Epitalâmio



Estavam em uma bela clareira. A luz que enchia o local, contudo, não era a luz do sol. Tinha um tom azulado que emanava da cortina de cipós que os circundava, como uma cortina luminosa contornando o local. O chão parecia uma névoa, Narcissa se sentia flutuando sobre uma nuvem, por mais que soubesse que esse era apenas o efeito das raras pedras esbranquiçadas cobrindo o chão e seu modo peculiar de refletir a luz. Sobre a cama circular no centro da clareira, entre os lençois emaranhados, estavam os dois. Ela observava o local maravilhada, um sorriso nos lábios que provavelmente era o mais genuíno que já exibira em vida.


- Querida… - ele disse próximo ao seu ouvido com uma voz grave. Os braços fortes do homem a contornaram e ela sentiu o perfume forte invadindo suas narinas e como uma onda irrefreável, os arrepios que se sucediam a qualquer contato entre os dois.


- Minha Cissy…


O mesmo sorriso de antes se alargou, ela parecia estar prestes a explodir de felicidade. Estando ali, apenas os dois ela podia sentir a conexão na sua forma mais pura e verdadeira. Estavam em um universo paralelo em que eram os únicos habitantes.


Os lábios se encontraram em um beijo intenso, moviam-se harmonicamente como se uma força maior agisse una sobre os dois movendo-os como um só. O ar faltava a Narcissa. Mas isso não importava, a atmosfera podia se tornar rarefeita ao ponto de respirar se tornar impossível que ambos continuariam vivos. Era assim ali… um bastava ao outro, a essência de um satisfazia o outro e a ponte etérea entre os dois pulsava através dos corpos... Nada mais era necessário.


Poderiam prolongar aquele beijo por toda a eternidade… Poderiam perder-se entre si sem limitação alguma.


Seu coração palpitava, as batidas pareciam ecoar por seus ouvidos e serem respondidas pelo coração dele… Respirou fundo e então partiu o beijo após o que pareceu uma vida; fitou a profundidade dos olhos do homem, dois poços negros de onde a vida que nela pulsava parecia emanar. E então o ambiente parecia mais claro, um véu de luz vinha do alto caindo sobre os dois dificultando sua visão. A princípio pensou ser o sol, mas ao levantar o olhar para o céu a lua os encarava, um belíssimo crescente branco no fundo sem estrelas que começou a inflar-se, a lua que naturalmente crescia em um período de dias tornou-se cheia em meros segundos diante de seus olhos. Narcissa estava maravilhada, era como se o astro a atraísse, sentiu-se levitar acima da cama mergulhada na essência etérea que agora ainda mais preenchia a atmosfera.


Quase se esquecera da presença de Rodolphus ali, sentiu os dedos do homem tocando seu ombro e puxando-a em seguida para os seus braços. E subitamente não estavam mais na clareira, e sim em uma floresta repleta de um aroma de lavanda. Olhou para ele confusa, mas a risada que ele soltou levou-lhe novamente a mente a esquecer tudo o que não fosse os dois... o riso ressoava pelo local como a mais bela música... Até que ela pôde distinguir um outro som, também uma risada. Uma criança... Lembrava a dela própria quando mais nova e logo correu os olhos ao redor verificando se não estava louca...


Mas nada havia além dos dois e muitas árvores ao redor. O riso infante desaparecia aos poucos e ao virar-se ainda mais confusa para Rodolphus ele também não mais estava ao seu lado. De início sentiu medo, ela estava sozinha e tudo era escuro... E ela nem ao menos sabia que lugar era aquele, não tinha ideia de onde estava ou como chegara ali. Mas antes mesmo que tivesse tempo de pensar no que faria em seguida, tudo pareceu ficar mais claro. Novamente um véu de luz se estendida sobre ela ainda mais forte que antes, instintivamente olhou para a lua no céu, alta e cheia ela brilhava. Por um momento pensou se seria a lua ou o sol devido ao calor e a intensidade luminosa que a atingiam. A luz etérea a banhava em um calor abafado ao passo que a cegava... parecia se aproximar cada vez mais, até que não era mais possível manter os olhos abertos...




