Gotta be 30 & 31
Capítulo 30
Capítulo dedicado para as minha essência Fletcher, Jess. Obrigada pela cena tão perfeita, I love you.
– Eu só não acredito que você fez isso comigo, Ana Gordon! – Eu resmungava com Aninha pelo celular. A palavra que resumia o meu dia era: Entediante. Eu estava deitada na cama, ainda de pijamas, observando as pequenas ranhuras do teto branco do quarto. Era fim de semana e eu me sentia abandonada por todos. Os garotos estavam viajando desde o começo da semana para fazerem alguns shows nos países vizinhos e agora Ana também tinha me abandonado.
– Deixa disso, drama Queen. É só um fim de semana! Minha mãe morreria se eu não viesse visitá-la de uma vez – escutei o barulho da respiração forte de Aninha pela linha telefônica. Ela odiava se sentir a garotinha da mamãe, mas quem gosta?
– Tá legal, eu sei disso – cruzei as pernas, sentando na cama. – Mas o que eu vou fazer o fim de semana inteiro aqui sozinha? – Fiz um bico com os lábios como se ela pudesse ver do outro lado do aparelho.
– Ah, e eu que sei? Usa a criatividade, sei lá... Faz um meet com as fãs do One Direction – pude ouvir a risada abafada dela e franzi o cenho.
– O quê? Aninha, você já está bêbada a essa hora da manhã? Não quero ser linchada agora, quero pelo menos terminar a faculdade – rolei os olhos nas órbitas enquanto levantava da cama e ligava o notebook. Aninha só fazia essas piadas só porque estava a horas de distância e não podia sentir a almofada que eu teria jogado nela se estivesse aqui.
– Eu já disse que não vou fazer isso! – A voz dela soou longe.
– Aninha? – Resmunguei sem entender nada o que ela estava falando. A capa de Motion in The Ocean apareceu no desktop do computador e eu já abri o navegador. Acreditem ou não, o Twitter tornou-se a minha página inicial. Apesar de não gostar de olhar as mentions, a minha timeline era a minha principal fonte de notícias, principalmente sobre Harry. Não que eu fosse uma stalker ou uma daquelas namoradas paranoicas, se bem que ele já havia me dado motivos pra ser. Eu só gostava de saber notícias dele. – Ana?
– Ah! Oi Rhanninha! – A voz dela tornou-se mais nítida, provavelmente porque voltava a atenção para o celular novamente. – Eu preciso ir, a minha mãe quer que eu arrume meu antigo quarto, você acredita nisso? Eu venho visitá-la e ela me coloca pra fazer trabalhos domésticos – eu ri sonoramente. Mães, sempre sendo mães acima de tudo.
– Tá legal, vai lá. Me abandona mesmo... – falei manhosa enquanto rolava a barra da timeline do Twitter.
– Deixa de doce – Aninha fez uma pausa e gritou um “Já Vou!” antes de continuar. – Preciso ir, ela ameaçou confiscar o meu celular. Espero que você sobreviva! Te ligo depois, beijo!
Mal deu tempo de eu responder alguma coisa e a linha já ficou muda. Coloquei o celular em cima da mesa pensando no que eu faria o fim de semana inteiro. Comecei a ler com mais atenção os tweets que carregavam na tela. Nada de One Direction, nada de McFly. A única coisa conhecida que eu li por ali era Aninha reclamando dos afazeres domésticos. Vendo que não tinha nada de interessante, comecei a zapear pela internet. Olhei algumas postagens no Facebook e acompanhei alguns sites de fotografia que eu costumava visitar frequentemente. Depois de uma hora e meia acabei parando no Youtube, como eu estava logada na minha conta a página inicial se encheu de conteúdo de McFly e fotografia. Um vídeo em especial me chamou a atenção. Nele Carrie, irmã do Tom, passava um dia sozinha com Marvin na casa do irmão. Eu ri muito daquilo tudo, ela era muito carismática e espontânea. Talento é uma coisa que se tem de sobra na família Fletcher. Voltei para o Twitter e postei sem pretensão nenhuma:
“Passando o tempo ocioso assistindo os vídeos da @CarrieHFletcher. Queria ter um pouquinho do talento dela.”
Minutos depois, atualizei minha timeline e quase cai da cadeira:
@CarrieHFletcher “@stargirl Obrigada, mas ouvi dizer que você já tem talento de sobra! Parabéns pela Sugar Scape.”
A Carrie me respondeu? Tá certo que eu já tinha sido apresentada a ela uma das vezes que fui à casa do Tom, mas tinha sido tão rápido! E ela conhecia até o meu user do Twitter! Nem consegui responder e ela havia mandado outro tweet:
@CarrieHFletcher “@stargirl falando em tempo ocioso, eu também estou nessa. Vamos combinar alguma coisa? Xxx”
Quando dei por mim eu estava na frente da casa dos Fletchers. Eu mal acreditava que horas antes reclamava do tédio. Ali era lindo, pouco diferente da casa do Tom, apenas era um tanto maior e mais branca. Identifiquei-me no portão principal e comecei a caminhar até a porta da casa. Depois das mentions trocadas com a pequena Fletcher, não fiquei muito mais no computador. Como já era rotina, recebi muita coisa negativa. As garotas começaram a falar coisas como: “Quem ela pensa que é?”, “Quando Harry vai terminar com essa garota?”, “Arg, ela é tão ridícula!” e “Já não chega o 1D e o McFly, agora ela quer tirar até a Carrie de nós. Quem será o próximo, Ed Sheeran?”
Eu estava tão casada disso, porque eu não podia simplesmente viver? Dei conta que essas críticas me atingiam mais quando eu estava desamparada como hoje. É fácil pensar que estava tudo bem com Aninha me abraçando forte e Harry dizendo que me adora, mas em situações como essas em que nenhum deles estava por perto, esses tweets pareciam tão verdadeiros que eu mesma começava a me questionar se eu não era mesmo a vilã da história. Eu pertencia aquele lugar, afinal? Eu não era linda e não tinha a confiança da Aninha para ser a namorada de um integrante do One Direction. Cheguei na porta ainda com esses pensamentos me incomodando e bati três vezes aguardando que alguém a abrisse. Não demorou muito para Carrie aparecer sorridente na minha frente e me abraçar apertado. Ela era maravilhosa, seus cabelos cacheados caiam por além dos ombros e a pele branca fazia par com os olhos castanhos amendoados. Era impossível ver o sorriso de Carrie e não sorrir de volta.
– Que bom que você veio, Rhanninha, odeio ficar sozinha em casa. – Ela me soltou do abraço e eu notei que ela vestia um short jeans e uma camiseta cinza com uma frase do The Big Bang Theory. Ela estava vestida simples e mesmo assim estava linda, já eu tinha passado horas me arrumando para ficar “apresentável” pra poder sair de casa.
– Acho que sofremos do mesmo mal. Todos me abandonaram nesse fim de semana – resmunguei enquanto entrava na casa. Se o imóvel parecia grande do lado de fora, ali dentro a sensação era multiplacada por duas. Aquilo era imenso! – É sério que não tem ninguém em casa, Carrie?
– Agora temos nós – ela riu se jogando no sofá da sala e colocando uma almofada sobre o colo. – Mas me diz,Rhanninha, como é namorar um cara do One Direction?
– E como é ser a irmã de Thomas Fletcher? – Eu ri e imitei Carrie, sentando-me ao seu lado. Ela era tão natural que eu me sentia como se fossemos amigas há anos.
– Ah, é normal. Acredite ou não, sou irmã dele desde que nasci – Carrie fez graça e rolou os olhos, não acreditando que tinha falado uma coisa daquelas. Nós duas rimos juntas. – Mas me diz, não esconde nada. Harry Styles namorando, e ainda uma garota de conteúdo como você.
Senti minhas bochechas corarem. Não era todo dia que a recebemos um elogio da pequena Fletcher.
– Bem – eu passei a observar a almofada sobre meu colo, passando os dedos na borda da fronha enquanto eu pensava o que dizer. – É difícil a maior parte do tempo, sabe? As fãs não gostam de mim, vivem me dizendo coisas terríveis. Às vezes paro pra pensar se elas não têm razão. – Acabei a frase e senti a mão de Carrie sobre a minha. Levantei os olhos em sua direção e ela sorria. Como eu disse antes, era inevitável sorrir de volta.
– Isso quem tem que julgar é o Harry. – Carrie simplesmente disse. – E pelo pouco que eu tenho acompanhado, eu nunca vi aquele garoto tão feliz.
Nós duas conversamos mais um pouco e depois Carrie teve a ideia de fazermos um vídeo para o seu canal. A princípio eu relutei bastante imaginando que as fãs pensariam mais uma vez que eu era uma oportunista, mas os olhos castanhos daquela Fletcher pedindo por favor me lembraram muito o gato de botas. Não se diz não ao olhar do gatinho do Shrek. Decidimos fazer mais um da série “Queen of Procrastination”, porque éramos realmente boas em não fazer nada. Passamos horas rindo e bolando cenas engraçadas. Estávamos dançando Pimball Wizard em cima do sofá quando a porta da sala foi aberta. Congelamos a cena quando vimos Tom entrando na casa com uma mala em um ombro, Marvin no outro e uma feição emburrada no rosto. Carrie correu para desligar a câmera e eu só fiquei ali parada sobre o sofá uns segundos tentando processar o que havia acontecido.
– Tommy, o que foi? – Ela correu de encontro ao irmão que deixava a mala e o gato laranja no chão.
– Eu e Gio brigamos – Tom forçou-se dar um sorriso amarelo, mas que mesmo assim fazia sua covinha saltar no rosto. – Acho que vou passar a noite aqui.
