Família Perone
Capítulo três – Família Perone
Apareceram-se em um quintal imenso de um sítio que estava cheio de pessoas conversando, crianças brincando, idosos jogando xadrez de bruxo, no qual um adolescente estranho observava a partida. Adam já estava acostumado com os rostos dos bruxos, porque aqueles eram a sua família.
Uma mulher corpulenta, usando cores bem fortes e dando passos desajeitados, dera um “bem-vindo” bem agudo. Era tia Agnes. Após cumprimentarem todos ali presentes, Adam se afastou para brincar sozinho entre os arbustos, ele não tinha muita companhia desde que seu primo Alan, que tinha a mesma idade, faleceu. Logo, apareceu em sua frente uma menina muito bela e disse um “olá” para Adam, ele já sabia quem era, mas virou rapidamente para provar que sua ideia estava certa. Seu nome era Sara, tinha completado 14 anos no mês passado, tinha os cabelos cor de mel e olhos azuis, sem tirar o aroma ótimo que vinha dela.
- Olá, fofinho. Dormiu comigo? Já que não me cumprimentou – deu um sorriso radiante. – Esse ano você vai para Strambo também, né? Tomara que entre na minha casa, mas é mais provável que vá para a mesma que seu irmão babaca pertence. Ele continua te chateando?
- Ah, continua sim – respondeu com a voz esganiçada.
- Vou da um jeito nisso agora – levantou-se, mas Adam pensou que na última vez que Sara discutiu com seu irmão por causa dele, Augusto quebrou toda a sua coleção de unicórnios de porcelana e roubou suas miniaturas de dragão.
- Não! Não precisa. Tenho que aprender a me virar... Bem... Tia Sabrina contará uma história hoje? – mudou para qualquer assunto rapidamente, porque sempre achava as histórias de Dona Sabrina bem tediosas.
- Acho que não quer envolver seu irmão nos assuntos, tudo bem se desejar dessa forma. Ah, ela vai sim. Mas hoje vai ser uma de fatos e não fantasiosa, sem essas coisas de metáforas que ela adora. Minha avó vai contar a história de nossos tataravôs, do porquê vieram para o Brasil e do porquê a cidade de Belo Horizonte que decidiram morar. – ela sorriu e olhou para trás, pois alguém a chamou – Uai, parece que ela contará agora. Muito cedo até. Vamos nos reunir aos outros?! – ela estendeu a mão para Adam e foram até a frente de mãos dadas. Seu irmão lançou um olhar reprovador ao avistar aquilo de longe, parecia ter inveja ou ciúmes do que tinha visto. O problema era que Adam sabia que não era dele e sim de Sara.
Sentaram próximos à senhora bastante idosa, para escutarem o que iria dizer. Ela esperou fazer o silêncio total para começar.
- Bem-vindo a todos! – disse alegremente. – Hoje, a história, será diferente, será em fatos. Contarei a vida dos nossos antepassados. – deu uma pausa. – Bem, nossos descendentes eram da Itália, mas com sangue francês também. Hélio e Dilleta Spinnet eram primos, de uma família de bruxos de puro-sangue, porém eles não eram bem receptivos com os dois, porque os jovens não foram para Bauxbaton, a escola de bruxos francesa, porque eram... Bruxos abortados, aqueles que não realizam magia. Sofriam muito preconceito de sua própria família que não admitia que houvesse parentes sem poder mágico. Eram castigados sempre e Di (Dilleta) defendia o primo que era mais novo que ela três anos. Quando Hélio completara 16, eles fugiram de casa e foram morar em uma vila de trouxas, mas seus parentes ainda os perseguiam. Então, embarcaram em um barco que os trouxeram para o Brasil, fugindo de vez dos seus familiares preconceituosos, para a cidade do Rio de Janeiro, onde estava tendo inscrições de trabalhadores para construção de uma nova cidade no estado de Minas Gerais, que seria sua capital. Vieram para BH dessa forma, junto com vários outros imigrantes italianos, o que foi bom para disfarçar e dificultar ainda mais o paradeiro deles.
