Férias de inverno
Os dias pareciam curtos para a extensa programação de férias que Dona Walburga havia feito. Todos os dias os garotos tinham alguém para visitar ou receber em casa, e quando achavam que iam ter algum sossego, sua mãe os arrastava para o Beco Diagonal a fim de fazer compras. Sirius e Regulus não compreendiam o propósito de tudo aquilo e lamentavam não terem tido uma irmã mulher que poderia sentir um pouco mais de prazer em acompanhar Dona Walburga. Sra. Black estava empenhada em afastar seus filhos de qualquer atividade potencialmente perigosa, eles não entendiam se isso se devia ao fato de Sirius ter se envolvido em incontáveis confusões na escola no primeiro trimestre ou se era porque ela subitamente estava sentindo que os filhos estavam crescendo e tinha medo de perdê-los de alguma forma.
Para manter a sanidade mental, todas as noites Sirius e Kreacher iam ao quarto de Regulus para uma partida de xadrez de bruxo, e nestes momentos os irmãos pareciam nunca ter se afastado. Assuntos como Sonserina e Grifinória, James e Severus haviam sido considerados tabus durante estes encontros noturnos o que os tornara excepcionalmente leves.
Eles haviam acabado uma partida particularmente “sangrenta” (a rainha de Sirius havia sido decapitada por um bispo de Regulus), e bebiam um pouco de cerveja amanteigada que Kreacher havia contrabandeado da cozinha para o quarto de Regulus, enquanto jogavam conversa fora. Regulus estava sentado no chão, com as costas encostadas na cama na frente de Sirius, que estava encostado em uma cômoda. Kreacher estava sobre a cômoda, observando os garotos enquanto bebericava um pouco de cerveja também. Após alguns minutos em silêncio, Sirius comentou:
- Eu estava pensando na prima Andrômeda... coitada!
Eles ainda não haviam conversado sobre o assunto, Regulus ficou surpreso que Sirius ainda desse razão para a prima:
- Coitada? Coitados de nós que teremos a nossa família maculada! Você viu como a vovó ficou arrasada? E a tia Druella? Ela deveria ter pensado nisso antes de se envolver com um nascido-trouxa!
- Ah, Reg! Não fale bobagens! Como ela saberia que Ted era nascido-trouxa antes de se envolver com ele? Ou você acha que isto é uma coisa que está escrita na testa das pessoas? E se fosse com você?
- Eu saberia. (Respondeu Regulus lembrando o que sua mãe sempre lhe falara: nascidos-trouxa fedem)
- Ah, claro! Você não tem porque se preocupar, Rachel é puro-sangue...
Regulus olhou para o irmão com ar aborrecido e nem se deu o trabalho de responder. Ficou pensando em Alice. E se ela fosse nascida-trouxa? Não, isso era impossível. Ela era muito cheirosa para um nascido-trouxa. Passaram mais alguns minutos em completo silêncio, ambos olhando para Kreacher que parecia enfeitiçado pela caneca de cerveja amanteigada até que Regulus resolveu perguntar:
- Sir, o que você acha das garotas da escola?
- Hum... Quando você diz garotas quer dizer a Rachel? Se for, eu acho...
- Claro que não falo da Rachel! Ela é bonita e tudo mais, mas sua necessidade de competição me irrita. Ela consegue ser muito desagradável.
- Acho que ela age assim porque gosta de você... Ela não é tão desagradável assim, só precisa ser domada.
- Bem, eu é que não quero fazer isso! E por favor, Sir, vamos considerar Rachel um assunto tabu daqui pra diante. Não era dela que eu queria falar... Me conte o que você acha das meninas da escola.
- Bem, as garotas são garotas... – respondeu Sirius sem-graça. – Na verdade eu não tenho interesse e nenhuma em especial, o que me faz interessado em todas... Mas como diz vovó Irma, quem tudo quer, tudo perde… Mas meu foco maior não são as garotas, mas a diversão. Diversão com bruxaria, é claro! Os professores podem até reclamar que eu e… bem, os garotos nem sempre entregamos as tarefas a tempo, ou nem entregamos, mas a verdade é que eu e James … Hei! Pare de torcer o nariz quando eu falo o nome dele, ele é meu amigo! – Gritou Sirius - Ele não é como você pensa, é um cara legal. – completou, baixando a voz. – desculpe, não queria ter gritado com você. Mas toda esta coisa de tabu é muito complicada…
- Tudo bem. Não vou implicar mais. – respondeu Regulus, com um sorriso amarelo. – É tarde, vamos dormir. – dizendo isso ele se levantou e deitou-se na cama.
Sirius levantou-se, foi até a porta e apagou a luz:
- Boa noite, Reg.
- Boa noite, Sir, boa noite, Kreacher.
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