Desafio
Com pressa, os quatro garotos chegaram ao seu dormitório nas masmorras. Regulus olhou as paredes com imensa satisfação, sorvendo a atmosfera esverdeada deleitando-se na certeza de pertencer àquele lugar. De repente, Amifidel interrompeu seus pensamentos:
- E então, Reg? O que você tem para nos mostrar?
- Calma, Ami. Espera todo mundo trocar de roupa, ficar bem confortável...
- Confortável para quê? - Perguntou John, curioso.
Regulus apenas sorriu.
- Ih, acho que o Black está nos enrolando e não tem nada para mostrar... – instigou Jack.
- Nada, é? Pegue sua varinha, Jack. – respondeu Regulus com olhar maroto. – Você sabe duelar?
- Duelar? Claro que não... quer dizer, sei alguma coisa, - disse Jack, mudando de ideia, para não parecer ignorante na frente dos amigos.
- Bem, então deve saber que devemos tomar distância – disse Regulus, afastando-se – depois cumprimentar o oponente – e ele acenou levemente com a cabeça, satisfeito ao notar os olhos do amigo arregalarem de medo – e então: expeliarmus!
A varinha de Jack foi ao ar e Regulus a apanhou rapidamente. Os outros dois garotos olhavam, exasperados, mal conseguiam respirar.
- Black, como foi que você... – Amifidel não teve tempo de terminar sua pergunta, pois Regulus estava muito ansioso para contar os detalhes de seu clube de duelos familiar:
- Foi com meu pai... e Sirius. Meu pai ensinou a desarmar e algumas azarações, Sirius ensinou outras... Foi assim.... – Então Regulus devolveu a varinha para Jack e os três amigos fizeram uma roda em torno de Regulus, que contava suas aventuras noturnas, compartilhando o que havia aprendido com os amigos que o olhavam com admiração.
Foram dormir tarde naquela noite, muito excitados com planos deles reproduzirem o clube de duelos em Hogwarts. Jack, ainda um pouco contrariado por ter sido desarmado pelo amigo, antes de dormir, desafiou Regulus a mostrar alguma azaração na prática:
-Não sei, não, Black... Acho que você está exagerando... Você não deve ter aprendido tudo isso em tão pouco tempo... Pegue sua varinha de novo...
- Ah, Jack... está meio tarde. Que tal deixarmos isso para amanhã? – ele respondeu, bocejando.
- Hei! Amanhã você poderia azarar alguém pra gente ver! – Sugeriu John.
- É, boa ideia! Que tal a Rachel? Aquela história de chupetas não me sai da cabeça, ela está merecendo... – Falou Amifidel.
- Ok, a Rachel... Amanhã mesmo... O que vai ser? Não posso baixar as calças de uma menina ou pendurá-la de pernas para o ar, isso seria deselegante.
- Feitiço das pernas bambas. Duvido que você consiga... Meu irmão já tentou em mim e não conseguiu... – Decidiu, finalmente, Jack.
Com o desafio marcado para o dia seguinte, a excitação de Regulus, naturalmente nas alturas, o fez sonhar que estava azarando Rachel. Quase não conseguiu dormir, na expectativa de vê-la dançar com o movimento de sua varinha.
Mas no dia seguinte eles não avistaram Rachem em lugar algum. À noite, Jack provocou:
- Eu acho que você está tentando escapar e nos levar para lugares que sabidamente ela não estaria. Em nenhum momento você quis ir na biblioteca, Black.
- Ora, você não soube que meu irmão enfeitiçou alguns livros e eles estavam atacando os alunos? A Srta Dora Pickwick disse que o professor Flitwick estava desfazendo os feitiços para ela... Assim, é claro que Rachel não estava lá. Amanhã a gente encontra ela e você vai ver o que é dançar sem música.
Mas no outro dia não foi diferente, Rachel não estava em lugar algum. Regulus estava tão empenhado em encontra-la que nem notou Alice, ao passar por ela no corredor do terceiro andar, saindo da aula de Transfiguração. Ele só conseguia pensar em Rachel, precisava encontra-la, precisava fazer Jack calar a boca.
Mas parecia que ela realmente estava falando a verdade quando disse que iria treinar quadribol, pois não havia nem sombra dela em lugar algum, durante três longos dias. Então chegou quarta-feira.