– Claro, Tom! Afinal essa é sua casa também – Carrie o abraçou apertado e eu me senti um pouco intrusa na cena familiar e enquanto os dois se abraçavam Tom me notou, ainda de pé no sofá.
– Hey! Tudo bem, Rhanninha? – Ele falou se aproximando animado e então eu acordei do transe, finalmente descendo do sofá. Carrie pegou Marvin no colo e falava com ele em uma língua estranha que provavelmente só eles entendiam.
– Tudo bem... e você? – Tom me deu um beijo no rosto e eu perguntei realmente preocupada. Ele não parecia muito bem.
– Eu tô legal – ele sorriu e desta vez parecia sincero. – O que vocês estavam fazendo?
– Estávamos gravando um vídeo pro meu canal – Carrie quem respondeu, sentando-se no sofá junto de nós com Marvin no colo. Eu me surpreendi quando o gato caminhou devagar até o meu colo pedindo por carinho. Embrenhei meus dedos em seu pelo sedoso e Marvin soltou um miado agradecido. Ficamos em silêncio por alguns minutos. Eu encarava Marvin no meu colo e tinha a sensação de que os dois me encaravam.
– Vamos beber – Tom quebrou o silêncio fazendo com que nós nos entreolhássemos sérios e começássemos a rir no instante seguinte.
Tempo depois estávamos jogados no tapete da sala com algumas garrafas de cerveja nas mãos e mais outras vazias em volta. Estávamos contando situações engraçadas, mas a maioria era tão absurda que eu acreditava que eram inventadas. Nossas risadas ecoavam na grande sala vazia. Acredito que Marvin se incomodou com o nosso barulho e sumiu dali fazia certo tempo.
– E então Dougie chorava tanto que saímos pra procurar a palheta de estimação dele por todo o estádio. Faltavam cinco minutos pra entrarmos, mas ele disse que não tocava se não fosse com ela – Tom falou meio embaralhado e eu e Carrie já riamos somente por rir. Perdi a conta de quantas cervejas já tinha tomado. A minha cabeça rodava.
– Pra mim já deu – Carrie deixou a garrafa no chão e levantou tropeçando nos próprios pés. Eu e Tom nos sentamos com dificuldade apoiando as costas no sofá.
– Heeeeey, aonde você vai, Carrie? – Perguntei enquanto levantava a garrafa acima da cabeça. Ela já estava subindo as escadas, agarrada no corrimão.
– Vou tomar um banho. Ser a rainha da procrastinação não é fácil – ouvimos a risada dela e em seguida Carrie tinha sumido da nossa visão.
– Eu. Estou. Bêbada – falei pausadamente, confessando séria. Senti o olhar de Tom sobre mim e sorri abertamente.
– Está mesmo. Desculpe falar, mas esse é o típico sorriso de alguém bêbado – Tom riu e eu o acompanhei.
– Sabe, – ele começou encarando a própria cerveja. Seus dedos tamborilavam pelo bocal da garrafa – estamos prestes a lançar um novo single.
– O QUÊ? – Falei mais alto do que eu esperava fazendo-o rir. – Como assim? Quando? Qual é o nome? – Disparei as perguntas uma atrás da outra e Tom sorria enquanto balançava a cabeça em negativa. Eu já era uma fangirl desesperada quando estava sóbria, bêbada então eu era uma fangil alucinada.
– É isso que eu gosto de você, Rhanninha – sua voz era séria, e Tom virou a cabeça em minha direção fazendo nossos olhares se encontraram. De repente, eu não me sentia mais bêbada. A sobriedade me entorpeceu da mesma forma do que aqueles olhos castanhos tão próximos. Proximidade. Eu não tinha percebido antes que estávamos tão perto assim. – Você consegue ser tão nossa fã e ao mesmo tempo simplesmente nossa amiga.
A voz de Tom saiu um pouco rouca e eu só conseguia prestar atenção no movimento dos lábios dele enquanto falava. Pensei em dizer alguma coisa, mas era como se o meu cérebro não conseguisse passar o comando para o restante do corpo. Senti que o olhar dele também caiu sobre meus lábios, uma lenta aproximação foi dada e eu não conseguia me mover. Isso estava mesmo acontecendo? Os lábios de Tom tocaram-se nos meus por uma fração de segundos e o nosso hálito de álcool se misturou. Nada mais foi do que isso, um simples tocar de lábios que durou alguns segundos. Tão rápido quanto nos aproximamos, nos separamos e nos encaramos sérios pra depois começarmos a rir incontrolavelmente. Durante anos eu esperava que algo assim acontecesse. Beijar Thomas Fletcher foi algo que eu cultivei comigo durante muito tempo e agora que isso aconteceu, eu só conseguia rir. Não houve frio na barriga, não houve aquele calor no coração, nem aquela felicidade súbita me arrebatando por dentro. Porque isso só acontecia quando eu beijava Harry.
– Isso foi estranho – eu falei, me jogando novamente no tapete da sala.
– Foi como se eu tivesse beijado o Jones! – Tom puxou o ar de forma rápida, tentando recobrar o juízo.
– Eu me ofenderia se fosse qualquer outra pessoa, mas como foi o Danny eu até aceito a comparação – respondi subitamente. Eu não me ofenderia de forma alguma. Tom não era somente meu ídolo agora, ele era meu amigo.
– Acredite ou não, isso foi um elogio – Tom se levantou, e me lançou um sorriso. – Danny é parte de mim.
– Eu sei – sorri de volta e acariciei Marvin, que havia reaparecido por ali e se aconchegado ao meu lado no tapete.
– Marvin te faz companhia, eu vou tomar um banho também – ele se aproximou da grande escada que Carrie havia sumido há pouco.
– Eu acho que já vou embora, está ficando tarde – sentei-me cruzando as pernas sobre o tapete.
– Nah, espere a gente voltar e pedimos umas pizzas. O que você vai fazer sozinha por lá? – Tom gritou já do andar de cima e eu assenti concordando.
Devolvi Marvin no chão e tirei meu celular do bolso, encarando o visor por um tempo. Eu só conseguia pensar em Harry e no que ele estava fazendo agora. Mal fazia uma semana e eu já sentia sua falta. De repente uma certeza me invadiu de forma arrebatadora e eu comecei a digitar uma mensagem pra ele.
“Sinto sua falta. Te amo xx”
Apertei o send, largando o aparelho no tapete e encostei a cabeça no sofá atrás de mim. Eu precisei beijar Thomas Fletcher pra perceber que amava Harry. Harry, meu Deus, como eu sinto saudades dele...
- Rhanna?
E eu acho que estou muito bêbada, o chão tá tremendo ou coisa do tipo?
- Rhanna Penalva?
Resmunguei alguma coisa, mas não era nem a voz de Carrie e muito menos a de Tom que estava me chamando. Tem mais alguém aqui que eu não vi entrar? Giovanna? Será?
- Na moral, acordam porra!
Ana?
- Aninha? – Abri o olhos. Oops.
Eu estava no avião. Claro que eu estava no avião, indo pra Paris! Sim, Paris! Foi um sonho, eu estava de novo sonhando com coisas impossíveis, e dessa vez no avião. Há quanto tempo estamos viajando mesmo? Olhei pra Aninha e vi que ela me encarava de forma engraçada como quem quer rir, presumi que eu devia estar falando durante meu sono ou sem querer soltei alguma coisa comprometedora. Estava com medo de perguntar, cocei meus olhos e a encarei de volta, não demorou muito pra ela abrir um sorriso e começar a rir. Tá, eu tinha falado alguma merda.
- Então, a Giovanna brigou com o Tom? – Ela disse rindo. – E vocês se beijaram?
- Eu falei alto demais?
- O “falar” não foi o problema, foi ‘Harry’ que saiu engraçado. Você beija o Tom e pensa no Harry?
- É meu sonho dizendo que, por mais que ame Tom Fletcher, meu coração pertence ao Styles.
- Sabia que você não deveria ter o beijado no show.
- O que eu podia fazer? Recusar? De jeito nenhum – respondi sonolenta, me espreguiçando e bocejando ao mesmo tempo.
- Quem é Carrie?
- Irmão do Tom – suspirei. – Eu falei o nome dela também?
- Falou – Aninha riu .– Na sua outra vida eu acho que você queria ter nascido irmã do Tom, to certa?
- Irmã? Queria ter nascido a Falcone!
- Foca no Styles.
- To focando... – gargalhei e me acomodei de novo. Tínhamos ainda boas horas até chegar em Paris e eu não estava com vontade de ficar acordada. – Me chama na hora do lanche.
- Tá pedindo pra acordar por comida, você não tá normal.
- Cala a boca, Ana – chutei ela de um jeito desengonçado e ela riu, me empurrando nas costas.
Depois que voltamos da praia naquele dia fatídico, ficamos ainda três dias em Londres, e nesses três dias Harry me deu a melhor despedida do mundo. Ok, não saímos da cama – parece que depois que você faz a primeira vez fica muito mais fácil fazer uma segunda, terceira, quinta... – só que eu consegui conhecê-lo mais. Essa coisa de ficar conversando até de madrugada coisas idiotas, brincando pelos lençóis (coisa que eu sempre achei tosca quando lia nos livros, mas quando se está namorando é a coisa mais gostosa do mundo), simplesmente ficar de mãos dadas vendo um filme, todos os pequenos momentos com Harry nesses dias foram inesquecíveis, e o jeito perfeito de dizer tchau para a minha temporada em Paris e para os meninos que iam pra Suécia – ou é Suíça? Eu me esqueci – e mais alguns outros países europeus. Sei que eles iam se focar no trabalho do novo álbum enquanto eu ia me focar no trabalho fotográfico. Só estou torcendo pra eu não ter tempo de sentir saudades, porque, se isso acontecer, vai ficar bem difícil o trabalho aqui.
