Para encontrá-la.
Capítulo 2
-Cissa, por favor. A mamãe te deu uma escolha. Case-se com Marius, não com o Lucius. Ele te fará mal! – Bellatrix implorava à irmã
-Deixe de besteiras, Bellatrix. O que um homem como Lucius poderia me fazer de mal? Um homem tão certo e de uma família tão tradicional como ele só teria a oferecer boas coisas a mim.
-Escute-me, por favor. Pelo menos desta vez, minha irmã. Eu quero te proteger, sabe disso?
-Proteger do quê? – a loira gritou
-Ela te deu uma escolha. Eu não tive esta chance de saber o que era melhor para mim.
-Me responde, Bellatrix: Me proteger do quê?
-Cissa, mamãe não me deu escolha. Eu me casei com Rodolphus sem ao menos ter chance de pensar e...
-Proteger do quê? – a loira gritava, cada vez mais as palavras
-Do mal, Cissa. Do mal!
Ofegante, suada e assustada. Assim estava Bellatrix ao acordar.
Seu lençol se encontrava molhado, com decorrência do sonho, que mais pareceu uma lembrança de dias antes do casamento de sua irmã caçula.
-Minha filha, já acordou?
Em um flash de imagens, lembrou-se de onde estava. Não era mais Bellatrix, era Astória.
Chegaria, ela, a se acostumar um dia?
-Docinho?
-Estou aqui. Já estou levantando.
-Ótimo. – disse, adentrando no quarto – Temos que ir ao Beco Diagonal, atrás de um belo vestido para você conhecer a Srª Malfoy. Ela virá para o almoço, espero que não se incomode.
-Não, está ótimo. Mas, importa-se de eu te perguntar uma coisa?
-Claro, docinho. O que quiser.
-Com a guerra tendo ocorrido ontem e tudo ter ficado uma bagunça, por que esta reunião com a Srª Malfoy foi marcada para hoje?
-Entendo suas dúvidas, querida. Mas Narcissa disse que não poderia esperar. Independentemente do resultado da guerra, ela precisava manter Draco seguro, e com os bens salvos. Há uma lei que diz que os bens da família podem ser passados ao sucessor de imediato, caso ocorra prisão dos pais. Porém isso somente acontece se o filho manter uma vida independente. E nada como o casamento para provar a independência do garoto.
-Entendo, mas o que vai acontecer com eles, caso os Malfoys serem presos?
-Os pais de Draco poderiam alegar, novamente, que estavam sob uma maldição, porém há o risco do Ministério da Magia não acreditar neles. Eles podem ser presos assim que o Ministério se reerguer. E Draco acaba de se tornar maior de idade. Caso os Malfoys forem condenados culpados, podem dizer que induziram ou ameaçaram o filho.
-E então, Draco ficaria com todo o dinheiro dos Malfoys e livre da cadeira...
-Exatamente. Entende, agora, o porquê da pressa?
-Entendo. Apenas acho que Narcissa não pode ser condenada. Nunca foi Comensal da Morte, apenas casada com um.
-Narcissa estava na guerra, Astória. É culpada também.
-Não me parece justo. Só é casada com um Comensal.
-Muito doce da sua parte, querida. Narcissa vai adorar você. Sua preocupação pela liberdade dela é louvável.
Com um abraço e um beijo de despedida, Katherine saiu do quarto, deixando sua “filha” para se arrumar.
Bellatrix continuou sentada na cama, pensando no que acabara de ouvir.
O plano era brilhante, ela não poderia negar: Narcissa e Lucius poderiam ser presos, mas não haveria argumentos para prender Draco. Um garoto que acaba de se tornar maior de idade ainda pode ser considerado influenciável.
Quanto mais pensava no plano, mais tinha certeza de que Lucius não gastou um segundo sequer pensando em como salvar o filho. O crédito, com certeza, seria todo de Narcissa. Lembrava-se de quando escutou Narcissa dizer que, se um dos bruxos no jure não fossem legilimente, ela teria sido presa anos antes, pois o marido apenas defendeu a si mesmo.
Decidiu ir se arrumar. Mais tarde veria sua irmã, e poderia ter certeza de que ela está bem.
Abriu o guarda roupa e tirou o vestido mais ‘Bellatrix’ que pode encontrar. Um vestido preto, de mangas compridas, que ia até pouco abaixo do joelho. Colocou um salto, igualmente preto e contornou os olhos com lápis. Olhou-se no espelho. Faltava alguma coisa, e ela sabia o que era.
