Jornada pelo desconhecido mund
26. Jornada pelo desconhecido mundo dos livros da Nobre Casa dos Black
Após contar e recontar diversas vezes para sua família cada detalhe de sua aventura no trem, informando inclusive que a prima Bellatrix estava entre os Comensais que entraram no trem. Após ter sido apertado, amassado e coberto de beijos por sua mãe exageradamente emocionada pela habilidade do filho em acordar quase todos alunos, Regulus foi descansar em seu quarto.
Enquanto colocava cuidadosamente sua medalha sobre a mesa de cabeceira e fixava novos banners da Sonserina na parede de seu quarto, ele lembrou do seu objetivo maior das férias: aprender latim. Será que seus pais teriam um livro eu ensinasse latim, ou um dicionário na biblioteca de casa? Não poderia perguntar diretamente, pois não poderia contar a ninguém o que estava fazendo. Sua mãe costumava dizer que entre família não havia segredos, então Sirius acabaria sabendo o que ele pretendia.
No dia seguinte, durante o café da manhã, ele pediu:
- Mãe, posso dar uma olhada nos livros aqui de casa? Eu aprendi o Finite Incantatem mexendo nos livros da escola, quem sabe não encontro outro feitiço útil aqui em casa? Eu adoraria ganhar outra medalha...
D. Walburga abriu um largo sorriso e respondeu:
- Claro, meu bem. Pode ler o quanto quiser. Se precisar de ajuda para compreender algum livro, pode me chamar. – respondeu ela, toda orgulhosa, pensando que o filho mais novo com certeza era seu maior orgulho e logo estaria coberto de medalhas escolares.
Então, depois do café, Sirius saiu para fora de casa pela porta da frente e Regulus foi à biblioteca.
A biblioteca da casa dos Black era realmente grande, as quatro paredes cobertas de livros, em estantes de madeira negra ultrabrilhante. Ele olhava para aquela imensidão de livros sem saber onde começar a procurar. Como fazia falta a bibliotecária e sua organização impecável! Os livros de sua casa pareciam ter sido simplesmente colocados nas estantes sem qualquer cuidado em separar os assuntos; somente se via alguma organização em função do tamanho dos livros e da cor de suas capas. Ele ficou alguns minutos pensando que passaria as férias inteiras procurando e não encontraria nada. Foi quando seu pai entrou:
- Você procura algo específico, meu filho?
- Não, nada. Mas não sei por onde começar, tem tantos livros aqui!
- Experimente começar pelos da ponta da estante, só para poder seguir uma direção...
- Boa ideia.... Er... Pai?
- Sim?
- Porque será que eu não fui atingido quando foi lançado o feitiço que colocou todos para dormir no trem?
- O que você estava fazendo?
- Bem, eu e os garotos havíamos chegado à moça do carrinho de doces, ela estava caída no chão, no meio do corredor. Os garotos passaram por cima dela e continuaram adiante, eu achei por bem tirá-la do caminho e fiquei para trás. Mas não conseguia carrega-la sozinho, então lancei o feitiço Levicorpus para carrega-la para dentro da cabine. Desfiz o feitiço e quando voltei para o corredor, todos já estavam desmaiados, mesmo os que estavam nas outras cabines.
- Eu tenho duas hipóteses para explicar isso: a primeira é que sua prima o tenha visto e protegido você do encantamento, a segunda é que, em algumas ocasiões, quando dois feitiços de mesmo tipo de magia são lançados ao mesmo tempo, a onda de magia de um choca-se com a do outro, criando um campo neutro momentâneo, por vezes suficiente para anular os feitiços. Mas não pense em usar isso em um duelo, pois é muito difícil saber exatamente o tipo de magia lançada pelo oponente... Melhor é usar feitiços-escudo...
- Como Impedimenta, não é?
Orion sorriu:
- Você anda participando de duelos, meu filho?
- Só brincadeiras entre os meninos da Sonserina, pai... – ele respondeu, evasivamente.
Orion não era muito de questionar os filhos, então achou a resposta suficiente. Passou a mão na cabeça do filho, despenteando-o carinhosamente e saiu.
Regulus voltou-se para as altas estantes de livros. Começou a ler os títulos um a um procurando algum que o ensinasse Latim, mas ao que tudo indicava, seus pais não tinham interesse por aprender outras línguas. Enquanto procurava, encontrou livros de títulos muito interessantes e começou a folheá-los, separando alguns para uma leitura posterior.
