Único

Pingente

 

Ela revirou mais uma vez na imensa cama. O lençol cor de ameixa repousando em seu corpo, o protegendo do vento gélido que batia contra o vitral do luxuoso quarto. Trocou de posição novamente, sentindo o pingente em forma de gota, frio e pequeno, encostar em seu pescoço.

Aquele pingente.

Um pingente pendurado em uma fina corrente de prata. Ela já tinha se perguntado várias vezes porque um pingente, e não um anel. Porque ele não seguiu a tradição, como sempre. O tradicional seria um anel. Um imenso e lustroso diamante solitário. Foi o que sua mãe tinha ganhado. Sua avó. Até a sua irmã, que não merecia nem uma mísera bijuteria. Mas não ela. Ela tinha ganhado aquele pingente.

Um pingente em formato de gota, olhe só! Não uma estrela. Ou uma lua. Ela até teria aceitado o formato clichê de um coração. Mas uma gota? Uma pequena gota, em um tom azul escuro que fazia seus olhos doerem. O que significa uma gota, afinal? Água. Uma crítica indireta da parte dele, chamando-a de água. Tudo por causa daquele pingente.

O segundo toque frio do pingente em sua pele a fez levantar da cama. Droga de pingente. Tirando mais uma vez seu sono. Ou talvez nem seja o pingente. Caminhou até o grande espelho e fitou seu reflexo. Os cabelos, negros e longos, caiam nos ombros majestosamente. Os olhos, grandes e azuis, davam um toque a mais no rosto. A face, levemente rosada e delicada, parecia de porcelana. Os ombros, pequenos e brancos, eram charmosos. O pingente, pequeno e azul, brilhando mesmo na penumbra do quarto.

Ainda se olhando no espelho, perguntou-se como seria amanhã. É claro que tentava esquecer o próximo dia, mas simplesmente não conseguia. Por causa daquele pingente. A data de amanhã, que fora marcada há algum tempo, sempre a deixava nervosa. É claro que já fora em vários como o que aconteceria amanhã, mas esse era diferente. Era o seu.

Uma data tão especial e amedrontadora. Que teria algo diferente das milhões que ela já tinha ido. Não seria um anel. Não seria um anel que mostraria que realmente aconteceu. Seria um pingente. Aquele pingente.

Um pingente que já estava com ela, antes mesmo da ocasião acontecer. Olhou-se novamente no espelho. O pingente estava lá, pendurado na fina corrente de prata, em volta do pescoço. Frio, pequeno e azul. Na forma de uma gota. Era ele que denunciava para todos que ela já tinha mudado. Não era um anel. Era o pingente. Aquele pingente que, mesmo antes da cerimônia, já a tinha transformado em outra pessoa. De Astoria Greengrass a Astoria Malfoy.

E tudo por causa daquele pingente.

 

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N/A: Ficou horrível, eu sei. Mas sempre morri de vontade de criar uma Draco/Astoria, e essa foi a que me veio na cabeça. Então, aí está.

Dani.

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