Enquanto ficamos em Londres – e eu arrumava a mala, colocava as câmeras, livros, e tudo o que eu achasse necessário – só conseguia pensar na minha conversa com Zayn.
- Você é linda – ele sorriu quando separou o abraço. – E você não é linda no óbvio, é muito mais que isso, e precisa acreditar nessa beleza. Eu não digo que é chato, mas de vez em quando cansa você ficar com essa insegurança toda sendo que a imagem que você acha que vê no espelho não é a que nós vemos.
- Sei que cansa, me cansa – fiz careta .– Eu não gosto de ser assim, acredite.
- Então para de ser assim, tá, você vai falar que é complicado, mas nós estamos aqui pra te ajudar. Mas pra isso, você precisa acreditar na nossa ajuda.
Eu sabia que era chato e que toda essa minha implicância deixava os meninos mal humorados. Harry nunca me disse isso porque, bom, ele é o Harry! Mas Zayn foi meu amigo o suficiente para ser sincero comigo e falar a verdade, o que me fez pensar que eu de verdade preciso mudar o meu jeito de ser, essas nóias e tudo mais. Antes de eu viajar, liguei para a Dra. Violeta e marquei uma nova consulta. Sei que disse que não ia voltar, mas se eu preciso me cuidar, preciso de todos os ângulos; e fui sincera, porque eu disse que joguei fora o encaminhamento para a nutricionista. Óbvio que a Dra. Violeta já sabia ou suspeitava, ficou feliz com minha sinceridade e disse que não vê a hora de eu voltar. Lá vamos nós para o consultório da tortura mais uma vez.
Os meninos foram conosco para o aeroporto, porque enquanto pegávamos o nosso voo eles pegaram o deles, e toda essa muvuca foi bem engraçada. Não sei como as fãs ficam sabendo que eles vão viajar, mas elas sabiam e já estavam todas no aeroporto esperando por eles, enquanto eu, Aninha, Sam e Lucas ficávamos sentados num banquinho porque não queríamos nos misturar com as meninas. Harry ficou ao meu lado boa parte do tempo e nem se importou com os fotógrafos, que tentavam ser discretos, mas não eram. Abraçou-me, beijou-me, fez carinho, sentou no meu colo, brincou com minha câmera, ficou tirando fotos nossa e dos meninos, tirou foto dos papz e ainda deu atenção para as fãs. O Twitter começou a borbulhar com as fotos do Harry e dizia o quanto ele parecia estar feliz comigo, que o sorriso dele era o mais lindo apaixonado e coisas que eu não costumava ler. Agora, com Aninha, a coisa estava um pouco feia, já que ela e Zayn mal se falavam ou se olhavam, até Liam estava conversando com ele – pelo que Harry me disse, os dois foram chamados pelos produtores e meio que obrigados a se tratarem bem, pelo menos na frente da mídia, então eu sei que eles vão se falar – mas as fãs não perdoavam o comportamento da minha amiga, e agora ela estava sendo o alvo do abuso cibernético. Sério que essas crianças não tem nada melhor pra fazer, não?
- Você vai gostar de ver isso – Aninha me chamou apontando pra pequena TV embutida na poltrona do avião. – Os meninos no Alan Carr.
- Hein?
- Acorda, caralho, não aguento você ficar dormindo o trajeto todo! Os bichas estão dormindo, todo mundo dorme, eu tô sem sono e quero você sem sono comigo!
- Toma Rivotril, Ana.
- Isso é coisa pra velho – ela emburrou. – Se arruma aí, vou pegar alguma coisa pra gente comer lá atrás, você assiste esse pedacinho de entrevista. Dez minutos.
- Cadê o foninho?
- Aqui – ela apontou pra TV. – Já até deixei aberto, só clicar play.
- Ok – bocejei e me acomodei na poltrona de Aninha enquanto ela levantava pra buscar algo pra comer ou beber. Peguei o edredom que eu estava usando e apertei o play. One Direction estava no Alan Carr. Mas não era a entrevista completa, era só um pequeno trecho, acho que linhas aéreas não podem passar os programas completos.
Essa entrevista foi de ontem, antes de eles irem viajar. Lembro do Harry se arrumando todo e falando que ir ao Alan Carr é sempre uma comédia, mas também ele consegue ficar bem sem graça quando ele faz umas perguntas de vida pessoal. As vezes o Alan se esquece que eles mal tem 20 anos e que o público deles é composto de muitas crianças e que os pais também assistem a entrevista, então algumas perguntas podem ser comprometedoras até demais. Enfim... Liguei o play e, depois de um resumo de como seria a entrevista, finalmente começou o programa. As perguntas iniciais eram as mesmas de sempre, as piadinhas também, até que caiu no tema relacionamentos. Por que todo mundo gosta de perguntar isso? Todo mundo sabe que o Harry namora, não sabe?
- E qual o nome da coitada?
- Rhanna. Rhanna Penalva – Harry respondeu sorrindo e olhando pros meninos da banda, que também sorriam.
- Há quanto tempo vocês já estão juntos?
- Mais ou menos uns... – ele mordeu os lábios e de novo olhou pros meninos. – Uns sete meses?
- Juntos como namorados ou que se conhecem? – Niall perguntou para Harry.
- Bom, eu a conheço há uns sete meses, mas estamos juntos a uns cinco, ou quatro? Nunca sei – ele começou a rir, assim como Alan e a platéia.
- Desisto de você, Styles e sinto dó da sua namorada – Alan falou e todos riram. – E, por sinal, é ela na foto? – Uma foto nossa de mãos dadas andando por Londres apareceu no telão.
- É ela mesma – Harry suspirou. – Nem lembro onde foi essa foto.
- Ela é linda – Alan disse. – De novo, o que ela está fazendo com você? – Todos os meninos riram. – Sinceramente, ela é linda demais pra estar com você.
- Eu não sei! – Harry riu e fez uma cara de desespero. – Não foi fácil ficar com ela, então acho que eu tenho alguma coisa que valha a pena – ele bateu no próprio peito rindo e os meninos começaram a soltar piadinhas.
- Alguém aqui teve um crush pela namorada dele? Qual o nome dela mesmo?
- Rhanna – os cinco responderam.
- Rhanninha, vou chamá-la assim – eles riram. – Então, alguém?
- Eu tive uma queda por ela, mas agora tá tranquilo – Niall respondeu com a maior facilidade, o público foi à loucura. – Tipo, não tem como não se apaixonar pela Rhanninha.
- Ela é o tipo de garota que é o tipo de qualquer garoto – Zayn falou meio confuso e eles começaram a rir. – Deu pra entender?
- Não, Zayn – Alan falou rindo.
- Quando Harry começou a namorá-la todo mundo meio que já sabia que isso ia acontecer. A primeira vez que nos conhecemos dava pra perceber que estava rolando um clima entre os dois – Liam explicou. – Foi como, se lá, tinha que acontecer.
- E como vocês se conheceram?
- Invadimos o quarto dela na faculdade – Zayn disse mordendo o dedo mindinho como quem fez algo bem errado e todo mundo começou a gargalhar, inclusive o Alan que parecia se divertir com a história.
- Vocês o quê?
- Eu conheci a Rhanninha no London Eye, acho que todo mundo sabe que ela é fotógrafa – ele perguntou pra plateia e todo mundo concordou. – Então depois eu a chamei para um encontro que saiu totalmente fora do planejado – ele riu assim como os meninos e Alan parecia interessado no assunto.
- O que tem a ver ela ser fotógrafa com você tê-la chamado pra um encontro? – Alan perguntou e Harry começou a rir. – Me perdi nessa parte.
- Ah sim – ele ainda ria. – A Rhanninha estava fotografando nesse dia e eu meio que atrapalhei as fotos – ele fez uma cara de culpa e Louis apertou suas bochechas.
- E foi assim que você a conquistou?
- Não, tava longe ainda – Harry gargalhou.
- Harry faz tudo errado quando ele gosta de alguém, e com a Rhanninha não foi diferente – Louis completou.
- Ela o deixou nervoso – Niall disse.
- E nos deixou nervoso porque ele – Liam apontou pra Harry – não parava de falar nela, e tudo era a menina do London Eye e começamos a achar que era invenção da parte dele.
- Enfim – Harry olhou pros meninos, que não paravam de dar comentários e rir do nervosismo dele. – Eu a chamei pra ir a um show nosso, mas ela passou mal e a noite acabou com eu e esses caras aqui invadindo o apartamento dela e da amiga nela no fim da noite.
- Ah claro, porque quando alguém não vai ao show do One Direction vocês simplesmente invadem o quarto dessa pessoa. – Alan falou de forma sarcástica e todo mundo, de novo, começou a gargalhar.
- Mais ou menos isso – Harry mostrou a língua de um jeito sapeca. Lindo!
- E a amiga? Quem pegou?
- Zayn – todos falaram apontando pra Zayn, que na mesma hora ficou vermelho.
- Zayn, seu pequeno travesso – Alan brincou e os meninos riram. – Estão namorando?
- Estávamos – ele fez uma cara de dó. – Não estamos juntos agora, mas a Aninha é uma menina incrível.
- Ela é outra que não tem como não amar – Harry falou. – Bem mais doida que a Rhanninha, mas também um amor.
- Alguém aqui teve uma queda pela Aninha?
- Eu tive – Liam levantou a mão e todos os meninos gargalharam, menos Zayn, que o olhou meio contrariado. – Agora ela está livre, quem sabe?
- MAS EPAAA! – Alan gargalhou daquele jeito escandaloso dele. – Fura olhos, Liam Payne!
