos mereciam menos confiança do que as meninas.
— É porque os fundadores não conheciam a minha mãe — disse Sarah, divertida.
Ginny deu um tapa no braço de Sarah, também divertida.
— Sobre o que queriam me falar? — perguntou Hermione, lançando um olhar meio repreensor para as duas.
— Vem ver isso — disse Rony, puxando-a em direção ao mural de avisos.
— Merlin, por que eles não se agarram logo de uma vez? — murmurou Sarah, fazendo Ginny e Amber rirem.
— Agora sabe como nos sentimos vendo você brigada com o meu irmão — disse Ginny.
— Uma McKinnon Black nunca se rebaixa.
— É melhor deixarmos eles conversando... — disse Amber, andando em direção ao retrato da Fat Lady.
Sarah puxou Ginny para trás rapidamente.
— Vocês falam de mim, mas você vive caidinha pelo Harry e até agora nada — sussurrou.
— Ele não gosta de mim desse jeito — murmurou Ginny, puxando-a para irem atrás de Amber.
— Amber é tão convincente que quase acredito que ela não gosta de ninguém. Quase.
— O que deu em vocês? Vamos logo! — elas ouviram Amber dizer, então foram atrás dela.
***
Apenas quando tocou o sinal indicando o final do tempo de HOM que Amber percebeu a ausência de Harry, de tão concentrada que estava na matéria.
— Onde ele foi? — perguntou para Hermione.
— Edwiges foi interceptada no caminho — respondeu Hermione, jogando a mochila por cima do ombro — Vem, vamos procura-lo.
O resto do dia passou rapidamente, com o Neville quase se metendo em uma briga com Malfoy quando este falou sobre os doentes mentais do St. Mungus, uma hora inteira lendo outro capítulo do livro de DADA e sentindo pena da professora Trelawney que resmungou e chorou a aula inteira, porque seu resultado na inspeção de Umbridge não tinha sido bom.
— Snuffles vem hoje a noite — Harry murmurou a Amber e Sarah, de noite no Salão Comunal.
— Pelo menos dessa vez vocês me avisaram — murmurou Sarah, irritada, antes de ir na direção do namorado.
— Umbridge não poderia realmente suspender os times de quidditch! Isso é uma tradição de séculos! — dizia Amber, indignada.
— Ela arrumou uma arma para me perturbar — disse Harry, desanimado.
— Isso é tão errado quanto ter favoritismo por um aluno! É pior do que Snape te trata, porque Snape não manda realmente na administração do colégio, apenas te dá detenções, tira pontos...
— Não precisa continuar com a lista! Ele me odeia, já sei.
— Não vai fazer os deveres? — perguntou Rony para Amber, de cenho franzido.
— Eu já fiz — disse Amber, distraída.
— Quando? — perguntou Harry, surpreso.
— Hoje as perguntas eram fáceis, fiz nas horas que estive livre: durante as aulas, refeições e tal.
— Já estava pensando que você tinha um time turner — murmurou Rony, voltando sua atenção para os deveres.
— Não deveria estar tão indignada por isso do time — disse Hermione — Você nem joga.
Amber fechou a cara para Hermione.
— E daí que eu não jogo? Eu gosto de ver os treinos e jogos... Sem contar que é importante para Harry e os outros — disse, um pouco irritada.
— Poderia ter parado a frase em “para Harry” — brincou o aludido.
Amber negou com a cabeça, com um leve sorriso no rosto.
Já era tarde quando os gêmeos, Lee e Sarah subiram para os dormitórios, esvaziando o Salão Comunal.
— Mas que...? — perguntou Harry.
— Você não acha que os gêmeos iriam desconfiar se ela ficasse aqui? — perguntou Amber.
— Mas ela é nossa amiga...
— Isso não se extende ao horário, suponho.
— Olha há quanto tempo eles estão aí contando dinheiro!
Rony pulou, recém-acordado, no sofá quando viu o rosto de Sirius na lareira.
— Sirius! — ele exclamou, chamando a atenção dos outros.
Eles se cumprimentaram e os quatro se aproximaram da lareira. Nesse momento, a morena desceu das escadas.