Com um aceno de varinha, vários cachos apareceram no seu cabelo.
O cabelo, as roupas e até o jeito de andar eram de Bellatrix. Porém não se via mais na frente do espelho. Sorte dela, talvez, pois não foi do seu rosto que viu escorrer uma lágrima.
-Respire, Bella. Logo estará com sua irmã. – limpou a tão incomoda lágrima e sorriu
Estaria com Cissa em poucas horas. Isso já bastava.
“Beco Diagonal”
Bellatrix/Astória e Katherine andavam lado a lado, a caminho de uma famosa loja de vestidos, como dizia Katherine.
-Aqui, chegamos. – e adentraram na loja
-Katherine, minha querida. Que bom vê-la. – dizia uma senhora, provavelmente com mais de 60, devido aos cabelos brancos, porém ainda elegante – E vejo que trouxe a pequena Astória que, aparentemente, não está mais tão pequena assim. – passou a mão no cabelo de Bellatrix
-Pois é, está tão crescida que já até escolhe como deixa o cabelo, né? – olhou para Bellatrix, acariciando-lhe o braço – Madame York, precisamos de um vestido para Astória. Algo casual.
-Claro. Acabo de receber um que cairá muito bem nela. E ela vai amar.
Madame York saiu em direção ao estoque, deixando as duas na loja, olhando os vestidos.
Bellatrix até encontrou alguns que gostava, cores escura, modelos mais ousados. Nada muito apropriado para uma jovem como Astória. Mas agora, ela era Astória. O corpo da garota que se adapte.
Poucos minutos depois, Madame York descia e, logo atrás dela, vinham vários vestidos flutuando.
-Minha querida, venha comigo até o vestuário. Acho que sua mãe está bastante intertida com as roupas, não?
Bellatrix a seguiu até uma sala muito grande, e vazia. À frente, havia um grande espelho, que cobria toda a sala. E uma arara de roupas ao lado.
Assim que entraram, os vestidos se prenderam na arara.
-Astória, pode tirar seu vestido. Vamos começar a provar algumas maravilhas que eu tenho aqui.
Tirou o vestido que estava usando, ficando apenas de lingerie e espartilho. Todos pretos.
-Estranho ver você de espartilho. Está tentando criar cintura para seu vestido de casamento, certo? Ele está reservado, só pra te lembrar. Teremos que fazer alguns pequenos ajustes antes do grande dia, eu suponho.
-Espera, você disse que eu já reservei o vestido. Certo?
-Certo, querida. Não se lembrava?
-Não, claro que me lembrava. Mas acho que outro dia vou dar uma olhada nele, sabe? Não tenho certeza se vou continuar com ele...
Madame York franziu a testa, confusa. Mas concordou.
Começaram a escolher os vestidos, mas quanto mais Srª York gostava, menos Bellatrix se agradava.
Eram cores claras demais, cortes muito delicados, comprimentos errados demais para ela.
Decidiu escolher um vermelho. Não lhe agradava, mas não lhe irritava como os outros. Era curto, de alças. Definitivamente não a deixaria incômoda, e agradaria Narcissa.
Saíram do vestuário para mostrar o vestido para Katherine. Porém ela pareceu incômoda quando o viu.
-Astória, eu estava pensando aqui: Narcissa provavelmente estará de luto. Eu li no Profeta Diário que sua irmã, Bellatrix, morreu ontem na guerra. Ela deve estar arrasada. Não acha melhor ir com uma roupa menos alegre? Em respeito à ela.
Ver os olhos de Katherine triste por ‘sua’ morte pareceu comovente.
Ela tinha razão. Narcissa deve estar sofrendo por sua morte. Era sua obrigação agir com compaixão.
-Claro. Acho que vou escolher algo mais simples.
-Preto, talvez. – sugeriu Madame York
Madame York sugeriu um vestido longo e tomara que caia, completamente preto e muito acinturado.
-Luvas. Eu preciso de luvas.
-Por quê, minha filha?
-Acho que fica mais formal.
Mentira. Olhar seu antebraço esquerdo vazio, sem a marca negra era estranho. A fazia se sentir estranha. Poderia acabar dizendo tudo para Narcissa, apenas olhando para seu antebraço vazio.
-Ela tem razão, vou buscar algumas luvas compridas. O que acha, querida?
-Está ótimo. Obrigada.
Madame York trouxe as luvas e elas se despediram. O encontro seria em poucos minutos, na mansão Greengrass.