Fez um enorme esforço para abrir os olhos, o quarto do casal estava completamente iluminado pela luz do sol nascente que entrava pela janela aberta e caía sobre a mulher ainda deitada na cama. Olhou ao redor e retirou os cobertores de perto de si percebendo que estava com a nuca suada e quente.


Perguntou-se por que as cortinas estariam abertas antes mesmo que ela acordasse e então viu Lucius prendendo seus cabelos na altura da nuca em frente ao enorme espelho da penteadeira no outro extremo do quarto. Deu alguma desculpa avisando que iria sair de última hora por alguns dias, mas ela não prestou atenção às palavras; depois, naquele mesmo dia, ela não lembraria o motivo pelo qual o marido se ausentara e não lhe faria nenhuma diferença. Ela não se importava. Na verdade, nenhum dos dois ligava mais.


Era evidente para ele que havia outro homem se relacionando com Narcissa. O comportamento da mulher mudara, não mais se portava incondicionalmente submissa e, cada vez mais ao longo dos dias, tornava-se indiferente a ele. Se por trás disso ela realmente pouco se afetava pelo marido, ou se era tudo uma máscara cobrindo seu ódio, ele não sabia; a verdadeira face da mulher que chamava por esposa continuava uma incógnita aos seus olhos da mesma forma que o suposto caso extraconjugal.Não havia nenhuma outra evidência, nada mais concreto para que pudesse agir com propriedade.


E quanto mais Narcissa se tornava desconhecida para ele, menos se importava com ela, ou pelo menos fingia pouco se importar. A súbita falta de controle sobre a própria mulher o deixava irado, simplesmente inadmissível um homem com o poder que ele tinha ter a esposa escorregando pelos dedos daquela forma. Mas ele sabia muito bem que, no fundo, ela não era nada. Tomara Narcissa como esposa da mesma forma que uma criança ganha um boneco dos pais. Ela era dele, nada mudaria aquilo. O homem sempre tivera suas amantes e continuaria a tê-las, vez ou outra poderia procurá-la na cama, mas seria só. Da mesma forma como o dono de um gato indisciplinado o manteria sob vigília dentro de casa, mas não poderia tempo aborrecendo-se com seu ego crescente. Ele ainda ditava as regras, afinal.


O distanciamento de Lucius, por mais que intrigasse Narcissa, a deixava tão aliviada que pouco se importava em pensar nisso. Tudo pelo que passara ao lado do marido antes a destruía internamente, mas agora era fácil suportar. Chegou até a pensar que aquilo tudo era fruto da mente dela própria. Seu marido certamente não poderia ser descrito como bom, mas estava longe de ser o pior que poderia existir. O único problema de toda a história foi Narcissa pensar que viveria um conto de fadas ao se casar, ela vestira-se de noiva ainda com as ilusões adolescentes vivas dentro de si. E ao ter as expectativas quebradas subitamente não reagiu da melhor forma, viveu o pouco tempo de casada como quem anda pelo corredor da morte, sem nenhuma luz à frente para guiá-la e também sem algo em que apoiar seu peso ao longo do caminho. Assim um período de dois anos pareceu extender-se por décadas.


Até agora.


Narcissa duvidava que algum dia de sua vida havia se sentido tão feliz, ela nem ao menos sentia mais a culpa por sua infidelidade. Errado ou não, ela estava muito mais feliz agora, e nada mais lhe importava. O amor que sentia por Rodolphus a imunizava e fortalecia contra qualquer mal e qualquer sofrimento.


Amor… Sim, definitivamente era isso o que ela sentia. Relacionava-se com ele já há um tempo razoável e se perguntava inúmeras vezes o limite de sua afeição pelo homem. Não conseguia pensar em nada que não faria por Rodolphus Lestrange, sentia todo o tempo o corpo e a alma ansiando por sua presença e seus toques, pela sua essência fundindo-se à dela. E quando enfim podia saciar essa vontade emergente, sentia-se voar nos seus braços ao passo em que nadava no breu de seus olhos…


E dessa mesma forma ela se sentira no sonho daquela manhã. Não entendeu muito bem o significado dos acontecimentos do sonho, apenas pensou no maravilhoso cenário que vira nas cenas fantasiosas enquanto escrevia a carta ao tomar seu café na mesa da cozinha. Rapidamente enviou a coruja e nem terminou de comer indo logo ao jardim em seguida, disse aos elfos que não a perturbassem sob nenhum pretexto independentemente de qual fosse. Andou até a parte mais escondida de seu belo jardim e então aparatou nos arredores da Mansão Lestrange. 