— É só Sarah — disse Harry, antes que Sirius desaparecesse, como da última vez.
— Não entendo como você se dá bem com esse gato... — disse Sarah com o nariz franzido, ao ter de ficar próxima de Crookshanks.
— Ele me ajudou bastante a entrar em Hogwarts — disse Sirius, sorrindo.
— Tá, né... Cada um com seu cada um...
Hermione lançou um olhar fuzilante (afastando Crookshanks para não se queimar) para Sarah que simplesmente ignorou-a.
— Como vão as coisas? — perguntou Sirius, voltando a sua expressão séria.
— Não muito boas — se adiantou Harry.
— Esse é o eufemismo do ano! — resmungou Sarah.
Amber deu-lhe um tapa leve no braço para que ela não interrompesse.
— O Ministério nos impôs mais um decreto, o que significa que não podemos ter times de quidditch... — continuou Harry.
— Nem grupos secretos de Defense Against the Dark Arts? — sugeriu Sirius.
— É, tipo isso... — disse Sarah, antes de se tocar — Esperaí! Como você sabe?
— Vocês precisam escolher com mais cuidado o local onde se reúnem — disse Sirius, dando um grande sorriso — Logo o Hog’s Head, eu lhe pergunto?
— Bem, era melhor que o Three Broomsticks — disse Hermione, na defensiva — Está sempre lotado...
Sarah deu, teatralmente, um tapa na testa.
— O que foi? — perguntou Hermione, irritada.
— Seria mais difícil de ouvir vocês — Sirius esclareceu o plano de Hermione, divertido com a discussão entre as duas.
— Bem, parece que não deu certo, não é mesmo? — disse Sarah, ligeiramente irônica.
— Se fossemos em um lugar vazio nossa conversa ecoaria e todos escutariam — disse Hermione.
— Quem nos ouviu? — perguntou Harry, interrompendo a discussão entre as duas.
— Mundungus, é claro — disse Sirius e riu ao ver a expressão de surpresa deles — Era a bruxa de véu.
— Aquele era Mundungus? O que ele fazia no Hog’s Head?
— O que você acha? Vigiando-o, é claro!
— Eu continuo sendo vigiado?
— Mas, esperaí! Mundungus não é membro da Order? — interrompeu Amber — Por que ele nos dedurou para Umbridge?
— Eu não sei como Umbridge soube — admitiu Sirius — Mas não foi Mundungus.
— Mas que é suspeito é — concordou Hermione — Por que ele estava disfarçado?
— Ele foi expulso do Hog’s Head há vinte anos e o dono do bar tem boa memória. Perdemos a capa de invisibilidade de Moody quando Sturgis foi preso, então Mundungus tem se disfarçado muitas vezes de bruxa. Rony, prometi passar um recado da sua mãe.
— Lá vem — murmurou Sarah, revirando os olhos e Sirius sorriu em consentimento.
— Ela manda dizer que em hipótese alguma você deve tomar parte em um grupo secreto e ilegal de Defense Against the Dark Arts. Manda dizer que, sem a menor dúvida, você será expulso e o seu futuro arruinado. Ela manda dizer que mais tarde haverá muito tempo para você aprender a se defender e que ainda é muito criança para estar se preocupando com isso agora. Ela também aconselha — Sirius virou-se para o afilhado — Harry e Hermione a não continuarem com o grupo, embora reconheça que não tem autoridade alguma sobre nenhum dos dois, e simplesmente suplica que se lembrem de que ela quer o bem de ambos.
— Chantagem emocional — disse Sarah, negando com a cabeça — Sacanagem!
— Ela tentou falar de vocês duas — disse para Sarah e Amber — Mas Marlene se meteu. Aí já viu! Mesmo assim, aconselha a você, Amber, ter juízo e tomar cuidado. Ela teria escrito tudo isso, mas, se a coruja fosse interceptada, vocês estariam realmente enrascados, e não pôde vir falar pessoalmente porque está de serviço hoje à noite.
— Como assim de serviço? — perguntou Rony rapidamente.