“Após alguns anos eles tiveram uma paixão e fruto disso foi seu filho, Guilhermino. Tiveram um único filho, pois quando o bebê tinha dois anos, Dilleta engravidou novamente, mas ela não aguentou a gravidez e morreu. Ela e o neném que carregava no ventre. Porém, existia uma trama, quando foram retirar a criança do útero, não havia nenhum feto dentro da barriga da mulher. - Adam já esperava um drama inventado pela tia que estaria envolvido na história. Prosseguiu a idosa. - Hélio ensinou tudo que os trouxas faziam para Guilhermino, nunca o contava que tinha sangue de bruxos, pois pensava que ele não desenvolveria nenhuma característica mágica como os pais. Porém, quando Guilhermino completou 11 anos, chegou uma carta em sua casa miúda, pobre e suja, que nela havia escrito que ele foi aceito na Escola de Feitiçaria de Strambo. Hélio teve que contar toda a verdade ao garoto, que se encantou ao saber que era um bruxo. Todavia, longe de toda essa alegria, Guilhermino só cursou um ano na escola, pois seu pai havia adoecido e não tinham dinheiro suficiente para os materiais anuais. Guilhermino sustentou ele e o pai até os quinze anos, quando seu Hélio faleceu.
“Tempos depois, conheceu uma mulher linda no qual se casou, seu nome era Laura Perone e Guilhermino trocou seu sobrenome de Spinnet para Perone, uma forma de esquecer as dificuldades que passou com o pai na infância e na adolescência. O casal teve quatro filhos, três aqui presente, Sabrina, Walter e Agnes. Meu pequeno irmão Tulio partiu quando tinha nove anos, devido à patologias. Os outros filhos não completaram sua escolaridade, mas conseguiram um futuro muito produtivo, no qual ganharam galeões com a loja que abriram de comidas trouxas, Helicia’s. No período da segunda guerra bruxa, nossa loja foi fechada a força pelos radicais, causando prejuízos, todavia foi reaberta quando Voldemort foi destruído por Potter, terminando com a segunda guerra bruxa. Nossos filhos devem se lembrar dessa época. – Olhou para alguns adultos que a escutavam. – Mas agora temos uma família maravilhosa e unida, que se acontecer alguma coisa poderemos ajudar. Fim. – fez uma cara de velha ingênua olhando para todos. Adam achou que ela terminou muito velozmente a história, o que não o deixou muito contente e muito confuso. – Um viva para a família Perone.
- VIVA! – muitas vozes disseram juntas, depois uma interrompeu.
- É por isso que nós convivemos com os trouxas até hoje? Tudo por causa que nossos antepassados eram bruxos abortados e tiveram que viver como trouxas? – Um garoto de óculos perguntou, era o mesmo que analisava a partida de xadrez bárbaro entre dois idosos.
- Exatamente Dênis, nós tomamos hábitos com os trouxas. Temos parentes aqui que até trabalham em lojas de trouxas. Posso dizer que não existe quase nenhum preconceito contra aqueles de sangue-ruim entre nós. – Olhou atentamente para o garoto que forçou um sorriso amarelo para a idosa. – E hoje temos dois membros da família que entrarão para Strambo esse ano. Igor, filho de Agnus e Teodora, e Adam, filho de Felipe e Julieta. Venham até aqui. – Os dois garotos se olharam e ficaram do lado da mais velha da família Perone. Ela os abraçou e perguntou a eles. – Então já sabem para qual casa vocês vão? Espero que vão para Hufflepuff a casa que fui escolhida quando moça.
- É eu acho que vou para lá. – respondeu Igor um pouco envergonhado.
- Bem, eu não sei, mas talvez eu vá para esta também. – os pais de Adam nunca o disseram nada sobre estas casas, mas mentiu para a senhora, porque parecia vergonhoso não saber nada sobre isto.
- Ho ho! Que maravilha! Tomara que vocês vão mesmo para Hufflepuff. – Dera um sorriso radiante igual o de Sara, duvidaria se ela não fosse sua avó. – Olhe! O almoço já está pronto, vamos comer um pouco?
Todos os Perone sentaram-se à mesa grande e almoçaram juntos. A cabeça de Adam não parava de pensar nas tais casas de Strambo, para qual seria selecionado e para que serviam. Pegou a sua sobremesa e se dirigiu até os arbustos. Comeu sua gelatina tranquilamente, quando seu irmão chegou e deu um susto no garoto. Adam deixou seu doce cair, olhou amedrontado para o irmão.
- Quem lhe deu a permissão de segurar a mão da Sara? – o rosto do garoto estava vermelho – Sabia que ela é minha? Ela nunca olharia pra você, um garotinho bobo, sem amigos, estranho... – Sara estava chegando próximo a eles e Augusto se afastou porque sabia que ela brigaria com ele.
- O que ele disse para você Adam? - Quando Sara chegou ao lado de Adam. - Você não pode deixar ele te humilhar desse modo. – Sara falava suavemente, mas percebia nitidamente pelo seu rosto que estava fervendo por dentro. O menino escutou o que ela disse e mudou de assunto, um que ele realmente estava interessado.
- Sara, porque a escola Strambo é dividida em casas? – Perguntou olhando para os olhos da garota.
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