Natal, 1972: dois aneis
Regulus voltou à cabine e se juntou aos colegas que ainda conversavam sobre os jogos de quadribol. Havia uma grande chance da Sonserina ganhar o campeonato naquele ano, visto que haviam ganho duas das três partidas iniciais contra as outras casas. Somente o jogo contra a grifinória havia sido um pouco mais difícil e acabara empatado, e este era exatamente o assunto quando ele deslizou a porta da cabine para entrar:
- Vamos ter que mudar nossa estratégia. Agora que a Grifinória está com aquele apanhador, o Potter, precisamos cercá-lo e atrapalhá-lo de todas as formas possíveis. Por pouco não perdemos, se Steve não tivesse marcado na mesma hora que Potter pegou o pomo, teríamos perdido a partida. – Comentou Emma Vanity, a capitã do time, uma menina de olhos grandes e lábios finos, muito magra e alta para sua idade. Ela jogava como goleira e foi promovida a capitã quando seu antecessor, seu amigo e artilheiro Steve Laughlot aluno do sétimo ano, renunciou ao posto para poder estudar para os NIEMs(pois ele pretendia se tornar um curandeiro aprendiz no St Mungus assim que se formasse).
Regulus teve vontade do voltar ao corredor assim que ouviu o nome do Potter. Primeiro a Rachel, agora o Potter, era só o que me faltava, pensou ele. Mas o corredor já não tinha os mesmo atrativos de antes agora que ele sabia que não encontraria Alice no corredor. Ela devia estar com as amigas em uma cabine cheia de alunos da lufa-lufa, rindo das imitações dos garotos de sua casa. Por um segundo ele quase lamentou não ter sido selecionado para a Lufa-lufa, depois olhou para os amigos no trem, quase chorando de tanto rir da encenação maliciosa que John fazia de Potter pegando o pomo – erguendo uma perna e fazendo uma pirueta, sorrindo bobamente como se o amigo de Sírius fosse um tanto quanto afetado – e imediatamente Regulus tirou o pensamento da cabeça. Definitivamente aquele era o seu lugar. Espichou as pernas e relaxou. Para a sua surpresa, Emma puxou sua cabeça para o lado, deitando-o em seu colo e começou a lhe fazer cafuné. Então ele já não tinha dúvidas de que estava no lugar certo, fechou os olhos e fingiu adormecer, traído por um sorriso que não deixava seu rosto. Amifidel sentiu um pouco de inveja e arrependimento por ter cedido seu lugar ao lado de Emma para o amigo e começou a fazer piadas:
- O bebezinho vai dormir no colinho, vai? Quer chupeta, quer?
Mas quanto mais o amigo tirava sarro, mais Regulus se aconchegava no colo de Emma, que parecia se divertir com toda aquela situação. Tanto Regulus fingiu que acabou realmente adormecendo, sendo acordado quando estavam quase em Londres. O irmão o aguardava à porta da cabine, sorrindo. Ele sabia que Sirius queria descer do trem em sua companhia para evitar reclamações de Dona Walburga e por isso nem perguntou o que o irmão queria, apenas o acompanhou pelo corredor do trem até a cabine em que estavam James, Peter e Remus. Sentou-se ao lado de Remus enquanto Sirius contava aos outros, sorrindo orgulhoso:
- Sabem a goleira da sonserina? A Emma? Encontrei meu irmão dormindo no colo dela! É isso aí, maninho! Não deixe passar nem as garotas mais velhas!
Os outros três olharam para Regulus com interesse, cumprimentando-o pelo “grande feito”. O trem parou e eles desceram animados, despedindo-se rapidamente. Regulus tentou encontrar Alice na multidão que descia do trem, mas seus pais já o aguardavam na plataforma, e tinham pressa para ir para casa.
Chegando ao Largo Grimmauld, Regulus correu para o seu quarto, onde Kreacher o esperava. O elfo estava ansioso para saber as novidades, que Regulus contou empolgadamente enquanto fixava alguns banners da Sonserina nas paredes, parando algumas vezes para explicar melhor ao elfo como era cada detalhe da escola e suas aulas. Kreacher, como se fosse possível, arregalava ainda mais os olhos para em seguida fechá-los, deliciando-se como quem se imagina nas cenas descritas.
Na véspera de Natal e a família inteira foi para a casa de sua avó materna, Irma e seu avô Pollux. As reuniões da família Black pelo lado materno costumavam ser animadas, pois eram bastante barulhentas e invariavelmente acabavam em discussões e até mesmo duelos. Sirius e Regulus nunca sabiam ao certo quando os adultos estavam apenas conversando ou brigando, pois o faziam aos berros. E isso costumeiramente era imitado por sua prima Bellatrix, que dava altas gargalhadas da situação. Quem nunca perdia a compostura era Narcissa, que olhava os outros do alto de seu nariz empinado, desejando internamente ter nascido em uma família mais elegante. Andrômeda costumava rir das piadas de Bellatrix, embora naquele dia em especial estivesse calada.
