O Cinzal em Casa
Capítulo cinco – O Cinzal em Casa
Os dias se passaram lentamente, devido à empolgação para a nova escola. Adam todos os dias olhava seu material e como, provavelmente, seria usado em sala. Decidiu que iria ler algum dos livros didáticos. Começou com História da Magia, mas percebeu que não estava entendendo praticamente nada. Passou então a estudar o livro Animais Fantásticos & Onde Habitam. Interessou-se bastante por este, sobretudo de uma espécie de glossário, no qual havia uma lista de vários seres místicos.
Sempre lia em seu quarto. Entretanto, quando o irmão saia com os amigos, ele passava a ler na sala avermelhada, com o chão de carpete, com poltronas fofas em sua volta e com a lareira que a família usava como transporte para outros locais.
Adam se interessou por muitos seres, principalmente aqueles que eram considerados os mais perigosos, mas não queria vê-los nem pintados de ouro. Augusto havia saído, então o garoto fora ler na escrivaninha da sala. Uma cor esverdeada assumiu a sala, Julieta estava chegando pela lareira de algum lugar que Adam não sabia. A mãe disse que iria deitar um pouco, pois estava cansada.
Nas próximas horas a casa estava em silêncio. Adam muito concentrado em seu livro. Ele percebeu que um som baixo, mas contínuo, vinha de algum lugar próximo, olhou para os lados e notou que as chamas verde-esmeralda não se cessaram por completo; elas ainda queimavam. Não se importou muito a princípio até uma coisa surgir das cinzas. Parecia uma cobra fina, cinza-claro e de olhos rutilantes. Saiu das brasas e se dirigiu para debaixo do sofá, deixando um rastro de cinzas atrás de si. Adam temeu de olhar embaixo do objeto e analisar se o animal ainda estava lá e o que fazia. Estava muito curioso, mas com medo do que poderia ser aquilo. Decidiu acordar a mãe, mesmo sabendo que ela estava cansada.
Ele a chamou. Ela levantou meio zonza, porém quando ficou sabendo do que se tratava deu um pulo da cama, pegou a varinha e se encaminhou até a sala. Adam lhe mostrou onde a fina cobra se encontrava, mas não foi muito preciso pelo rastro de cinzas que ela havia deixado era fácil encontrá-la. Julieta deitou-se no chão, levantou a varinha e disse firmemente; Glacius. Uma rajada branca saiu da ponta, era bastante parecido com neve, mesmo Adam nunca tendo visto neve na vida. Depois ela virou para a lareira e repetiu o feitiço, no qual as chamas que ardiam desapareceram.
Adam sempre ficou muito orgulhoso de ver os pais fazendo magia e faria de tudo para poder realizar feitiços com tal precisão, por isso daria seu máximo em Strambo para se igualar ou ultrapassar seus pais nesse quesito. Se tornar um bruxo forte e importante era um pequeno sonho de Adam. Ele e seu primo Alan, quando mais novos, brincavam de serem grandiosos magos e sempre eles trabalhavam juntos. Era um desejo que Adam nunca poderia realizar, porque nem mesmo poderia ver mais o seu querido primo. O menino saiu dessas recordações e voltou a observar a mãe.
Julieta agora andava toda a sala, olhando em pequenos lugares parecia que estava à procura de algo e logo ela disse.
- Sorte que me acordou, filho. Esses animais podem incendiar nossa casa em alguns minutos. – ela usou mais uma vez o Glacius talvez tenha achado mais uma daquelas cobrinhas. – Sorte, sorte, muita sorte! Esses cinzais são coisas de Morgana, do mal! Animal maligno. – continuava a xingar, Adam não sabia o porquê todo esse estresse, talvez o lugar onde ela foi mais cedo a deixou assim. Mas o garoto não quis perguntar nada para mãe, ficou ali a observando. Ela ultimamente estava saindo muito e não avisava para onde ia e quase sempre voltava irritada ou estressada com um olhar cabisbaixo. Julieta tentava não demonstrar esses sentimentos, mas Adam a conhecia, ela não gosta de preocupar os outros e detesta contar seus segredos. Parou de revistar a sala, veio em direção do filho, lhe deu um beijo na testa, sorrindo. – Obrigado por me avisar, meu amor. Vou voltar a deitar, mais tarde você me chama. – voltou ao quarto.
À noite, Adam já havia terminado o livro. Interessou-se ainda mais por dragões depois da leitura. Augusto chegou pela lareira e o caçula já percebeu que devia ir para seu quarto. Ele pegou os seus livros e partiu para seu aposento, porém antes deu um aviso ao irmão.
- Mamãe não quer ser acordada. Ela está muito cansada. – tentou dizer em um tom autoritário e ele se sentiu importante. Levantou a cabeça e se dirigiu ao quarto.
Certo tempo após, ele acordou a mãe, que fora fazer algo de comer para a família. Felipe chegara do serviço e, agora sim, com a família reunida, poderiam se sentar à mesa e se servirem. Todos comeram em silêncio, o único assunto que brotou foi sobre o cinzal que saiu da lareira à tarde. No final do jantar o pai quebrou o desconfortável silêncio.
- Hoje encontrei Agnus rapidamente no trabalho e ele disse para nos encontrar no embarque dos meninos para irem para Strambo, porque é o primeiro ano de Igor no colégio também. – calou-se, depois volto a falar. – Ele não disse mais nada, falou que estava com muita pressa com o serviço. Ele está parecendo muito ocupado ultimamente, desde que voltou de Portugal.
Todos terminaram o jantar e logo foram dormir. O dia seguinte foi de muita agitação. Adam e Augusto passaram o dia arrumando seus malões. Adam estava muito inquieto e eufórico, não conseguia se concentrar em nada somente em ir para a sua nova escola e deixar aqueles preconceituosos do seu bairro para trás.
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