- Esses babacas da Ordem estão me irritando mais que o normal. Estão pedindo pra eu me divertir um pouco com eles. - disse Bellatrix com uma careta de ódio na mesa da copa dos Lestrange durante o café da manhã.


-Dessa vez eu tenho que concordar. - respondeu Rodolphus a frente da mulher - Já é a segunda vez que eles quase terminam uma luta em vantagem. O Lorde não deve estar nada feliz.


-Óbvio que ele não está feliz. A Ordem cresce a cada dia e ainda temos um bando de Comensais inúteis que lutam como bebês dentro do berço. - tomou um gole de seu café e mordeu o pão recheado que havia em seu prato, o cenho franzido praguejando internamente a todos os idiotas que arruinaram a missão da noite anterior.


Os dois tiveram uma noite difícil após terem os planos interrompidos mais uma vez pelos membros da Ordem da Fênix. Estavam em menor número, e apesar das desvantagens que isso os impôs os comensais não se deixaram vencer. Mas esse tipo de situação não poderia se repetir, alguns saíram feridos e Rodolphus quase foi um deles; os comensais temiam que o panorama da guerra se virasse contra o seu lado. O Lorde não deixaria aquela noite passar em branco, todos pagariam pelos problemas vinham se mostrando crescentes, e a ira do Lorde das Trevas era mais uma preocupação.


Aliás, esse era o motivo para Rodolphus e Bellatrix estarem tomando café juntos naquela manhã, se tivessem obtido absoluto sucesso ela certamente não teria dormido com seu marido; era visível a raiva e a preocupação no semblante da mulher.


Ele também se preocupava, por inúmeros motivos que envolviam, inclusive, Narcissa. Era até estranho se preocupar com alguém assim, ele nunca pensara muito nos outros durante a sua vida e agora ela ocupava seus pensamentos até quando dormia. Tentou ignorar as possibilidades trágicas que acompanhavam a ideia do fracasso na guerra e virou o que ainda restara de seu capuccino em um só gole, levantou-se para procurar algo a fazer e viu uma coruja indo um tanto frenética em sua direção. Retirou o pergaminho que estava preso na pata do animal e ele logo voou para longe novamente. Era de Narcissa, ela viria vê-lo em poucos minutos. Involuntariamente sentiu-se ansioso, já fazia um bom tempo desde a última vez que os dois haviam se visto. Disse distraidamente a Bellatrix que precisaria sair e foi até a parte de trás da mansão, no local aonde já sabia que a encontraria.


E de fato, não esperou muito até que Narcissa aparatasse a sua frente. Puxou-a imediatamente para si colando os lábios em um beijo quase desesperado e envolvendo-a com os braços suprindo assim toda a necessidade daquele contato que o atormentava nos segundos passados sem ela. Estavam completamente envoltos um no outro e mal perceberam os passos que se aproximavam vindo da casa. Bellatrix não conteve a curiosidade e seguiu Rodolphus até encontrá-lo agarrado a uma mulher loira…


- Por Merlin, não acredito que sua amante é a minha irmã! - disse em espanto ao perceber quem era junto de seu marido. O casal se afastou de súbito, os dois olhando espantados para a mulher, que não conteve a gargalhada vinda do fundo de sua garganta ao ver o rosto de Narcissa se tornar completamente vermelho com a cena. - Dessa vez você se superou, Cissy. Sempre soube que você gostava das minhas sobras, mas nunca imaginei que iria tão longe assim.