- Que nada – Liam riu meio sem graça e encarou Zayn. Sabia que não podia ir muito longe com essa brincadeira, mas queria só dar uma provocada de leve. – Não pegamos as mulheres dos outros.
- Quê? – Alan perguntou. – Sério, nunca aconteceu?
- Já aconteceu e deu merda – Zayn respondeu. – É o tipo de coisa que tem que tomar cuidado, sempre dá errado no final.
- Sempre – Liam concluiu olhando de novo pra Zayn.
Ai meu Deus!
- E onde estão as meninas agora? – Alan perguntou, mudando um pouco a direção do assunto.
- As duas estão indo pra Paris, vão participar da Semana de Moda por duas semanas, legal pra caramba. – Harry respondeu parecendo bem empolgado.
- Paris, uau! – Alan respondeu. – A cara de orgulhoso do Harry é uma coisa de louco, olhem essas bochechas vermelhas!
- Não é uma graça? – Louis riu e apertou as bochechas de Harry, que estava ficando bem vermelho com essa atenção toda. – Tá pra nascer uma cara mais babaca apaixonado.
- Harry, faz um favor? – Alan perguntou? – Fica com ela até quando der. Te conheço desde que saiu do XFactor, desde que você era um girino – ele riu. – Nunca te vi tão feliz.
- Eu sei – ele olhava pra baixo e depois olhava para os meninos. – Ela é incrível.
- Sei disso, e, por favor, da próxima vez, traga ela com você.
- Certeza, ela vai adorar! – Ele sorriu. Sim, Harry, eu ia adorar.
A entrevista termina com eles falando mais do novo álbum e de futuras turnês – reunião essa que está acontecendo agora – e eles cantando One Thing acústico no programa. Tirei os fones e vi Aninha parada de pé ao meu lado com duas xícaras de plástico – essas de avião – e alguma coisa saindo fumaça de dentro delas. Os olhos de Aninha estavam vermelhos e, a conhecendo, acho que ela chorou quando viu Zayn falando dela.
- Senta aqui, amiga – pulei pra minha poltrona e deixei Aninha sentar na dela. – O que é isso?
- Chocolate quente – ela me entregou a xícara. – Você viu ele falando de mim?
- Claro que sim – sorri. – Você viu o Liam falando que te pega? – Provoquei e ela começou a rir.
- Eu pego – ela riu. – Mas, piadas a parte, eu queria poder esquecer o que Zayn fez, eu ainda o amo e sinto raiva desse sentimento. Maldita Lorelai, maldito show do McFly...
- Heeeeey, não coloca meus meninos no meio!
- Desculpa – ela suspirou. – Mas tudo aconteceu no show.
- Aninha – me virei pra ela. – Nós estamos indo pra Paris! Duas semanas pra esquecer esse assunto, pra vivermos um sonho... Bom, na verdade, um segundo sonho. Vê se volta de cabeça fresca pra Londres e senta pra conversar direito com o Zayn, e não igual aquele dia na casa dele.
- Como conversamos na praia?
- É um bom começo – respondi. – Vocês falaram de...
- De qualquer coisa que não fosse nós dois. Eu disse que queria manter minha amizade com ele, mas ainda estava machucada demais com tudo o que aconteceu, especialmente com as coisas que ele falou pra mim no dia da briga.
- Você também não foi nada boazinha com ele, nós ouvimos.
- Ah, que seja! – Ela bufou. – Eu prometi pra ele que não ia ficar com ninguém em Paris por vingança e que – ela suspirou – que ainda o amava.
- Awn, Aninha! – Eu sorri. – Que coisa linda!
- Ainda amo ele mesmo, ué! Mas ele me traiu, e não foi com qualquer uma! E traiu o amigo dele também, a porra foi séria.
- Liam já o perdoou.
- Porque os empresários mandaram – ela bufou. – Sabe, de qualquer forma, acho bom Zayn passar esse tempo solteiro, as fãs gostam mais dele assim.
- É, mas você viu o que elas estão falando de você no Twitter, não é nada agradável.
- Como eu disse aquele dia na praia, bate e volta – ela rolou os olhos. – Eu e Zayn somos tipo... Ross e Rachel! Vamos brigar pra sempre, mas vamos acabar juntos. É o destino.
- E eu, seria quem? – Perguntei rindo.
- Com certeza absoluta Monica e Chandler!
- Há! – Comecei a rir mais ainda. – Sabia que o Harry queria mudar o nome dele pra Chandler? Foi a conversa mais ridícula que eu tive com ele.
- Harry é muito tonto de vez em quando – ela sorriu. – Mas, falando sério, tá pra nascer um casal mais fofinho igual vocês.
- Não tem outro adjetivo não?
- FODA, casal FODA! Melhorou.
- Bem melhor – gargalhei.
- Calem a boca aí na frente! – Sam chutou minha poltrona por trás e eu quase derramei meu chocolate quente na roupa. – Tô tentando dormir.
- Você tá dormindo desde que saímos de Londres! Vai chegar em Paris cheio de olheiras, horrível – eu falei.
- Pra isso eu trouxe corretivo na bolsa, coisa que você, meu amor, podia pensar em começar a usar.
- Minha pele é perfeita – respondi e Aninha riu.
- Quem diz isso? Seu namorado? Aquele é outro que se não começar a cuidar da pele vai ficar velho antes da hora.
- Mas, heeeey – eu ri. – Volta a dormir, Samuel!
- EU TÔ TENTANDO! – Ele bufou. – Façam o mesmo e durmam. Vou passar duas semanas com vocês, não quero ouvir suas vozes agora.
- Tá precisando de uma comparecida do namorado, anda tããããão mal humorado – falei rindo e Aninha gargalhou alto.
- Achando que porque fodeu uma vez com o Styles já pode dar conselhos sexuais? Se situa, Rhanna, se situa! – Ele disse ao fim rindo e se embolando de novo no travesseiro e cobertor. – Agora, boa noite, ex-virgem.
- Shhhhhh – eu ri.
- Não vou aguentar passar duas semanas com eles – Aninha disse se acomodando também em sua poltrona. – Hey, olha o mapa.
- Que mapa? – Ela apontou para um pequeno mapa digital que brilhava em nossa TV embutida. – Dá pra ver onde estamos no Oceano!
- Aham – ela riu. – De acordo com os cálculos, estamos a quarenta e cinco minutos de Paris. QUARENTA E CINCO MINUTOS!
- Paris, Paris, Paris – repeti pra mim mesma. – Sabe alguma coisa em francês?
- Voulez vous coucher avec moi ce soir – ela disse com seu melhor sotaque e com toda uma sensualidade na voz, eu gargalhei alto de novo.
- Ana!!!
- Frase de puta! – Ouvi Sam ao fundo e nós gargalhamos.
- Calem a boca todos vocês – ela respondeu colocando seus fones de ouvindo e aumentando o som do Ipod. Em uma última espiada, eu vi o que ela ouvia: 1D.
Capítulo 31
Em homenagem a fotógrafa por trás da história, Beatriz Glória
- Qual o nome dela mesmo?
- Jill – digitei no Google. – Jill McCormik – suspirei. – Ela é exatamente tudo o que o Eddie sempre detestou em uma mulher! O cara escreve Satan’s Bed e se casa com uma “skinny little bitch”, ugh que ódio.
- Rhanninha? - Que foi, Styles?
- Você fica muito engraçada com ciúme de um cara que tem idade pra ser seu pai.
- Eu não me casaria com Eddie Vedder, mas é... – de novo, suspirei. – Deixa quieto.
- A propósito, por que estou te ajudando a pesquisar sobre ela, mesmo?
- Porque ela já foi modelo, inclusive ela é amiga da Bündchen, o que torna minha vida muito mais difícil.
- Ela vai estar aí?
- Qual das duas?
- A Bündchen?
- Não sei, acho que não. Embora seja a semana de moda parisiense, não é a principal semana. Daqui a poucos dias vai acontecer o desfile da Victoria, então, as modelos mais tops estão focadas naquele desfile, e não nesse.
- Entendi – ele suspirou do outro lado da linha.
- Hey, tá cansado?
- Um pouco. Esqueci como que essa rotina de estúdio e entrevistas e fãs e sair correndo pro carro por ser um pouco exaustivo – ele riu sem humor. – Se passaram quatro dias e eu tô morrendo de saudades suas.
- Ah, que bonitinho – eu ri – Também sinto sua falta, mas eu não queria você aqui.
- Uau, que coisa linda de se dizer pro namorado, Rhanna!
- Harry, aqui é um covil de mulheres perfeitas. Magras, andando de um lado pro outro de sutiã e calcinha, você acha mesmo que eu ia querer você aqui?
- Bom, pensando por esse lado...
- Tá vendo!
- Eu tô brincando! – Ele gargalhou. – Faz de conta que não tem nenhum modelo gatão Calvin Klein por aí.
- Na verdade tem, mas eu nem tenho coragem de encará-los. Se eu encarar um deles por muito tempo, capaz de eu tropeçar ou falar alguma merda.
- Você é uma idiota – ele riu.
- Também te amo, Styles – ri junto. – Preciso ir. Vou me reunir com o pessoal no anfiteatro, vamos dar uma olhada no nosso portfólio e esperar a Tyra e a Olivia aparecerem. Só falamos com elas umas duas vezes desde que chegamos.
- Tá dando pra aproveitar Paris? - Bem pouco, os franceses podem ser bem rudes quando querem – dei de ombros, embora ele não pudesse ver. – Passamos mais tempo nas galerias e estudando do que passeando, temos mil coisas pra ler, assimilar até o desfile. Sinto que vou ficar doida a qualquer momento.