“Mansão Greengrass”
-Agora é só aguarda-la. Ela estará aqui em breve. Vou pedir para os elfos prepararem chá e biscoitos. E você, mantenha-se calma.
Bellatrix sorriu e foi sentar-se no sofá.
Em poucos minutos estaria frente a frente com Narcissa.
Poderia abraça-la? Ou onsola-la?
Estaria ela precisando de consolo? Ou ela já estava pronta para a morte da irmã ao ponto de não se importar mais?
Teria dormido durante a noite? Se alimentado? Lucius teria brigado com ela, caso tivesse chorado?
Teria ela derramado alguma lágrima por Bellatrix?
Em minutos teria a resposta para todas suas perguntas. Ou talvez, em segundos.
Bellatrix é despertada de seus pensamentos por batidas na porta e, em seguida, um elfo entrando na sala.
-Madame Greengrass, a Madame Malfoy está aqui para vê-la.
Atrás do elfo, uma mulher vinha caminhando em passos curtos e lentos. Trajava um vestido preto comprido, de mangas longas, mas ainda sim, usava luvas. Seu cabelo loiro estava preso, com um pequeno chapéu acompanhado de um véu, igualmente preto, que cobria metade de seu rosto.
Era ela.
Bellatrix se levantou, seu coração acelerado dava para ser escutado a metros de distancia.
Narcissa parecia tão fraca, tão indefesa. Com certeza não dormira a noite, não comera, e provavelmente brigou com o marido.
Caminhou em sua direção, sem olha-la nos olhos. Encara-la a faria contar tudo a Narcissa e, em questão de dia, teria um quarto reservado no St. Mungus.
Ao parar na frente de Narcissa, Bellatrix levantou o olhar para Narcissa. Ela parecia mais alta, mas talvez fosse pelo fato de Astória não ser muito alta.
Sentiu o olhar de Narcissa sobre si, e a viu abrir um pequeno sorriso.
-É bom vê-la, Astória. Sinto muito, não estou nos meus melhores dias.
A abraçou.
E, em seguida, Bellatrix escutou um suspiro profundo.
Narcissa chorava em seu ombro.
Sentiu-se como se fosse sua irmã novamente, e a abraçou mais forte.
Narcissa separou-se do abraço, e olhou para Bellatrix.
-Sinto muito, muito mesmo por isso. Eu esperava me manter em si quando viesse te conhecer, Astória, mas você é tão... – suspirou fundo – Seu andar. Você lembra minha irmã, Bellatrix. E ela... – mais lágrimas foram derramadas – Ela era uma mulher forte, entende? Mas a guerra foi mais forte.
Bellatrix não conseguia dizer nada. Havia um nó em sua garganta que a impedia de dizer qualquer coisa.
-Você ia gostar dela, apesar do que costumavam dizer. Ela não era má, sabia? Era forte. Mas... – secou suas lágrimas, e sorriu tristemente – Não vou ficar falando da Bella, prometo. Vim ver você e saber se está bem.
-Mas... – foi o que conseguiu dizer
-Não se preocupe comigo. Vou ficar bem, eu prometo.
As duas se sentaram na sala. O chá e os biscoitos na mesinha à frente.
Narcissa respirou fundo e, finalmente, disse.
-Não vou te interrogar, como você espera. Eu ia, não vou mais. Esta manha eu recebi uma carta de um dos amigos de Draco. Ela dizia que você foi atingida, e que seu coração chegou a parar por alguns minutos e... Foi atingida tentando proteger Draco. Isso para mim já basta.
-E então, Madame Malfoy, por quê está aqui? – conseguiu dizer
-Preciso saber de algumas coisas sobre o seu futuro, não sobre o seu passado.
-O que precisar saber, Madame.
-Me chame de Cissa. Não precisamos mais de formalidades, não?
-Claro.
-Preciso saber que estarei colocando meu filho nas mãos de uma boa pessoa. Meus pais colocaram a mim e a minha irmã na mão de pessoas horríveis. Eu quero Draco dividindo um teto com alguém que o faça bem.
-Eu nunca faria mal a ele. Eu prometo.
-Sua promessa não adianta.
Narcissa se levanta, ficando de frente com Bellatrix.
Por um momento, ela não era mais a fraca, ou a mulher de luto. Estava forte, decidia.
Olhou bem fundo nos olhos de Bellatrix.
-Tem que jurar.
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Olá, bruxos e fenticeiras.
Espero que tenham gostado, sinceramente.
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Hellie Lestrange
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