-Bella, isso foi muito desnecessário. - respondeu o homem tentando não empurrar Bellatrix para longe dali, mas já estava acostumado com aquele comportamento típico da morena para se constranger ou perder o controle.


-Bellatrix! Eu… Bom… - começou Narcissa dividida entre a vergonha de ser flagrada daquela forma e a raiva de Belaltrix rir assim da situação.


-Ah, quieta, Cissy. Sabia que tinha alguma coisa errada, mas vocês conseguiram me surpreender. - continuou com uma risada ao final. - Não se preocupe, a última coisa que eu vou fazer é contar a alguém do caso de vocês, em especial ao Lucius.


-Sempre doce e gentil, não é Bella querida? - ironizou Rodolphus - Realmente maravilhoso você não contar a ninguém, mas agora já chega... - disse enquanto se aproximava dela e a conduzia para o caminho do qual tinha vindo - Já estávamos de saída, então tchau.


-De saída, claro… divirtam-se! - gritou ela em direção aos dois ainda rindo antes de Rodolphus se afastar dela e voltar ao lado de Narcissa aparatando com ela antes que alguém pudesse dizer mais alguma coisa.


-Qualquer dia ela ainda vai me deixar louca, juro. - ela comentou ao pararem em frente à enorme casa de praia dos Lestrange - Que tipo de pessoa solta gargalhadas daquele jeito em uma cena dessas? - continuou ainda com a voz um pouco alterada.


-Bom, o tipo de pessoa estranha que é a sua irmã - respondeu com uma risada - Relaxe, Cissy. Ela não vai fazer nada. Vamos - segurou-a pela mão e beijou-lhe brevemente a testa.


Ele a conduziu até a casa pelos poucos metros que os separavam. Estava um belo dia de sol, ele vinha mantendo poucos elfos na casa para caso surgisse uma necessidade emergencial de usá-la como naquele dia, então os cômodos estavam impecavelmente arrumados, as enormes janelas cobrindo desde o teto até quase no chão estavam abertas e as cortinas voavam com a brisa que vinha do mar.


-É uma bela casa, Rold. - disse a mulher ao entrarem na sala de estar. Sorriu e suspirou deixando-se envolver pelo ambiente calmo e fresco, a brisa que vinha do lado de fora parecia lavá-la de quaisquer preocupações, de qualquer mundo que não fosse aquele.


-Será nossa por hoje - e continuou andando com ela até a janela central abraçando-a por trás ficando frente à vista do horizonte que se estendia diante de seus olhos.


-Queria tanto passar o resto de meus dias aqui com você - ela disse após um breve suspiro - Minha única preocupação seria decidir se passaríamos o dia na cama ou na praia - e riu.


Rodolphus a acompanhou com uma risada e fechou os olhos sentindo seu perfume - Realmente seria uma vida cheia de decisões difíceis.


Ela riu novamente antes de se virar ficando de frente para ele e contornando seu pescoço com os braços.


- E se realmente fizéssemos isso? - indagou com um largo sorriso nos lábios. O homem foi pego de surpresa, não era do tipo de pessoa que pensava muito a longo prazo e demorou um segundo para responder - Você diz fugir?


- Sim e não... Simplesmente ficarmos juntos. Não ligo pra o que vão falar, não ligo pro Lucius e nem pra Bellatrix. Aliás, depois de hoje acho que ela também não ligaria. - enquanto falava Narcissa exibia uma expressão sonhadora e entusiasmada - Aah, vamos, Rold! Vamos ficar juntos, não há nada que nos impeça. - olhou nos olhos dele e viu que ele pensava, então disse um um tom de dúvida -Certo?


- Quase... - logo após responder Rodolphus viu que não tinha tido a reação esperada e apressou-se em completar - Quer dizer, estamos no meio de uma guerra, Cissy. - respirou fundo e apertou mais os braços em sua cintura trazendo-a mais para si - Eu quero isso. Acredite em mim, nunca quis tanto passar minha vida com alguém como quero com você e por mim resolveríamos isso agora mesmo. - brincou com uma mecha de seu cabelo, a luz suave do sol deixava os fios com um belo tom de ouro - Mas não acho que é o momento adequado. Essa guerra deve acabar em breve, estamos indo muito bem e o Lorde apenas cresce - ignorou as lembranças da última missão com Bellatrix e continuou olhando-a nos olhos - Depois que tudo terminar e as coisas se estabilizarem mais, eu juro que não terá de passar mais um dia sequer ao lado de Lucius.