Ele e seus amigos estavam descendo as escadas para as masmorras após o café da manhã, para a aula do professor Slughorn, Regulus sentindo seu coração acelerar pois ele sabia que inevitavelmente ele a encontraria, uma vez que a Sonserina dividia as aulas de poções com a Corvinal. Com a varinha em punho, descendo os degraus de dois em dois, a cada segundo sentia crescer dentro de si a vontade de vê-la. Foi quando lembrou de seu sonho: a imagem do dragão lhe veio à mente, juntamente com as palavras do irmão “ela apenas precisa ser domada”. Isto foi o suficiente para que tropeçasse no último degrau, caindo de cara no chão, a mão com a varinha esticada à frente, aos pés de ninguém menos que Rachel Broadmore.
Ela se virou para ele e disse:
- Ah, só podia ser você... Finalmente você descobriu o seu lugar, Black, aos meus pés...
Regulus levantou-se, o olhar transbordando de raiva, pensando em azará-la ali mesmo, na frente de todos alunos do primeiro ano da Sonserina e Corvinal. Mas o professor, parecendo antever o que estava prestes a acontecer, pegou Regulus pelo braço, dizendo:
- Eu estava mesmo procurando por você, Black. Vou precisar de sua ajuda para esta aula. Creio que não se importa em ser meu monitor hoje, não?
Regulus sacudiu a cabeça para pôr as ideias no lugar e concordou:
- Claro, professor. Será um prazer.
O professor realmente tinha a necessidade de um ajudante aquele dia, pois a poção que o professor iria ensinar naquele dia precisava ser feita em dupla. Contudo, se era verdade ou não que ele estava pensando em pedir a Regulus que o fizesse, isso ele nunca soube ao certo. Assim que explicou rapidamente a Regulus o que iriam fazer, Slughorn aguardou que todos se acomodassem em seus lugares e pediu a atenção:
- Bom dia a todos. Um excelente dia para fazer poções, não? Eu sei que todos estão ansiosos para começar a nossa aula, mas antes preciso dar um recado do diretor. Chegou ao conhecimento do diretor que o Ministério teve muito trabalho nestes últimos dias por suspeitar que algum de nossos alunos estivessem fazendo magia fora da escola, o que é proibido, como todos sabem. A verdade é que o ministério não teve como apurar se realmente foram os menores de idade que o fizeram ou não, o que os está levando a um aprimoramento dos feitiços de rastreamento. Tivemos também o conhecimento de que alguns de nossos alunos têm azarado os outros pelos corredores com uma frequência maior nestes últimos dias do que no início do ano. Ele avisa que aqui vocês não têm um rastreador, mas serão punidos da mesma forma se forem pegos azarando seus colegas. Já tivemos cinco casos somente nos últimos três dias que acabaram levando o aluno à ala hospitalar, por ser azarado por um feitiço mal elaborado. Então, peço que não quebrem as regras. Agora abram a página 285 do nosso livro.
- Pensei que ele fosse dizer: então estejam certos do feitiço que estão jogando sobre os outros para não mandarem ninguém pro hospital– murmurou John no ouvido de Amifidel, que inevitavelmente começou a rir.
Recado dado, Regulus sentiu que teria que tomar cuidado extra para não ser pego. Sem perceber, passara a aula inteira olhando para Rachel, assim, quando a aula terminou, enquanto ele ajudava o professor a guardar o material, teve de ouvir do professor:
- Entendo que Rachel seja realmente linda, Black, mas você precisa ser mais discreto se pretende conquista-la... Ah, o amor juvenil...
- Eu não quero conquista-la, professor, eu só queria...
- Queria o que? Ande, vamos, talvez eu possa ajudar...
- Nada, não professor... – desconversou Black - Eu queria saber se ela realmente vai jogar quadribol este ano...
- Ah, isso? Sim, ela realmente entrou para o time da Corvinal depois que o apanhador não se recuperou da pancada que levou do irmão dela, Richard, durante o último jogo antes do Natal. Essa menina tem talento, acho que herdou do pai, e... – O professor Slughorn se perdeu em devaneios descrevendo as habilidades de Charles Broadmore e seu irmão, até pouco tempo eram admiráveis batedores dos Falcomouth Falcons, embora famosos pela brutalidade com a qual jogavam, sem perceber que Regulus não prestava atenção em suas palavras.
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