- Gênio – ele me chamou pelo único apelido que eu permitia. – Você pode fazer isso. Esvazia sua mente e se concentra apenas no seu trabalho, vai dar tudo certo.
- Obrigada – sorri e apertei o telefone mais perto de minha orelha. – Faça isso aí também, e grave um CD perfeito pra mim.
- Pode deixar – ele sorriu. – Me liga mais tarde?
- Com certeza – não queria desligar o telefone. – Te amo, manda beijo pros meninos.
- Aham – ouvi-o respirar fundo. – Te amo também. Se cuida.
Eu conseguia falar com Harry desde que cheguei, sempre pelo celular e uma vez pelo Skype, mas a conexão caiu logo, já que Sam e Lucas estavam baixando todos os episódios possíveis de Sex and the City pra aprender alguma coisa de moda, sem falar nos editoriais Vogue. O que foi até bom, se eu começo a falar com Harry eu não paro, e nós precisamos estudar, e muito!
No momento encontro-me no nosso quarto de hotel, com todos os nossos portfólios abertos mais os portfólios das modelos e da última semana de moda. Todo mundo saiu, o que significa que eu fico agoniada porque não sei estudar sozinha, pra esses momentos eu ligo pro meu namorado. Harry pode não saber nada sobre moda e não entender muito o meu mundo – o que é bem divertido, já que eu não entendo nada do mundo dele – então o que ele sabe fazer melhor é me distrair. Ainda mais quando a modelo em questão que estou estudando é Jill McCormik, esposa do Eddie Vedder, aka vocalista do Pearl Jam, aka uma das minhas bandas favoritas. E Eddie Vedder cai no velho clichê de um vocalista de rock se casar com uma modelo perfeita, sério? Então, acabo descontando todas as minhas frustrações em cima do Harry, que só sabe dar risada da minha cara, já que na maioria das vezes ela não faz ideia do que eu estou falando, fazendo ou reclamando. Relacionamento perfeito.
Depois de desligar o telefone, comecei a me focar novamente nos nossos objetos de estudo, daqui a pouco ia ter que descer pra me encontrar com Tyra, Olivia e mais uma pessoa que eu não sei quem é. Pelo que elas me falaram, ela também é uma fotógrafa e tem nossa idade, praticamente passando pela mesma experiência que nós, o que no mínimo vai ser bem interessante. Se ela foi escolhida pela Olivia, é porque ela é boa, e se ela é boa, significa concorrência, o que eu não gosto nada. Não que eu tenha que me preocupar com isso, quando o assunto é meu trabalho tenho total confiança no que faço e sei que sou a melhor, mas se surge alguém que pode saber tanto quanto eu e vai querer começar a mostrar o “bom trabalho”, isso pode ser complicado, chato e desnecessário. Afinal, pra que trouxeram essa menina?
As 7 realidades da fotografia de moda
Escrito por Eliane Terrataca
Toda peça de vestuário que for fotografada é fotografia de moda, certo? Errado! Esta área é muito mais complexa do que muita gente imagina. A fotografia de moda envolve produção, pesquisa e conhecimentos muito mais amplos que simplesmente usar uma câmera. Não que os outros estilos não precisem de conhecimentos específicos, mas muitas pessoas pensam que a moda é fútil e qualquer um consegue trabalhar com ela, bastando ter um bom equipamento.
E lá vamos nós, concentração no trabalho, nos estudos! Esquece essa menina, Rhanna.
Para trabalhar nesta área, é preciso, acima de tudo compreender o que está na moda, mesmo que você trabalhe com uma equipe completa de produtores, estilistas, maquiadores e cabeleireiros. Há casos em que a modelo encana que quem deve decidir tudo é apenas o fotógrafo, imagine uma pessoa desinformada tendo que combinar roupas e escolher as melhores cores para a maquiagem ou até o melhor penteado. Mas, se formos parar para pensar, é assim mesmo que deve ser feito, afinal, o resultado final levará o nome do fotógrafo, portanto ele deve sempre dar opiniões e mudar o que achar necessário. Entretanto, não é o que vemos por aí. Fotógrafos mergulham no mundo da fotografia de moda, mas esquecem destes detalhes. São poucos os que procuram estudar maquiagem e estilo, e são exatamente estes que ganham destaque no mercado, porque embora o fotógrafo de moda fique de fora da passarela, para se destacar, precisa desfilar muita qualidade e conhecimento. Portanto, se você deseja migrar para esta área, fique antenado em todas as novidades fashion e explore todas as suas possibilidades – anúncios, books, editoriais, catálogos etc.
Então é essa parte que me fodo! Tá, não vou dizer que sou uma ameba quando o assunto é moda ou maquiagem ou combinar roupas. Dando uma olhadas nas minhas roupas atuais, acho que tenho um gosto bom, mas eu também não quero “migrar pra essa área” como o texto que estou lendo sugere, isso aqui está sendo apenas uma experiência pra eu ver se pode dar certo. Eu nem gosto de moda! Acho que tem muita gente que acha que virar fotógrafo é virar rato de passarela, fotografar modelos e nada mais, mas há muito mais por trás disso, e esse ‘por trás’ é que eu amo! E se puder juntar o que eu amo com a moda, bom, isso só seria uma consequência.
Para quem está começando ou para quem gosta de listas que inspirem reflexão, seguem as sete realidades da fotografia de moda…
1. Misturar prazer carnal com trabalho é inaceitável, o fotógrafo nunca deve cobiçar a modelo – o que também vale para as fotógrafas.
2. Desfile é bom, mas também é cansativo. Se você deseja trabalhar nas passarelas, esteja preparado para correr, se espremer e tomar algumas cotoveladas, principalmente se a ideia for encarar grandes semanas de moda pelo mundo. Eu fotografei o São Paulo Fashion Week e sei bem o que estou dizendo, todos os fotógrafos se respeitam, mas a luta pelo melhor ângulo é inevitável e a sequência de desfiles faz você perder alguns quilinhos para trocar de sala às pressas.
3. É preciso ter simpatia e saber dirigir modelos. Muitas modelos não sabem como devem agir, qual posição fazer, se devem ou não sorrir, por isso é necessário estar preparado para situações como esta. Isso você só conquista com a prática, não é o tipo de coisa que se aprende em cursos – apesar de alguns tentarem.
4. É preciso ter iniciativa, criatividade e conceitos diferenciados para produzir imagens que tenham estilo próprio. Raramente o fotógrafo participa das reuniões de pauta de editoriais de revistas, ele é contratado, recebe uma breve explicação do produtor e tem que se virar com o que aparecer para ser registrado. Portanto, esteja preparado!
5. Estude sempre. Como já mencionei anteriormente, o fotógrafo deve manter-se atualizado sobre o mundo fashion, dedicar alguns momentos à pesquisa de maquiagem e moda, assistir desfiles, fotografar desfiles simplesmente para praticar, envolver-se com produções de roupas e buscar inspirações na arte e na literatura.
6. Fama e dinheiro é muito difícil de conquistar. Muitos fotógrafos trabalham de graça fotografando uma supermodelo apenas para ver seu nome sendo divulgado em algum veículo conceituado, mas isso vai de cada um decidir. Só ganha dinheiro nesta área quem consegue construir um bom nome, não precisa ser famoso, mas precisa ser reconhecido.
7. Nem tudo são flores. Existem desfiles muito demorados, modelos muito chatas, estilistas insuportáveis, maquiadores e cabeleireiros que se julgam mais importantes que o fotógrafo. Quando mais você crescer no mundo fashion, mais você encontrará pessoas de egos inflados, esteja preparado para isso também.
Gostou? Então dedique-se ao máximo e faça tudo da melhor maneira possível, não há como errar assim. Se você estiver precisando de inspiração para começar, seguem alguns nomes importantes da fotografia de moda:
Eu acho que, desses fotógrafos citados, eu conheço praticamente todos, mas tudo por culpa dos estudos. Quanto mais eu leio, mais eu percebo que não vou me dar bem no mundo da moda, não é exatamente um lugar onde me sinto confortável. Eu gosto da foto independente, da foto que você capta um momento. Assim como Leishman, ele não fica esperando o McFly posar (com exceção do calendário, mas McFly não sabe nem posar direito), ele faz fotos de shows! Shows são repletos de segundos magníficos, onde em uma simples “clicada” você tem uma imagem histórica. Apelando um pouco mais, se Nick Ut (o famoso fotógrafo da menina nua de Hiroshima, Kim Phuc) tivesse visto a menina e pedido “por favor, para de correr só por um momento que eu quero tirar uma foto sua” a foto nunca teria o impacto que teve a ainda tem hoje em dia. Foi um segundo, um momento. Nick corria e quando olhou pra trás viu Kim correndo com o corpo queimado pela bomba; ele não pensou, apenas registrou tudo em um clique. De verdade, não sei se vou dar certo nesse ramo...
Um desfile de beleza, autoestima e de luta pela vida. Assim é a “Festa da Primavera – Passarela da Vida”, evento promovido pelo hospital estadual Pérola Byington
Enquanto eu terminava de ler o livro que eu de verdade deveria estar estudando sobre fotografia na moda, um pequeno portfólio roxo me chamou a atenção, com esses dizeres que eu acabei de ler. Modelos com câncer.
Na verdade era apenas um pequeno folder com oito lindas modelos na frente, todas sem cabelo, porém seus sorrisos mostravam uma felicidade que eu não conseguia ver nem nas modelos saudáveis. Elas tinham câncer, cada uma com um tipo raro e diferente, e elas eram modelos. Com uma grande dose de autoconfiança, as oito lindas belas garotas posaram apenas de biquíni. Seus corpos não eram os magros de passarela, e podia-se ver claramente algumas áreas arroxeadas, as veias um pouco mais saltadas, mas nem por isso elas pareciam intimidadas, muito pelo contrário, elas pareciam nem ligar para isso. Fechei o outro artigo que eu estava lendo e me concentrei apenas nesse, achei a ideia fascinante e inspiradora, triste no fundo, mas olhando para esses oito sorrisos, elas não pareciam tristes de jeito nenhum.