Ela ouviu com atenção as palavras e por mais que desejasse contestar e dizer que deviam assumir seu relacionamento naquele dia, não podia deixar de concordar que ele estava certo. - Tem razão... - soltou em um suspiro baixo - É mesmo um momento péssimo pra isso, não quero atrapalhar o seu andamento na guerra. - e abraçou-o com força como quem busca o ar após um longo mergulho.


- Não se preocupe, querida. Logo seremos só nos dois - beijou o topo de sua cabeça - Juntos, sem ter de pensar em mais ninguém além de nós. - mais um beijo próximo à testa.


- E então eu serei a mulher mais feliz do mundo - sussurrou com um sorriso suave se abrindo nos lábios. Deixou as imagens que se formavam em sua mente correrem soltas, imaginou como seria viver com o homem de sua vida… E então ele a beijou, os lábios se acariciaram suavemente para depois aprofundar o contato entrelaçando as línguas, um sentia a essência do outro invadindo a si em um arrepio de prazer e aos poucos se fundiam tornando-se um só , uma única essência que os circundava fazendo-os se moverem em harmonia. As mãos dele em seu corpo deslizando por suas curvas e reconhecendo as já decoradas formas, o sabor da língua misturado ao forte cheiro do perfume a inebriavam e por mais que estivesse de olhos fechados ela sabia que sua vista estava turva. Mas ela não os abriria, manteria aquela mistura de sensações efervescente borbulhar o desejo em suas veias e trazer cada vez mais imagens à sua mente. E por Merlin, se tudo o que Narcissa imaginasse se tornasse realidade ela viveria em um sonho…

Ele a deitou no sofá que havia ali próximo aos dois e numa fração de segundos as roupas foram ao chão e depois tudo o que Narcissa foi capaz de se lembrar foi a maravilhosa sensação de ser preenchida por ele, em todos os campos possíveis ele a completava provocando sentimentos e reações que nem ela sabia ser capaz de sentir antes dos momentos compartilhados com Rodolphus. Seu corpo amolecia e as pernas ficavam dormentes, o calor a dominava, o sopro das respirações dele contra sua pele a faziam arrepiar… A loira sorria com o prazer, sorriso este tão verdadeiro que demorou a se desmanchar mesmo quando os corpos caíram cansados um sobre o outro ao se esvaírem as forças de ambos.

Rodolphus era tomado por uma espécie de energia extrema naqueles momentos com Narcissa. Não se lembrava quando fora a última vez que se sentira assim, não só borbulhando na maior onda de prazer já experimentada, mas também com uma sede interna que parecia insaciável, uma necessidade vital de tê-la consigo para sempre e mergulhar em sua presença. Chegara perto disso uma única vez em sua vida… mas pouco se lembrava, era muito novo e agora tinha certeza que a experiência anterior não chegava aos pés do que sentia ali… tão vivo e feliz  com o simples toque de uma mulher… Sua mulher, o inconsciente gostava de dizer. Sabia que aqueles poucos instantes de privacidade eram os únicos em que poderia dizer que pertenciam um ao outro, mas não se cansaria de dizer internamente que no fundo suas almas já eram uma só, eternamente fundidas. E não havia ninguém que pudesse separá-las…

Mais tarde ela se lembraria daquele dia com uma saudade tão forte que seu coração pareceria tornar-se líquido como o próprio sangue e sumir, fluindo em um ritmo marcado e sem vida por seu corpo; assim ela se perguntaria como outrora aquele mesmo coração pulsara tão forte e com emoções tão transbordantes… Mas isso seria apenas depois. Ali não, naquele momento a presença de Rodolphus Lestrange bastava a ela.

É claro, contudo, que o tempo não parara como sempre parecia parar quando estavam juntos. Ao pôr do sol o casal se retirou da casa e juntos retornaram ao jardim da Mansão Lestrange.