Ele já havia espalhado pelo chão diversas pilhas de livros quando chegou na prateleira mais alta. Olhou para cima. Eram livros grossos e bastante antigos, de capa negra e alguns cobertos por um cintilante couro de dragão. Então ele pegou uma pequena escada que ficava no canto e subiu. Os títulos pouco diziam sobre seu conteúdo, o que lhe aguçava a curiosidade. Ele pegou quatro livros e desceu com cuidado, sentou-se no chão e começou a folheá-los. Ao que parecia, estes eram os mais interessantes de todos que havia encontrado. Regulus os olhou e logo foi buscar mais alguns. Conforme ia lendo seu conteúdo, seus olhos iam cintilando e arregalando por puro prazer e espanto. Aqueles páginas continham tudo o que havia de mais estranho e curioso sobre magia. Mas não eram feitiços comuns. Era magia negra.
Ele estava tão entretido na leitura dos livros que não percebeu que seu pai voltara à biblioteca. Orion se aproximou e ficou observando o filho. Após alguns minutos, Regulus se assustou com a presença do pai. Seu primeiro impulso foi esconder os livros, o que seria inútil, então levantou a cabeça para encarar o pai.
- Encontrou o que procurava, meu pequeno Black?
Regulus se sentiu intimidado com a pergunta do pai e ficou momentaneamente sem voz.
- Filho?
Regulus respirou profundamente e respondeu:
- Não. - depois se encheu de coragem e perguntou:
- Pai, porque tem estes livros aqui em casa?
- Conhecimento nunca é demais. Estes são livros muito antigos que contém magia antiga e perigosa, estão na família há gerações. Mas não se esqueça: conhecer não é praticar, meu filho.
Responde Orion, olhando diretamente nos olhos do filho, sem repreendê-lo pela curiosidade, sem deixar de cumprir seu papel de pai de informar. Regulus ficou alguns momentos reticente, então perguntou:
- Pai, posso ler?
Orion olhou para o filho sem parecer enxergá-lo, então respondeu, sorrindo e puxando uma cadeira para si. Sentou-se e falou:
- Sente-se aqui ao meu lado, filho.
Regulus fez menção de recolher os livros que espalhara no chão, o pai diz:
- Deixe-os aí. Venha.
Regulus obedeceu. O pai não costumava ser um homem de muitas palavras, mas sempre que se dispunha a conversar valia a pena ouvir. Regulus sentou-se e olhou o pai nos olhos. Orion recomeçou:
- Como eu disse, o que está escrito nas páginas desses livros não deve ser tomado levianamente. Muitos destes exemplares, acredito, sejam únicos. Têm valor histórico inestimável e exigem respeito.
- Desculpe por tê-los colocado no chão, pai...
- Não, isso não tem problema, meu filho. O respeito que peço que tenha por eles é que entenda que a magia neles contida é fruto de experimentações, de tempos em que pouco ou nada se sabia sobre a dimensão do poder que somos capazes. Muito do que foi descoberto na época em que esses livros foram escritos pode ser manejado para fins medicinais ou aperfeiçoados como feitiços protetores, para defesa ou ataque em casos de guerras por exemplo.
Regulus olhou para a pilha de livros ainda no chão. Abriu a boca, mas desistiu de falar. Seu pai continuou:
- Você é responsável e dedicado aos estudos. Eu permito que você leia estes livros, com algumas condições: jamais mencione seu conhecimento sobre eles e nunca use os conhecimentos neles descritos para prejudicar outras pessoas.
- Nem trouxas? - Regulus arrisca, sem certeza.
- Quantas vezes você me viu atacar trouxas, meu filho?
- Nenhuma vez. - Regulus responde, abaixando os olhos.
- A opção por não sujar nosso sangue ou compartilhar nosso conhecimento com trouxas é uma honra para a família. Mas sujar as mãos em sangue imundo é uma desonra, não é coisa dos Black.
- Desculpa, pai. Prometo não contar nada sobre estes livros e nem usar seu conhecimento para prejudicar os outros.
Orion sorri:
- Não esperava outra atitude de você, meu filho. Pode ler. Não esqueça: conhecer não é praticar.
Orion então levantou-se, esticou as pernas e deixou Regulus no meio dos livros, mais uma vez atônito, sem saber o que fazer.
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