A leucemia é uma doença maligna dos glóbulos brancos (leucócitos), geralmente, de origem desconhecida. Tem como principal característica o acúmulo de células jovens anormais na medula óssea, que substituem as células sanguíneas normais. A medula é o local de formação das células sanguíneas e ocupa a cavidade dos ossos, sendo popularmente conhecida por tutano. Nela são encontradas as células que dão origem aos glóbulos brancos, aos glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos) e às plaquetas.
Josephina tem 19 anos. Não achou compatibilidade com nenhuma medula desde os 15 anos, e apenas lida com a quimioterapia desde então. Ela é linda, muito mais linda que qualquer outra modelo que eu já vi. Ruiva, com os olhos verdes esmeralda, sardas laranjinhas pelo rosto e pelos ombros, ela quase não possui sobrancelha e não tem cabelo, mas em parte de suas fotos, ela usa peruca vermelha, azul, rosa. Seu sorriso é lindo e percebe-se que ela é frágil, magra e branca como uma boneca rara de porcelana. Ela não merecia essa doença, ninguém merece essa doença.
- Rhanninha?
Assustei-me um pouco quando vi Aninha parada na soleira da porta do quarto, me olhando de uma estranha maneira curiosa.
- Oi?
- Não ouviu antes não? Tô te chamando a uns cinco minutos.
- Sério?
- Aham – ela riu. – Na verdade eu primeiro bati na porta, então, como você não respondeu eu abri a porta e te chamei por mais um tempo, mas você estava tão concentrada estudando que acho que nem percebeu que eu estava aqui.
- Desculpa, eu... – suspirei. – Você sabia disso aqui? – Mostrei pra Aninha o folder com as modelos com câncer.
- Que é isso? – Ela veio até mim e pegou. – Oito modelos lutam contra o câncer e desfilam na semana de moda... Isso é aqui em Paris?
- Não faço ideia – respondi. – Estava junto com os portfólios que devemos estudar, mas não sei se faz parte do nosso trabalho ou está aqui apenas pra mostrar que há outros tipos de modelos – suspirei. – Olha essa aqui: Josephina, 19 anos.
- Uau, ela é linda!
- Sim, ela é perfeita. Leucemia, terceiro estágio – falei com uma certa tristeza. – O quão injusta e demoníaca é essa doença? Essa menina deveria estar vivendo uma vida saudável, livre de qualquer ida ao hospital, quimios e essas coisas.
- Ela é mais bonita que modelos saudáveis, isso é inacreditável.
- Foi exatamente o que eu pensei – disse.
- Mocinhas? – E agora era Sam na soleira da porta. – Olivia, Tyra, uma menina e um bofe lindo de morrer nos esperam no saguão.
- Esse bofe seria o Lucas? – Perguntei rindo.
- Não, bee, esse bofe responde pelo nome Aidan.
- Aidan? Não me parece muito francês.
- É importado da irlanda – Sam bateu palmas como uma foca. – Vem logo, vem logo.
- Ok, ok – eu e Aninha pegamos os portfólios em cima da mesa e as pastas, fizemos uma pilha com os documentos e corremos pra fora do quarto, Sam estava dando piripaques no corredor.
Olivia, Tyra, uma menina e esse tal de Aidan – que, por sinal, Sam não havia exagerado em absolutamente NADA – nos esperavam no anfiteatro menor do hotel. Sam, Aninha, Lucas e eu parecíamos quatro patetas deslumbrados com tudo o que nos era proporcionado, e eu não conseguia parar de sorrir, ainda mais no momento em que chegamos e Olivia se levantou e veio até mim para me dar um abraço. A garota ao lado de Tyra era muito bonita e parecia ter a nossa idade. Corpo escultural até demais pro meu gosto, cabelos longos, lisos e negros, um sorriso cativante e um olhar delineado de lápis preto que a deixava mais sexy ainda. Sua roupa também não ajudava muito: calça jeans de lavagem escura colada no corpo, blusa vermelha colada e sem manga com um decote em “V”, um colete de couro preto e botas de salto. Pelo que eu ouvi de Tyra, o nome dessa beldade era Bells. A outra beldade ao seu lado respondia pelo nome de Aidan. Cabelos cacheados em um castanho escuro e completamente revoltados, como aqueles loucos que ficam puxando os cabelos pra cima e para os lados quando estão pensando ou criando alguma coisa, olhos pequenos e também castanhos, barba por fazer e um sorriso encantador. O corpo era troncudo e um pouco forte, como um belo camponês irlandês. Usava calça jeans de lavagem normal, camiseta preta e uma xadrez jogada por cima, e eu juro que se ele continuar me encarando desse jeito, eu vou acabar desmaiando. Esse cara é lindo demais, LINDO!
- Bom dia, pessoal – Tyra falou nos recebendo de forma mais formal. – Estão aproveitando Paris?
- Se você diz ficar nas bibliotecas estudando quase todos os dias de “aproveitando”, bom, então “yay” – Aninha disse meio sarcástica, mas todos riram.
- Na verdade eu passei essa tarefa pra vocês apenas para vocês entenderem que a realidade da moda não é tudo glamour e beleza como muitas pessoas pensam, há muito mais por trás de uma bela foto, e vocês, como futuros fotógrafos precisam também ter experiência nessa área.
- Meu conhecimento em moda é praticamente nulo – Olivia riu.
- Mas você já fez belos photoshoots para capas de CDs e revistas – eu disse me lembrando mais das capas do Motion in the Ocean e do Radio Active.
- Sim, mas é bem diferente, Rhanninha – ela sorriu. – O clima para um photoshoot musical é completamente diferente do mundo sério da moda.
- Entendi – suspirei.
- Então, nós vamos fotografar as modelos ou não? – Sam perguntou e Tyra riu. – É que eu fiz a maior preparação psicológica pra esse momento.
- É claro que vocês vão, mas não do jeito que imaginam – ela sorriu e nos entreolhamos, acho que teríamos que encarar um desafio. – Mas antes de continuarmos, permita-me lhes apresentar essas duas pessoas ao meu lado. Queridos, esses são Aidan e Bellatrix, também conhecida como Bells – as duas pessoas quase perto da perfeição nos encararam pela primeira vez e sorriram. Meus joelhos ficaram fracos com Aidan e meu ego ficou pequeno com “Bellatrix”.
- Muito prazer – ele nos disse em um sotaque forte que me lembrava o sotaque dos meninos, parecia um pouco irlandês.
- Ravi de vous rencontrer – Bellatrix disse em um perfeito francês e o pouco do meu ego foi embora. Vi as duas bichas loucas ao meu lado se derreterem e Aninha controlar o riso, já que ela estava me encarando. – Ou, perdão. Prazer em conhecê-los.
- Bells tem 20 anos e já trabalha na indústria da fotografia há uns quatro anos. Estou certa, Bia? – Tyra perguntou a abraçando de lado e eu senti uma bela ponta de inveja.
- Sim, mais ou menos isso – ela respondeu com uma certa dificuldade no inglês. Quem se importa? A menina é fluente em francês, a língua mais sexy do mundo! Será que esse Aidan é namorado dela? – Eu entrei na escola de fotografia francesa quando eu ainda estava terminando o colegial, mais ou menos com quinze anos, se não me engano.
- Começou cedo – ouvi Sam dizer com a voz derretida. -Vous êtes merveilleux.
- Merci – ela respondeu ficando um pouco vermelha e Sam um pouco másculo. Que porra é essa?
- O que você disse pra ela? – Perguntei, totalmente enciumada.
- Eu apenas disse que ela é maravilhosa. Vou ter que traduzir o ‘merci’ também?
- Controla sua pica, você é gay!
- E ela é uma gata – ele respondeu como sendo algo óbvio. – Nem vou me atrever a olhar pra esse outro pedaço de mal caminho do lado dela, já que ele não tira os olhos de você desde que chegamos.
- Que mentira – respondi meio nervosa, não era verdade, ou era?
- Começa a encarar o bofe por mais de dez segundos e você vai ver claramente Aidan, o irlandês, te encarando.
- Ele é irlandês?
- Sim – Sam riu e me empurrou pelos ombros pra frente, Olivia já estava falando a algum tempo e eu não estava prestando atenção.
- Vocês chegaram a ver o portfólio especial? – Olly olhou para nós. – Rhanna?
- Po-portfólio? – Que portfólio? – O roxo?
- Exato – eu a vi suspirar de alívio. – Chegaram a ler.
- Na verdade eu o vi de manhã, não é exatamente um portfólio, mais parece um folder.
- Que é isso? – Aninha perguntou, se eu vi de manhã isso significa que Aninha nem ao menos sabia do que estávamos falando.
- Quando eu disse que vocês vão participar de uma experiência única e especial aqui em Paris, eu realmente disse com veracidade – ela sorriu. – Vamos nos sentar – e assim, um a um, nos sentamos na mesa redonda grande e cheia de papéis. Ironicamente, Aidan sentou-se ao meu lado. – Aidan, você quer começar, por favor?