Ele a beijou carinhosamente nos lábios, abraçou-a forte e então se despediram.


 





Eu não saberia ao certo descrever como aquela noite foi para mim. Lembrei-me da semana anterior, quando eu e Rodolphus passamos o dia juntos em sua casa de praia, foi tudo tão pefeito… E ao mesmo tempo tudo o que sucedeu àquele dia foi me dilacerando cada vez mais.


Começou no jantar. Lucius já estava em casa e trouxera alguns amigos para se juntarem à nossa mesa. Não me pergunte quem eram, não tenho ideia. Um casal de comensais, dois colegas do ministério. Ou eram três? Não faz diferença. Estávamos comendo, eles conversavam e eu apenas ouvia, como sempre, quieta no meu posto de esposa e anfitriã perfeita com o perfeito sorriso no rosto. Comi alguns pedaços do peixe preparado para a ocasião, mas por algum motivo não me senti bem, o estômago revirava e acabei decidindo por não comer para não passar mal, poderia ver o que era aquilo mais tarde.


Uma taça de vinho, duas… mal terminei a segunda e minha visão se tornou escura, por pouco não caí em um desmaio. Todos na mesa me olharam e para a minha surpresa, a mulher que estava sentada a minha frente perguntou se eu estava grávida. Ainda me surpreendo como não desmaiei naquele exato momento.


Ela estava absurdamente certa, minhas regras estavam atrasadas há semanas e eu nem havia notado com toda a euforia em procurar brechas de tempo para me encontrar com Rodolphus. Apenas ali foi que percebi quanto tempo havia se passado desde a última vez, e também não me lembrava de ter tomado as poções devidas todas as vezes que nos encontramos… tinha medo de Lucius perceber e devo ter acabado esquecendo algum dia…


Bom, era óbvio que eu esquecera. Era óbvio que eu estava grávida e todos ali perceberam isso, inclusive Lucius. Os outros o parabenizaram e sua resposta foi uma falsa alegria muito bem fingida, de um modo que apenas ele sabia fazer. Pedi licença aos convidados para me retirar mais cedo aos meus aposentos e é claro que não houve objeções da parte de meu marido. Ele não tiraria sua máscara ainda.


Cheguei no quarto aos tropeços, desabei na cama e chorei como nunca havia chorado até aquele dia, me senti a mulher mais burra em todo o mundo. Ele não podia saber ou tudo seria arruinado, se descobrisse com quem eu me envolvia ele certamente iria atrás de Rodolphus. E eu não queria nem imaginar como terminaria aquela briga. Eu nem queria imaginar o do que ele seria capaz assim que ele terminasse o jantar e subisse ao meu encontro. Então fiz a única coisa que havia ao meu alcance, escrevi às pressas uma carta a Rodolphus sem mencionar seu nome com o pergaminho que havia na pequena escrivaninha do quarto.


Estava a meio caminho da porta para ir à cobertura aonde ficavam as corujas, e antes que pudesse tocar a maçaneta ela girou.







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N/A: Depois de quase um ano, capítulo novo o/ um dos últimos aliás, falta pouco pra acabar )’:


Escrevi esse aqui com muito carinho porque é meu presente de aniversário pra Hellie Lestrange :D a Narcissa da minha vida que tanto me inspira, feliz aniversário!


Enfim, espero que gostem do capítulo aí e comeentem por favor kkkk :D











 

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Comentários (1)

  • MaryLestrange

    O presente é pra mioja mas o primeiro comentário é meu u_U  Capítulo ficou liiiiindo!!! Já disse tudo isso, mas tem que repetir aqui pra tornar oficial. Adorei o sonho no começo, a simbologia da lua... <3 Bella descobrindo sobre o caso deles ficou maravilhosa, amo sua Bella kkkk AMEI a narração no POV da cissy, deu um tom muito bom e íntimo... E O FINAL TENSO!!! Só acho que mamãe-batata ganhou um presentão *___* Não enrola pra escrever o próximo, sacoisa!;** 

    2014-11-05
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