— Não se preocupe, coisas da Ordem. Por isso fiquei sendo o mensageiro, não se esqueça de dizer a ela que transmiti a mensagem completa, porque acho que ela não confia em mim.
— Porque será... — brincou Sarah.
— Ei! Sou de inteira confiança!
— Não nesse assunto... Até parece que você vai nos obrigar a não participar.
Com essa Sirius teve que ficar quieto.
— Acho uma idéia excelente! — concordou.
— Acha mesmo? — disse Harry, parecendo mais aliviado.
— Claro que sim! Você acha que seu pai e eu teríamos baixado a cabeça e aceitado ordens de uma megera velha como a Umbridge?
— Mas vocês não criariam algo discreto como um grupo de DADA — apontou Amber.
— É, isso é verdade...
— Mas... no período passado você só fez me dizer para ter cuidado e não correr riscos... — disse Harry.
— No ano passado, todos os indícios mostravam que alguém dentro de Hogwarts estava tentando matar você, Harry! — disse Sirius impaciente. — Este ano, sabemos que tem alguém fora de Hogwarts que gostaria de matar todos nós, por isso acho que aprender a se defender corretamente é uma excelente idéia!
— E se formos expulsos? — perguntou Hermione, com uma expressão intrigada no rosto.
— Mas, Hermione, essa história toda foi idéia sua! — exclamou Harry olhando para a amiga.
— Eu sei que foi. Eu só queria saber a opinião de Sirius — disse ela sacudindo os ombros.
— Olhe para quem você tá pedindo opinião! — disse Sarah.
— Algo contra minha pessoa? — perguntou Sirius, indignado.
— Só estou constatando um fato, pai. E você sabe que isso é verdade.
— Enfim, melhor ser expulso e capaz de se defender do que se sentar em segurança na escola sem ter idéia de nada.
— Apoiado, apoiado — exclamaram Harry e Rony entusiasmados.
— Então, como é que vocês estão organizando o grupo? Onde vão se encontrar?
— Bom, isso é um probleminha — disse Harry. — Não sei onde vamos poder nos encontrar.
— Que tal The Shrieking Shack? — sugeriu Sirius.
— Ei, seria irado! — exclamaram Rony e Sarah excitados, antes de se olharem assustados.
— Não acho que isso vá dar certo — disse Hermione.
— Mione sempre estragando a diversão — resmungou Sarah — Por que não?
— Bom, vocês eram só quatro a se encontrar na The Shrieking Shack quando estavam na escola — disse Hermione para Sirius — , e todos eram capazes de se transformar em animais e suponho que pudessem se espremer embaixo de uma única Capa da Invisibilidade, se quisessem. Mas nós somos vinte e oito e nenhum é animago, por isso iríamos precisar não de uma capa, mas de um toldo da invisibilidade...
— Um bom argumento — disse Sirius, meio desanimado — Bom, tenho certeza que vocês vão arranjar algum lugar. Costumava haver uma passagem secreta bem espaçosa atrás daquele espelho grande no quarto andar, talvez vocês tivessem bastante espaço para praticar azarações ali.
— Fred e Jorge me disseram que foi bloqueada — disse Harry, balançando a cabeça. — Ruiu ou coisa assim.
— Ah... — disse Sirius, enrugando a testa. — Bom, terei de pensar e voltar...
Ele parou de falar. Seu rosto tornou-se de repente tenso. Virou-se de lado, parecendo olhar para a parede sólida da lareira.
— Sirius? — chamou Harry, confuso.
Mas ele tinha desaparecido. Harry ficou olhando boquiaberto para as chamas por um instante, depois se voltou para os outros quatro.
— Alguém deve tê-lo cham... — começou a sugerir Sarah, mas Hermione a interrompeu soltando uma exclamação de horror, ficando de pé em um pulo, olhando para o fogo.
Apareceu uma mão entre as chamas, tateando como se quisesse agarrar alguma coisa: uma mão gorducha de dedos curtos, coberta de anéis feios e antiquados.
Sarah, Hermione, Rony e Harry saíram correndo para os dormitórios. Amber permaneceu um tempo olhando para a mão de Umbridge ainda procurando por Sirius.
— Merda... — murmurou.
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