- Claro – ele sorriu e nos encarou. Lucas parecia que ia pular no pescoço dele a qualquer momento de tão vidrado que ele estava, cômico de se ver. E eu, ao seu lado, estava zonza com seu perfume, seus cabelos cacheados penteados pra trás, seu sorriso, sua barba por fazer... FOCO! – Bom, nós temos hoje um convênio com o Hospital Association Gombault Darnaud, aqui em Paris. É um hospital especializado em pacientes com câncer, e, bom, minha irmã ficou lá por mais ou menos um ano esperando um transplante de medula, que nunca aconteceu – ele suspirou e minha vontade foi de dar um abraço nele. – Porém, durante esse ano que passei no hospital cuidando da minha irmã, acabei conhecendo pessoas ótimas e, inclusive, meninas lindas entre dezesseis e vinte anos, que também sofriam com câncer, mas queriam uma chance de fazer algo na vida, de se sentirem vivas.
- O projeto de modelos – eu disse e Aidan sorriu pra mim. – É sobre isso que fala o portfólio, Festa da Primavera.
- Então você leu? – Tyra sorriu.
- É – eu arregalei os olhos, todo mundo olhava pra mim. – Digo, estava junto com os nossos outros livros.
- Sim, nós colocamos lá de propósito pra ver se ia chamar a atenção de alguém, e, pelo visto, chamou – Olivia sorriu.
- O que você achou? – Aidan me perguntou, senti meu rosto queimar. Já disse isso uma vez, eu não sei me comportar perto de pessoas bonitas.
- Achei muito interessante – me forcei a dizer. – Tem que ter uma grande força de vontade e confiança pra fazer o que essas meninas fazem, achei incrível.
- Vocês topariam nos ajudar com as modelos? – Bells perguntou. – Na verdade, esse é o nosso propósito.
- Como assim? – Lucas disse.
- Bom – Bells olhou pra Olivia e Tyra e elas sorriram. – No começo nós tínhamos um propósito com a semana de moda parisiense, mas pensamos em um outro projeto alternativo que seria bem mais interessante e poderia contribuir com um grande conhecimento pra vocês. Agora, queremos saber se vocês têm interesse.
- Tô começando a ficar apavorada – Aninha riu.
- Queremos que vocês nos acompanhem ao Hospital de Câncer de Paris. As pacientes encontram-se muito debilitadas e o sonho de muitas é querer participar de um desfile.
- Pensamos em construir um desfile pra elas no próprio hospital, e fazer a sessão de fotos por lá – Bellatrix disse, terminando o que Aidan havia começado. – Sabemos que é um grande desafio, e vocês, bom, eu não sei se vocês estão acostumados com esse tipo de tratamento.
- Vamos entender se não quiserem participar, o desgaste físico e emocional é grande e vocês não estão acostumados com tanto – Aidan falou. – Mas é algo a se pensar.
- Olivia? – Eu a olhei quase em desespero, fui a única do quarteto que conseguiu falar alguma coisa.
- Desculpe-nos por esconder isso de vocês, mas pensamos: por que não? – Ela nos olhava meio que com pena. – Querem um minuto pra pensar?
- Sim – falamos em uníssono.
Tyra, Bellatrix, Aidan e Olivia deixaram-nos sozinhos por alguns minutos. Aninha já estava com a cabeça debruçada em cima da mesa, Sam e Lucas olhavam pro nada e eu estava com meu coração batendo mais forte do que nunca. Parte de mim queria participar desse projeto, porque eu estaria me sentindo como se fosse o Patch Adams, mas minha segunda parte melancólica e nada empática sabia que eu ia ficar mal e não ia conseguir me comportar perto dos pacientes. Sou péssima com pessoas doentes, e pessoas com câncer...
- Preciso do Harry – eu falei meio catatônica. – Eu preciso falar com ele.
- Vai ligar?
- Vou – suspirei, respondendo a Sam. – Não acho que ele vai me atender, mas não custa nada tentar.
- Rhanninha – Sam colocou a mão em cima da minha quando eu já estava pegando o celular para ligar pro meu namorado. – Pra que ligar pra ele? Essa é uma decisão que precisa ser tomada por nós quatro.
- Eu não estou conseguindo pensar agora – falei meio áspera. – Sam, tem noção de como esse trabalho vai ser desgastante?
- Tem noção de como vai ser lindo? – Ele sorriu. – Essas são pessoas como nós, que não mereciam estar passando por essa fase na vida, mas estão. E se pudermos oferecer a elas um pouco de alegria, em um dia que seja, eu acho que esse deve ser o nosso papel.
- Você já tomou sua decisão? – Lucas perguntou, olhando pro namorado.
- Minha decisão já estava tomada desde que a Bells começou a explicar o plano. Não vejo nenhum motivo para negarmos essa chance.
- Aninha? – Eu a chamei, mas ela continuava com a cabeça baixa. – Aninha? – Ouvi um gemido e não gostei. – Aninha, você tá chorando?
- Eu não sei lidar com esse tipo de situação – ela levantou a cabeça e seus olhos estavam vermelhos. – E se eu der um fora? E se eu perguntar “hey, vai demorar muito pro seu cabelo crescer?” – Ela bufou e nós rimos baixo.
- Desde agora você já sabe que esse tipo de pergunta está proibida – Lucas a abraçou de lado e riu. – Gordon, meu amor, você vai dar um fora! Mas você não acha que essas pessoas já estão acostumadas?
- Eu acho que vai ser bom – disse ao fim e Sam sorriu em alívio. – Não vamos aprender apenas uma arte diferente de fotografar, mas é uma lição de vida.
- E pensa como que elas vão ficar felizes, qual a chance dessas meninas um dia pisarem na passarela? – Lucas falou. – Nós vamos levar a passarela até elas.
- Fechado? – Perguntei, sentindo meu estômago virar, mas eu sabia que era em parte de felicidade.
- Certeza – Sam sorriu. – E vocês?
- Por mim, tudo excelente – Lucas falou. – Gordon?
- Eu odeio vocês, eu odeio vocês – nós rimos. – Tô dentro.
- Yaaaaay!
Estamos indo para Suécia hoje à tarde. De lá vamos para Alemanha e, pelo que eu ouvi, parece que vamos esticar pra Austrália. Acho que você vai voltar primeiro que nós. Como estão as coisas aí? – Harry x
Harry me mandou essa mensagem no início da noite, ou pelo menos eu fui ver a mensagem esse horário. Essa hora eu acho que ele já deveria estar no voo. Bellatrix, Aninha, Sam e Lucas caminhavam na minha frente enquanto eu ouvia ela os ensinando algumas palavras em francês, devo confessar que achava engraçado o jeito nada elegante deles falarem francês, não levam jeito pra coisa, mas eu nem falo nada porque eu não levo jeito pra isso também. Andava um pouco mais devagar com o celular na mão pensando se o respondia ou não, achei melhor responder, porque uma hora ou outra ele ia acabar vendo e, se eu ficasse muito tempo sem dar notícias, ele ia começar a ter piripaques. Conheço bem meu namorado.
Suécia? Parece legal, ouvi dizer que as fãs são bem atrevidas. E Alemanha? Austrália? Pensei que sua agenda estivesse diferente, mas divirta-se. Me liga quando puder, tenho algumas coisas pra te contar. Aqui tá tudo bem, mas teremos um desafio bem chocante pela frente, preciso de você ao meu lado. Manda beijo pros meninos, incrivelmente estou com muitas saudades. Te amo, se cuida e boa viagem – Rhanninha x
E não aguentei, mandei mais uma:
Tem como você acessar seus e-mails? Não vou conseguir ficar muito tempo sem dar notícias, acho que por e-mail fica mais fácil. É isso, tô ansiosa. Amo você.
- Namorado?
Assustei-me quando vi Aidan caminhando ao meu lado e dando uma bisbilhotada no meu celular. Ele sorria com os lábios fechados e parecia bem interessado no que eu estava fazendo. Sorri meio tímida e mostrei o celular pra ele, o nome ‘Harry Styles’ brilhava no visor.
- Conhece One Direction? – Perguntei meio sem jeito.
Aidan tinha mais ou menos 25 anos, era HOMEM. Partindo dessa ideia, pensa a minha vergonha ao perguntar se ele conhecia uma boyband. Como resposta, ele começou a rir, e eu não sabia se aquilo era bom ou ruim.
- É meio impossível não os conhecer, quem hoje não conhece One Direction?
- Ufa – foi minha vez de começar a rir. – Sabe o nome deles?
- Aí já é pedir demais – ele sorriu. – Mas, então, você é namorada de um deles?
- Sim – suspirei e senti meu rosto queimar. – É engraçado, porque eu não o vejo como o popstar da mídia, ele é, tipo, só meu. Meu Harry – sorri.
- Uau, você o chama de ‘meu’ – ele colocou as mãos nos bolsos e me olhou de lado; se é possível, esse homem ficou mais lindo. – Vocês dois têm sorte.
- Muita gente fala isso, que nós temos sorte. Estou começando a concordar com isso, nunca me considerei com sorte nessa vida.
- Mas você tem. Não é qualquer pessoa que tem a sorte de achar uma pessoa no mundo pra chamar de ‘meu’ ou se apaixonar da maneira que você está apaixonada agora, e eu garanto que ele te ama o mesmo tanto – ele chutou uma pedrinha no chão.
- Gosto de acreditar que sim – eu ri. – Mas e você, tem namorada?
- Nhá – ele fez uma careta gostosa e começou a rir, assim como eu. – Não me prendo a ninguém, não gosto de fincar raízes em um lugar ou com pessoas. Sou livre. Em um dia eu estava na Irlanda e hoje estou aqui em Paris em boa companhia e com a namorada de um popstar ao meu lado – Aidan me empurrou de lado e nós começamos a rir.
- Estilo Jack Dawnson? – Perguntei rindo e torcendo pra que ele entendesse minha piada.
- Exatamente – ele concordou. – Mas, diferente dele, não pretendo achar minha Rose.