Para a surpresa de Regulus e desgosto de Sirius, Lucius Malfoy chegou à casa um pouco antes de servirem o jantar, acompanhado de seus pais. Os olhos de Narcissa brilharam e seu rosto se iluminou. Malfoy chegou trazendo um imenso buquet de flores para a dona da casa e outro que distribuiu flor por flor para cada uma das mulheres presentes. Seu gesto deixou a mulherada encantada e Narcissa nas nuvens. Sirius olhou para Regulus e fingiu provocar vômito com o dedo indicador em direção à boca, mas Regulus apesar de rir com o irmão, intimamente achou muito instrutivo e gravou cada detalhe da cena de Malfoy em sua memória.
O jantar fora servido e Lucius pediu a atenção de todos, levantando-se e batendo delicadamente com um garfo em uma taça:
- No meu segundo ano em Hogwarts eu tive o prazer de conhecer a mais linda flor que alguém poderia imaginar. Tão linda quanto delicada, eu não pude resistir aos seus encantos, ao seu suave perfume. Para minha alegria ela permitiu que eu seguisse seus passos desde então, como seu servo apaixonado. – ele olhou para Narcissa e ela sorriu, radiante. Ele continuou, voltando-se para Pollux - Mas uma flor tão delicada não nasce em qualquer terreno, só poderia vir de um jardim celestial e eterno como a família Black. – o avô de Narcissa sorriu e olhou para seu filho Cygnus, concordando com a cabeça toda a declaração de Malfoy, que sentiu que a parada já estava ganha, olhou para Cygnus nos olhos e finalizou – e é com imenso prazer que peço ao senhor a mão de sua filha Narcissa em casamento, me sentiria muito honrado em fazer parte desta família.
Cygnus levanta-se e encara Malfoy:
- Será uma honra tê-lo em nossa família, meu filho. – então ele ergueu sua taça e convidou para um brinde, dizendo:
- Toujour pour! Vida longa ao jovem casal!
E todos imitaram seu gesto, embora Sirius e Andromeda o tenham feito sem demonstrar entusiasmo. Lucius foi até Narcissa, ajoelhou-se e pegou a mão dela, colocando um belíssimo anel de diamante, beijando sua mão com carinho em seguida e todos aplaudem. Narcissa era só sorriso e a família toda inicia o costumeiro burburinho que acompanhava os jantares.
Enquanto os elfos serviam a sobremesa, Andromeda pareceu encher-se de coragem e também levantou-se, numa imitação desconfortável de Malfoy:
- Um minuto de sua atenção, por favor.- Ela esperou alguns segundos para que todos fizessem silêncio e continuou – é com muita alegria que comunico a todos que Ted Tonks me fez o pedido no final se semana passado e eu – ela tira a mão direita de dentro do bolso e mostra sua mão com um anel de noivado, tão brilhante quanto o de Narcissa – eu disse “sim”.
- Não! – dizem seu pai e seu avô ao mesmo tempo, enquanto sua mãe desmaiou e a família toda começou a falar em voz alta e todos ao mesmo tempo, demonstrando seu descontentamento. Dona Walburga falou:
- Você não pode casar-se com o sangue-ruim, querida! Isso além de ser uma traição à família é uma desgraça!
- Não o chame assim, tia! Ele é tão honrado quanto cada um de nós. Ele trabalha duro no ministério, tem uma ótima carreira. E é encantador, honesto e me ama!
- E não teve nem a decência de vir até aqui pedir sua mão, como fez Lucius... E você fala de honra... – retrucou a avó, entrando na conversa.
- Ora, vovó! Ele não veio aqui pedir minha mão porque a senhora o proibiu de pisar nesta casa!
E dizendo isso, Andrômeda deixou a mesa aos prantos, enquanto Narcissa lhe dizia:
- Obrigada por estragar meu noivado!
Sirius seguiu Andromeda, que não lhe deu bola e saiu apressada pela porta da frente da casa, onde desaparatou. Regulus observou tudo aquilo atônito, e sem dizer nenhuma palavra. Sirius voltou à mesa se sentou, dizendo baixinho:
- Ridiculos!
Regulus permaneceu em silêncio, o coração acelerado. Então sua imaginação o salvou da amarga realidade e ele se viu pedindo a mão de Alice naquela mesma sala, anos mais tarde.
Comentários (2)
John... Bem.... espere e verá!
2013-07-28Muito bonito esse capitulo.O Regulus e a Alicê vão ter alguma coisa antes dele começar a seguir Voldemort ? Só espero que não seja um romancezinho melado domo da Lilá E do Rony no sexto livro, faz a coisa perder toda a graça.
2013-07-13