- Não acha que deve ou pode se apaixonar?
- Acho que todo mundo na vida tem um propósito. Você tem um papel a cumprir na terra; o meu, eu estou cumprindo, não sei se parte do plano seria eu encontrar alguém.
- Você falando desse jeito – eu ri. – Parece eu há um tempo atrás, até encontrar o Harry.
- Eu vou terminar sozinho da mesma maneira que comecei – ele soltou esse quote e eu até parei de caminhar. – Conhece?
- Pearl Jam? – Sorri e ele sorriu mais ainda ao ver que eu sabia do que ele estava falando.
- Quantos anos você tem?
- Suficiente pra conhecer Eddie Vedder – sorri. – Você citou Corduroy, uma das minhas músicas favoritas. Eu citei ela outro dia pro Harry, expliquei a história toda pra ele e de como essa música surgiu.
- E ele conhece Pearl Jam?
- Por minha causa – eu ri. – Aos poucos ele vai conhecendo, mas devo dizer que mudei muito meu conceito musical por causa dele.
- Seu namorado está em uma boyband, é claro que você tinha que mudar. Todo mundo acaba se moldando em um relacionamento, é assim que funciona.
- Quando você fala desse jeito, eu tenho a impressão de que você já esteve em um relacionamento sério – olhei-o de lado e vi Aidan esconder um sorriso. – Meu Deus, o que essa mulher fez com você?
- Que foi? – Ele riu. – Qual é.
- Dá pra te ler muito fácil, Aidan. Quanto mais você se esconde por trás dessa forma de ‘sou livre e não me prendo a ninguém’, mais dá pra ver sua personalidade e sua história.
- Dizem mesmo que os fotógrafos costumam capturar a essência da alma, isso já está acontecendo com você?
- Acho que sim – sorri assim como ele abriu aquilo sorriso torto cativante.
Ficamos andando um ao lado do outro em silêncio enquanto eu via meus amigos na minha frente rindo e Sam, de um jeito estranho, pagando pau para Bells. Ri comigo mesma e senti de leve os dedos de Aidan roçarem aos meus enquanto caminhávamos. Pensei que fosse coisa só da minha cabeça, por isso resolvi ignorar. Novamente senti e quando pensei que ele fosse juntar suas mãos nas minhas, cruzei meus braços em um gesto involuntário, fingindo que estava com frio. Na verdade, esse pequeno toque causou um frio em minha espinha, coisa que eu não sentia com mais ninguém além deHarry. Ninguém “dava em cima” de mim, ninguém me bajulava, então esse tipo de atenção era sempre algo novo.
- Tá com frio?
- Um pouco – ri sem humor.
- Você mora em Londres, como pode sentir frio na França?
- O vento é diferente – falei pensando a primeira coisa e ele sorriu.
- Casal? – Aninha olhou pra trás com aquela cara de arteira e eu fiz careta. – Acho que chegamos.
- Onde?
- The Green Linnet – Aidan disse. – Pub irlandês, em Paris – ele piscou. – Minha escolha.
- Claro, vindo de um irlandês – eu ri. – É caro?
- Quem disse que você vai pagar alguma coisa? – Ele rolou os olhos e indicou a minha frente, querendo dizer que era pra eu caminhar logo e ir pro pub. Ok.
Como não era de se esperar menos, o tal ‘The Green Linnet’ era lindo. Perfeitamente aconchegante, com um toque irlandês em cada detalhe. Como Bells fez questão de descrever “Este pub é diferente dos outros pubs irlandeses na capital, oferecendo uma atmosfera mais moderna. Você não encontrará um balcão e as paredes de madeiras, por exemplo. No entanto, o proprietário e um verdadeiro irlandês. Porém, como na Irlanda, você vai encontrará lá uma televisão, um piano, sofás macios, e, é claro, jogos (dardos e billard ). A pinte custa 4,50 euros todos os dias e a qualquer hora!” E como ela mesma havia descrito, o lugar era muito irlandês pra estar na França, por isso Aidan estava se sentindo tão confortável. Eu acho que, ao passo que fomos entrando no lugar, ele foi cumprimentando absolutamente todo mundo, homens e mulheres, e todo mundo arrastava uma asa pra ele – sim, homens e mulheres novamente. Achamos uma mesa um pouco mais ao fundo e na mesma hora dois garçons nos deram uma caneca gelada de cerveja Guiness, a tão tradicional cerveja. Sam e Lucas olharam boquiabertos o jeito que Aidan falava com as pessoas e como todos ali o tratavam bem. Bells também não passava despercebida, ainda mais com aquele vestido vermelho colado no corpo, mas ela não era nada vulgar, era apenas linda demais, sem fazer esforço.
- S'il vous plaît crevettes avec beaucoup de glace et une bouteille de champagne. Que pensez-vous, Aidan?
- Champagne?
- Oui, nous devons célébrer. Que pensez-vous d'une bouteille de champagne, le meilleur des crevettes et un verre avec de la crème glacée à la fraise?
- Qu'est-ce que vous avez à l'esprit, Bells?
- Seulement le meilleur pour nous.
- Eu juro que vou começar a falar português – falei rindo quando Aidan e Bells pararam de falar. Achei sexy demais e tava começando a ficar com calor.
- Bellatrix, vous parlez plus sexy françaises – Sam arrastou num francês com sotaque inglês e deu uma piscada sensual pra ela. Eu e Aninha começamos a rir como loucas na mesa, o que tava acontecendo com essas bichas? – Eu não vou traduzir o que falei.
- Nem precisa, seu olhar já fala tudo – comecei a rir. – Escuta, eu vou só fazer uma ligação rapidinho, já volto.
- Harry?
- Claro – sorri pra Aninha. – Algum recado pro Zayn?
- Sim, manda ele se foder, por favor?
- Aninha...
- Ai, vai logo, vai!
Aidan me encarou desde a hora em que levantei da mesa até quando me coloquei pra fora do pub, o que, confesso, me deixou um pouco desconfortável. Não que ele fosse uma pessoa desconfortável, era só estranho. Suspirei, apertando mais meu casaco sobre meu corpo e peguei o telefone, torcendo pro fuso horário de Harry estar bom e ele me atender. Eu não ia conversar nada de sério com ele, era só aquela saudade incômoda que estava começando a aparecer.
- Harry?
- Amor! – Ele riu. – Espera, desculpa – mais uma risada. Ele tava bêbado? – Rhanninha!
- Bebeu?
- Mais ou menos – e agora eu ouvia a risada dos meninos atrás. – Estamos bebendo há umas três horas e protelando os ensaios. Queria você aquiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii...
- Eu também – apertei o celular contra minha orelha. – Saudades.
- And if you-u-u / You want me too-o-o / Let's make a mo-o-ove / Yeah / So tell me girl if everytime we…
- MENINOS!
- Rhanninha, onde você tá?
- Tá bebendo demais em Paris?
- Por que nós estamos bebendo aqui.
- Vou continuar cantando...
- Harry, que música é essa? – Perguntei rindo, na verdade com vontade de chorar. Saudades desses anormais.
- É uma das novas. Sente a honra, tá ouvindo primeiro que todo mundo.
- De um One Direction bêbado, ah que lindo – nós rimos. – Não queria atrapalhar vocês, pensei que não estivessem se divertindo tanto.
- Hey hey – ouvi as vozes dos meninos se afastarem. – Rhanninha, tá tudo bem?
- Tá sim – suspirei. – Eu te ligo amanhã pra conversar melhor, só to precisando de cinco minutos com você.
- Cinco minutos? Você sabe que eu aguento mais que isso – ele riu. – Tá, a porra parece séria, sem brincadeiras.
- Obrigada.
- Tá tudo bem? Alguma coisa com fãs ou...
- Não, nada de fãs, é o trabalho mesmo. Vamos passar por um belo desafio e eu só queria contar pra você.
- Desafio?
- É... Não tem como eu explicar agora, é complexo.
- Rhanninha? – E esse não era o Harry. Era Aidan. – Tudo bem?
- Quem tá aí?
- Oi? – Respondi para Harry.
- Ouvi alguém te chamando.
- É o Aidan – tossi. – Um dos fotógrafos da equipe da Tyra e da Olivia – olhei pra ele e ele parecia surpreso.
- Tem um homem com vocês?
- Uau, Harry – eu ri. – Tem um homem fotógrafo trabalhando conosco, quer que eu comece a falas das mulheres que trabalham com vocês? Ou devo falar das fãs?
- É diferente.
- Por quê?
- Rhanna!
- Te ligo amanhã, pode ser?
- Pode – ele suspirou. Eu queria começar a rir, desde quando ele tem ciúme?
- Styles?
- Que foi?
- Amo você – eu ri. – Volta pros meninos, tá tudo bem por aqui.
- Qualquer coisa você me liga, qualquer coisa mesmo!
- Tá, tá – e sorrindo, desliguei o telefone.
Olhei pra Aidan, que no momento estava com o cigarro na boca e lançava a fumaça pra longe. Desliguei o celular e o coloquei no bolso, indo até ele e achando toda aquela situação engraçada demais, vai saber por quê!
- Você nem mentiu pra ele – Aidan me disse.
- Como assim?
- Geralmente as namoradas mentem para namorados quando tem algum garoto por perto, e você não fez isso.
- Te disse que meu relacionamento com Harry é estranho – sorri. – Não sinto necessidade de ocultar nada dele.
- Vocês são estranhos – ele riu novamente jogando a fumaça longe.
- Somos apaixonados, coisa que você podia experimentar de vez em quando, faz bem sabe? – Eu sorri, dando um tapa nas costas dele e voltando pro pub.
Essa era a explicação que eu tinha pro nosso namoro, paixão.
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